Sto Henrique de Osso Y Cervelló, Presbítero
Salmo Responsorial:
109
R. O Senhor é sacerdote para sempre.
Disse o
Senhor ao meu Senhor: «Senta-te à minha direita, até que Eu faça de teus
inimigos escabelo de teus pés.
O Senhor
estenderá de Sião o ceptro do teu poder e tu dominarás no meio dos teus
inimigos.
A ti
pertence a realeza desde o dia em que nasceste nos esplendores da santidade,
antes da aurora, como orvalho, Eu te gerei».
O Senhor
jurou e não Se arrependerá: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedec».
Aleluia. A semente é a
palavra de Deus e o semeador é Cristo: quem O encontra permanece para sempre.
Aleluia.
Evangelho (Mc 4,1-20):
Outra vez, à beira-mar, Jesus começou a ensinar, e uma
grande multidão se ajuntou ao seu redor. Por isso, entrou num barco e
sentou-se, enquanto toda a multidão ficava em terra, à beira-mar. Ele se pôs a
ensinar-lhes muitas coisas em parábolas. No seu ensinamento, dizia-lhes:
«Escutai! O semeador saiu a semear. Ao semear, uma parte caiu à beira do
caminho, e os passarinhos vieram e comeram. Outra parte caiu em terreno cheio
de pedras, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era
profunda, mas quando o sol saiu, a semente se queimou e secou, porque não tinha
raízes. Outra parte caiu no meio dos espinhos; estes cresceram e a sufocaram, e
por isso não deu fruto. E outras sementes caíram em terra boa; brotaram,
cresceram e deram frutos: trinta, sessenta e até cem por um. E acrescentou:
«Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!». Quando ficaram a sós, os que estavam com
ele junto com os Doze faziam perguntas sobre as parábolas. Ele dizia-lhes: «A
vós é confiado o mistério do Reino de Deus. Para aqueles que estão fora tudo é
apresentado em parábolas, de modo que, por mais que olhem, não enxergam, por
mais que escutem, não entendem, e não se convertem, nem são perdoados». Jesus
então perguntou-lhes: «Não compreendeis esta parábola? Como então,
compreendereis todas as outras parábolas? O semeador semeia a palavra. Os da
beira do caminho onde é semeada a palavra são os que a ouvem, mas logo vem
Satanás e arranca a palavra semeada neles. Os do terreno cheio de pedras são
aqueles que, ao ouvirem a palavra, imediatamente a recebem com alegria, mas não
têm raízes em si mesmos, são de momento; chegando tribulação ou perseguição por
causa da palavra, desistem logo. Outros ainda são os que foram semeados entre
os espinhos: são os que ouvem a palavra, mas quando surgem as preocupações do
mundo, a ilusão da riqueza e os outros desejos, a palavra é sufocada e fica sem
fruto. E os que foram semeados em terra boa são os que ouvem a palavra e a
acolhem, e produzem frutos: trinta, sessenta e cem por um».
«O semeador semeia a
palavra»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
O mar, a
barca e as praias são substituídos por estádios, telas e modernos meios de
comunicação e de transporte. Mas Jesus é hoje o mesmo de ontem. O homem não
mudou, nem a sua necessidade de ensinar a amar. Também hoje há quem — por graça
e gratuita escolha divina: é um mistério! — recebe e entende mais diretamente a
Palavra. Como também há muitas almas que necessitam uma explicação mais
descritiva e mais pausada da Revelação.
Em todo
caso, a uns e outros, Deus nos pede frutos de santidade. O Espírito Santo nos
ajuda a isso, mas não prescinde de nossa colaboração. Em primeiro lugar, é
necessária a diligência. Se nós respondemos a meias, quer dizer, se nós
mantemos na “fronteira” do caminho sem entrar plenamente nele, seremos vítima
fácil de Satanás.
Segundo, a
constância na oração — o diálogo—, para aprofundar no conhecimento e amor a
Jesus Cristo: «Santo sem oração...? — “Não acredito nessa santidade» (São
Josémaria).
Finalmente,
o espírito de pobreza e desprendimento evitará que nos “afoguemos” pelo
caminho. As coisas esclarecidas: «Ninguém pode servir a dois senhores... » (Mt
6,24).
Em Santa
Maria encontramos o melhor modelo de correspondência à chamada de Deus.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Por meio das parábolas, Jesus ajudava
o povo a perceber a presença misteriosa do Reino nas coisas da vida. Uma parábola é uma comparação. Ela
usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis
e desconhecidas do Reino de Deus. Por exemplo, o povo da Galileia entendia de
semente, de terreno, chuva, sol, sal, flores, colheita, pescaria, etc. Ora, são
exatamente estas coisas conhecidas do povo que Jesus usa nas parábolas para
explicar o mistério do Reino.
* A parábola da semente retrata a
vida do camponês. Naquele
tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muita pedra. Muito
mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava
estrada e, passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mc 2,23). Mesmo
assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava,
confiando na força da semente, na generosidade da natureza.
* Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
Jesus começou a
parábola dizendo: “Escutem!” (Mc 4,3). Agora, no fim, ele termina dizendo:
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” O caminho para chegar ao entendimento da
parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola não entrega tudo pronto,
mas leva a pensar e faz descobrir a partir da própria experiência que os
ouvintes têm da semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma
doutrina que já vem pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água
engarrafada, mas entrega a fonte. O agricultor que escutou, diz: “Semente no
terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus.
O que seria?” E aí você pode imaginar as longas conversas do povo! A parábola
mexe com o povo e leva a escutar a natureza e a pensar na vida.
* Jesus explica a parábola aos
discípulos. Em
casa, a sós com Jesus, os discípulos querem saber o significado da parábola.
Eles não entenderam. Jesus estranhou a ignorância deles (Mc 4,13) e respondeu
por meio de uma frase difícil e misteriosa. Ele diz aos discípulos: “A vocês
foi dado o mistério do Reino de Deus. Aos de fora, porém, tudo acontece em
parábolas, para que vendo não vejam, ouvindo não ouçam e para que não se
convertam e não sejam salvos!”. Esta frase faz a gente se perguntar: Afinal, a
parábola serve para que? Para esclarecer ou para esconder? Será que Jesus usa
parábolas, para que o povo continue na ignorância e não chegue a se converter?
Certamente que não! Pois em outro lugar Marcos diz que Jesus usava parábolas
“conforme a capacidade dos ouvintes” (Mc 4,33)
* Parábola revela e esconde ao mesmo
tempo! Revela para
“os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias Servidor. Esconde para os que
insistem em ver nele o Messias, Rei grandioso. Estes entendem as imagens da
parábola, mas não chegam a entender o seu significado.
* A explicação da parábola, parte
por parte. Uma por
uma, Jesus explica as partes da parábola, desde a semente e o terreno até a
colheita. Alguns estudiosos acham que esta explicação foi acrescentada depois.
Ela seria de alguma comunidade. É bem possível. Pois dentro do botão da
parábola está a flor da explicação. Botão e flor, ambos têm a mesma origem que
é Jesus. Por isso, nós também podemos continuar a reflexão e descobrir outras
coisas bonitas dentro da parábola. Certa vez, alguém perguntou numa comunidade:
“Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?” Discutiram e, no fim,
encontraram mais de dez finalidades diferentes para o sal! Aí foram aplicar
tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente.
A parábola funcionou! O mesmo vale para a semente. Todo mundo tem alguma
experiência de semente.
Para um confronto pessoal
1) Qual a experiência que você tem de semente? Como ela
te ajuda a entender melhor a Boa Nova
2) Que terreno eu sou?
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