Bta Joana de Toulouse Virgem de nossa Ordem 1ª Carmelita da Ordem Terceira |
Salmo Responsorial:
101
R. Ouvi, Senhor, a minha oração,
chegue até Vós o meu clamor.
Ouvi,
Senhor, a minha oração e chegue até Vós o meu clamor. Não escondais o vosso
rosto
no dia da
minha aflição. Inclinai para mim o vosso ouvido; no dia em que chamar por Vós
respondei-me sem demora.
Os povos
temerão, Senhor, o vosso nome, todos os reis da terra a vossa glória. Quando o
Senhor reconstruir Sião e manifestar a sua glória, atenderá a súplica do
infeliz e não desprezará a sua oração.
Escreva-se
tudo isto para as gerações vindouras e o povo que se há de formar louvará o
Senhor. Debruçou-Se do alto da sua morada, lá do Céu o Senhor olhou para a
terra, para ouvir os gemidos dos cativos, para libertar os condenados à morte.
A semente é a palavra
de Deus e o semeador é Cristo. Quem O encontra viverá eternamente.
Evangelho (Jo
8,21-30): De novo, Jesus lhes disse: «Eu me
vou, e vós me procurareis; mas morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós
não podeis ir». Os judeus, então, comentavam: «Acaso ele irá se matar? Pois ele
diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’». Ele continuou a falar: «Vós sois
daqui de baixo; eu sou do alto. Vós sois deste mundo; eu não sou deste mundo.
Eu vos disse que morrereis nos vossos pecados. De fato, se não acreditais que
‘eu sou’, morrereis nos vossos pecados». Eles lhe perguntaram: «Quem és tu,
então? Jesus respondeu: «De início, isto mesmo que vos estou falando». Tenho
muitas coisas a dizer a vosso respeito, e a julgar também. Mas, aquele que me
enviou é verdadeiro, e o que ouvi dele é o que eu falo ao mundo”. Eles, porém,
não compreenderam que estava lhes falando do Pai. Por isso, Jesus continuou:
«Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que ‘eu sou’, e que
nada faço por mim mesmo, mas falo apenas aquilo que o Pai me ensinou. Aquele
que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque eu sempre faço o
que é do seu agrado». Como falasse estas coisas, muitos passaram a crer nele.
«Quando tiverdes
elevado o Filho do Homem, então sabereis que ‘Eu Sou’»
Rev. D. Josep Mª MANRESA Lamarca (Valldoreix,
Barcelona, Espanha)
Hoje, terça-feira
V da Quaresma, a uma semana da contemplação da Paixão do Senhor, Ele nos
convida a olhar-lhe antecipadamente redimindo-nos desde a Cruz. «Jesus Cristo é
nosso pontífice, seu corpo precioso é nosso sacrifício que Ele ofereceu na ara
da Cruz para a salvação de todos os homens» (São João Fisher).
«Quando
tiverdes elevado o Filho do Homem...» (Jo 8,28). Efetivamente, Cristo
Crucificado —Cristo “levantado”! — é o grande e definitivo signo do amor do Pai
à Humanidade caída. Seus braços abertos, estendidos entre o céu e a terra,
traçam o signo indelével da sua amizade com nós os homens. Ao lhe ver assim,
alçado ante o nosso olhar pecador, saberemos que Ele é (cf. Jo 8,28), e então,
como aqueles judeus que o escutavam, também nós creremos Nele.
Só a
amizade de quem está familiarizado com a Cruz pode proporcionar-nos o adequado
para adentrar-nos no Coração do Redentor. Pretender um Evangelho sem Cruz,
despojado do sentido cristão da mortificação, ou contagiado do ambiente pagão e
naturalista que nos impede entender o valor redentor do sofrimento, colocar-nos-ia
na terrível possibilidade de ouvir dos lábios de Cristo: «Depois de tudo, para
que seguir falando-vos?».
Que o nosso
olhar à Cruz, olhar sossegado e contemplativo, seja uma pergunta ao
Crucificado, em que sem o ruído de palavras lhe digamos: «Quem és tu, então? (Jo
8,25). Ele nos responderá que é «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo
14,6), a Videira à qual sem estar unidos, nós, pobres ramos, não poderemos dar
fruto, porque só Ele tem palavras de vida eterna. E assim, se não cremos que
Ele é, morreremos pelos nossos pecados. Viveremos, no entanto, e viveremos já
nesta terra vida de céu se aprendemos Dele a gozosa certeza de que o Pai está
conosco, não nos deixa sozinhos. Assim imitaremos o Filho em fazer sempre o que
agrada-lhe ao Pai.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Na semana passada, a liturgia nos levava a meditar o
capítulo 5 do Evangelho de João. Esta semana ela nos confronta com o capítulo 8
do mesmo evangelho. Como o capítulo 5, também o capítulo 8 contém reflexões
profundas sobre o mistério de Deus que envolve a pessoa de Jesus.
Aparentemente, trata-se de diálogos entre Jesus e os fariseus (Jo 8,13). Os
fariseus querem saber quem é Jesus. Eles o criticam por ele dar testemunho de
si mesmo sem nenhuma prova ou testemunho para legitimar-se diante do povo (Jo
8,13). Jesus responde dizendo que ele não fala a partir de si mesmo, mas sempre
a partir do Pai e em nome do Pai (Jo 8,14-19).
* Na realidade, os diálogos são também expressão de como
era a transmissão catequética da fé nas comunidades do discípulo amado no fim
do primeiro século. Eles refletem a leitura orante que os cristãos faziam das
palavras de Jesus como expressão da Palavra de Deus. O método de pergunta e
resposta ajudava-os a encontrar a resposta para os problemas que, naquele fim
de século, os judeus levantavam para os cristãos. Era uma maneira concreta de
ajudar a comunidade a ir aprofundando sua fé em Jesus e sua mensagem.
* João 8,21-22: Onde eu vou, vocês
não podem me seguir.
Aqui João
aborda um novo assunto ou um outro aspecto do mistério que envolve a pessoa de
Jesus. Jesus fala da sua partida e diz que, para onde ele vai, os fariseus não
podem segui-lo. “Eu vou e vocês me procuram e vão morrer no seu pecado”. Eles
procuram Jesus, mas não vão encontrá-lo, pois não o conhecem e o procuram com
critérios errados. Eles vivem no pecado e vão morrer no pecado. Viver no pecado
é viver afastado de Deus. Eles imaginam Deus de um jeito, e Deus é diferente do
que eles o imaginam. Por isso não são capazes de reconhecer a presença de Deus
em Jesus. Os fariseus não entendem o que Jesus quer dizer e tomam tudo ao pé da
letra: “Será que ele vai se matar?”
* João 8,23-24: Vocês são aqui de
baixo e eu sou lá de cima.
Os fariseus
se orientam em tudo pelos critérios deste mundo. “Vocês são deste mundo e eu
não sou deste mundo!” O quadro de referências que orienta Jesus em tudo que ele
diz e faz é o mundo lá de cima, isto é, Deus, o Pai, e a missão que recebeu do
Pai. O quadro de referências dos fariseus é o mundo cá de baixo, sem abertura,
fechado nos seus próprios critérios. Por isso, eles vivem em pecado. Viver em
pecado é não ter o olhar de Jesus sobre a vida. O olhar de Jesus é totalmente
aberto para Deus a ponto de Deus estar nele em toda a sua plenitude (cf. Cl
1,19). Nós dizemos: “Jesus é Deus”. João nos convida a dizer: “Deus é Jesus!”.
Por isso, Jesus diz. “Se vocês não acreditarem que EU SOU, vocês vão morrer em
seus pecados”. EU SOU é a afirmação com que Deus se apresentou a Moisés no
momento de libertar o seu povo da opressão do Egito (Ex 3,13-14). É a expressão
máxima da certeza absoluta de que Deus está no meio de nós através de Jesus.
Jesus é a prova definitiva de que Deus está conosco, Emanuel.
* João 8,25-26: Quem é você?
O mistério
de Deus em Jesus não cabe nos critérios com que os fariseus olham para Jesus.
De novo perguntam: “Quem é você?” Eles nada entenderam porque não entendem a
linguagem de Jesus. Jesus teria muito a falar a eles a partir de tudo que ele
experimentava e vivia em contato com o Pai e a partir da consciência da sua
missão. Jesus não se autopromove. Ele apenas diz e expressa o que ouve do Pai.
Ele é pura revelação porque é pura e total obediência.
* João 8,27-30: Quando vocês tiverem
elevado o Filho do Homem saberão que EU SOU.
Os fariseus
não entendem que Jesus, em tudo que diz e faz, é expressão do Pai. Só vão
compreendê-lo depois que tiverem elevado o Filho do Homem. “Aí vocês saberão
que EU SOU”. A palavra elevar tem o duplo sentido de elevar sobre a Cruz e de
ser elevado à direita do Pai. A Boa Nova da morte e ressurreição vai revelar
quem é Jesus, e eles saberão que Jesus é a presença de Deus no meio de nós. O
fundamento desta certeza da nossa fé é duplo: de um lado, a certeza de que o
Pai está sempre com Jesus e nunca o deixa sozinho e, de outro lado, a radical e
total obediência de Jesus ao Pai, pela qual ele se torna abertura total e total
transparência do Pai para nós
Para um confronto pessoal
1) Quem se fecha nos seus critérios e acha que já sabe
tudo, nunca será capaz de compreender o outro. Assim eram os fariseus frente a
Jesus. E eu frente aos outros, como me comporto?
2) Jesus é radical obediência ao Pai e por isso é total
revelação do Pai. E eu, que imagem de Deus se irradia a partir de mim?
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