SÃO FRANCISCO DE ASSIS
Salmo Responsorial -
79/80
R. A vinha do Senhor é a casa de
Israel.
Arrancastes
do Egito esta videira e expulsastes as nações para plantá-la; até o mar se
estenderam seus sarmentos, até o rio os seus rebentos se espalharam.
Por que razão
vós destruístes sua cerca, para que todos os passantes a vindimem, o javali da
mata virgem a devaste e os animas do descampado nela pastem?
Voltai-vos
para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa
vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao
rebanho que firmastes!
E nunca mais
vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! Convertei-nos,
ó Senhor Deus do universo, e sobre nós iluminai a vossa face! Se voltardes para
nós, seremos salvos!
2ª Leitura (Filipenses
4,6-9): Irmãos, não vos inquieteis com nada!
Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a
oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a
inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo
Jesus. Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o
que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama,
tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. O
que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o
Deus da paz estará convosco.
Aleluia. Eu vos
escolhi foi do meio do mundo, a fim de que deis um fruto que dure. Eu vos escolhi
foi do meio do mundo. Aleluia.
Evangelho (Mt
21,33-43): «Escutai esta outra parábola: Certo
proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, cavou nela um lagar
para pisar as uvas e construiu uma torre de guarda. Ele a alugou a uns
agricultores e viajou para o estrangeiro. Quando chegou o tempo da colheita,
ele mandou os seus servos aos agricultores para receber seus frutos. Os
agricultores, porém, agarraram os servos, espancaram a um, mataram a outro, e a
outro apedrejaram. Ele ainda mandou outros servos, em maior número que os
primeiros. Mas eles os trataram do mesmo modo. Por fim, enviou-lhes o próprio
filho, pensando: ‘A meu filho respeitarão’. Os agricultores, porém, ao verem o
filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e tomemos posse de
sua herança!’. Então o agarraram, lançaram-no fora da vinha e o mataram. Pois
bem, quando o dono da vinha voltar, que fará com esses agricultores?» Eles
responderam: «Dará triste fim a esses criminosos e arrendará a vinha a outros
agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo». Então, Jesus lhes
disse: «Nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram,
esta é que se tornou a pedra angular. Isto foi feito pelo Senhor, e é admirável
aos nossos olhos’? Por isso vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e
entregue a um povo que produza frutos».
«Por fim, enviou-lhes
o próprio filho, pensando: ‘A meu filho respeitarão’»
P. Jorge LORING SJ (Cádiz, Espanha)
Mas a
parábola de hoje refere-se mais especificamente à recusa dos judeus para com
Cristo: «Por fim, enviou-lhes o próprio filho, pensando: ‘A meu filho
respeitarão’. Os agricultores, porém, ao verem o filho, disseram entre si:
‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e tomemos posse de sua herança! ’. Então o
agarraram, lançaram-no fora da vinha e o mataram» (Mt 21,37-39). Não é fácil
entender isto: porque Cristo veio para redimir o mundo inteiro, e os judeus
esperam o seu “messias” particular que lhes dê, a eles, o domínio de todo o
mundo…
Quando
estive na Terra Santa deram-me um prospeto turístico de Israel sobre o local
onde estão os judeus mais famosos da história: desde Moisés, Gedeon e Josué até
Ben-Gurión, que foi o realizador do Estado de Israel. Mas, pelo contrário,
nesse prospeto não está Jesus Cristo. E Jesus foi o judeu mais conhecido da
história: hoje em dia conhecem-no no mundo inteiro, e há mais de dois mil anos
que morreu…
As grandes
personagens, ao cabo do tempo, são admiradas, mas não são amadas. Hoje em dia
ninguém ama Cervantes ou Miguel Ângelo. Pelo contrário, Jesus é o mais amado de
toda a história. Homens e mulheres dão a vida pelo Seu amor. Uns de repente no
martírio, outros “gota a gota”, vivendo apenas para Ele. São milhares e
milhares no mundo inteiro.
E Jesus é
quem mais influenciou a história. Valores que hoje são aceites em todos os
lugares, têm origem cristã. Não apenas isto, mas podemos constatar que existe hoje
uma aproximação a Jesus Cristo, também por parte dos judeus (“nossos irmãos
mais velhos na fé”, como dissera João Paulo II). Peçamos a Deus,
particularmente pela conversão dos judeus, pois este povo, de grandes valores,
convertido ao catolicismo, pode trazer em grande benefício a toda a humanidade.
Ou uvas saborosas ou
uvas azedas. Tudo depende se estou ou não unido a Cristo, verdadeira Vinha,
pois eu sou o sarmento.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro
lugar, existem duas maneiras de ler esta parábola da vinha: uma em clave
histórica ou narrativa, e uma em clave atual. Historicamente, a vinha é o povo
hebraico. Deus elegeu livremente este povo, libertou-o do Egito com mão forte e
o transplantou com carinho na terra prometida como se transplanta uma vinha.
Aqui o encheu de cuidados e de mimos, como faz o vinhateiro com a sua vinha, ou
melhor, como faz o esposo com a sua esposa. Cercou-a, defendeu-a dos seus
inimigos e das raposas. Mas o que aconteceu? A vinha, em lugar de uva, produziu
uvas selvagens. Em lugar de produzir obras de justiça e fidelidade, se rebelou
e pagou a Deus com traições, desobediências e infidelidade. Curioso: não se
rebelou a vinha, mas os vinhateiros. O que fará Deus? Isaias fala da destruição
da vinha (queda de Jerusalém e exílio). Jesus diz que essa vinha será dada a
outro destinatário, à Igreja ou o novo Povo de Deus. Deus é livre.
Em segundo
lugar, nós somos esse novo Povo de Deus a quem Jesus nos confiou esta vinha que
é sua, a Igreja. A situação mudou com Cristo. Agora Ele é a Vinha verdadeira e
nós, os sarmentos. Só nos pede permanecer Nele pela oração e pelos sacramentos
para dar muito fruto. Deus não repudiará mais a vinha que é a Igreja, porque
esta vinha é Cristo; a Igreja é o corpo de Cristo. Não haverá um terceiro
“Israel de Deus” depois do povo hebraico e do povo cristão. Mas se a vinha está
segura pelo amor do Pai, não acontece o mesmo com os sarmentos individuais. Se
não dão fruto, podem ser afastados e jogados fora. É o nosso risco, dos
cristãos de hoje, como indivíduos e como grupo.
Finalmente,
se aplicarmos a mensagem a cada um particular, as consequências são bem sérias.
Deus nos deu tudo. Plantou-nos na Igreja, enxertou-nos em Cristo, nos podou e
nos alimentou. Portanto, tem todo o direito de pedir os frutos. O que
encontrará? Só folhas? Ou pior, só galhos secos? A Eucaristia nos oferece a
possiblidade de reativar o nosso batismo em nós e também a circulação daquela
seiva que provem da Vinha. Se não dermos frutos, já sabemos o triste desenlace:
nos jogará fora. Por isso nos manda de vez em quando os seus emissários para
nos alertar: amigos, catequistas, sacerdotes, luzes, bons exemplos. Prestemos
atenção a todos esses emissários.
Para refletir: o que queremos ser: um sarmento
unido a Cristo, à sua Palavra, aos seus sacramentos, em estado de crescimento e
de conversão, ou um sarmento estéril, rico só nos ramos, isto é, um cristão de
palavras e não de fatos? O que damos: cachos suculentos ou abrolhos e espinhos?
Para rezar: Senhor, obrigado por ter me feito
ramo de vossa vinha. Senhor, quero que meu ramo esteja forte e bem alimentado
com a seiva dos vossos sacramentos. Senhor, que meu ramo dê frutos saborosos de
santidade e virtudes, para que quem se aproxime de mim receba o suco do meu
exemplo positivo ou de meu conselho acertado. Não permitas, Senhor, que meu
ramo venha destruído por algum parasito que queira se introduzir nas suas
“veias”.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:arivero@legionaries.org
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