São Nicolau de Bari, bispo
Salmo Responsorial -
84/85
R. Mostrai-nos, ó Senhor, vossa
bondade e a vossa salvação nos concedei!
Quero ouvir
o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar; a paz para que o seu
povo e seus amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração. * Está perto a
salvação dos que o temem, e a glória habitará em nossa terra.
A verdade e
o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a
fidelidade, * e a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os
passos seus.
2a Leitura (2Pd 3,8-14):
Mas há uma coisa, caríssimos, de que não vos deveis
esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como, um dia. O
Senhor não retarda o cumprimento de sua promessa, como alguns pensam, mas usa
da paciência para convosco. Não quer que alguém pereça; ao contrário, quer que
todos se arrependam. Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia
os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será
consumida a terra com todas as obras que ela contém. Uma vez que todas estas
coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida
e de vossa piedade, enquanto esperais e apressais o dia de Deus, esse dia em
que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos
abrasados! Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova
terra, nos quais habitará a justiça. Portanto, caríssimos, esperando estas
coisas, esforçai-vos em ser por ele achados sem mácula e irrepreensíveis na
paz.
Aleluia. Preparai o
caminho do Senhor; endireitai suas veredas. Toda a carne há de ver a salvação
do nosso Deus. Aleluia.
Evangelho (Mc 1,1-8): Início
do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Está escrito no profeta Isaías:
«Eis que envio à tua frente o meu mensageiro, e ele preparará teu caminho. Voz
de quem clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas
para ele». Assim veio João, batizando no deserto e pregando um batismo de
conversão, para o perdão dos pecados. A Judéia inteira e todos os habitantes de
Jerusalém saíam ao seu encontro, e eram batizados no rio Jordão, confessando os
seus pecados. João se vestia de pêlos de camelo, usava um cinto de couro à
cintura e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Ele proclamava: «Depois
de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de,
abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias. Eu vos batizei com água. Ele
vos batizará com o Espírito Santo».
«Assim veio João,
batizando no deserto e pregando um batismo de conversão»
Fr. Faust BAILO (Toronto, Canadá)
Alguns julgavam que João era o verdadeiro Messias. Pois falava como os antigos profetas, dizendo que o homem deve sair do pecado para fugir do castigo e voltar a Deus a fim de encontrar a sua misericórdia. Mas esta é uma mensagem para todos os tempos e para todos os lugares, e João proclamava-a com urgência. Assim, aconteceu que um caudal de gente, de Jerusalém e de toda a Judeia, inundou o deserto de João para ouvir a sua pregação.
Como é que
João atrai tantos homens e mulheres? Certamente denunciava Herodes e os líderes
religiosos, um ato de valor que fascinava as pessoas do povo. Mas, ao mesmo
tempo, não se poupava em palavras fortes para todos eles: porque eles também
eram pecadores e deviam arrepender-se. E, ao confessarem os seus pecados,
batizava-os no rio Jordão. Por isso, João Batista os fascinava, porque
entendiam a mensagem do autêntico arrependimento que lhes queria transmitir. Um
arrependimento que era algo mais que uma confissão do pecado —em si, um grande
passo em frente e de fato muito bonito! Mas, também, um arrependimento baseado
na crença de que apenas Deus pode, ao mesmo tempo, perdoar e apagar, cancelar a
dívida e varrer os restos do meu espírito, retificar os meus caminhos morais,
tão desonestos.
«Não
desaproveiteis este tempo de misericórdia oferecido por Deus», diz São Gregório
Magno. —Não estraguemos este momento apto para impregnar-nos deste amor
purificador que se nos oferece, podemos agora dizer que o tempo de Advento
começa agora, entre nós, a abrir-se caminho.
Estamos
preparados, durante este advento, para direcionar os nossos caminhos a nosso
Senhor? Posso converter este tempo num tempo para uma conversão mais autêntica,
mais penetrante na minha vida? João pedia sinceridade –sinceridade comigo
próprio- ao mesmo tempo que abandono na misericórdia Divina. Ao fazê-lo,
ajudava o povo a viver para Deus, a compreender que viver é a forma de lutar
para abrir os caminhos da virtude e deixar que a graça de Deus vivifique o
espírito com a sua alegria.
João Batista é exemplo
do que ele prega a todos nós e a toda a Igreja: “arrependei-vos, fazei
penitencia e preparai os caminhos para o Senhor”.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro
lugar, não podemos negar que este São João Batista, que em cada ano vem ao
nosso encontro no Advento, é um “sujeito esquisito” aos olhos deste mundo cheio
de prazeres, consumista, que se interessa só com esta vida e é ambiciosamente
competitivo. Vestia áspero como um camelo, comia gafanhotos na grelha do sol e
mel silvestre, bebia agua do rio, vivia solteiro conventual e amanhecia do
mesmo jeito que quando chegava o anoitecer: rosto por terra e em oração. Ele
era radical. E durante o dia, era gritar para preparar os caminhos do Senhor.
Sim, os caminhos da consciência, para livrá-la de tanta fuligem acumulada pelo
pecado. Sim, os caminhos da mente, para que se abra aos critérios de Deus, e
não ande por ai destilando ideias liberais e opostas à sua Palavra salvadora no
campo da moral familiar, sexual e doutrinal que raspa à ambiguidade, quando não
à heresia. Sim, os caminhos da afetividade, para que essa força poderosa que
temos ame Deus sobre todas as coisas e o próximo, por cima do egoísmo, dos
apegos e das túrbidas ovações pessoais. Sim, os caminhos da vontade, para que
sempre escolha na liberdade e no amor o que Deus pede para a nossa felicidade
temporal e para a nossa salvação eterna, embora exija sacrifício, renúncia e
meter freio no capricho e na inconstância. Obrigado, João Batista, por nos
lembrar disto neste tempo do Advento, embora a sua voz nos incomode e atordoe!
Em segundo
lugar, embora este João Batista seja, num certo sentido, um “sujeito
esquisito”, aos olhos de Cristo, porém, é amigo do Esposo e um grande profeta
porque durante a sua curta vida só falou das três coisas que preocupam os
homens e as mulheres de todos os séculos, raças, culturas, religiões,
continentes: primeiro, que somos maus; segundo, que temos que ser bons; e
terceiro, que devemos nos reconciliar com Deus. Pouca coisa! Os leigos, os
padres, os bispos e o Papa, pregamos estas verdades? Três verdades: pecado,
arrependimento e reconciliação. João Batista atirava a flecha nessas três
dianas. O tiro certeiro da sua flecha chegou a todos?
Finalmente,
se hoje voltasse este João Batista com esses cabelos, essa palavra afiada e
essa vida, não seria anacrônico? Seria bem recebido, quando não lhe interessa o
dinheiro, nem o bem-estar nem a comodidade nem o prazer nem…? Não tenho a menor
dúvida de que, se hoje voltasse e fundasse cátedra de espartano nas margens de
qualquer rio de um lugar perdido por ai ou num arranha-céus americano… Seria um
eletroímã: todos iriam onde ele estivesse. Porque vendo bem as coisas, se os
homens de hoje buscam algo, é a autenticidade e ele foi bem autentico; bravura,
ele foi bravo; toque divino, ele era um tocado de Deus; visionário de
transcendências divinas, ele era um visionário. Ou talvez eu esteja errado.
Para
refletir: Reconheço que
sou pecador? Estou arrependido dos meus pecados de pensamento, de palavra, de
obra, de omissão…da minha infância, adolescência, juventude, idade madura e
velhice…dos meus pecados ocultos e desconhecidos? Irei neste Advento ao
sacramento da reconciliação para encontrar-me com esse Padre cheio de
misericórdia e ternura para que me perdoe, me purifique e assim poder chegar
menos indignamente preparado para o santo Natal?
Para
rezar: Senhor,
reconheço a vossa infinita misericórdia. Senhor, reconheço os meus imensos
pecados e vos peço que me perdoeis através do vosso ministro sagrado,
empapando-me com o sangue do vosso Filho Jesus Cristo. Só assim, terei os meus
caminhos preparados para quando vierdes neste Natal e possa eu abrir-vos a
minha porta e possais Vós cear comigo e eu convosco.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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