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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Terça-feira da 31ª semana do Tempo Comum

S. Nuno de Santa Maria Álvares Pereira
Religioso de nossa Ordem

1ª Leitura (Fl 2,5-11): Irmãos: Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Salmo Responsorial: 21
R. Eu Vos louvo, Senhor, na assembleia dos justos.

Cumprirei a minha promessa na presença dos vossos fiéis. Os pobres hão de comer e serão saciados, louvarão o Senhor os que O procuram: vivam os seus corações para sempre.

Hão de lembrar-se do Senhor e converter-se a Ele todos os confins da terra; e diante d’Ele virão prostrar-se todas as famílias das nações.

Ao Senhor pertence a realeza, é Ele quem governa os povos. Só ao Senhor hão de adorar todos os grandes do mundo.

Para Ele viverá a minha alma, há de servi-lo a minha descendência. Falar-se-á do Senhor às gerações futuras e a sua justiça será revelada ao povo que há de vir: «Eis o que fez o Senhor».

Aleluia. Vinde a Mim, todos vós que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei, diz o Senhor. Aleluia.

Evangelho (Lc 14,15-24): Tendo ouvido isso, um dos que estavam junto à mesa disse a Jesus: Feliz quem come o pão no Reino de Deus! Ele respondeu: Alguém deu um grande banquete e convidou muitas pessoas. Na hora do banquete, mandou seu servo dizer aos convidados: Vinde! Tudo está pronto. Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: Comprei um campo e preciso ir vê-lo. Peço que me desculpes. Outro explicou: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las. Peço que me desculpes. Um terceiro justificou: Acabo de me casar e, por isso, não posso ir.  O servo voltou e contou tudo a seu senhor. Então o dono da casa ficou irritado e disse ao servo: Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. E quando o servo comunicou: Senhor, o que mandaste fazer foi feito, e ainda há lugar, o senhor ordenou ao servo: Sai pelas estradas e pelos cercados, e obriga as pessoas a entrar, para que minha casa fique cheia. Pois eu vos digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete

«Sai pelas estradas e pelos cercados, e obriga as pessoas a entrar, para que minha casa fique cheia»

Rev. D. Joan COSTA i Bou (Barcelona, Espanha)

Hoje o Senhor oferece-nos uma imagem da eternidade representada por um banquete. O banquete significa o lugar onde a família e os amigos se encontram juntos, gozando da companhia, da conversa e da amizade à volta da mesma mesa. Esta imagem fala-nos da intimidade com Deus trindade e do gozo que encontraremos na estância do Céu. Tudo o fez para nós, e chama-nos porque tudo está pronto (Lc 14,17). Nos quer com Ele; quer a todos os homens e mulheres do mundo ao seu lado, a cada um de nós.

É necessário, no entanto, que queiramos ir. E apesar de sabermos que é onde melhor se está, porque o céu é a nossa morada eterna, que excede todas as mais nobres aspirações humanas - o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu (1Cor 2,9) e, portanto, nada lhe é comparável-; no entanto somos capazes de recusar o convite divino e perder eternamente a melhor oferta que Deus nos podia fazer: participar da sua casa, da sua mesa, da sua intimidade para sempre. Que grande responsabilidade!

Somos, decididamente, capazes de trocar a Deus por qualquer coisa. Uns, como lemos no Evangelho de hoje, por um campo; outros por uns bois. E você e eu, pelo que é que somos capazes de trocar aquele que é o nosso Deus e o seu convite? Há quem por preguiça, por desleixo, por comodidade deixa de cumprir os seus deveres de amor para com Deus. Deus vale tão pouco que o substituímos por qualquer outra coisa? Que a nossa resposta ao oferecimento divino seja sempre um sim, cheio de agradecimento e de admiração.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje dá continuidade ao ensinamento que Jesus estava dando em torno de vários assuntos, todos ligados à mesa e à refeição: uma cura durante a refeição (Lc 14,1-6); um conselho para não ocupar logo os primeiros lugares (Lc 14,7-12); um conselho para convidar os excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de Jesus em torno de uma determinada palavra, como mesa ou refeição, ajuda a perceber o método usado pelos primeiros cristãos para guardar na memória as palavras de Jesus.

* Lucas 14,12: Convite interesseiro
Jesus está jantando na casa de um fariseu que o tinha convidado (Lc 14,1). O convite para o jantar é o assunto do ensinamento do evangelho de hoje. Existem vários tipos de convite: convites interesseiros em benefício de si mesmo e convites desinteressados em benefício dos outros. Jesus diz: "Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa”. O costume normal do povo era este: para almoçar ou jantar eles convidavam amigos, irmãos e parentes. Pois sentar à mesa com pessoas desconhecidas ninguém fazia. Comunhão de mesa só com gente amiga! Este era o costume entre os judeus. É este também o nosso costume até hoje. Jesus pensa diferente e manda fazer convites desinteressados que ninguém costuma fazer.

* Lucas 14,13-14: Convite desinteressado
Jesus diz: “Quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos”. Jesus manda romper o círculo fechado e pede para convidar os excluídos: pobres, aleijados, mancos, cegos. Este não era o costume e, até hoje, ninguém faz isso. Mas Jesus insiste: “Convida esse pessoal!” Por quê? Porque no convite desinteressado, dirigido a pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte de felicidade: “Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir”. Felicidade estranha, diferente! Você será feliz porque eles não podem retribuir. É a felicidade que nasce do fato de você ter feito um gesto de gratuidade total. Um gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem esperar nada em troca. É a felicidade de quem faz as coisas gratuitamente, sem querer nenhuma retribuição. Jesus diz que esta felicidade é a semente da felicidade que Deus vai dar na ressurreição. Ressurreição, não só no fim da história, mas já desde agora. Agir assim já é uma ressurreição!

* É o Reino acontecendo. O conselho que Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o envio dos setenta e dois discípulos para a missão de anunciar o Reino (Lc 10,1-9). Entre as várias recomendações dadas naquela ocasião como sinais da presença do Reino, estão (1) a comunhão de mesa e (2) a acolhida aos excluídos: “Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: O Reino de Deus chegou!” (Lc 10,8-9) Aqui, nestas recomendações, Jesus manda transgredir aquelas normas de pureza legal que impediam a convivência fraterna.

Para um confronto pessoal
1) Convite interesseiro e convite desinteressado: qual dos dois acontece mais na minha vida?
2) Se você fizesse só convites desinteressados, isto lhe traria dificuldades? Quais?

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