SANTA BEATRIZ DA SILVA, Virgem
BEATO ÂNGELO MAZZINGHI, Presbítero de nossa Ordem
1ª Leitura (Ez 24,15-24): O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Filho do homem, vou tirar-te repentinamente aquela que é a alegria dos teus olhos. Não deverás lamentar-te, nem chorar, nem derramar lágrimas; suspira em silêncio, mas não pratiques o luto habitual pelos mortos. Mantém a cabeça coberta, calça as sandálias, não cubras a barba, nem comas o pão trazido pelos outros». De manhã falei ao povo, à tarde minha mulher morreu. Na manhã seguinte, fiz o que me tinha sido ordenado. Então o povo perguntou-me: «Não nos explicas o que significa para nós o que estás a fazer?». Eu respondi-lhes: «O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: ‘Diz à casa de Israel: Assim fala o Senhor Deus: Vou profanar o meu santuário, orgulho do vosso poder, alegria dos vossos olhos e paixão das vossas almas. Os filhos e filhas que deixastes em Jerusalém cairão ao fio da espada’. Então fareis como eu fiz. Não cobrireis a barba, não comereis o pão trazido pelos outros, ficareis com a cabeça coberta, com sandálias nos pés, e não vos lamentareis, nem chorareis. ‘Ireis morrendo por causa das vossas iniquidades e gemereis uns com os outros. Ezequiel será para vós um símbolo: fareis como ele fez. Quando isto acontecer, reconhecereis que Eu sou o Senhor Deus’».
Salmo Responsorial: Dt 32
R. Abandonaste a Deus que te criou.
Desprezaste o Rochedo que te gerou, esqueceste a Deus que te deu a vida. O Senhor viu e ficou indignado e rejeitou teus filhos e tuas filhas.
O Senhor disse: «Vou ocultar-lhes o meu rosto e ver qual será o seu futuro, porque são uma geração perversa de filhos que não conhecem a fidelidade.
Provocaram-Me com um deus falso, irritaram-Me com inúteis ídolos; e Eu vou provocá-los com um povo falso, vou irritá-los com uma nação insensata».
Aleluia. Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Aleluia.
Evangelho (Mt 19,16-22): Naquele tempo, alguém aproximou-se de Jesus e disse: «Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?». Ele respondeu: «Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos». ? «Quais?», perguntou ele. Jesus respondeu: «Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra pai e mãe, ama teu próximo como a ti mesmo». O jovem disse-lhe: «Já observo tudo isso. Que me falta ainda?». Jesus respondeu: «Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me». Quando ouviu esta palavra, o jovem foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens.
«Que tenho que fazer de bom para ter a vida eterna?»
Rev. D. Óscar MAIXÉ i Altés (Roma, Itália)
Hoje, há muitas pessoas que também fazem, no seu íntimo, esta pergunta! Se olharmos à nossa volta, talvez pensemos que são poucas as pessoas que veem algo a mais, ou que o homem do século XXI não precisa se fazer este tipo de pergunta, pois não encontrará respostas que lhe sirvam.
Jesus respondeu ao jovem: «Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos» (Mt 19,17). É legítimo perguntar-se sobre o sentido da vida, pois, hoje é necessário fazê-lo! O jovem lhe perguntou o que tem que fazer de bom para chegar à vida eterna, e Cristo respondeu-lhe que tem que ser bom.
Nos dias de hoje, para alguns ou para muitos? Tanto faz! Parece ser impossível? Ser bom? ... Ou melhor, pode parecer até algo sem sentido: uma bobagem! Hoje, como há vinte séculos, Jesus Cristo segue nos lembrando que para entrar na vida eterna é necessário cumprir os mandamentos da Lei de Deus: não se trata do “ótimo”, mas de seguir o caminho necessário para que o homem se assemelhe a Deus e assim possa entrar na vida eterna de mãos dadas com seu Pai-Deus. Efetivamente, «Jesus mostra que os mandamentos não devem ser entendidos como um limite mínimo que não se deve ultrapassar, mas como uma vereda aberta para um caminho moral e espiritual de perfeição, cujo impulso interior é o amor» (São João Paulo II).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Mateus 19,16-19: Os mandamentos e
a vida eterna.
Alguém
chega perto de Jesus e pergunta: "Mestre, que devo fazer de bom para
possuir a vida eterna?" Alguns manuscritos informam que se tratava de um
jovem. Jesus responde bruscamente: "Por que você me pergunta sobre o que é
bom? Um só é o bom!” Em seguida, ele responde à pergunta e diz: “Se você quer
entrar para a vida, guarde os mandamentos". O jovem reage e pergunta:
“Quais mandamentos?” Jesus tem a bondade
de enumerar os mandamentos que o rapaz já devia conhecer: "Não mate; não
cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; honre seu pai e sua
mãe; e ame seu próximo como a si mesmo".
É muito significativa a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela
vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus só lembrou os mandamentos
que dizem respeito à vida junto do próximo! Não mencionou os três primeiros
mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Para Jesus, só
conseguiremos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não
adianta se enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.
Em Marcos a
pergunta do jovem é diferente: "Bom Mestre, que devo fazer para herdar a
vida eterna?" Jesus respondeu:
"Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais!” (Mc
10,17-18). Jesus desvia a atenção de si mesmo para Deus, pois o que importa é
fazer a vontade do Deus, revelar o Projeto do Pai.
* Mateus 19,20: Observar os
mandamentos, para que serve?
O jovem
respondeu: "Tenho observado todas essas coisas. O que é que ainda me falta
fazer?" O curioso é o seguinte. O jovem queria conhecer o caminho que o
levasse à vida eterna. Ora, o caminho da vida eterna era e continua sendo:
fazer a vontade de Deus, expressa nos mandamentos. Com outras palavras, o jovem
observava os mandamentos sem saber para que serviam! Se o soubesse, não teria
feito a pergunta. É como muitos católicos que não sabem por que motivo são
católicos. ”Nasci católico, por isso sou católico!” Coisa de costume!
* Mateus 19,21-22: A proposta de
Jesus e a resposta do jovem
Jesus
respondeu: "Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o
dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha, e
siga-me". Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque
era muito rico. A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma
escada que vai mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos
mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar à doação total de si em
favor do próximo. Marcos diz que Jesus olhou para o jovem com amor (Mc 10,21).
Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O moço não aceitou a proposta
de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.
* Jesus e a opção pelos pobres.
Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam refazer a vida em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro. Alguns fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Não aprendiam nada do povo (Jo 9,34). Jesus e a sua comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16; 1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer opção pelos pobres como propôs ao jovem rico! (Mc 10,21) Esta maneira diferente de acolher os pobres e de conviver com eles era uma amostra do Reino de Deus.
Para um confronto pessoal
1. Uma pessoa que vive preocupada com a sua riqueza ou
com a aquisição dos bens que a propaganda do consumismo lhe oferece, será que
ela pode libertar-se de tudo isto para seguir Jesus e viver em paz numa
comunidade cristã? É possível? O que você acha?
2. O que significa para nós hoje: “Vai vende tudo, dá aos
pobres”? É possível tomar isto ao pé da
letra? Conhece alguém que conseguiu largar tudo por causa do Reino?
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