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terça-feira, 21 de julho de 2020

Quinta-feira da 16ª semana do Tempo Comum

Nossa Senhora Mãe da Divina Graça

1ª Leitura (Jer 2,1-3.7-8.12-13): O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Vai proclamar aos ouvidos de Jerusalém: Assim fala o Senhor: Lembro-Me do afeto da tua juventude, do amor do teu noivado, quando Me seguias no deserto, numa terra onde não se semeia. Israel era então uma herança sagrada do Senhor, primícias da sua colheita. Aqueles que a devoravam recebiam a paga: a desgraça caía sobre eles – oráculo do Senhor –. Eu conduzi-vos a uma terra de pomares, para comerdes dos seus ricos frutos. Mas logo que entrastes, profanastes a minha terra e fizestes da minha herança um lugar abominável. Os sacerdotes não perguntavam: ‘Onde está o Senhor?’. Os mestres da Lei não Me conheceram, os guias do povo revoltaram-se contra Mim, os profetas vaticinaram em nome de Baal e foram atrás de deuses que nada valem. Pasmai de tudo isto, ó céus, estremecei de horror e espanto – diz o Senhor –, porque o meu povo cometeu dois pecados: abandonaram-Me a Mim, fonte de água viva, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não conservam a água».

Salmo Responsorial: 35
R. Em Vós, Senhor, está a fonte da vida.

Senhor, até aos céus se eleva a vossa bondade e até às nuvens a vossa fidelidade. A vossa justiça é como os montes altíssimos, os vossos juízos são como o abismo profundo.

Como é admirável, Senhor, a vossa bondade! À sombra das vossas asas se refugiam os homens. Podem saciar-se da abundância da vossa casa e Vós os inebriais com a torrente das vossas delícias.

Em Vós está a fonte da vida e é na vossa luz que vemos a luz. Conservai a vossa bondade aos que Vos conhecem e a vossa justiça aos retos de coração.

Aleluia. Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Aleluia.

Evangelho (Mt 13,10-17): Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: «Por que lhes falas em parábolas?». Ele respondeu: «Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não. Pois a quem tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas a quem não tem será tirado até o que tem. Por isto eu lhes falo em parábolas: porque olhando não enxergam e ouvindo não escutam, nem entendem. Deste modo se cumpre neles a profecia de Isaías: ‘Por mais que escuteis, não entendereis, por mais que olheis, nada vereis. Pois o coração deste povo se endureceu, e eles ouviram com o ouvido indisposto. Fecharam os seus olhos, para não verem com os olhos, para não ouvirem com os ouvidos, nem entenderem com o coração, nem se converterem para que eu os pudesse curar’. Felizes são vossos olhos, porque veem, e vossos ouvidos, porque ouvem! Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram; desejaram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».

«Felizes são vossos olhos, porque veem, e vossos ouvidos, porque ouvem!»

Rev. D. Manel MALLOL Pratginestós (Terrassa, Barcelona, Espanha)

Sta Brígida, Viúva e Religiosa
Hoje, recordamos o “louvor” dirigido por Jesus aos que se juntavam a Ele: «felizes são vossos olhos, porque veem, e vossos ouvidos, porque ouvem!» (Mt 13,16). E perguntamo-nos: Estas palavras de Jesus dirigem-se também a nós, ou são somente para aqueles que O viram e escutaram diretamente? Parece que os felizes são eles, pois tiveram a sorte de conviver com Jesus, de permanecer fisicamente e de modo sensível a seu lado. Enquanto nós estaríamos antes entre os justos e profetas - sem sermos justos, nem profetas! - que gostariam de O ver e ouvir.

Não esqueçamos, porém, que o Senhor se refere aos justos e profetas anteriores à sua vinda, à sua revelação: «Garanto-vos que muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, mas não viram» (Mt 10,17). Com Ele chega a plenitude dos tempos, e nós estamos nessa plenitude, já estamos no tempo de Cristo, no tempo da salvação. É verdade que não vimos Jesus com os nossos olhos, mas conhecemo-Lo. E não escutámos a sua voz com os nossos ouvidos, mas sim escutámos e escutaremos as suas palavras. O conhecimento que a fé nos dá, embora não seja sensível, é um conhecimento autêntico, põe-nos em contato com a verdade e, por isso, nos dá a felicidade e a alegria.

Agradeçamos a nossa fé cristã, contentes com ela. Tentemos que o trato com Jesus seja próximo e não distante, tal como o tratavam aqueles discípulos que estavam junto a Ele, que O viram e ouviram. Não olhemos para Jesus indo do presente ao passado, e sim do presente ao presente, estamos realmente no seu tempo, um tempo que não acaba. A oração - falar com Deus -, e a Eucaristia – recebê-Lo – garantem-nos esta proximidade e fazem-nos realmente felizes ao vê-Lo com olhos e ouvidos de fé. «Recebe, pois, a imagem de Deus que perdeste pelas tuas más obras» (Santo Agostinho).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O Capítulo 13 traz o Sermão das Parábolas. Seguindo o texto de Marcos (Mc 4,1-34), Mateus omitiu a parábola da semente que germina sozinha (Mc 4,26-29), ampliou a discussão sobre o porquê das parábolas (Mt 13,10-17) e acrescentou as parábolas do joio e do trigo (Mt 13,24-30), do fermento (Mt 13,33), do tesouro (Mt 13,44), da pérola (Mt 13,45-46) e da rede (Mt 13,47-50). Junto com as do semeador (Mt 13,4-11) e do grão de mostarda (Mt 13,31-32), são ao todo sete parábolas no Sermão das Parábolas (Mt 13,1-50).

* Mateus 13,10: A pergunta
No evangelho de Marcos, os discípulos pedem uma explicação das parábolas (Mc 4,10). Aqui em Mateus, a perspectiva é outra. Eles querem saber por que Jesus, quando fala ao povo, só fala em parábolas: "Por que usas parábolas para falar com eles?" Qual o motivo desta diferença?

* Mateus 13,11-13: A vocês é dado conhecer o mistério do Reino
Jesus responde: "Porque a vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. Pois, a quem tem, será dado ainda mais, será dado em abundância; mas daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem”. Por que será que aos apóstolos era dado conhecer, e aos outros não? Uma comparação para ajudar na compreensão. Duas pessoas escutam a mãe ensinar: "quem ama não corta casaco". Uma das duas é filha e outra não. A filha entendeu e a outra não entendeu nada. Por que? É que na casa da mãe a expressão "cortar casaco" significava caluniar. Assim, o ensinamento da mãe ajudou a filha a entender melhor como praticar o amor. Cresceu nela aquilo que ela já sabia. A quem tem, será dado ainda mais. A outra pessoa não entendeu nada e perdeu até o pouco que pensava entender a respeito de amor e de casaco. Ficou confusa e não conseguiu entender o que o amor tem a ver com casaco. Daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem. Uma parábola revela e esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias Servo. Esconde para os que insistem em dizer que o Messias será e deve ser um Rei Glorioso. Estes entendem as imagens da parábola, mas não chegam a entender o seu significado. Enquanto os discípulos crescem naquilo que já sabem a respeito do Messias. Os outros não entendem nada e perdem até o pouco que pensavam saber sobre o Reino e o Messias.

* Mateus 13,14-15: A realização da profecia de Isaías
Como da outra vez (Mt 12,18-21), nesta reação diferente do povo e dos fariseus frente ao ensinamento das parábolas, Mateus vê novamente uma realização da profecia de Isaías. Ele até cita por extenso o texto de Isaías que fala por si: “É certo que vocês ouvirão, porém nada compreenderão. É certo que vocês enxergarão, porém nada verão. Porque o coração desse povo se tornou insensível. Eles são duros de ouvido e fecharam os olhos, para não ver com os olhos, e não ouvir com os ouvidos, não compreender com o coração e não se converter. Assim eles não podem ser curados”.

* Mateus 13,16-17: Felizes os olhos que veem o que vocês estão vendo
Tudo isso explica a frase final: “Vocês, porém, são felizes, porque seus olhos veem e seus ouvidos ouvem.  Eu garanto a vocês: muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; desejaram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir”.

* As parábolas: um novo jeito de falar ao povo sobre Deus
O povo ficava impressionado com o jeito que Jesus tinha de ensinar. “Um novo ensinamento! Dado com autoridade! Diferente dos escribas!” (Mc 7,28). Jesus tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar por dentro das coisas da vida do povo, e estar por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus. Em algumas parábolas acontecem coisas que não costumam acontecer na vida. Por exemplo, onde se viu um pastor de cem ovelhas abandonar noventa e nove para encontrar aquela única que se perdeu? (Lc 15,4) Onde se viu um pai acolher com festa o filho devasso, sem dar nenhuma palavra de censura? (Lc 15,20-24). Onde se viu um samaritano ser melhor que o levita e o sacerdote? (Lc 10,29-37). A parábola provoca para pensar. Ela leva a pessoa a se envolver na história a partir da sua própria experiência de vida. Faz com que nossa própria experiência nos leve a descobrir que Deus está presente no cotidiano da nossa vida. A parábola é uma forma participativa de ensinar, de educar. Não dá tudo trocado em miúdo. Não faz saber, mas faz descobrir. A parábola muda os olhos, faz a pessoa ser contemplativa, observadora da realidade. Aqui está a novidade do ensino das parábolas de Jesus, diferente dos doutores que ensinavam que Deus só se manifestava na observância da lei. Para Jesus, “o Reino não é fruto de observância. O Reino está presente no meio de vocês!” (Lc 17,21). Mas os ouvintes nem sempre o percebiam.

Para um confronto pessoal
1) Jesus disse: “A vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino”. Quando leio os evangelhos, sou como os que não entendem nada ou como aqueles a quem é dado conhecer o Reino?
2) Qual a parábola de Jesus com mais me identifica? Por que°

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