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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Sexta-feira da 33ª semana do Tempo Comum

Sta Cecília, Virgem e Mártir

1a Leitura (1 Macabeus 6,1-13) - Enquanto percorria as províncias superiores, soube o rei Antíoco que na Pérsia, em Elimaida, havia uma cidade famosa por suas riquezas, sua prata e ouro. Seu templo, extremamente rico, possuía véus de ouro, escudos, couraças e armas, abandonados ali por Alexandre, filho de Filipe, rei da Macedônia, que foi o primeiro a reinar sobre a Grécia. Dirigiu-se ele para essa cidade, com a finalidade de tomá-la e pilhá-la, mas foi em vão, porque os habitantes haviam sido prevenidos. Eles se aprontaram para lhe resistir e ele teve que voltar de lá, para alcançar Babilônia com grande humilhação. E eis que, na Pérsia, um mensageiro veio dizer-lhe que as tropas enviadas à Judéia tinham sido derrotadas, e que Lísias, tendo partido a princípio com um poderoso exército, havia fugido na presença dos judeus, os quais haviam aumentado ainda suas forças com armas e tropas e se tinham enriquecido com todo o material raptado de seus campos devastados. Eles tinham também destruído a abominação edificada por ele sobre o altar, em Jerusalém, e haviam cercado o templo com altas muralhas, como outrora, assim como a cidade de Betsur. Ouvindo essas novas, o rei ficou irado e profundamente perturbado. Atirou-se à cama e caiu doente de tristeza, porque os acontecimentos não tinham correspondido à sua expectativa. Passou assim muitos dias, porque sua mágoa se renovava sem cessar, e pensava na morte. Mandou chamar todos os seus amigos e lhes disse: "O sono fugiu dos meus olhos e meu coração desfalece de tristeza. Eu repito para mim mesmo: Em que aflição fui eu cair e a que desolação fui eu reduzido até o presente, eu que era bom e querido no tempo de meu poder? Mas agora eu me lembro dos males que causei em Jerusalém, de todos os objetos de ouro e de prata que saqueei, e de todos os habitantes da Judéia que exterminei sem motivo. Reconheço que foi por causa disso que todos esses males me fulminaram, e agora morro de tristeza numa terra estrangeira".

Salmo Responsorial - 9A/9
R. Cantarei de alegria, ó Senhor, pois me livrastes!

Senhor, de coração vos darei graças, as vossas maravilhas cantarei!
Em vós exultarei de alegria, cantarei ao vosso nome, Deus altíssimo!

Voltaram para trás meus inimigos, perante a vossa face pereceram.
Repreendestes as nações e os maus perdestes, apagastes o seu nome para sempre.

Os maus caíram no buraco que cavaram, nos próprios laços foram presos os seus pés.
Mas o pobre não será sempre esquecido, nem é vã a esperança dos humildes.

Aleluia. Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; fez brilhar pelo evangelho a luz e a vida imperecíveis. Aleluia

Evangelho (Lc 19,45-48): Naquele tempo, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que ali estavam vendendo. E disse: «Está escrito: Minha casa será casa de oração. Vós, porém, fizestes dela um antro de ladrões». Todos os dias, ele ficava ensinando no templo. Os sumos sacerdotes, os escribas e os notáveis do povo procuravam um modo de matá-lo. Mas não sabiam o que fazer, pois o povo todo ficava fascinado ao ouvi-lo falar.

«Minha casa será casa de oração»

P. Josep LAPLANA OSB Monge de Montserrat (Montserrat, Barcelona, Espanha)

Hoje, o gesto de Jesus é profético. À maneira dos antigos profetas, realiza uma ação simbólica, cheia de significado face ao futuro. Ao expulsar do templo os mercadores, que faziam negócio com as vítimas destinadas a servir de oferenda, e ao indicar que «a casa de Deus será casa de oração» (Is 56,7), Jesus anunciava a nova situação, que Ele vinha inaugurar, em que os sacrifícios de animais já não tinham lugar. São João definirá a nova relação de culto como uma «adoração ao Pai em espírito e verdade» (Jo 4,24). A figura deve dar lugar à realidade. Santo Tomás de Aquino dizia poeticamente «Et antiquum documentum / novo cedat ritui (Que o Antigo Testamento ceda o lugar ao Novo Rito)».

O Novo Rito é a palavra de Jesus. Por isso, São Lucas associou à cena da purificação do templo a apresentação de Jesus, nele pregando cada dia. O novo culto centra-se na oração e na escuta da Palavra de Deus. Mas, na realidade, o centro do centro da instituição cristã é a própria pessoa viva de Jesus, com a sua carne entregue e o seu sangue derramado na cruz e oferecidos na Eucaristia. Também Santo Tomás o destaca de modo muito belo: «Recumbens com fratribus (...) se dat suis manibus» («Sentado à mesa com os irmãos (...) dá-se a si mesmo com as suas próprias mãos»).

No Novo Testamento, inaugurado por Jesus, já não são necessários nem bois nem vendedores de cordeiros. Tal como «todo o povo ficava fascinado ao ouvi-lo falar» (Lc 19,48), também nós não temos de ir ao templo para imolar vítimas, mas para receber Jesus, o autêntico cordeiro imolado por nós, de uma vez para sempre (cf. He 7,27), e para unir a nossa vida à de Jesus.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje descreve como Jesus entrou no Templo e expulsou de lá os vendedores. A religião era usada para explorar o povo e enriquecer uma elite.

* Lucas 19,45: A expulsão dos vendedores do templo.
Chegando no Templo, Jesus faz um gesto violento: “Começou a expulsar os vendedores”.  No evangelho de Marcos se diz que “derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas. Ele não deixava ninguém carregar nada através do Templo” (Mc 11,15-16). E no evangelho de João chegou a usar um chicote de cordas para ameaçar o pessoal (Jo 2,15). Conforme o gesto simbólico de Jesus, descrito por Marcos (Mc 11,12-14), o Templo de Jerusalém, do jeito que estava funcionando, não passava de uma árvore frondosa, bonita, cheia de folhas, mas sem oferecer fruto para o povo faminto que buscava o Deus da vida. Por isso, num gesto violento de autoridade, Jesus declara encerrado o expediente do Templo e põe fim ao culto da maneira como este estava sendo realizado. Já não tinha mais sentido: “Nunca mais ninguém coma do teu fruto!” (Mc 11,14.20).

* Lucas 19,46:  O que estava errado no culto do Templo?
E disse: "Está nas Escrituras: 'Minha casa será casa de oração'. No entanto, vocês fizeram dela um antro de ladrões." Jesus cita dois profetas: Isaías e Jeremias. Isaías dizia que o Templo devia ser uma casa de oração para todos os povos (Is 56,7). A realidade, porém, era outra. Estrangeiros, mulheres e pessoas consideradas impuras não podiam entrar no templo. Eram excluídas. Por meio deste texto de Isaías, Jesus ensina que o Templo deve ser não um lugar de exclusão, mas sim de inclusão. Deve estar aberto para todos. Jeremias dizia que o Templo tinha sido transformado num “covil de ladrões” (Jr 7,11). O mesmo estava acontecendo no tempo de Jesus. Assim, citando Jeremias, Jesus denuncia o mau uso do Templo. A religião não pode ser usada para explorar o povo nem para sustentar e legitimar os privilégios da classe dirigente.

* Lucas 19,47-48: As autoridades decidem matar Jesus.
Os chefes dos sacerdotes, os doutores e os anciãos, incomodados pelo gesto de Jesus, decidem matá-lo. Mas eles têm medo do povo que estava maravilhado com o ensinamento de Jesus. À tardezinha, diante das ameaças das autoridades, Jesus sai de novo da cidade e volta para Betânia, o nome significa Casa da Pobreza.

* A contradição do Templo: casa de oração e covil de ladrões
Na festa de Páscoa o povo romeiro vinha caminhando, dos lugares mais distantes para encontrar-se com Deus no Templo. O Templo ficava no alto de um pequeno morro na zona norte-nordeste da cidade, chamado Monte Sião. O povo observava a beleza do Templo, a firmeza das muralhas e a grandeza das montanhas ao redor. Esse conjunto imponente fazia lembrar a proteção de Deus. Por isso rezava: "Aqueles que confiam em Javé são como o monte Sião: ele nunca se abala, está firme para sempre. Jerusalém é rodeada de montanhas, assim Javé envolve o seu povo, desde agora e para sempre”. (Sl 125,1-2). Em Jerusalém estavam também a sede do Governo, o palácio dos chefes e a casa dos sacerdotes e doutores. Todos estes diziam exercer o poder em nome de Javé, mas na realidade, muitos deles exploravam o povo com tributos e impostos. Usavam a religião como instrumento para se enriquecer e para fortalecer a sua dominação sobre a consciência do povo. Transformaram o Templo, a Casa de Deus, num “covil de ladrões” (Jr 7,11; cf. Lc 19,46; Mc 11,17). Uma contradição pesava sobre o Templo. De um lado, lugar de encontro e de reabastecimento da consciência e da fé. De outro lado, fonte de alienação e de exploração do povo. Hoje também permanece a mesma contradição: de um lado, devemos contribuir para a conservação das igrejas e a digna manutenção do culto. De outro lado, tem gente que se aproveita disso para se enriquecer. A expulsão dos vendedores ajuda a compreender o motivo pelo qual os homens do poder decidiram matar Jesus. O Templo, aquela figueira bonita e frondosa, deveria dar fruto, mas não estava dando, pois uma elite de sacerdotes, anciãos e escribas tinha-se apoderado dele e o tinha transformado numa fonte de lucro e num instrumento de dominação das consciências (cf. Mc 11,13-14). O comércio dos animais, destinados aos sacrifícios no Templo, era controlado pelas famílias dos Sumos Sacerdotes a um preço mais alto do que no mercado comum na cidade. Só na noite de páscoa, eram imolados milhares e milhares de ovelhas! Com este lucro injusto eles faziam caridade para os pobres! O Reino anunciado por Jesus coloca um ponto final a esta exploração, simbolizada pelos vendedores, compradores e cambistas do Templo: “Ninguém jamais coma do teu fruto!” Jesus traz um novo tipo de religião, em que o acesso a Deus se faz através da fé (Mc 11,22-23), da oração (Mc 11,24) e da reconciliação (Mc 11,15-26). Por isso mesmo, os chefes não gostaram da ação de Jesus e decidiram eliminá-lo.

Para um confronto pessoal
1. Você conhece casos de pessoas ou de instituições que se aproveitam da religião para se enriquecer ou para levar uma vida mais fácil? Qual tem sido a sua reação diante destes abusos?
2. Se Jesus aparecesse hoje e se entrasse na igreja ou no templo da nossa comunidade, o que diria e faria?

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