Salmo Responsorial:
118
R. A vossa palavra, Senhor, é luz
dos meus caminhos.
Afastai-me
do caminho da mentira e dai-me a graça de cumprir a vossa lei. Para mim vale
mais a lei da vossa boca do que milhões em ouro e prata.
A vossa
palavra permanece eternamente, imutável como os céus. Desviei os meus pés de
todo o mau caminho, a fim de guardar a vossa palavra.
Com os
vossos preceitos me tornei prudente, por isso detesto todo o caminho da
mentira. Odeio e abomino a mentira, porque estou afeiçoado à vossa lei.
Aleluia. Está próximo
o reino de Deus: arrependei-vos e acreditai no Evangelho. Aleluia.
Evangelho (Lc 9,1-6): Jesus
convocou os Doze e deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para
curar doenças. Ele os enviou para anunciar o Reino de Deus e curar os enfermos.
E disse-lhes: «Não leveis nada pelo caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão,
nem dinheiro, nem duas túnicas. Na casa onde entrardes, permanecei ali, até
partirdes daí. Quanto àqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade,
sacudi a poeira dos vossos pés, para que sirva de testemunho contra eles». Os
discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa Nova e fazendo
curas por toda parte.
«Jesus convocou os
Doze e deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar
doenças»
Rev. D. Jordi CASTELLET i Sala (Sant Hipòlit de Voltregà,
Barcelona, Espanha)
«Reunindo
Jesus os Doze apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e
para curar enfermidades» (Lc 9,1). Transtornos, esses, que podemos identificar
no mesmo Evangelho como doenças mentais.
O encontro
com Cristo, pessoa completa e realizada, dá um equilíbrio e uma paz capazes de
serenar os ânimos e de fazer a pessoa se reencontrar com ela mesma, dando
claridade e luz em sua vida, bom para instruir e ensinar, educar os jovens e os
idosos e, encaminhar as pessoas pelo caminho da vida, aquela que nunca haverá
de murchar-se.
Os
Apóstolos «partiram, pois, e percorriam as aldeias, pregando o Evangelho e
fazendo curas por toda parte» (Lc 9,6). Essa é também nossa missão: viver e
meditar o Evangelho, a mesma palavra de Jesus, a fim de permitir que ela
penetre no nosso penetrar interior. Assim, pouco a pouco, poderemos encontrar o
caminho a seguir e a liberdade a realizar. Como escreveu são João Paulo II, «a
paz deve realizar-se na verdade (...); deve realizar-se em liberdade».
Que seja o
próprio Jesus Cristo, que nos chamou à fé e à felicidade eterna, quem nos encha
de sua esperança e amor, Ele que nos deu uma nova vida e um futuro inesgotável.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 9,1-2. Envio dos doze para a
missão.
“Jesus
convocou os Doze, e lhes deu poder e autoridade sobre os demônios e para curar
as doenças. E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar”. Chamando os doze, Jesus intensificou o
anúncio da Boa Nova. O objetivo da missão é simples e claro: eles recebem poder
e autoridade para expulsar os demônios, para curar as doenças e para anunciar o
Reino de Deus. Assim como o povo ficava admirado diante da autoridade de Jesus
sobre os espíritos impuros e diante da sua maneira de anunciar a Boa Nova (Lc
4,32.36), o mesmo deverá acontecer com a pregação dos doze apóstolos.
* Lucas 9,3-5. As instruções para a
Missão
Jesus os
enviou com as seguintes recomendações: não podem levar nada “nem bastão, nem
sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas”. Não podem andar de casa em casa mas “em
qualquer casa onde entrarem, fiquem aí, até se retirarem do lugar” Caso não
forem recebidos, “sacudam a poeira dos pés, como protesto contra eles".
Como veremos, estas recomendações estranhas para nós tem um significado muito importante.
* Lucas 9,6. A execução da missão
E eles
foram. É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o
grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já
dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo.
* Os quarto pontos básicos da missão
No tempo de
Jesus havia vários outros movimentos de renovação: essênios, fariseus, zelotes.
Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os
seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam
prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida. Pois
não confiavam na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Ao
contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus
receberam recomendações diferentes que nos ajudam a entender os pontos
fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova:
1) Devem ir sem nada (Lc 9,3; 10,4). Isto significa que Jesus os obriga
a confiar na hospitalidade. Pois quem vai sem nada, vai porque confia no povo e
acredita que vai ser recebido. Com esta atitude eles criticam as leis de
exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que
tinham outros critérios de comunidade.
2) Devem ficar hospedados na
primeira casa até se retirar do lugar (Lc 9,4; 10,7). Isto é, devem conviver de maneira
estável e não andar de casa em casa. Devem trabalhar como todo mundo e viver do
que recebem em troca, “pois o operário merece o seu salário” (Lc 10,7). Com
outras palavras, eles devem participar da vida e do trabalho do povo, e o povo
os acolherá na sua comunidade e partilhará com eles casa e comida. Isto
significa que devem confiar na partilha. Isto também explica a severidade da
crítica contra os que recusavam a mensagem: sacudir a poeira dos pés, como
protesto contra eles (Lc 10,10-12), pois não recusam algo novo, mas sim o seu
próprio passado.
3) Devem tratar dos doentes e
expulsar os demônios (Lc 9,1; 10,9; Mt 10,8). Isto é, devem exercer a função de “defensor” (goêl) e
acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os excluídos. Com esta
atitude criticam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e
apontam saídas concretas. A expulsão de demônios é sinal de que chegou o Reino
de Deus (Lc 11,20).
4) Devem comer o que o povo lhes
dava (Lc 10,8). Não
podem viver separados com sua própria comida mas devem aceitar a comunhão de
mesa. Isto significa que, no contato com o povo, não devem ter medo de perder a
pureza tal como era ensinada na época. Com esta atitude criticam as leis da
pureza em vigor e mostram, pela nova prática, que possuem outro acesso à
pureza, isto é, à intimidade com Deus.
Estes eram
os quatro pontos básicos da vida comunitária que deviam marcar a atitude dos
missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus em nome de
Jesus: hospitalidade, partilha, comunhão de mesa, e acolhida aos excluídos
(defensor, goêl). Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam
e deviam gritar aos quatro ventos: “O
Reino chegou!” (cf. Lc 10,1-12; 9,1-6; Mc 6,7-13; Mt 10,6-16). Pois o Reino
de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma
lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas
pela sua fé em Jesus, decidem conviver em comunidade para, assim, testemunhar e
revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos
irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse
novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz
de todos irmãos e irmãs.
Para um confronto pessoal
1. A participação na comunidade tem ajudado você a
acolher e a confiar mais nas pessoas, sobretudo nos mais simples e pobres?
2. Qual o ponto da missão dos apóstolos que tem maior
importância para nós hoje? Por que?
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