São Juan Diego Cuauhtlatoatzin, leigo
Salmo Responsorial:
102
R. Ó minha alma, louva o Senhor.
Bendiz, ó
minha alma, o Senhor e todo o meu ser bendiga o seu nome santo. Bendiz, ó minha
alma, o Senhor e não esqueças nenhum dos seus benefícios.
Ele perdoa
todos os teus pecados e cura as tuas enfermidades; salva da morte a tua vida e
coroa-te de graça e misericórdia.
O Senhor é
clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade; não nos tratou segundo os
nossos pecados, nem nos castigou segundo as nossas culpas.
Aleluia. O Senhor vem
salvar o seu povo; felizes os que estão preparados para ir ao seu encontro.
Aleluia.
Evangelho (Mt
11,28-30): Naquele tempo, respondendo Jesus,
disse: «Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu
vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque
sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu
jugo é suave e o meu fardo é leve».
«Meu jugo é suave e o
meu fardo é leve»
P. Jacques PHILIPPE (Cordes sur Ciel, França)
A
docilidade de Deus libera e enaltece o coração. Por isso Jesus, convida-nos a
renunciar a nós mesmos para tomarmos a nossa cruz e segui-lo, diz-nos: «O meu
jugo é suave e o meu fardo é leve» (Mt 11,30). Mesmo que por vezes nos custe
obedecer à vontade de Deus, cumpri-la com amor acaba por nos encher de gozo:
«Dirige-me na senda dos teus mandamentos, porque nela está minha alegria» (Sal
119,35).
Gostava de
vos contar uma coisa. Por vezes, quando depois de um dia bastante esgotante, me
vou deitar, percebo uma ligeira sensação dentro de mim que me diz: —Não
entrarias um momento na capela para me fazeres companhia? Após uns instantes de
desconcerto e resistência, termino por consentir e passar uns momentos com
Jesus. Depois vou dormir em paz e tão contente, no dia seguinte não acordo mais
cansado que de costume.
Não obstante, por vezes sucede-me o contrário. Perante um problema grave que me preocupa, penso: —Esta noite, durante uma hora, na capela, rezarei para que se resolva. E ao dirigir-me para a dita capela, uma voz diz-me no fundo do meu coração: —Sabes? Conformava-me mais que te fosses deitar imediatamente e confiasses em mim; eu ocupo-me do teu problema. E recordando a minha feliz condição de “servidor inútil”, vou dormir em paz, abandonando tudo nas mãos do Senhor...
Com tudo
isto quero dizer que a vontade de Deus está onde existe o máximo amor mas não
forçosamente onde está o máximo sofrimento... Há mais amor em descansar, graças
à confiança do que em nos angustiarmos pela inquietude!
«Vinde a mim, todos
vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso»
Rev. D. Jaume GONZÁLEZ i Padrós (Barcelona, Espanha)
Esperar o
regresso do Senhor, seu “adventus”, exige do crente um claro propósito de não
desfalecer, aconteça o que acontecer até então. Porque não podemos ignorar que
a espera nem sempre resulta ligeira, e se pode chegar a pensar que, de fato,
considerando a própria fraqueza, não se alcançará a perseverança de uma vida
cristã com tenacidade. A tentação do desânimo está sempre perto dos que somos
fracos por natureza.
Também pode
nos trair o esquecimento de que o Reino vai abrindo passagem, sobretudo pela
vontade de Deus, apesar das resistências dos que não temos uma “determinação
determinada”, suficientemente decidida, para buscá-lo acima de tudo e com
absoluta prioridade. Muitas vezes nos lamentamos do nosso cansaço: refletimos
um pouco e damo-nos conta dos poucos resultados obtidos e, sem o poder evitar,
sai-nos da alma uma queixa dirigida ao Senhor, mais ou menos explicita,
perguntando-lhe como é que não nos ajudou o suficiente, como é possível que não
tenha reparado no trabalho que realizamos. Aqui está nosso pecado! Convertemos
Deus em nosso ajudante, ao invés de compreender que a iniciativa é sempre dele
e que é dele o esforço principal.
Isaías, nesta
perspectiva escatológica que marca as primeiras semanas do Advento, nos lembra
quanto é grande e irresistível o poder do Senhor.
Em Jesus
Cristo vemos cumprirem-se estas palavras do Profeta. «Vinde a mim (...) e
encontrareis descanso» (Mt 11,28). No Senhor, no seu coração amoroso, todos
encontramos o descanso necessário e a força para não desfalecer e, assim, poder
esperá-lo com uma renovada caridade, enquanto nossa alma não cessa de O
bendizer e nossa memória não esquece seus favores.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Isaías fala do Messias-Servo e o apresenta como um
discípulo que está sempre em busca de uma palavra de conforto para poder animar
os desanimados: “O Senhor me concedeu o dom de falar como seu discípulo, para
eu saber dizer uma palavra de conforto a quem está desanimado. Cada manhã, ele
me desperta, para que eu o escute, de ouvidos abertos, como o fazem os
discípulos”. (Is 50,4) E o Messias servo faz um convite: “Vocês que estão com
sede, venham buscar água. Venham também os que não têm dinheiro: comprem e
comam sem dinheiro e bebam vinho e leite sem pagar” (Is 55,1). Estes textos
povoavam a memória do povo. Eram como os cânticos da nossa infância. Quando a
gente os escuta dá uma nostalgia, uma saudade! Assim, a palavra de Jesus:
“Venham a mim!” despertava a memória e trazia para perto o eco longínquo
daqueles textos bonitos de Isaías.
* Os livros sapienciais apresentam a sabedoria divina
sob a figura de uma mulher, uma mãe, que transmite aos filhos a sua sabedoria e
lhes diz: "Comprem a sabedoria sem dinheiro. Coloquem o pescoço debaixo do
seu jugo e acolham a sua instrução. A sabedoria está próxima, e pode ser
encontrada. Vejam com seus próprios olhos como trabalhei pouco, e acabei
encontrando profundo repouso”. (Eclo 51,25-27). Jesus repete quase a mesma
frase: “Vocês encontrarão repouso!”
* Por esta sua maneira de falar ao povo, Jesus
despertava a memória do povo e fazia com que o coração se alegrasse e dissesse:
“Chegou o messias que tanto esperamos!” Jesus transformava a saudade em
esperança. Fazia o povo dar um passo. Em vez de agarrar-se à imagem de um
messias glorioso, rei e dominador, ensinadas pelos escribas, o povo mudava de
visão e aceitava Jesus como o messias servidor. Messias humilde e manso,
acolhedor e cheio de ternura, que fazia os pobres se sentirem em casa junto de
Jesus.
Para um confronto pessoal
1. A lei de Deus é para mim um jugo leve que me anima, ou
é um peso que me cansa?
2. Já senti alguma vez a alegria e a leveza do jugo da
lei de Deus que Jesus nos revelou?
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