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sábado, 22 de agosto de 2020

24 de agosto: São Bartolomeu, Apóstolo

1ª Leitura (Ap 21,9-14): O Anjo falou-me, dizendo: «Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro». Transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha e mostrou-me a cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, resplandecente da glória de Deus. O seu esplendor era como o de uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino. Tinha uma grande e alta muralha, com doze portas e, junto delas, doze Anjos; tinha também nomes gravados, os nomes das doze tribos dos filhos de Israel: três portas ao oriente, três portas ao norte, três portas ao sul e três portas ao ocidente. A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes e neles doze nomes: os dos doze Apóstolos do Cordeiro.

Salmo Responsorial: 144

R. Aqueles que Vos amam, Senhor, proclamem a glória do vosso reino.

Graças Vos deem, Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis. Proclamem a glória do vosso reino e anunciem os vossos feitos gloriosos;

Para darem a conhecer aos homens o vosso poder, a glória e o esplendor do vosso reino. O vosso reino é um reino eterno, o vosso domínio estende-se por todas as gerações.

O Senhor é justo em todos os seus caminhos, perfeito em todas as suas obras. O Senhor está perto de quantos O invocam, de quantos O invocam em verdade.

Aleluia. Senhor, Vós sois o Filho de Deus, Vós sois o Rei de Israel. Aleluia.

Evangelho (Jo 1,45-51): Naquele tempo, Filipe encontrou-se com Natanael e disse-lhe: «Encontramos Jesus, o filho de José, de Nazaré, aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, bem como os Profetas». Natanael perguntou: «De Nazaré pode sair algo de bom?». Filipe respondeu: «Vem e vê!». Jesus viu Natanael que vinha ao seu encontro e declarou a respeito dele: «Este é um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade!». Natanael disse-lhe: «De onde me conheces?». Jesus respondeu: «Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi». Natanael exclamou: «Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!». Jesus lhe respondeu: «Estás crendo só porque falei que te vi debaixo da figueira? Verás coisas maiores que estas». E disse-lhe ainda: «Em verdade, em verdade, vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem!».

«Vem e vê!»

Mons. Christoph BOCKAMP Vigário Regional do Opus Dei na Alemanha (Bonn, Alemanha)

Hoje celebramos a festa do apóstolo São Bartolomeu. O evangelista São João relata seu primeiro encontro com o Senhor com tanta vivacidade que resulta fácil incluir-nos na cena. São diálogos de corações jovens, diretos, francos... Divinos!

Jesus encontra a Filipe casualmente e lhe diz «Segue-me» (Jo 1,43). Pouco depois, Filipe entusiasmado pelo encontro com Jesus Cristo, procura o seu amigo Natanael para comunicar-lhe que —finalmente — encontrou a quem Moisés e os profetas esperavam: «Jesus, o filho de José, de Nazaré» (Jo 1,45). A resposta que recebe não é entusiasta, senão céptica: «De Nazaré pode sair algo de bom?» (Jo 1,46). Em quase o mundo todo acontece algo parecido. É comum que em cada cidade, em cada vila se pense que da cidade, da vila vizinha não pode sair nada que valha a pena... Lá são quase todos ineptos... E vice-versa.

Mas Filipe, não se desanima. E como são amigos, não dá mais explicações, e diz: «Vem e vê!» (Jo 1,46). Vai, e o seu primeiro encontro com Jesus é o momento da sua vocação. O que aparentemente é uma casualidade, nos planos de Deus já fazia tempo que estava preparado. Para Jesus, Natanael não é um desconhecido: «Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi» (Jo 1,48). De qual figueira? Talvez tenha sido um lugar preferido de Natanael onde acostumava se dirigir quando queria descansar, pensar, estar sozinho... Embora sempre baixo a olhada amorosa de Deus. Como todos os homens, em todo momento. Mas para perceber este amor infinito de Deus para cada um, para estar consciente de que está na minha porta e chama preciso de uma voz externa, um amigo, um “Filipe” que me diga: «Vem e vê!». Alguém que me leve ao caminho que São Josemaria descreve assim: Procurar a Cristo; achar a Cristo; amar a Cristo. E, a narração evangélica parece como o cumprimento da parábola do fariseu e do publicano. (Lc 18,9-14). Humilde e sincero de coração, o publicano orava no seu interior: «Meu Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador!»(Lc 18,13); e hoje contemplamos como Jesus Cristo perdoa e reabilita a Zaqueu, o chefe de publicanos de Jericó, um homem rico e influente, mas odiado e desprezado pelos vizinhos, que se sentiam extorquidos por ele: Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa» (Lc 19,5). O perdão divino leva a Zaqueu a se converter; hei aqui uma das originalidades do Evangelho: O perdão de Deus e gratuito: não é tanto pela causa de nossa conversão que Deus nos perdoa, senão que acontece ao contrário: A misericórdia de Deus nos move ao agradecimento e a dar uma resposta.

Como naquela ocasião Jesus, no seu caminho a Jerusalém, passava por Jericó. Hoje e cada dia, Jesus passa por nossa vida e nos chama por nosso nome. Zaqueu não tinha visto nunca a Jesus, tinha ouvido falar Nele e tinha curiosidade por saber quem era aquele mestre tão célebre. Jesus, porém, sim conhecia a Zaqueu e as misérias da sua vida. Jesus sabia como tinha se enriquecido e como era odiado e marginado pelos seus vizinhos; por isso, passou por Jericó para tirá-lo desse poço. «O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido» (Lc 19,10).

O encontro do Mestre com o publicano mudou radicalmente a vida deste último. Depois de ter ouvido o Evangelho, pense na oportunidade que Deus lhe brinda hoje e que você não deve desaproveitar: Jesus passa por sua vida e o chama por seu nome, porque lhe ama e quer lhe salvar, Em que poço está preso? Assim como Zaqueu subiu a uma arvore para ver a Jesus, sobe você agora com Jesus à arvore da cruz e saberá quem é Ele, conhecera a imensidade do seu amor, já que «escolhe um chefe de publicanos: Quem desesperará de si mesmo quando este alcança a graça?» (Santo Ambrósio).

Reflexão

* O Apóstolo Bartolomeu é identificado com o Natanael do Evangelho.

* Jesus voltou para a Galileia. Encontrou Filipe e o chamou: "Segue-me!" O objetivo do chamado é sempre o mesmo: "seguir Jesus". Os primeiros cristãos fizeram questão de conservar os nomes dos primeiros discípulos. De alguns conservaram até os apelidos e o nome do lugar de origem. Filipe, André e Pedro eram de Betsaida (Jo 1,44). Natanael era de Caná (Jo 22,2). Hoje, muitos esquecem os nomes das pessoas que estão na origem da sua comunidade. Lembrar os nomes é uma forma de conservar a identidade.

* Filipe encontra Natanael e fala com ele sobre Jesus: "Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas! É Jesus, o filho de José, de Nazaré!" Jesus é aquele para o qual apontava toda a história do Antigo Testamento.

* Natanael pergunta: "De Nazaré pode vir coisa boa?" Possivelmente, na pergunta dele transparece a rivalidade que costuma existir entre as pequenas aldeias de uma mesma região: Caná e Nazaré. Além disso, conforme o ensinamento oficial dos escribas, o Messias viria de Belém na Judéia. Não podia vir de Nazaré na Galileia (Jo 7,41-42). André dá a mesma resposta que Jesus tinha dado aos outros dois discípulos: "Venha e veja você mesmo!" Não é impondo, mas sim vendo que as pessoas se convencem. Novamente, o mesmo processo: encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus!

* Jesus vê Natanael e diz: "Eis um israelita autêntico, sem falsidade!" E afirma que já o conhecia quando estava debaixo da figueira. Como é que Natanael podia ser um "israelita autêntico" se ele não aceitava Jesus como messias? Natanael "estava debaixo da figueira". A figueira era o símbolo de Israel (cf. Mq 4,4; Zc 3,10; 1Rs 5,5). Israelita autêntico é aquele que sabe desfazer-se das suas próprias ideias quando percebe que elas estão em desacordo com o projeto de Deus. O israelita que não está disposto a fazer esta conversão não é autêntico nem honesto. Natanael é autêntico. Ele esperava o messias de acordo com o ensinamento oficial da época (Jo 7,41-42.52). Por isso, inicialmente, não aceitava um messias vindo de Nazaré. Mas o encontro com Jesus ajudou-o a perceber que o projeto de Deus nem sempre é do jeito que a gente o imagina ou deseja. Ele reconhece o seu engano, muda de ideia, aceita Jesus como messias e confessa: "Mestre, tu és o filho de Deus, tu és o rei de Israel!" A confissão de Natanael é apenas o começo. Quem for fiel, verá o céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do Homem. Experimentará que Jesus é a nova ligação entre Deus e nós, seres humanos. É a realização do sonho de Jacó (Gn 28,10-22).

* A diversidade do chamado.

Os evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas apresentam o chamado dos primeiros discípulos de maneira muito mais resumida: Jesus passa na praia, chama Pedro e André. Logo depois, chama Tiago e João (Mc 1,16-20). O evangelho de João tem um outro jeito de descrever o início da primeira comunidade que se formou ao redor de Jesus. Ele traz histórias bem mais concretas. O que chama a atenção é a variedade dos chamados e dos encontros das pessoas entre si e com Jesus. Deste modo, João ensina como se deve fazer para iniciar uma comunidade. É através de contatos e convites pessoais, até hoje! A uns, Jesus chamou diretamente (Jo 1,43). A outros, indiretamente (Jo 1,41-42). Num dia, chamou dois discípulos de João Batista (Jo 1,39). No dia seguinte, chamou Filipe que, por sua vez, chamou Natanael (Jo 1,45). Nenhum chamado se repete, porque cada pessoa é diferente. A gente nunca esquece os chamados e encontros importantes que marcam a vida da gente. Lembra até a hora e o dia (Jo 1,39).

Para um confronto pessoal

1. Você já teve um encontro marcante na sua vida? Como foi que descobriu a chamada de Deus aí dentro?

2. Você já se interessou alguma vez, como Filipe, em chamar uma outra pessoa para participar da comunidade?

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