Salmo
Responsorial - 16/17
R. Ao despertar, me
saciará vossa presença e verei a vossa face!
Ó
Senhor, ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor!
Inclinai
o vosso ouvido à minha prece, pois não existe falsidade nos meus lábios!
Os
meus passos eu firmei na vossa estrada, e por isso os meus pés não vacilaram.
Eu
vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me!
Protegei-me
qual dos olhos a pupila e guardai-me à proteção de vossas asas.
Mas
eu verei, justificado, a vossa face e, ao despertar, me saciará vossa presença.
2ª Leitura (2 Ts 2,16-3,5) - Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus,
nosso Pai, que nos amou e nos deu consolação eterna e boa esperança pela sua
graça, consolem os vossos corações e os confirmem para toda boa obra e palavra!
Por fim, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja
estimada, tal como acontece entre vós, e para que sejamos livres dos homens
perversos e maus; porque nem todos possuem a fé. Mas o Senhor é fiel, e ele há
de vos dar forças e vos preservar do mal. Quanto a vós, temos plena certeza no
Senhor de que estareis cumprindo e continuareis a cumprir o que vos
prescrevemos. Que o Senhor dirija os vossos corações para o amor de Deus e a
paciência de Cristo.
Aleluia. Jesus Cristo
é o primogênito dos mortos; a ele a glória e o domínio para sempre! Aleluia.
Evangelho
(Lc 20,27-38): Aproximaram-se de Jesus alguns
saduceus, os quais negam a ressurreição, e lhe perguntaram: «Mestre, Moisés
deixou-nos escrito: ‘Se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos,
deve casar-se com a mulher para dar descendência ao irmão’. Ora, havia sete
irmãos. O primeiro casou e morreu, sem deixar filhos. Também o segundo e o
terceiro se casaram com a mulher. E assim os sete: todos morreram sem deixar
filhos. Por fim, morreu também a mulher». Na ressurreição, ela será esposa de
qual deles? Pois os sete a tiveram por esposa». Jesus respondeu-lhes: «Neste
mundo, homens e mulheres casam-se, mas os que forem julgados dignos de
participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam; e já não
poderão morrer, pois serão iguais aos anjos; serão filhos de Deus, porque
ressuscitaram. Que os mortos ressuscitam, também foi mostrado por Moisés, na
passagem da sarça ardente, quando chama o Senhor de ‘Deus de Abraão, Deus de
Isaac e Deus de Jacó’. Ele é Deus não de mortos, mas de vivos, pois todos vivem
para ele».
«Ele é Deus não de
mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele»
Mn. Ramon SÀRRIAS i Ribalta (Andorra la Vella, Andorra)
Hoje,
Jesus faz uma clara afirmação da ressurreição e da vida eterna. Os saduceus
duvidavam, ou pior ainda, ridicularizavam a crença da vida eterna depois da
morte, que — pelo contrário — era defendida pelos fariseus e também por nós.
São Leão I, o Magno, Papa |
Uma
coisa é crer na vida eterna e outra imaginar-se como será. O mistério que não
está rodeado de respeito e discrição, periga ser banalizado pela curiosidade e,
finalmente, ridicularizado.
A
resposta de Jesus tem duas partes. Na primeira tenta que possam compreender que
a instituição do matrimônio não tem ração de ser na outra vida «Os que forem
julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não
se casam» (Lc 20,35). O que si perdura e alcança a sua máxima plenitude é tudo
o que tenhamos semeado de amor autêntico, de amizade, de fraternidade, de
justiça e verdade...
O
segundo momento da resposta deixa-nos duas certezas: «Ele é Deus não de mortos,
mas de vivos» (Lc 20,38). Confiar neste Deus quer dizer, dar-nos conta que
estamos feitos para a vida. E a vida consiste em estar com Ele constantemente,
sempre. Além disso, «Todos vivem para Ele» (Lc 20,38): Deus é a fonte da vida.
O crente, imerso em Deus pelo batismo, foi arrancado para sempre do domínio da
morte.
«O
amor se transforma em uma realidade cumprida se é incluído em um amor que
proporcione realmente eternidade». (Bento XVI)
«Os quais negam a ressurreição»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Hoje,
os “inoportunos” saduceus, são ocasião para que Jesus dedique umas belíssimas
palavras a uma questão vital: a eternidade. A cena e o assunto conservam plena
vigência.
«Aproximaram-se
de Jesus alguns saduceus, os quais negam a ressurreição» (Lc 20,27). Em efeito,
não deixa de ser surpreendente que um grupo de gente religiosa —crente em Deus—
afirmara que não existe a eternidade. Então, perguntamo-nos, que classe de Deus
temos? Ainda mais, que será de nós, se Deus não é eterno?
Evidentemente,
não há resposta para uma interrogante tão estúpida como essa. De fato, Jesus
respondeu-lhes de forma contundente: «Estais muito errados» (Mc 12,27). E, os
surpreendeu, ainda mais, dizendo-lhes «Ele é Deus não de mortos, mas de vivos»
(Lc 20,38), como não podia ser de outra maneira.
Por
se não fosse pouco errada a conclusão dos saduceus, a argumentação que propõem
—a fictícia historieta da mulher que teve por esposos a sete irmãos — supera a
ridicularia. Não devemos nos surpreender que agora surjam os “modernos
saduceus” que contradizem a voz do Vicário de Cristo esgrimindo argumentos tão
falsos como forçados (que se o custo das visitas pastorais do Papa deveria se
destinar aos pobres; que se o Papa é o culpável de milhões de mortes...). Nada
novo na faz da terra! Só a cegueira da descrença é capaz de tramar tais
tolices.
Os
saduceus “brincaram” com a eternidade e, o resultado foi que não ficou nem
rastro deles. Lógico! Sem esperança não há vida. Pior ainda: Sem um horizonte
de eternidade não se pode amar. Por acaso podemo-nos "apaixonar” por um
tempo? Hei aqui a resposta de Bento XVI: «O amor humano é, em si, uma promessa
que não se pode cumprir. Deseja eternidade e só pode oferecer finitude. Mas,
por outra parte, sabe que essa promessa não é insensata nem contraditória, pois
em última instância a eternidade mora nela. Suas autênticas dimensões implicam,
em definitiva, a perspectiva futura de Deus, a espera de Deus».
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