Salmo Responsorial (Sl
44)
R. Escutai, minha filha, olhai, ouvi
isto: o Rei se encante com vossa beleza!
— Escutai,
minha filha, olhai, ouvi isto: “Esquecei vosso povo e a casa paterna! Que o Rei
se encante com vossa beleza! Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!
— O povo de
Tiro vos traz seus presentes, os grandes do povo vos pedem favores. Majestosa, a
princesa real vem chegando, vestida de ricos brocados de ouro.
— Em vestes
vistosas ao Rei se dirige e as virgens amigas lhe formam cortejo; entre cantos
de festa e com grande alegria, ingressam, então, no palácio real”.
Segunda Leitura (Ap
12,1.5.13a.15-16a): Apareceu no céu um grande sinal: uma
mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa
de doze estrelas. E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas
as nações com cetro de ferro. Mas o filho foi levado para junto de Deus e do
seu trono. Quando viu que tinha sido expulso para a terra, o dragão começou a
perseguir a mulher que tinha dado à luz o menino. A serpente, então, vomitou
como um rio de água atrás da mulher, a fim de a submergir. A terra, porém, veio
em socorro da mulher.
Aleluia. Disse a Mãe
de Jesus aos serventes: “fazei tudo o que Ele disser. Aleluia.
Evangelho (Jo 2,1-11): Naquele tempo, 1houve
um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava presente. Também Jesus
e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. 3Como o vinho veio a
faltar, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. Jesus
respondeu-lhe: “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou”.
Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei o que ele vos disser!”. Estavam
seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam
fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. Jesus disse aos que
estavam servindo: “Enchei as talhas de água!”. Encheram-nas até a boca. 8Jesus
disse: “Agora tirai e levai ao mestre-sala!”. E eles levaram. O mestre-sala
experimentou a água que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde
vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a
água. O mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: “Todo mundo serve
primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o
vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!” Este foi o início
dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua
glória, e seus discípulos creram nele.
«A Mãe de Jesus estava
lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento»
Rev. D. Enric PRAT i Jordana (Sort, Lleida, Espanha)
Jesus e
Maria, com intensidade diferente, tornam Deus presente em qualquer lugar onde
estejam e, onde está Deus, aí há amor, graça e milagre. Deus é o bem, a
verdade, a beleza, a abundância. Quando o sol difunde os seus raios no
horizonte, a terra ilumina-se e recebe calor, e toda a vida trabalha para
produzir os seus frutos. Quando deixamos que Deus se aproxime, o bem, a paz e a
felicidade crescem manifestamente nos corações, até então talvez frios ou
adormecidos.
A mediação
escolhida por Deus para se fazer presente no meio dos homens e se comunicar
profundamente com eles, é Jesus Cristo. A obra de Deus chega ao coração do
mundo através da humanidade de Jesus e, depois, através da presença de Maria.
Os noivos de Caná pouco sabiam sobre aqueles convidados para a sua boda. O
convite correspondia provavelmente a alguma relação de amizade ou parentesco.
Naquela altura, Jesus ainda não tinha feito nenhum milagre e desconhecia-se a
sua importância.
Aceitou o
convite porque é a favor das relações humanas importantes e sinceras e se
sentiu atraído pela honestidade e boa disposição daquela família. Por isso,
estava presente naquela celebração familiar. «Este início dos sinais, Jesus o
realizou em Caná da Galileia» Jo 2,11) e ali o Messias «abriu o coração dos
discípulos à fé graças à intervenção de Maria, a primeira crente» (João Paulo
II).
Aproximemo-nos
também da humanidade de Jesus, tratando de conhecer e amar, mais e de modo
progressivo, a Sua trajetória humana, escutando a Sua palavra, crescendo em fé
e confiança, até ver nele o rosto do Pai.
Maria nas bodas de
Caná
São João Paulo II (Carta Encíclica Redemptoris Mater)
Maria está
presente em Caná de Galileia como Mãe de Jesus e contribui, de modo
significativo, para aquele «início dos milagres», que revelam o poder
messiânico do seu Filho. «Ora, vindo a faltar o vinho, a Mãe de Jesus
disse-lhe: «não têm mais vinho». E Jesus respondeu-lhe: «Que importa isso, a mim
e a ti, ó mulher? Ainda não chegou a minha hora»» (Jo 2, 3-4). No Evangelho de
São João aquela «hora» significa o momento estabelecido pelo Pai, em que o Filho
levará a cabo a sua obra e há de ser glorificado (cf. Jo 7, 30; 8, 20; 12, 23.
27; 13, 1; 17, 1; 19, 27). Muito embora a resposta de Jesus à sua Mãe tenha as
aparências de uma recusa (sobretudo se, mais do que na interrogação, se reparar
naquela afirmação firme: «Ainda não chegou a minha hora»), mesmo assim Maria
dirige-se aos que serviam e diz-lhes: «Fazei aquilo que ele vos disser» (Jo 2,
5). Então Jesus ordena a esses servos que encham as talhas de água; e a água
transforma-se em vinho, melhor do que aquele que fora servido anteriormente aos
convidados do banquete nupcial.
Que
entendimento profundo terá havido entre Jesus e a sua Mãe? Como se poderá
explorar o mistério da sua íntima união espiritual? De qualquer modo, o facto é
eloquente. Naquele evento é bem certo que já se delineia bastante claramente a
nova dimensão, o sentido novo da maternidade de Maria. Esta tem um significado
que não está encerrado exclusivamente nas palavras de Jesus e nos diversos
episódios referidos pelos Sinópticos (Lc 11, 27-28 e Lc 8, 19-21; Mt 12, 46-50;
Mc 3, 31-35). Nestes textos Jesus tem o intuito, sobretudo, de contrapor a
maternidade que resulta do próprio facto do nascimento, àquilo que esta
«maternidade» (assim como a «fraternidade») deve ser na dimensão do Reino de
Deus, na irradiação salvífica da paternidade do mesmo Deus. No texto de São
João, ao contrário, a partir da descrição dos factos de Caná, esboça-se aquilo
em que se manifesta concretamente esta maternidade nova, segundo o espírito e
não somente segundo a carne, ou seja, a solicitude de Maria pelos homens, o seu
ir ao encontro deles, na vasta gama das
suas carências e necessidades. Em Caná da Galileia torna-se patente só um
aspecto concreto da indigência humana, pequeno aparentemente e de pouca
importância (»Não têm mais vinho»). Mas é algo que tem um valor simbólico:
aquele ir ao encontro das necessidades do homem significa, ao mesmo tempo,
introduzi-las no âmbito da missão messiânica e do poder salvífico de Cristo.
Dá-se, portanto, uma mediação: Maria põe-se de permeio entre o seu Filho e os
homens na realidade das suas privações, das suas indigências e dos seus
sofrimentos. Põe-se de «permeio», isto é, faz de mediadora, não como uma
estranha, mas na sua posição de mãe, consciente de que como tal pode ― ou
antes, «tem o direito de» ― fazer presente ao Filho as necessidades dos homens.
A sua mediação, portanto, tem um carácter de intercessão: Maria «intercede»
pelos homens. E não é tudo: como Mãe deseja também que se manifeste o poder
messiânico do Filho, ou seja, o seu poder salvífico que se destina a socorrer
as desventuras humanas, a libertar o homem do mal que, sob diversas formas e em
diversas proporções, faz sentir o peso na sua vida. Precisamente como o profeta
Isaías tinha predito acerca do Messias, no famoso texto a que Jesus se refere
na presença dos seus conterrâneos de Nazaré: «Para anunciar aos pobres a
boa-nova me enviou, para proclamar aos prisioneiros a libertação e aos cegos a
vista ...» (cf. Lc 4, 18).
Outro
elemento essencial desta função maternal de Maria pode ser captado nas palavras
dirigidas aos que serviam à mesa: «Fazei aquilo que ele vos disser». A Mãe de
Cristo apresenta-se diante dos homens como porta-voz da vontade do Filho, como
quem indica aquelas exigências que devem ser satisfeitas, para que possa
manifestar-se o poder salvífico do Messias. Em Caná, graças à intercessão de
Maria e à obediência dos servos, Jesus dá início à «sua hora». Em Caná, Maria
aparece como quem acredita em Jesus: a sua fé provoca da parte dele o primeiro
«milagre» e contribui para suscitar a fé dos discípulos.
Para meditar:
1 - Quais são os sinais que me apontam
que vivo uma vida sem vinho (Cristo)?
2 - Será que reconheço a solicitude da
Virgem Maria na minha caminhada da fé?
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