São Gonçalo de Lagos, OSA. Presbítero
Salmo Responsorial: 18
R. Felizes os que esperam no Senhor.
Feliz de
ti, que temes o Senhor e andas nos seus caminhos. Comerás do trabalho das tuas
mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa
será como videira fecunda no íntimo do teu lar; teus filhos serão como ramos de
oliveira ao redor da tua mesa.
Assim será
abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião te abençoe o Senhor: vejas a
prosperidade de Jerusalém todos os dias da tua vida.
Aleluia. Bendito sejais,
ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios
do reino. Aleluia.
Evangelho (Lc
13,18-21): Naquele tempo, Jesus dizia: A que é
semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? É como um grão de
mostarda que alguém pegou e semeou no seu jardim: cresceu, tornou-se um
arbusto, e os pássaros do céu foram fazer ninhos nos seus ramos. Jesus disse
ainda: Com que mais poderei comparar o Reino de Deus? É como o fermento que uma
mulher pegou e escondeu em três porções de farinha, até tudo ficar fermentado.
«A que é semelhante o
Reino de Deus»
+ Rev. D. Francisco Lucas MATEO Seco (Pamplona,
Navarra, Espanha)
O Reino de Deus prossegue Nosso Senhor, é semelhante, é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha e toda a massa ficou levedada (Lc 13,21). Também aqui se fala da capacidade que tem a levedura de fazer fermentar toda a massa. Assim sucede com: o resto de Israel, de que se fala no Antigo Testamento: o resto salvará e fermentará a todo o povo. Seguindo com a parábola, só é necessário que o fermento esteja dentro da massa, que chegue ao povo, que seja como o sal capaz de preservar da corrupção e de dar bom sabor a todo alimento (cf. Mt 5,13). Também é necessário dar tempo para que a levedura realize seu labor.
Parábolas
que animam a paciência e a esperança; parábolas que se referem ao Reino de Deus
e à Igreja, e que se aplicam também ao crescimento deste mesmo Reino em cada um
de nós.
Reflexão
Entre as
várias narrativas parabólicas que Lucas coloca ao narrar a caminhada de Jesus
para Jerusalém, apenas estas duas se referem ao reino de Deus. Esse reino tem
uma grande expansão no mundo, graças à pregação dos discípulos. Os modestos
começos do ministério de Jesus têm um grande desenvolvimento: a sua palavra que
ecoa no mundo inteiro e da qual todos recebem vida, é comparável à árvore
cósmica de Daniel (4, 7ª-9), cuja imagem é evocada no crescimento do arbusto de
mostarda (vv. 18s.).
Outra
característica do reino de Deus é a sua força intrínseca, que realiza um
crescimento qualitativo no mundo. Como um pouco de fermento escondido na massa
inerte de farinha provoca o seu crescimento, assim o reino de Deus, pela
evangelização animada pelo poder do Espírito Santo, transforma todo o mundo,
sem qualquer discriminação.
As
parábolas sobre o Reino animam-nos à confiança e à paciência. À confiança,
porque o Senhor nos revela que o reino de Deus cresce em nós. É semelhante a
uma pequena semente, mas tem uma grande força, semelhante à de um pouco de
fermento que faz levedar três medidas de farinha. O fermento não se vê, mas
atua em segredo, tal como a semente está escondida na terra, mas está viva e
pode dar origem a uma grande árvore.
O Reino
tem, pois, uma grande força dinâmica. Ora, esta força está em nós, porque Deus
está em nós, atua em nós para transformar a nossa vida. Por enquanto não vemos
o que faz: está escondido, é segredo, mas certamente faz grandes coisas.
A única
condição é misturar o fermento em todas as medidas de farinha, como faz a
mulher ao amassar. Fora de comparações: devemos guardar em nós este fermento e
misturá-lo na nossa vida na oração, na reflexão, na decisão firme; devemos
amassar sempre em nós o bom trigo do Evangelho com a nossa vida, não separar a
nossa vida da palavra do Senhor, confrontar-nos em todas as situações com as
propostas de Jesus, com a sua presença em nós.
O fermento é,
também, o pão eucarístico que cada dia nos é oferecido. Recebendo o Corpo real
de Cristo, podemos deixar-nos transformar em cada vez mais, e mais
profundamente, no Corpo Místico de Cristo.
Acolhendo
em nós o Palavra e o Pão, podemos caminhar com confiança e paciência rumo à
santidade e pôr-nos ao serviço do Senhor, «contribuir para instaurar o reino da
justiça e da caridade cristã no mundo» (Cst. 32), para que, «a comunidade
humana, santificada pelo Espírito Santo, se torne uma oblação agradável a Deus
(cf. Rom 15,16) » (Cst. 31). Assim seremos fermento, luz, sal, testemunhas da
«presença de Cristo» entre os homens e do «Reino de Deus que vem» (Cst. 50) ou,
«com a graça de Deus, pela nossa vida religiosa, dar um testemunho profético,
empenhando-nos sem reserva, no advento da nova humanidade em Jesus Cristo» (Cst
n. 39).
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