
Salmo Responsorial: 5
R. Escutai, Senhor, a voz da minha
súplica.
Senhor,
ouvi as minhas palavras, reparai no meu lamento. Atendei a voz do meu clamor, ó
meu Rei e meu Deus.
Vós não
sois um Deus que se agrade do mal, o perverso não tem aceitação junto de Vós,
nem os ímpios suportam o vosso olhar.
Vós
detestais todos os malfeitores e exterminais os que dizem mentiras: o Senhor
abomina os sanguinários e fraudulentos.
Aleluia. A vossa
palavra, Senhor, é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos.
Aleluia.
Evangelho (Mt
5,38-42): «Ouvistes que foi dito: ‘Olho por
olho e dente por dente!’. Ora, eu vos digo: não ofereçais resistência ao
malvado! Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também
a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe
também o manto! Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha
dois com ele! Dá a quem te pedir, e não vires as costas a quem te pede
emprestado».
«Não ofereçais
resistência ao malvado»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Rubí, Barcelona,
Espanha)
Hoje, Jesus
nos ensina que o ódio se supera no perdão. A lei de talião era um progresso,
pois limitava o direito de vingança a uma justa proporção: só podes fazer ao
próximo o que ele te tem feito a ti, caso contrário, cometerias uma injustiça;
isto é o que significa o ditado de «olho por olho, dente por dente». Mesmo
assim, era um progresso limitado, já que Jesus Cristo no Evangelho afirma a
necessidade de superar a vingança com o amor; assim Ele o expressou mesmo
quando, na cruz, intercedeu por seus carrascos: Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes!
Eles não sabem o que fazem!» (Lc 23,34).
No entanto,
o perdão deve acompanhar-se com a verdade. Não perdoamos somente porque nos
vemos impotentes ou complexados. Com frequência se tem confundido com a
expressão “pôr o outro lado do rosto” com a ideia da renúncia a nossos direitos
legítimos. Não é isso. Pôr o outro lado do rosto quer dizer denunciar e
interpelar a quem o tem feito com um gesto pacífico, mas decidido, a injustiça
que se cometeu; é como dizer-lhe: «Batestes num lado meu rosto, queres, bater
também no outro? Você está de acordo com essa maneira de proceder?» Jesus
respondeu com serenidade ao criado insolente do sumo sacerdote: «Jesus
replicou-lhe: “Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que
me bates?» (Jo 18,23).
Vemos,
pois, qual deve ser a conduta do cristão: não procurar revanche, mas manter-se
firme; estar aberto ao perdão e dizer as coisas claramente. Certamente não é
uma arte fácil, mas é a única maneira de frear a violência e manifestar a graça
divina a um mundo frequentemente carente de graça. São Basílio nos aconselha:
«Obedecei e esquecei as injurias e as ofensas que venham do próximo. Podemos
ver os diversos nomes que teremos um e outro; a ele o chamarão colérico e
violento, e a vocês mansos e pacíficos. Ele se arrependerá um dia de sua
violência, e vocês não se arrependerão nunca de sua mansidão.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
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Bta Albertina Berkenbrock virgem e mártir |
* Mateus 5,38: Olho por olho, dente
por dente
Jesus cita
um texto da Lei antiga dizendo: "Vocês ouviram o que foi dito: Olho por
olho e dente por dente!”. Ele abreviou o texto. O texto inteiro dizia:” Vida
por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura,
ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,23-25). Como nos casos anteriores,
também aqui Jesus faz uma releitura inteiramente nova. O princípio “olho por
olho, dente por dente” estava na raiz da interpretação que os escribas faziam
da lei. Este princípio deve ser subvertido, pois ele perverte e estraga o
relacionamento entre as pessoas e com Deus.
* Mateus 5,39ª: Não retribuir o mal
com o mal
Jesus
afirma exatamente o contrário: “Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem
fez o mal a vocês”. Diante de uma violência recebida, nossa reação natural é
pagar o outro com a mesma moeda. A vingança pede “olho por olho, dente por
dente”. Jesus pede para retribuir o mal não com o mal, mas com o bem. Pois, se
não soubermos superar a violência recebida, a espiral da violência tomará conta
de tudo e já não haverá mais saída. Lameque dizia: “Por uma ferida recebida, eu
matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim
valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete” (Gn 4,24). Foi por causa
desta vingança extremada que tudo terminou na confusão da Torre de Babel (Gn 11,1-9).
Fiel ao ensinamento de Jesus, Paulo escreve na carta aos Romanos: “Não paguem a
ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os
homens. Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem”. (Rm
12,17.21). Para poder ter esta atitude é necessário ter muita fé na
possibilidade da recuperação do ser humano. Como fazer isto na prática. Jesus
oferece 4 exemplos concretos.
* Mateus 5,39b-42: Os quatro
exemplos para superar a espiral da violência
Jesus diz:
“Pelo contrário:
(1) se alguém lhe dá um tapa na face
direita, ofereça também a esquerda!
(2) Se alguém faz um processo para
tomar de você a túnica, deixe também o manto!
(3) Se alguém obriga você a andar um
quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele.
(4) Dê a quem lhe pedir, e não vire as
costas a quem lhe pedir emprestado.” (Mt 5,40-42).
Como
entender estas quatro afirmações? Jesus mesmo nos ofereceu uma ajuda de como
devemos entendê-las. Quando o soldado lhe deu uma bofetada numa face, ele não
ofereceu a outra. Pelo contrário, ele reagiu energicamente: "Se falei mal,
mostre o que há de mal. Mas se falei bem, por que você bate em mim?" (Jo
18,23) Jesus não ensina passividade. São Paulo acredita que, retribuindo o mal
com o bem, “você fará o outro corar de vergonha” (Rm 12,20). Esta fé na
possibilidade da recuperação do ser humano só é possível a partir de uma raiz
que nasce da total gratuidade do amor criador que Deus mostrou para conosco na
vida e nas atitudes de Jesus.
Para um confronto pessoal
1) Você já sentiu alguma vez uma raiva tão grande de
querer aplicar a vingança “olho por olho, dente por dente”? Como fez para
supera-la?
2) Será que a convivência comunitária hoje na igreja
favorece a ter em nós o amor criador que Jesus sugere no evangelho de hoje?
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