São João, apóstolo e evangelista
Salmo Responsorial:
127
R. Felizes os que esperam no Senhor
e seguem os seus caminhos.
Feliz de
ti, que temes o Senhor e andas nos seus caminhos. Comerás do trabalho das tuas
mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa
será como videira fecunda, no íntimo do teu lar; teus filhos serão como ramos
de oliveira, ao redor da tua mesa.
Assim será
abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião te abençoe o Senhor: vejas a
prosperidade de Jerusalém, todos os dias da tua vida.
2ª Leitura (Col
3,12-21): Irmãos: Como eleitos de Deus, santos
e prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade,
humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos
mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos
perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade,
que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual
fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em ação de graças. Habite em
vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes
uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados,
cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por
palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por
Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no
Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. Filhos,
obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não
exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.
Aleluia. Reine em
vossos corações a paz de Cristo, habite em vós a sua palavra. Aleluia.
Evangelho (Lc
2,22-40): E quando se completaram os dias da
purificação, segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para
apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: «Todo
primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor». Para tanto, deviam
oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, como está escrito na
Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém vivia um homem piedoso e justo, chamado
Simeão, que esperava a consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com
ele. Pelo próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não
morreria sem ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo.
Quando os pais levaram o menino Jesus ao templo para cumprirem as disposições
da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: «Agora, Senhor,
segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a
tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as
nações e glória de Israel, teu povo». O pai e a mãe ficavam admirados com
aquilo que diziam do menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: «Este
menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um
sinal de contradição — e a ti, uma espada traspassará tua alma! — e assim serão
revelados os pensamentos de muitos corações». Havia também
uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade
avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido.
Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do
templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora, Ana
chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a
libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor,
eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galileia. O menino foi crescendo,
ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele.
«Levaram o menino a
Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor»
Rev. D. Joan Ant. MATEO i García (Tremp, Lleida, Espanha)
S. João
Paulo II, na sua Carta apostólica O Rosário da Virgem Maria, voltou a destacar
a importância capital que tem a família como fundamento da Igreja e da
sociedade humana e pediu-nos que rezássemos pela família e que rezássemos em
família o Santo Rosário para revitalizarmos essa instituição. Se a família
estiver bem, a sociedade e a Igreja estarão bem.
O Evangelho
de hoje diz-nos que o Menino crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria.
Jesus encontrou o calor de uma família que se ia construindo através das suas
reciprocas relações de amor. Que bonito e proveitoso seria se nos esforçássemos
mais e mais por construir a nossa família: com espírito de serviço e de oração,
com amor mutuo, com uma grande capacidade de compreender e de perdoar.
Gostaríamos — como na casa de Nazareth— o céu e a terra! Construir a família é
hoje uma das tarefas mais urgentes. Os pais, como recordava o Concilio Vaticano
II, tem aí um papel insubstituível: «É dever dos pais criar um ambiente de
família animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens, e
que favoreça uma educação integra a nível pessoal e social dos seus filhos». Na
família aprende-se o mais importante: a ser pessoas.
Por fim,
falar de família para os cristãos é falar da Igreja. O Evangelista S. Lucas
diz-nos que os pais de Jesus o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor.
Aquela oferenda era a figura da oferenda sacrificial de Jesus ao Pai, fruto da
qual nascemos cristãos. Considerar esta gozosa realidade nos abrirá a uma maior
fraternidade e nos levará a amar mais a Igreja.
A Sagrada Família de
Nazaré é modelo, alento e força para todas as nossas famílias.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro
lugar, todos nós sabemos dos grandes perigos que hoje sofrem algumas das nossas
famílias, que colocou em evidencia o sínodo extraordinário da família em
outubro de 2014: famílias fragmentadas, feridas, quebradas, em necessidades de
pobreza, de miséria e de angustia. Dificuldades internas e externas.
Preocupações de tipo laboral e econômico; visões distintas na educação dos
filhos, provenientes de diferentes modelos educativos dos pais; os reduzidos
tempos para o diálogo e o descanso. A tudo isto se junta fatores disgregados
como a separação e o divórcio, e o preocupante crescimento da prática abortiva.
O mesmo egoísmo pode levar à falsa visão de considerar os filhos como objetos
de propriedade dos pais, que podem ser fabricados segundo os seus desejos.
Violência, abusos, álcool, drogas, pornografia e outras formas de dependência
sexual. E também essas situações pastorais difíceis: as uniões livres ou em
segundas núpcias sem ter recebido o sacramento do matrimonio. O que fazer
diante destes desafios?
Em segundo
lugar, hoje temos que olhar o modelo da Sagrada Família para que nos digam o
segredo para formar uma família ideal e possamos lançar luz nestes desafios.
Quando Paulo VI esteve em Nazaré tirou umas anotações ou lições da Sagrada
Família de Nazaré, a modo de fotografia. “Primeiro, lição de silêncio. Renasça
em nós a valorização do silêncio, desta estupenda e indispensável condição do
espírito; em nós, atordoados por tantos ruídos, tantos estrépitos, tantas vozes
da nossa ruidosa e hipersensibilizada vida moderna. Silêncio de Nazaré,
ensinai-nos o recolhimento, a interioridade, a aptidão de prestar atenção às
boas inspirações e palavras dos verdadeiros mestres; ensinai-nos a necessidade
e o valor da preparação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior,
da oração que Deus só vê secretamente. Segundo, a lição da vida doméstica. Que
Nazaré nos ensine o que é a família; a sua comunhão de amor, a sua simples e
austera beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; ensine quão doce
insubstituível é a sua pedagogia; ensine quão fundamental e insuperável a sua
sociologia. E terceiro, lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “Filho do
Carpinteiro”, como queríamos compreender e celebrar aqui a lei severa, e
redentora da fatiga humana; recompor aqui a consciência da dignidade do
trabalho; recordar aqui como o trabalho não pode ser fim em si mesmo e como,
quanto mais livre e alto for, tanto serão, ademais do valor econômico, os
valores que tem como fim; saudar aqui os trabalhadores de todo o mundo e
mostrar-lhes o seu grande colega, o seu irmão divino, o Profeta de toda justiça
para eles, Jesus Cristo Nosso Senhor!”. (Homilia de Paulo VI, 5 de janeiro de 1964
em Nazaré).
Finalmente,
devemos voltar uma e outra vez ao plano originário de Deus para a família. É
verdade que Deus começou o seu plano arrancando Abraão do seio da sua família,
mas ao mesmo tempo lhe fez a promessas de um descendente, de um herdeiro,
Cristo, ao redor do qual se formaria a família perfeita. E quando com braço
poderoso tirou os judeus do Egito fez isso para constitui-los em povo, em
família de Deus. Seguindo a mesma linha, Deus constituiu depois a Igreja- novo
Israel- ao modo de uma família, com um Pai comum. Somos todos da família de
Jesus. E nesta família perfeita está o pai, a mãe e os filhos. São Paulo na
segunda leitura de hoje nos dá a clave para edificar esta família de Jesus com
um único alicerce: o amor mútuo, feito humildade, afabilidade, paciência,
perdão, paz, gratidão, oração, respeito, obediência. O pai é a cabeça, a mãe é
o coração e os filhos são a coroa desses pais.
Para refletir: O que é que mais impressiona da
Sagrada Família de Nazaré? O que é que com mais urgência as nossas famílias
deveriam aprender da Sagrada Família de Jesus, José e Maria? Como deveria se
comportar a Igreja com essas famílias que estão passando por graves
dificuldades?
Para rezar: Sagrada Família de Nazaré:
ensinai-nos o recolhimento, a interioridade; dai-nos a disposição para escutar
as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensinai-nos a
necessidade do trabalho de reparação, do estudo, da vida interior pessoal, da
oração, que só Deus vê no segredo; ensinai-nos o que é a família, a sua
comunhão de amor, a sua beleza simples e austera, o seu caráter sagrado e
inviolável. Amém.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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