Salmo - 144/145
R. O Senhor está perto da pessoa que
o invoca!
Todos os
dias haverei de bendizer-vos, hei de louvar o vosso nome para sempre. Grande é
o Senhor e muito digno de louvores, e ninguém pode medir sua grandeza.
Misericórdia
e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito
bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura.
É justo o
Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da
pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente.
2a Leitura (Fil
1,20-24.27) - Irmãos, meu ardente desejo e minha
esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo
será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha
vida quer pela minha morte. Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é
lucro. Mas, se o viver no corpo é útil para o meu trabalho, não sei então o que
devo preferir. Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria
desprender-me para estar com Cristo - o que seria imensamente melhor; mas, de
outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós. Cumpre,
somente, que vos mostreis em vosso proceder dignos do Evangelho de Cristo. Quer
eu vá ter convosco quer permaneça ausente, desejo ouvir que estais firmes em um
só espírito, lutando unanimemente pela fé do Evangelho.
Aleluia. Vinde abrir o
nosso coração, Senhor; ó Senhor, abri o nosso coração, e então do vosso filho a
palavra poderemos acolher com muito amor! Aleluia.
Evangelho (Mt
20,1-16): Pois o Reino dos Céus é como o
proprietário que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua
vinha. Combinou com os trabalhadores a diária e os mandou para a vinha. Em
plena manhã, saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, e lhes
disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! Eu pagarei o que for justo’. E eles
foram. Ao meio-dia e em pleno tarde, ele saiu novamente e fez a mesma coisa.
Saindo outra vez pelo fim da tarde, encontrou outros que estavam na praça e
lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados? Eles responderam:
‘Porque ninguém nos contratou’. E ele lhes disse: ‘Ide vós também para a minha
vinha’. Ao anoitecer, o dono da vinha disse ao administrador: ‘Chama os
trabalhadores e faze o pagamento, começando pelos últimos até os primeiros!’
Vieram os que tinham sido contratados no final da tarde, cada qual recebendo a
diária. Em seguida vieram os que foram contratados primeiro, pensando que iam
receber mais. Porém, cada um deles também recebeu apenas a diária. Ao receberem
o pagamento, começaram a murmurar contra o proprietário: ‘Estes últimos trabalharam
uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor
ardente’. Então, ele respondeu a um deles: ‘Companheiro, não estou sendo
injusto contigo. Não combinamos a diária? Toma o que é teu e vai! Eu quero dar
a este último o mesmo que dei a ti. Acaso não tenho o direito de fazer o que
quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja porque estou sendo bom?’
Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos».
«Ou estás com inveja
porque estou sendo bom?»
Rev. D. Jaume GONZÁLEZ i Padrós (Barcelona, Espanha)
No fundo o
relato de hoje, a vinha, imagem profética do povo de Israel no Antigo
Testamento, e agora o novo povo de Deus que nasce do lado aberto do Senhor na
cruz. A questão: a filiação a este povo, que vem dada por uma chamada pessoal
feita a cada um: «Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi» (Jo
15,16), e pela vontade do Pai do céu, de fazer extensiva esta chamada a todos
os homens, movido por sua vontade generosa de salvação.
Ressalta,
nesta parábola a protesta dos trabalhadores da primeira hora. É a imagem
paralela do irmão grande da parábola do filho pródigo. Os que vivem o seu
trabalho pelo Reino de Deus (o trabalho na vinha) como uma carga pesada
«suportamos o peso do dia e o calor ardente» (Mt 20,12) e não como um
privilégio que Deus lhes dispensa; não trabalham desde a alegria filial, senão
com o mal humor dos serventes.
Para eles a
fé é coisa que ata e escraviza e, caladamente, têm inveja dos que “vivem a
vida”, já que concebem a consciência cristã como um freio e não como umas asas
que dão voo divino à vida humana. Pensam que é melhor permanecer desocupados
espiritualmente, antes que viver à luz da palavra de Deus. Sentem que a
salvação lhe é devida e, são zelosos de ela. Contrasta notavelmente seu
espírito mesquinho com a generosidade do Pai, que «o qual deseja que todos os
homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1Tim 2,4), e por isso
chama à sua vinha, «O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se
estende a todas as suas obras» (Sal 144,9).
"Trabalhadores na
vinha do Senhor".
Mas, note-se,
Deus quer trabalhadores, isto é, pessoas que estejam interessadas em capinar a
terra, lavrá-la, prepará-la bem, semear o campo, cuidar das plantinhas e colher
os frutos. Talvez não participemos de todas as etapas, mas uma coisa é certa:
somos trabalhadores na vinha do Senhor. Nós agradamos a Deus ao arregaçar as
mangas para estender o seu reino de amor e de paz. Nesse trabalho é preciso
docilidade, esforço e criatividade.
“Os meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus”,
diz o Senhor (Is 55,8).
O homem não
pode reduzir Deus à medida dos seus pensamentos, nem condicionar o
comportamento do Altíssimo às suas categorias de justiça e de bondade. Deus
está muito acima do homem, muito mais do que está o céu acima da terra (Is
55,9); por isso, muitas vezes os projetos da sua providência são
incompreensíveis à inteligência humana, que os deve aceitar com humildade, sem
pretender adivinhá-los ou julgá-los. Quantas vezes ficamos aquém das maravilhas
que Deus nos preparou! Quantas vezes os nossos planos se revelam tão estreitos!
É este o ensinamento profundo contido na parábola dos trabalhadores da vinha
(Mt 20,1-16).
Com esta
parábola o Senhor não deseja dar-nos uma lição de moral salarial ou
profissional, mas sublinhar que, no mundo da Graça, tudo é um puro dom, mesmo o
que parece ser um direito que nos assiste pelas nossas boas obras.
No campo do
Senhor há trabalho para todos! Deus não chega nem demasiado cedo nem demasiado
tarde às nossas vidas. O que Ele quer é que, a partir do momento em que nos
visitou na sua misericórdia, nos sintamos verdadeiramente comprometidos a
trabalhar na sua vinha, com todas as forças e com todo o entusiasmo, sem nos
esquivarmos com promessas futuras, nem desanimarmos com o tempo perdido.
Não são
gratas ao Senhor as queixas estéreis, que revelam falta de fé, ou mesmo um
sentido negativo e cético do ambiente que nos rodeia. Esta é a vinha e este é o
campo em que o Senhor quer que estejamos inseridos nessa sociedade que
apresenta os seus valores e deficiências. É na nossa própria família, e não em
outra, que devemos santificar-nos, e é essa família que devemos levar a Deus; e
o trabalho que nos espera hoje, na Universidade ou no escritório, e não outro,
que devemos converter em trabalho de Deus…Esta é a vinha do Senhor, onde Ele
quer que trabalhemos sem falsas desculpas, sem saudosismos, sem exagerar as
dificuldades, sem esperar oportunidades melhores.
O Senhor
quer nos mostrar que no mundo da Graça não se podem fazer valer quaisquer
direitos. É certo que o homem deve colaborar na sua salvação eterna, mas esta é
um bem tão sublime que jamais deixa de ser um dom, até mesmo para as almas mais
santas.
A parábola
mostra-nos ainda que nunca é tarde para começar. O Senhor chama sempre, em
todas as horas. Importa estar atento e corresponder ao apelo. A resposta final,
por parte de Deus, superará sempre a nossa expectativa.
Deus pode
chamar a qualquer hora e o homem deve estar sempre pronto para responder ao Seu
chamamento. “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto Ele
está perto” (Is 55,6).
COMENTÁRIO DOS TEXTOS
BÍBLICOS
No Evangelho deste Domingo, Jesus conta aos seus discípulos a parábola dos trabalhadores da vinha. A parábola fala de um proprietário de vinha que saiu a contratar trabalhadores para a sua vinha. Saiu logo de manhã cedo e contratou alguns que encontrou, prometendo dar a eles, no fim do dia, o pagamento de um denário, o que equivale a uma moeda de prata, que era o salário normal para um dia de trabalho. Este proprietário saiu novamente na hora terceira e contratou mais outros que estavam na praça, com a mesma promessa de dar a eles o que fosse justo. Saiu de nova à hora sexta e à hora nona e contratou mais outros, com a mesma promessa: pagaria o que fosse justo. Já quase no fim do dia, à décima primeira hora, que corresponde ao horário das cinco da tarde, saiu e encontrou outros que estavam ainda na praça sem trabalho, uma vez que ninguém os convocara, e os mandou também para a sua vinha.
A oração
canônica da Igreja, rezada pelo clero, pelos religiosos e religiosas e por leigos
mais integrados na oração litúrgica, é dividida ao longo do dia em quatro
horas: prima, terça, sexta e noa. Essa divisão é retirada do modo de contar o
tempo usado pelos judeus. À semelhança
dos gregos e dos romanos, eles dividiam o dia, do amanhecer ao entardecer, em
doze horas. Mas, na prática, depois das
primeiras horas do dia, falavam apenas em hora terceira, das nove ao meio-dia;
hora sexta, do meio-dia às três da tarde; e hora nona, das três ao fim da tarde. Jesus se refere a essas horas na parábola que
nos conta, em conformidade com o Evangelista São Mateus.
Os homens
que estavam na praça, aguardavam possíveis convites para trabalho. Na Palestina, a praça era uma espécie de
bolsa de trabalho. Muitos que estavam
desempregados iam muito cedo à praça com suas ferramentas e esperavam até que
viesse alguém para contratá-los. O fato de alguns permanecerem nesse lugar até
às cinco da tarde, demonstra que estavam ansiosos por encontrar alguma
ocupação. A jornada de trabalho naquela época era de 12 horas, iniciava às seis
da manhã, e era concluída às 6 da tarde, não sendo mais possível trabalhar após
este horário.
A parábola
nos diz que, ao findar o dia, o patrão mandou o seu administrador efetuar o
pagamento aos trabalhadores, começando pelos últimos. E eles receberam um
denário. Depois vieram os outros, que tinham começado a trabalhar desde cedo.
Vendo como tinham sido pagos os da última hora, ficaram na esperança de receber
mais. Porém receberam apenas o denário que lhes tinha sido prometido. Naturalmente,
reclamaram contra o patrão que pagava o mesmo valor aos que tinham trabalhado
apenas uma hora e a eles que tinham suportado o peso do cansaço e do calor do
dia inteiro.
E vem então
a explicação do proprietário da vinha a um dos que reclamavam: “Meu amigo, não
estou sendo injusto para contigo. Não
tínhamos combinado que receberias um denário?
Toma o que é teu e vai em paz. Se
eu quero dar a este último o mesmo que te dei, não tenho o direito de fazer com
o meu dinheiro o que eu quiser? Ou estás
vendo de maus olhos o bem que eu estou fazendo?” (Mt 20,13-15).
A queixa
que os primeiros operários expressam reflete a mentalidade de inveja que
normalmente domina o coração do homem. O invejoso, quando vê alguém feliz, se
entristece com a sua alegria. Mas o patrão, através de Jesus, denuncia a inveja
que tal queixa esconde. O proprietário cumpre a justiça, entregando o que fora
estabelecido com os primeiros: receber o denário habitual de uma jornada de
trabalho, mas, além disso, ele se compadece dos últimos. Se eles recebessem
proporcionalmente aos seus méritos, não receberiam o suficiente para seu
sustento e o de suas famílias. O
proprietário é generoso com os últimos sem ser injusto com os primeiros.
A parábola
é dirigida aos fariseus, povos observantes da lei de Moisés, mas eram pessoas
incapazes de assimilar conceitos como o amor e o perdão, fechavam o caminho de
Deus aos pobres, ignorantes, pecadores, publicanos e marginalizados; e
criticavam Jesus porque acolhia esses pecadores, como fez com Maria Madalena,
com o publicano Zaqueu e muitos outros que encontrou em seu caminho. Assim age Deus: oferece a todos um espaço em
seu Reino de salvação. Este Reino é um dom oferecido por Deus a todos, sem
qualquer exceção.
Cristãos da
primeira hora ou da última hora são filhos amados do mesmo Pai. O dom de Deus
destina-se a todos, por igual. A parábola nos convida a perceber que Deus
oferece gratuitamente a salvação a todos, aos primeiros e aos últimos. Os últimos são os pecadores que Jesus veio
buscar e que, convidados por Ele, entram no âmbito da misericórdia de
Deus. Um ocaso que se pode destacar como
um sinal do amor gratuito do Senhor, como o dos operários da última hora, foi o
Bom Ladrão, que conseguiu acesso ao Reino de Deus no último instante. A ele
Jesus disse: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43).
Também
muitos outros santos tiveram este privilégio.
É o caso, por exemplo, do próprio São Mateus. Antes de ser chamado por
Jesus, desempenhava ele a profissão de publicano e, por este motivo, era
considerado um pecador público. Mas tudo mudou quando Jesus disse a ele:
“Segue-me” (Mt 9,9). O então publicano,
considerado o último, converteu-se imediatamente em discípulo de Cristo,
pregando o evangelho até o martírio. Ele
é, portanto, o exemplo das duas realidades: não só se converteu, mas também foi
o que trabalhou até o fim, ganhando do Senhor a graça de merecer morrer por sua
causa. Também o apóstolo São Paulo
experimentou a alegria de sentir-se chamado pelo Senhor a trabalhar em sua
vinha. Mas como ele mesmo confessa, foi a graça de Deus que atuou nele, essa
graça o fez passar de perseguidor da Igreja a apóstolo dos povos (cf. Fl 1,22).
Esta
parábola mostra a gratuidade e universalidade da salvação porque Deus é bom e
generoso. Este denário oferecido pelo
patrão aos seus operários, representa a vida eterna, dom que Deus reserva para
todos.
Chama a
nossa atenção nesta parábola que o dono de uma vinha, precisando de operários,
saiu de casa diversas horas do dia para chamar trabalhadores para a sua vinha
(cf. Mt 20,1-16). Não saiu apenas uma vez. Na parábola Jesus diz que ele saiu
pelo menos cinco vezes: ao alvorecer, às nove, ao meio-dia, às três e às cinco
da tarde. Havia tanta necessidade de
operários na sua vinha que ele passou quase todo o tempo em busca de operários.
Podemos dizer que este patrão representa Deus e é Ele que também vem ao nosso
encontro e nos convida a trabalhar na sua vinha. Mas também esta deve ser a
nossa missão, sair incansavelmente ao encontro daqueles que ainda não conhecem
a vinha do Senhor. Cabe também a nós convidar mais pessoas para fazer parte
desta vinha.
Peçamos a
intercessão da Virgem Maria, para que saibamos corresponder com dignidade e
alegria o convite do Senhor que a todo momento nos chama a segui-lo; e que
possamos estar entre os bons e fiéis operários da sua vinha. Assim seja.
PARA REFLETIR
Mas, isso
significa ter a coragem de sair de si mesmo para abraçar os pensamentos e
caminhos do Senhor. Pensem bem, caríssimos, que felicidade, que graça: abraçar
os desígnios de Deus, entrar no seu projeto, viver a sua proposta! Pensem bem:
não seria isso a sabedoria plena, a felicidade verdadeira da humanidade e do
mundo? E, no entanto, isso não é possível sem um doloroso e generoso processo
de conversão. Porque, infelizmente, os pensamentos do Senhor não são os nossos
e os nossos caminhos não são os do Senhor! Que triste desacordo, que
desencontro danado! Escutem: “Meus pensamentos não são como os vossos
pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor!”
Isto não é brincadeira: o homem sozinho não pensa como Deus, não caminha no
caminho de Deus: nem na ONU nem na Casa Branca nem no Palácio do Planalto nem
no Congresso nem mesmo no nosso coração! Somente a conversão pode nos elevar ao
pensamento de Deus e fazer com que nossos caminhos sejam os dele: “Abandone o
ímpio seu caminho e o homem injusto, suas maquinações; volte para o Senhor!”
Voltar para o Senhor! Volte, ó homem do século XXI, para o Senhor! Deixe sua autossuficiência,
seu cinismo, deixe sua ilusão de pensar que sabe tudo, que é maduro o bastante
para prescindir de Deus! “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o,
enquanto está perto; volte para o Senhor, que terá piedade, volte para o nosso
Deus, que é generoso no perdão!”
O Senhor
nos procura, como o dono da vinha do Evangelho de hoje – e procura-nos com
insistência: sai de madrugada à nossa procura, porque o amor tem pressa, o amor
anseia encontrar a pessoa amada. E, como o amor é insistente, o Senhor vem
sempre, a cada momento, em cada ocasião, sempre à nossa procura: pelas nove, ao
meio-dia, pelas três… e até mesmo às cinco da tarde, quando o sol já se esconde,
o Senhor vem novamente! Sempre é tempo de conversão, sempre é tempo de voltar
para o Senhor! Aí, então, experimentaremos que tudo é graça, que o pensamento
de Deus para nós é amor que não é mesquinho, que sabe tratar a todos com
generosidade, fazendo primeiro no seu Reino aquele que tem coragem de crer no
amor, de ir ao encontro do Senhor mesmo que seja a última hora! Ó mundo, ó
humanidade, ó cristão, voltai para o Senhor! A única coisa que vos pede é que
acrediteis no seu amor generoso e no seu perdão abundante e vos convertais de
todo o coração!
Converter-se,
caríssimos, significa entrar na maravilhosa experiência que São Paulo
testemunha na segunda leitura de hoje: viver de um modo novo, de um viver
diferente: “Para mim, viver é Cristo! Cristo vai ser glorificado no meu corpo,
seja pela minha vida, seja pela minha morte!” Para que ideia mais bela do que
seja a conversão: viver em Cristo! Notemos os passos do pensamento do Apóstolo.
Ele é tão unido a Cristo, tão apaixonado por ele, que seja na vida seja na
morte sabe que está unido ao seu Senhor e em tudo o Senhor é nele glorificado.
Que é a vida para quem voltou para o Senhor? A vida é Cristo! Que é a morte
para quem vive mergulhado no Senhor? A morte é estar com Cristo e, por isso, é
lucro! Por isso, a vida de Paulo – e a do cristão, com Paulo – é atraída para o
seu Senhor: “Tenho o desejo de partir para estar com Cristo!” Eis por que Paulo
vive, eis para que vive: para estar com Cristo! Aqui, uma observação: prestem
atenção que São Paulo sabe muito bem que assim que morrer vai estar com Cristo.
Por isso mesmo ele diz que isso “para mim, seria de longe o melhor!” Jamais o
Apóstolo compartilharia a afirmação errônea das seitas protestantes, que pensam
que os que morrem em Cristo ficam dormindo. Se ficassem, não seria melhor para
Paulo partir para estar com Cristo; seria melhor continuar vivendo e
trabalhando pelos irmãos. Portanto, nem a vida nem a morte nos podem mais
separar do amor de Cristo. É só voltarmos para o Senhor, é só procurá-lo de
todo o coração com nosso afeto, com nossos atos, com nosso desejo sincero de a
ele nos converter de todo coração!
Caríssimos,
buscai o Senhor, voltai para o Senhor, invocai o Senhor! E, lembrai-vos: ele é
tão bom, que se deixa encontrar! Primeiro nos atrai e, depois, deixa que o
encontremos e, como o senhor da parábola, nos enche de dons, sem levar em conta
a hora em que nos convertemos em trabalhadores da sua vinha. Mas, querem saber
qual é a hora da conversão? Esta, agora! Voltai para o Senhor! Amém.
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