(1Sam 1,24-28): Naqueles
dias, Ana tomou Samuel consigo e, levando um novilho de três anos, três medidas
de farinha e um odre de vinho, conduziu-o à casa do Senhor, em Silo. O menino
era muito pequeno. Imolaram o novilho e apresentaram o menino a Heli. Ana
disse-lhe: «Ouve, meu senhor. Por tua vida, eu sou aquela mulher que esteve
aqui orando ao Senhor na tua presença. Eis o menino por quem orei: o Senhor
ouviu a minha súplica. Por isso também eu o ofereço para que seja consagrado ao
Senhor todos os dias da sua vida». E adoraram o Senhor.
Salmo Responsorial:
127
R. Felizes os que esperam no Senhor
e seguem os seus caminhos.
Feliz de
ti, que temes o Senhor e andas nos seus caminhos. Comerás do trabalho das tuas
mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa
será como videira fecunda, no íntimo do teu lar; teus filhos serão como ramos
de oliveira, ao redor da tua mesa.
Assim será
abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião te abençoe o Senhor: vejas a
prosperidade de Jerusalém, todos os dias da tua vida.
2ª Leitura (Col
3,12-21):
Irmãos:
Como eleitos de Deus, santos e prediletos, revesti-vos de sentimentos de
misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos
outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro.
Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo,
revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações
a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em ação
de graças. Habite em vós com abundância a palavra de Cristo, para vos
instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos,
hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão.
E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor
Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos vossos
maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as
trateis com aspereza. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto
agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em
desânimo.
Aleluia. Reine em
vossos corações a paz de Cristo, habite em vós a sua palavra. Aleluia.
Evangelho (Lc
2,41-52):
Todos
os anos, os pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando
completou doze anos, eles foram para a festa, como de costume. Terminados os
dias da festa, enquanto eles voltavam, Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus
pais percebessem. Pensando que se encontrasse na caravana, caminharam um dia
inteiro. Começaram então a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Mas, como
não o encontrassem, voltaram a Jerusalém, procurando-o. Depois de três dias, o
encontraram no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes
perguntas. Todos aqueles que ouviam o menino ficavam maravilhados com sua inteligência
e suas respostas. Quando o viram, seus pais ficaram comovidos, e sua mãe lhe
disse: «Filho, por que agiste assim conosco? Olha, teu pai e eu estávamos,
angustiados, à tua procura!» Ele respondeu: «Por que me procuráveis? Não
sabíeis que eu devo estar naquilo que é de meu pai?» Porém, não compreenderam a palavra que ele
lhes falou. Jesus desceu, então, com seus pais para Nazaré e era obediente a
eles. Sua mãe guardava todas estas coisas no coração. E Jesus ia crescendo em
sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens.
«O encontraram no templo, sentado entre os mestres. Ficavam maravilhados com sua inteligência»
Rev. D. Joan Ant. MATEO i García (La Fuliola, Lleida,
Espanha)
Hoje
contemplamos, como continuação do Mistério da Encarnação, a inserção do Filho
de Deus na comunidade humana por excelência, a família e, a progressiva
educação de Jesus por parte de José e Maria. Como diz o Evangelho, «E Jesus ia
crescendo em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens» (Lc 2,52).
O livro do
Eclesiástico, lembra-nos que «Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre
eles, a autoridade da mãe» (Si 3,2). Jesus tem doze anos e manifesta a boa
educação recebida no lar de Nazaré. A sabedoria que mostra evidencia, sem
dúvidas, a ação do Espírito Santo, mas também o inegável bom saber educador de
José e Maria. A inquietação de Maria e José põe de manifesto sua solicitude
educadora e sua companhia amorosa para com Jesus.
Não é necessário
fazer grandes arrazoamentos para ver que hoje, mais do que nunca, é necessário
que a família assuma com força a missão educadora que Deus lhe confiou. Educar
é introduzir na realidade e, somente o pode fazer aquele que a vive com
sentido. Os pais e mães cristãos devem educar desde Cristo, fonte de sentido e
de sabedoria.
Dificilmente
podem pôr remédio aos déficit de educação do lar. Tudo aquilo que não se
aprende em casa não se aprende fora, se não é com grande dificuldade. Jesus
vivia e aprendia com naturalidade no lar de Nazaré as virtudes que José e Maria
exerciam constantemente: espírito de serviço a Deus e aos homens, piedade, amor
ao trabalho bem feito, solicitude de uns pelos outros, delicadeza, respeito,
horror ao pecado... As crianças, para crescerem com cristãos, necessitam
testemunhos e, se estes são os pais, essas crianças serão afortunadas.
É
necessário que todos vamos hoje buscar a sabedoria de Cristo para levá-la a
nossas famílias. Um antigo escritor, Orígenes, comentado no Evangelho de hoje,
dizia que é necessário que aquele que procura Cristo, o procure não de maneira
negligente e com desleixo, como o fazem alguns que não o acham nunca. Há que
procurá-lo com “inquietude”, com grande afã, como o procuravam José e Maria.
A Sagrada Família de
Nazaré é um modelo para todas as famílias humanas e cristãs.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
A festa da
Sagrada Família è recente. Foi estabelecida pelo Papa Leão XIII para dar às
famílias cristãs um modelo entranhável e evangélico. Todas as leituras de hoje
traçam um programa para viver em família como Deus quer.
Em primeiro
lugar, sabemos pouco da infância de Jesus, porém sim sabemos que quis nascer e
viver numa família, e experimentar a nossa existência humana com todas as
surpresas, sobressaltos, êxitos e fracassos. E por se fosse pouco, escolheu uma
família pobre, trabalhadora, que teria muitos momentos de paz e serenidade, è
verdade, mas que também soube de apertos econômicos, de emigração, de
perseguição, de solidão e de morte, como tantas família hoje em dia, e que os
bispos comentaram no Sínodo faz alguns meses. Devemos nos aproximar da família
de Nazaré com um infinito respeito, pois está submersa no mistério de Deus-
Deus quis nascer numa família humana- e è um modelo amável de muitas virtudes
que deveriam copiar as famílias cristãs: a mútua acolhida, a comunhão perfeita,
a fé em Deus, a fortaleza diante das dificuldades, o cumprimento das leis
sociais e da vontade de Deus. Perguntemo-nos como se tratariam José e Maria:
com que delicadeza, ternura, respeito, fidelidade. Perguntemo-nos como Jesus os
amava com carinho, obedecia-lhes com alegria e era para eles motivo de profunda
satisfação e são orgulho. Maria e José tinha a sagrada custódia de Jesus; daí a
preocupação quando o perderam em Jerusalém (evangelho). E esse Jesus era o Sol
do lar de Nazaré. E para Jesus, Maria era a ternura feita carinho materno, e
José era o papai solícito, sacrificado e honesto, de quem aprendeu dia-a-dia
nessa carpintaria.
Em segundo
lugar, nas leituras da missa de hoje, Deus nos traça um programa concreto para
todas as famílias. Para nós seria melhor e se acabariam as separações e os
divórcios, as brigas, as pancadas e a falta de respeito, as crianças
abandonadas na rua e jogados na intempérie das más companhias, os avós
descartados e levados a qualquer geriátrico ou asilo… se colocássemos em
prática o que nos diz a primeira leitura do Eclesiástico: os filhos devem
honrar os pais, cuidando deles na velhice, não causando-lhes tristeza,
tratando-os com paciência e sem desprezá-los porque já perderam o vigor e a saúde.
A estes conselhos acrescentamos os outros de São Paulo aos colossenses na
segunda leitura: misericórdia, bondade, humildade, doçura, compreensão,
capacidade de perdão. Tudo se resume no amor, que é o vínculo da unidade
consumada (2 leitura). A festa de hoje não nos dá soluções técnicas e
econômicas para a vida familiar ou social, mas nos oferece as claves mais
profundas, humanas e cristãs, desta convivência. E o evangelho de hoje termina
assim: “Jesus ia crescendo em sabedoria, idade e graça diante de Deus e diante
dos homens”. Podemos dizer isto também dos filhos das nossas famílias?
Finalmente,
esta festa também compromete a Igreja no trato com a família. O Sínodo sobre a
família pôs de releve a importância da pastoral familiar. Se è verdade o que
disse o Papa Francisco em Filadélfia, Estados Unidos, durante o Congresso da
Família em setembro deste ano 2015, improvisando o discurso: “A coisa mais
linda que Deus fez, diz a Bíblia, foi a família. Criou o homem e a mulher, e
lhes entregou tudo, entregou-lhes o mundo! Cresçam, multipliquem-se, cultivem a
terra, façam-na produzir, façam-na crescer. Todo o amor que fez nessa criação
maravilhosa o entregou a uma família… E uma família è realmente família quando
è capaz de abrir os braços e receber todo esse amor” (26 de setembro de 2015) …
se isto è verdade, então a Igreja não pode fechar os olhos nem as entranhas à
família. Uma prova disto foi o Sínodo. Vários bispos pediram à Igreja um estilo
novo de proximidade da Igreja às famílias, uma proximidade contagiosa, uma
ternura forte e exigente, tanto nas tristezas como nas alegrias. Outros
sugeriram uma série de boas práticas que ajudariam a viver a dimensão
espiritual da família: a recepção da Palavra de Deus na família, a catequese
familiar e o explícito impulso, que deveria constar no documento final do
Sínodo, de orações para-litúrgicas e rituais no seio familiar. Teve quem pediu
que se fale da fidelidade e indissolubilidade, não como superpostas ao
compromisso, mas como profundamente integradas na linguagem do amor e
compreendidas na sua dimensão teologal. Não temos uma teologia da família, mas
do matrimônio e mais vinculada ao lado moral. O Magistério deveria apresentar o
Evangelho da família de forma orgânica e integrada, sem esquecer a dimensão
evangelizadora da família, pois cada família è “igreja doméstica” e ao mesmo
tempo “igreja missionaria”. E do mesmo jeito “a família è escola de humanidade
e de santificação”.
Para refletir: As nossas famílias têm claro o plano
de Deus para elas? O que mais a Igreja deve fazer pelas famílias? Como ajudar
as famílias feridas e que sofrem o fracasso matrimonial, a pobreza, a
emigração, a solidão…?
Para rezar: rezemos com o Papa Francisco esta
oração que nos presenteou, pelas famílias: “Jesus, Maria e José, em vocês contemplamos
o esplendor do amor verdadeiro, a vocês nos dirigimos com confiança. Sagrada
Família de Nazaré, faça que também as nossas famílias sejam lugares de comunhão
e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas Igrejas
domesticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais nas famílias se vivam
experiências de violência, fechamento e divisão; que tudo o que tenha sido
ferido ou escandalizado conheça logo o consolo e a cura. Sagrada Família de
Nazaré, que no próximo sínodo dos Bispos possa despertar em todos a consciência
do caráter sagrado e inviolável da família, a sua beleza no projeto de Deus.
Jesus, Maria e José, escutem e atendam a nossa súplica. Amém”.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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