Beato João Soreth, Presbítero de nossa Ordem Prior Geral e Fundador das Ordens II e III |
Salmo
Responsorial: 77
R/. O Senhor deu-lhes
o pão do céu.
Tentaram
a Deus em seus corações, reclamando alimento segundo os seus apetites.
Murmuraram contra Deus e diziam: «Poderá Deus pôr a mesa no deserto?»
Deu
suas ordens às nuvens do alto e abriu as portas do céu; para alimento fez
chover o maná, deu-lhes o pão do céu.
O
homem comeu o pão dos fortes; Deus mandou-lhes comida com abundância. Fez
soprar o vento leste e dirigiu com o seu poder o vento sul.
Fez
chover sobre eles carne como grãos de poeira, aves tão numerosas como as areias
do mar, e caíram no meio do acampamento, ao redor das suas tendas.
Aleluia. A semente é a
palavra de Deus e o semeador é Cristo: quem O encontrar permanecerá para sempre.
Aleluia.
Evangelho
(Mt 13,1-9): Naquele dia, Jesus saiu de casa e
sentou-se à beira-mar. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso,
ele entrou num barco e sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na
praia. Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas, dizendo: «O semeador saiu
para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os
pássaros vieram e as comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde
não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas,
quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras
caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram
em terra boa e produziram frutos: umas cem, outra sessenta, outra trinta. Quem
tem ouvidos, ouça».
«O semeador saiu para
semear»
P. Julio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)
Hoje,
Jesus – pela mão de Mateus – introduz-nos nos mistérios do Reino através desta
forma tão característica de nos apresentar a sua dinâmica, por meio de
Parábolas.
A
semente é a palavra proclamada, e o semeador é Ele mesmo. Ele não procura
semear no melhor dos terrenos para garantir a melhor das colheitas. Ele veio
para que todos «tenham vida, e a tenham em abundância» (Jo 10,10). Por isso, é
que não se poupa a espalhar mãos-cheias generosas de sementes, seja «à beira do
caminho (Mt 13,4), seja no «terreno cheio de pedras» (v. 5), ou «no meio dos
espinhos» (v. 7), e finalmente «em terra boa» (v.8).
Assim,
as sementes espalhadas por mãos generosas produzem a percentagem de rendimento
que as possibilidades “toponímicas” lhes permitem. O Concílio Vaticano II diz:
«A palavra do Senhor é comparada à semente lançada ao campo: os que a ouvem com
fé e pertencem ao pequeno rebanho de Cristo, acolheram o reino de Deus; e então
a semente germina por virtude própria e cresce até ao tempo da ceifa» (Lumen
gentium, n. 5).
«Os
que a ouvem com fé», diz-nos o Concílio. Estamos habituados a ouvi-la, talvez a
lê-la e talvez a meditá-la. Conforme a profundidade de escuta na fé, assim será
a possibilidade de produzir frutos. Embora estes venham, de certa forma,
garantidos pela potência vital da Palavra-semente, não é menor a
responsabilidade que nos cabe na escuta atenta dessa Palavra. Por isso, «Quem
tem ouvidos, ouça» (Mt 13,9).
Pede
hoje ao Senhor o desejo do profeta: «Bastava descobrir as tuas palavras e eu já
as devorava, as tuas palavras para mim são prazer e alegria do coração, pois a
ti sou consagrado, Senhor, Deus dos exércitos» (Jr 15,16).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
Bta Maria das Mercês Pratt Virgem e Mártir de nossa Ordem |
Introdução:
nascimento e preparação do Messias (Mt 1 a 4)
1.
Sermão da Montanha: a porta de entrada no Reino (Mt 5 a 7)
Narrativa
Mt 8 e 9
2.
Sermão da Missão: como anunciar e irradiar o Reino (Mt 10)
Narrativa
Mt 11 e 12
3.
Sermão das Parábolas: o mistério do Reino presente na vida (Mt 13)
Narrativa
Mt 14 a 17
4.
Sermão da Comunidade: a nova maneira de conviver no Reino (Mt 18)
Narrativa
19 a 23
5.
Sermão da vinda futura do Reino: a utopia que sustenta a esperança (Mt 24 e 25)
Conclusão:
paixão, morte e ressurreição (Mt 26 a 28).
* No evangelho de hoje
vamos meditar sobre a parábola da semente. Jesus tinha um jeito bem popular de ensinar por meio
de comparações e parábolas. Geralmente, quando terminava de contar uma
parábola, ele não explicava, mas costumava dizer: “Quem tem ouvidos para ouvir
ouça!” (Mt 11,15; 13,9.43). De vez em quando, ele explicava para os discípulos
(Mt 13,36). As parábolas falam das coisas da vida: semente, lâmpada, grão de
mostarda, sal, etc. São coisas que existem na vida de todos, tanto do povo
daquele tempo como de hoje. Deste modo, a experiência que hoje nós temos destas
coisas da vida tornam-se para nós um meio para descobrir a presença do mistério
de Deus em nossas vidas. Falar em Parábolas é revelar o mistério do Reino
presente na vida.
* Mateus 13,1-3:
Sentado num barco, Jesus ensina o povo
Como
no Sermão da Montanha (Mt 5,1-2), também aqui Mateus faz uma breve introdução
ao Sermão das Parábolas, descrevendo o jeito de Jesus ensinar o povo na praia,
sentado no barco, e muita gente ao redor para escutar. Jesus não era uma pessoa
estudada (Jo 7,15). Não tinha frequentado a escola superior de Jerusalém. Vinha
do interior, da roça, de Nazaré. Era um desconhecido, meio camponês, meio
artesão. Sem pedir licença às autoridades religiosas, começou a ensinar o povo.
O povo gostava de ouvi-lo. Jesus ensinava sobretudo através de parábolas. Já
vimos várias: do pescador de homens (Mt 4,19), do sal (Mt 5,13), da lâmpada (Mt
5,15), das aves do céu e dos lírios do campo (Mt 6,26.28), da casa construída
na rocha (Mt 7,24). Mas agora, no capítulo 13, as parábolas começam a ter um
significado especial: servem para revelar o mistério do Reino de Deus presente
no meio do povo e na atividade de Jesus.
* Mateus 13,4-8: A
parábola da semente retrata a vida do camponês.
Naquele
tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muitas pedras. Muito
mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava
estrada e, passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mt 12,1). Mesmo
assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava,
confiando na força da semente, na generosidade da natureza. A parábola do
semeador descreve o que todos sabiam e faziam: a semente jogada pelo agricultor
vai caindo. Uma parte cai à beira do caminho; outra parte, nas pedras ou entre
os espinhos; outra parte em terra boa, onde, de acordo com a qualidade do
terreno, vai produzindo trinta, sessenta e até cem. Uma parábola é uma
comparação. Ela usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as
coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. O povo da Galileia entendia
de semente, de terreno, chuva, sol, e colheita. Ora, eram exatamente estas
coisas conhecidas do povo que Jesus usou na parábola para explicar o mistério
do Reino.
* Mateus 13,9: Quem
tem ouvidos ouça
A
expressão “Quem tem ouvidos ouça” significa: “É isso! Vocês ouviram. Agora
tratem de entender!” O caminho para chegar ao entendimento da parábola é a
busca: “Tratem de entender!” A parábola não entrega tudo pronto, mas leva a
pensar e faz descobrir a partir da própria experiência que os ouvintes têm da
semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem
pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas
entrega a fonte. O agricultor que escutou a parábola, diz: “Semente no terreno,
eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que
seria?” E aí você pode imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe
com o povo e leva a escutar a natureza e a pensar na vida. Certa vez, alguém
perguntou numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o
sal?” Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para
o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser
sal é difícil e exigente. A parábola funcionou!
Para um confronto
pessoal
1. Como foi o ensino do catecismo que
você recebeu quando criança? Foi de comparações tiradas da vida? Você lembra de
alguma comparação importante que a catequista contou? E hoje, como é a
catequese na sua comunidade?
2. Às vezes, somos caminho; outras vezes,
pedra; outras vezes, espinhos; outras vezes, é terra boa. O que sou eu? Na
nossa comunidade, o que somos? Quais os frutos que a Palavra de Deus está
produzindo na minha vida, na minha família e na nossa comunidade: trinta,
sessenta ou cem?
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