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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Quarta-feira da 26ª semana do Tempo Comum

Santos Anjos da Guarda

1ª Leitura (2Esd 2,1-8): No mês de Nisã do ano vinte do reinado de Artaxerxes, em que eu era o copeiro-mor, tomei o vinho e servi-o ao rei. Como eu nunca me apresentara triste na sua presença, o rei perguntou-me: «Porque tens o rosto abatido? Não estás doente; mas certamente tens o coração angustiado». Eu assustei-me, mas respondi ao rei: «Viva o rei para sempre! Como não havia de andar tão triste, se a cidade onde estão os túmulos dos meus pais está em ruínas e as suas portas devoradas pelo fogo?» O rei disse-me: «Então que desejas fazer?» Eu invoquei o Deus dos Céus e respondi ao rei: «Se te agrada, ó rei, e estás contente com o teu servo, manda-me ir a Judá para reconstruir a cidade onde estão os túmulos dos meus pais». O rei, que tinha a rainha a seu lado, perguntou-me: «Quanto tempo durará a tua viagem? Quando voltarás?» Marquei uma data. O rei concordou e deixou-me partir. Eu disse ainda ao rei: «Se parecer bem ao rei, deem-me cartas para o governador da província ocidental do Eufrates, a fim de me deixarem passar, até eu chegar a Judá, e também uma carta para Asaf, intendente do parque florestal, a fim de me dar madeira para reconstruir as portas da cidadela do templo, as muralhas da cidade e a casa onde vou morar». O rei concedeu-mo, porque a mão bondosa do meu Deus estava comigo.

Salmo Responsorial: 136
R. Se eu me não lembrar de ti, Jerusalém, fique presa a minha língua.

Sobre os rios de Babilónia nos sentámos a chorar, com saudades de Sião. Nos salgueiros das suas margens, dependurámos nossas harpas.

Aqueles que nos levaram cativos queriam ouvir os nossos cânticos e os nossos opressores uma canção de alegria: «Cantai-nos um cântico de Sião».

Como poderíamos nós cantar um cântico do Senhor em terra estrangeira? Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, esquecida fique a minha mão direita.

Apegue-se-me a língua ao paladar, se não me lembrar de ti, se não fizer de Jerusalém a maior das minhas alegrias.

Aleluia. Considero todas as coisas como prejuízo, para ganhar a Cristo e n’Ele me encontrar. Aleluia.

Evangelho (Lc 9,57-62): Enquanto estavam a caminho, alguém disse a Jesus: «Eu te seguirei aonde quer que tu vás». Jesus respondeu: «As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». Então disse a outro: «Segue-me». Este respondeu: «Permite-me primeiro ir enterrar meu pai». Jesus respondeu: «Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai e anuncia o Reino de Deus». Um outro ainda lhe disse: «Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos de minha casa». Jesus, porém, respondeu-lhe: «Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus».

«Segue-me»

Fray Lluc TORCAL Monje del Monastério de Sta. Mª de Poblet (Santa Maria de Poblet, Tarragona, Espanha)

Hoje, o Evangelho invita-nos a reflexionar, com muita claridade e não com menos insistência, sobre o ponto central da nossa fé: o seguimento radical de Jesus. «Eu te seguirei aonde quer que tu vás» (Lc 9,57). Com que simplicidade a expressão que propõe um câmbio total da vida de uma pessoa: «Segue-me» (Lc 9,59). Palavras do Senhor que não admitem desculpas, demoras, condições, nem traições...

A vida cristã é este seguimento radical de Jesus. Radical, não só porque em toda a sua duração quere estar debaixo da guia do Evangelho (porque compreende, portanto, todo o tempo da nossa vida), mas sim -sobretudo- porque todos os seus aspectos -desde os mais extraordinários até aos mais ordinários- querem ser e hão de ser manifestação do Espírito Santo de Jesus Cristo que nos anima. Efetivamente, desde o Batismo, a nossa já não é a vida de uma pessoa qualquer: levamos a vida de Cristo inserida em nós! Pelo Espírito Santo derramado nos nossos corações, já não somos nós que vivemos, senão que é Cristo que vive em nós. Assim é a vida do cristão, é vida cheia de Cristo, ressume Cristo desde as suas raízes mais profundas: esta é a vida somos chamados a viver.

O Senhor, quando veio ao mundo, ainda que «todo o gênero humano tinha o seu lugar, Ele não o teve: não encontrou lugar no meio dos homens (...), só numa manjedoura, no meio do gado e dos animais, e ao lado das pessoas mais simples e inocentes. Por isso disse: As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça» (São Jerônimo). O Senhor encontrará sitio no meio de nós se como João Batista, deixamos que Ele cresça e que nós diminuamos, quer dizer, se deixamos crescer a Aquele que já vive em nós sendo dúcteis e dóceis ao seu Espírito, a fonte de toda humildade e inocência.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

No evangelho de hoje continua a longa e dura caminhada de Jesus desde periferia lá da Galileia para a capital. Saindo da Galileia, Jesus entra na Samaria e segue para Jerusalém. Nem todos o compreendem. Muitos o abandonam, pois as exigências são grandes. Mas outros se aproximam e se apresentam para seguir Jesus. No início da sua atividade pastoral, lá na Galileia, Jesus havia chamado três pessoas: Pedro, Tiago e João (Lc 5,8-11). Aqui na Samaria, também são três que se apresentam ou são chamados. Nas respostas de Jesus, transparece quais as condições para alguém poder ser discípulo ou discípula de Jesus.

* Lucas 9,56-58: O primeiro dos três novos discípulos
“Enquanto iam andando, alguém no caminho disse a Jesus: "Eu te seguirei para onde quer que fores." Mas Jesus lhe respondeu: "As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça." A esta primeira pessoa que quer ser discípulo, Jesus pede o despojamento total de tudo: não ter onde reclinar a cabeça, nem buscar uma falsa segurança onde reclinar o pensamento da cabeça.

* Lucas 9,59-60: O segundo dos três novos discípulos
“Jesus disse a outro: Siga-me. Esse respondeu: Deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai." Jesus respondeu: Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; mas você, vá anunciar o Reino de Deus." A esta segunda pessoa chamada por Jesus para segui-lo, Jesus pede para deixar que os mortos enterrem seus mortos. Trata-se de um provérbio popular usado para dizer: deixe para lá as coisas do passado. Não perca tempo com o que já passou e olhe para a frente. Depois de ter descoberto a vida nova em Jesus, o discípulo não deve perder tempo com o que já passou.

* Lucas 9,61-62: O terceiro dos três novos discípulos
“Outro ainda lhe disse: Eu te seguirei, Senhor, mas deixa primeiro que eu vá me despedir do pessoal de minha casa. Mas Jesus lhe respondeu: Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus". A esta terceira pessoa chamada para ser discípulo, Jesus pede para romper com os laços familiares. Em outra ocasião ele tinha dito: “Quem ama seu pai e sua mãe mais do que a mim, não pode ser meu discípulo (Lc 14,26; Mt 10,37). Jesus é mais exigente que o profeta Elias que permitiu que Eliseu despedir-se dos seus pais (1Rs 19,19-21). Significa também romper com os laços nacionalistas da raça e com a estrutura da família patriarcal.

* São três exigências fundamentais apresentadas como condição para alguém poder ser discípulo ou discípula de Jesus:
(1) abandonar os bens materiais,
(2) não se agarrar aos bens pessoais vividos e acumulados no passado, e
(3) romper com os laços familiares.
Na realidade, ninguém, nem mesmo querendo, pode romper com os laços familiares, nem com as coisas vividas no passado. O que se exige é saber reintegrar tudo (bens materiais, vida pessoal e vida familiar) de maneira nova em torno do novo eixo que é Jesus e a Boa Nova de Deus que ele nos trouxe.

* Jesus, ele mesmo, viveu e realizou o que pedia dos seus seguidores e seguidoras. Com a sua decisão de subir para Jerusalém Jesus revela qual é o seu projeto. A sua viagem a Jerusalém (Lc 9,51 a 19,27) é apresentada como assunção (Lc 9,51), êxodo (Lc 9,31) ou travessia (Lc 17,11). Chegando em Jerusalém, ele realiza o êxodo, a assunção ou a travessia definitiva deste mundo para o Pai (Jo 13,1). Só uma pessoa verdadeiramente livre poderia realizá-lo, pois um tal êxodo supõe a entrega radical da própria vida pelo irmãos (Lc 23,44-46; 24,51). Este é o êxodo, a travessia, a assunção que as comunidades devem realizar para levar adiante o projeto de Jesus.

Para um confronto pessoal
1) Compare cada uma das três exigências com a sua própria vida?
2) Quais os problemas que apareceram em sua vida como consequência da decisão que tomou de seguir Jesus?

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