Salmo Responsorial:
149
R. O Senhor ama o seu povo.
Cantai ao
Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor na assembleia dos santos. Alegre-se
Israel em seu Criador, rejubilem os filhos de Sião em seu Rei.
Louvem o
seu nome com danças, cantem ao som do tímpano e da cítara, porque o Senhor ama
o seu povo, coroa os humildes com a vitória.
Exultem de
alegria os fiéis, cantem jubilosos em suas casas; em sua boca os louvores de
Deus. Esta é a glória de todos os seus fiéis.
Aleluia. O povo que
vivia nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombria
região da morte uma luz se levantou. Aleluia.
Evangelho (Jo
3,22-30): Depois disso, Jesus e seus
discípulos foram para a região da Judéia. Ele ficava lá com eles e batizava.
João também estava batizando, em Enon, perto de Salim, onde havia muita água.
As pessoas iam lá para serem batizadas. João ainda não tinha sido lançado na
prisão. Surgiu então, da parte dos discípulos de João, uma discussão com um
judeu, a respeito da purificação. Eles foram falar com João: «Mestre, aquele
que estava contigo do outro lado do Jordão, e de quem tu deste testemunho, está
batizando, e todos vão a ele». João respondeu: «Ninguém pode receber coisa
alguma, se não lhe for dada do céu. Vós mesmos sois testemunhas daquilo que eu
disse: ‘Eu não sou o Cristo, mas fui enviado à sua frente’. Quem recebe a noiva
é o noivo, mas o amigo do noivo, que está presente e o escuta, enche-se de
alegria, quando ouve a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela ficou
completa. É necessário que ele cresça, e eu diminua».
«É necessário que ele
cresça, e eu diminua»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Em
consequência e imediatamente João aclara o sentido do batismo: Realmente,
trata-se de uma purificação, mas «diferença-se das acostumadas abluções
religiosas» daquele tempo e, — como afirmou o papa Bento— «Deve-se a consumação
concreta de uma mudança que determina de modo novo e para sempre toda a vida».
Assim, o batismo cristão comporta uma mudança tão radical como um novo
nascimento, até o ponto de nos converter em um novo ser.
Purificação,
certamente, mas, para despojar-se do "homem velho", morrer a si mesmo
e —pela graça — nascer a uma nova vida: A vida divina, algo que «ninguém pode
receber (…) se não lhe for dada do céu» (Jo 3,28). O Concílio II de Orange
ensinou que «amar a Deus é exclusivamente um dom de Deus. Ele mesmo que, sem
ser amado, ama, concedeu-nos que lhe amássemos. Fomos amados quando ainda lhe
éramos desagradáveis, para que nos concedera algo com que agradar-lhe».
Hei aqui,
então, nossa tarefa pela santidade: Aprofundar na humildade para abrir espaço à
ação de Deus e deixá-lo fazer. O importante não é tanto o que eu faça, mas que
Ele atue em mim: «É necessário que ele cresça, e eu diminua» (Jo 3,30). E nossa
alegria será tanto mais completa quanto mais desapareça o próprio eu e, mais
presente se faça o Esposo em nosso coração e nas nossas obras.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Jesus, o novo pregador, estava levando uma certa
vantagem sobre João Batista. Ele batizava mais gente e atraía mais discípulos.
Surgiu então uma tensão entre os discípulos de João e os de Jesus a respeito da
"purificação", isto é, a respeito do valor do batismo. Os discípulos
de João Batista sentiam uma certa inveja e foram falar com João para informá-lo
a respeito do movimento de Jesus.
* A resposta de João aos seus discípulos é uma resposta
bonita, que revela a grandeza de alma. João ajudou seus discípulos a verem as
coisas com mais objetividade. Ele usou três argumentos: 1) Ninguém recebe nada
a não ser aquilo que lhe foi dado por Deus. Se Jesus faz coisas tão bonitas, é
porque as recebeu de Deus (Jo 3,27). Em vez de inveja, os discípulos deveriam
sentir alegria. 2) João reafirma, novamente, que ele, João, não é o Messias mas
apenas o precursor (Jo 3,28). 3) No fim, ele usa uma comparação, tirada das
festas de casamento. Naquele tempo, lá na Palestina, no dia da festa do
casamento, na casa da noiva, os assim chamados "amigos do noivo"
aguardavam a chegada do noivo para poder apresentá-lo à noiva. No caso, Jesus é
o noivo, o povo é a noiva e ele, João, é o amigo do noivo. João Batista diz
que, na voz de Jesus, reconheceu a voz do noivo e ele pôde apresentá-lo à
noiva, ao povo. Neste momento, a noiva, o povo, deixa de lado o amigo do noivo
e vai atrás de Jesus, porque reconheceu nele a voz do seu noivo! Por isso, é
grande a alegria de João, "alegria completa". João não quer nada para
si! Sua missão é apresentar o noivo à noiva! A frase final resume tudo: "É
necessário que ele cresça e eu diminua!" Esta frase é também o programa de
toda pessoa seguidora de Jesus.
* Naquele fim do primeiro século, tanto na Palestina
como na Ásia Menor, onde quer que houvesse alguma comunidade de judeus, havia
também gente que tinha estado em contato com João Batista ou que tinha sido
batizada por ele (At 19,3). Vistos do lado de fora, o movimento de João Batista
e o de Jesus eram muito semelhantes entre si. Os dois anunciavam a chegada do
Reino (cf. Mt 3,1-2; 4,17). Deve ter havido uma certa confusão e tensão entre
os seguidores de João e os de Jesus. Por isso era tão importante o testemunho
de João sobre Jesus. Todos os quatro evangelhos se preocupam em relatar as
palavras de João Batista dizendo que ele não é o messias. Para as comunidades
cristãs, a resposta de João "Ele deve crescer e eu devo diminuir"
valia não só para os discípulos de João da época de Jesus, mas também para os
discípulos das comunidades batistas do fim do primeiro século.
Para um confronto pessoal
1. “Ele deve crescer e eu diminuir”. É o programa de
João. É também o meu programa?
2. O que importa é que a noiva encontre o noivo. Somos
porta-vozes, nada mais. Será que eu sou?
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