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domingo, 28 de abril de 2019

Terça-feira da 2ª semana da Páscoa

São Pio V, Papa
1ª Leitura (At 4,32-37): A multidão dos haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma; ninguém considerava seu o que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum. Os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus com grande poder e gozavam todos de muita simpatia. Não havia entre eles qualquer necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e traziam o produto das vendas, que depunham aos pés dos Apóstolos, e distribuía-se então a cada um conforme a sua necessidade. José, um levita natural de Chipre, a quem os Apóstolos chamaram Barnabé – que quer dizer «Filho da Consolação» – possuía um campo. Vendeu-o e trouxe o dinheiro, que depositou aos pés dos Apóstolos.

Salmo Responsorial: 92
R. O Senhor é rei num trono de luz.

O Senhor é rei, revestiu-Se de majestade, revestiu-Se e cingiu-Se de poder.

Firmou o universo, que não vacilará. É firme o vosso trono desde sempre, Vós existis desde toda a eternidade.

Os vossos testemunhos são dignos de toda a fé, a santidade habita na vossa casa por todo o sempre.

Aleluia. O Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Aleluia.

Evangelho (Jo 3,7-15): «Não te admires do que eu te disse: É necessário para vós nascer do alto. O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito». Nicodemos, então, perguntou: «Como pode isso acontecer?» Jesus respondeu: «Tu és o mestre de Israel e não conheces estas coisas? Em verdade, em verdade, te digo: nós falamos do que conhecemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho. Se não acreditais quando vos falo das coisas da terra, como ireis crer quando eu vos falar das coisas do céu? Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna».

«É necessário para vós nascer do alto»

Rev. D. Xavier SOBREVÍA i Vidal (Castelldefels, Espanha)

S, José de Cotolengo, Presbítero
Hoje, Jesus nos expõe a dificuldade de prevenir e conhecer a ação do Espírito Santo: de fato, «sopra onde quer» (Jo 3,8). Isto relaciona-o com o testemunho que Ele mesmo está dando e com a necessidade de nascer do alto. «É necessário para vós nascer» (Jo 3,7), diz o Senhor com claridade, é necessária uma nova vida para poder entrar na vida eterna. Não é suficiente com um ir puxando para chegar ao Reino dos Céus, é necessária uma vida nova regenerada pela ação do Espírito de Deus. A nossa vida profissional, familiar, esportiva, cultural, lúdica e, sobretudo, de piedade tem que ser transformada pelo sentido cristão e pela ação de Deus. Tudo, transversalmente, tem que ser impregnado pelo seu Espírito. Nada, absolutamente, nada deveria ficar fora da renovação que Deus realiza em nós com o seu Espírito.

Uma transformação que tem Jesus Cristo como catalisador. Ele, que antes tinha que ser elevado na Cruz e que também tinha que ressuscitar, é quem pode fazer com que o Espírito de Deus nos seja enviado. Ele que tem vindo do alto. Ele que tem mostrado com muitos milagres o seu poder e a sua bondade. Ele que em tudo faz a vontade do Pai. Ele que tem sofrido até derramar a última gota de sangue por nós. Graças ao Espírito que nos enviará, nós «podemos subir ao Reino dos Céus, por Ele obtemos a adoção filial, por Ele se nos dá a confiança de nomear Deus com o nome de “Pai”, a participação da graça de Cristo e o direito a participar da gloria eterna» (São Basílio Magno).

Façamos que a ação do Espírito tenha acolhimento em nós, escutemo-lhe e, apliquemos as suas inspirações para que cada um seja –no seu lugar habitual- um bom exemplo elevado que irradie a Luz de Cristo.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* O evangelho de hoje traz uma parte da conversa de Jesus com Nicodemos.
Nicodemos tinha ouvido falar das coisas que Jesus realizava, ficou impressionado e queria conversar com Jesus para poder entender melhor. Ele pensava conhecer as coisas de Deus. Vivia com o livrinho do passado na mão para ver se o novo que Jesus anunciava estava de acordo. Na conversa, Jesus disse que a única maneira para ele, Nicodemos, poder entender as coisas de Deus era nascer de novo! Às vezes, nós somos como Nicodemos: só aceitamos como novo aquilo que está de acordo com as nossas antigas ideias. Outras vezes, deixamos nos surpreender pelos fatos e não temos medo de dizer: "Nasci de novo!"

* Quando os evangelistas recolhem as palavras de Jesus, eles têm presente os problemas das comunidades para as quais escrevem. As perguntas de Nicodemos a Jesus eram um espelho das perguntas das comunidades da Ásia Menor do fim do primeiro século. Por isso, as respostas de Jesus a Nicodemos eram, ao mesmo tempo, uma resposta para os problemas daquelas comunidades. Era assim que os cristãos faziam a catequese naquele tempo. Muito provavelmente, o relato da conversa entre Jesus e Nicodemos fazia parte da catequese batismal, pois diz que as pessoas devem renascer da água e do espírito (Jo 3,6).

* João 3,7b-8: Nascer do alto, nascer de novo, nascer do Espírito.
Em grego, a mesma palavra significa de novo e do alto.  Jesus tinha dito “Quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5). E acrescentou: "O que nasceu da carne é carne. O que nasceu do Espírito é Espírito" (Jo 3,6). Aqui, carne significa aquilo que nasce só das nossas ideias. O que nasce de nós tem o nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! E Jesus reafirmou novamente o que tinha dito antes: “Vocês devem nascer do alto (de novo)”. Ou seja, devem renascer do Espírito que vem do alto. E ele explica que o Espírito é como o vento. Tanto no hebraico como no grego, usa-se a mesma palavra para dizer espírito evento. Jesus diz: "O vento sopra onde quer e você ouve o seu ruído, mas você não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito".  O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, por exemplo, o vento Norte ou o vento Sul, mas não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se movimenta nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. "Ninguém é senhor do Espírito" (Ecl 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o Espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é mistério, seu destino é mistério. O barqueiro deve, primeiro, descobrir o rumo do vento. Depois, deve colocar as velas de acordo com este rumo. É o que Nicodemos e todos nós temos de fazer.

* João 3,9: Pergunta de Nicodemos: Como é que isto pode acontecer? 
Jesus não disse nada mais do que resumir o que o Antigo Testamento já ensinava sobre a ação do Espírito, do vento santo, na vida do povo de Deus e que Nicodemos, como mestre e doutor, devia saber. Mesmo assim, Nicodemos se espantou com a resposta de Jesus e se faz de ignorante: "Como é que isto pode acontecer?".

* João 3,10-15: Resposta de Jesus: a fé nasce do testemunho e não do milagre. 
Jesus dá o troco: "Você é mestre em Israel e não sabe disso?" Pois para Jesus, se uma pessoa crê só quando as coisas estão de acordo com os seus próprios argumentos e ideias, ainda não é perfeita a sua fé. Perfeita, sim, é a fé da pessoa que acredita por causa do testemunho. Ela deixa de lado seus próprios argumentos e se entrega, porque crê naquele que testemunhou.

Para um confronto pessoal
1. Você já passou por alguma experiência que lhe deu a sensação de nascer de novo? Como foi?

2. Jesus compara a ação do Espírito Santo com o vento. O que esta comparação nos revela sobre a ação do Espírito de Deus em nossa vida? Você já colocou as velas do barco da sua vida de acordo com o rumo do vento, do Espírito?

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