S. Nuno de Santa Maria Álvares Pereira Religioso de nossa Ordem |
1ª Leitura (Fl 2,5-11):
Irmãos: Tende em vós os mesmos
sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que era de condição divina, não Se
valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a
condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem,
humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus
O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome
de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua
proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Salmo Responsorial: 21
R.
Eu Vos louvo, Senhor, na assembleia dos justos.
Cumprirei a minha
promessa na presença dos vossos fiéis. Os pobres hão de comer e serão saciados,
louvarão o Senhor os que O procuram: vivam os seus corações para sempre.
Hão de lembrar-se do
Senhor e converter-se a Ele todos os confins da terra; e diante d’Ele virão
prostrar-se todas as famílias das nações.
Ao Senhor pertence a
realeza, é Ele quem governa os povos. Só ao Senhor hão de adorar todos os
grandes do mundo.
Para Ele viverá a
minha alma, há de servi-lo a minha descendência. Falar-se-á do Senhor às
gerações futuras e a sua justiça será revelada ao povo que há de vir: «Eis o
que fez o Senhor».
Aleluia. Vinde a Mim, todos vós que
andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei, diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho (Lc 14,15-24): Tendo ouvido
isso, um dos que estavam junto à mesa disse a Jesus: Feliz quem come o pão no
Reino de Deus! Ele respondeu: Alguém deu um grande banquete e convidou muitas
pessoas. Na hora do banquete, mandou seu servo dizer aos convidados: Vinde!
Tudo está pronto. Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro
disse: Comprei um campo e preciso ir vê-lo. Peço que me desculpes. Outro
explicou: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las. Peço que me
desculpes. Um terceiro justificou: Acabo de me casar e, por isso, não posso ir.
O servo voltou e contou tudo a seu
senhor. Então o dono da casa ficou irritado e disse ao servo: Sai depressa
pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos
e os coxos. E quando o servo comunicou: Senhor, o que mandaste fazer foi feito,
e ainda há lugar, o senhor ordenou ao servo: Sai pelas estradas e pelos
cercados, e obriga as pessoas a entrar, para que minha casa fique cheia. Pois
eu vos digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete
«Sai pelas estradas e pelos
cercados, e obriga as pessoas a entrar, para que minha casa fique cheia»
Rev.
D. Joan COSTA i Bou (Barcelona, Espanha)
Hoje o Senhor
oferece-nos uma imagem da eternidade representada por um banquete. O banquete
significa o lugar onde a família e os amigos se encontram juntos, gozando da
companhia, da conversa e da amizade à volta da mesma mesa. Esta imagem fala-nos
da intimidade com Deus trindade e do gozo que encontraremos na estância do Céu.
Tudo o fez para nós, e chama-nos porque tudo está pronto (Lc 14,17). Nos quer
com Ele; quer a todos os homens e mulheres do mundo ao seu lado, a cada um de
nós.
É necessário, no
entanto, que queiramos ir. E apesar de sabermos que é onde melhor se está,
porque o céu é a nossa morada eterna, que excede todas as mais nobres
aspirações humanas - o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos
jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu (1Cor
2,9) e, portanto, nada lhe é comparável-; no entanto somos capazes de recusar o
convite divino e perder eternamente a melhor oferta que Deus nos podia fazer:
participar da sua casa, da sua mesa, da sua intimidade para sempre. Que grande
responsabilidade!
Somos, decididamente,
capazes de trocar a Deus por qualquer coisa. Uns, como lemos no Evangelho de
hoje, por um campo; outros por uns bois. E você e eu, pelo que é que somos
capazes de trocar aquele que é o nosso Deus e o seu convite? Há quem por
preguiça, por desleixo, por comodidade deixa de cumprir os seus deveres de amor
para com Deus. Deus vale tão pouco que o substituímos por qualquer outra coisa?
Que a nossa resposta ao oferecimento divino seja sempre um sim, cheio de
agradecimento e de admiração.
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
* O evangelho de hoje dá continuidade
ao ensinamento que Jesus estava dando em torno de vários assuntos, todos
ligados à mesa e à refeição: uma cura durante a refeição (Lc 14,1-6); um
conselho para não ocupar logo os primeiros lugares (Lc 14,7-12); um conselho
para convidar os excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de
Jesus em torno de uma determinada palavra, como mesa ou refeição, ajuda a
perceber o método usado pelos primeiros cristãos para guardar na memória as
palavras de Jesus.
*
Lucas 14,12: Convite interesseiro
Jesus está jantando na
casa de um fariseu que o tinha convidado (Lc 14,1). O convite para o jantar é o
assunto do ensinamento do evangelho de hoje. Existem vários tipos de convite:
convites interesseiros em benefício de si mesmo e convites desinteressados em
benefício dos outros. Jesus diz: "Quando você der um almoço ou jantar, não
convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses
irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa”. O costume
normal do povo era este: para almoçar ou jantar eles convidavam amigos, irmãos
e parentes. Pois sentar à mesa com pessoas desconhecidas ninguém fazia.
Comunhão de mesa só com gente amiga! Este era o costume entre os judeus. É este
também o nosso costume até hoje. Jesus pensa diferente e manda fazer convites
desinteressados que ninguém costuma fazer.
*
Lucas 14,13-14: Convite desinteressado
Jesus diz: “Quando
você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos”. Jesus manda
romper o círculo fechado e pede para convidar os excluídos: pobres, aleijados,
mancos, cegos. Este não era o costume e, até hoje, ninguém faz isso. Mas Jesus
insiste: “Convida esse pessoal!” Por quê? Porque no convite desinteressado,
dirigido a pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte de felicidade:
“Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir”. Felicidade
estranha, diferente! Você será feliz porque eles não podem retribuir. É a
felicidade que nasce do fato de você ter feito um gesto de gratuidade total. Um
gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem esperar nada em troca.
É a felicidade de quem faz as coisas gratuitamente, sem querer nenhuma
retribuição. Jesus diz que esta felicidade é a semente da felicidade que Deus
vai dar na ressurreição. Ressurreição, não só no fim da história, mas já desde
agora. Agir assim já é uma ressurreição!
*
É o Reino acontecendo.
O conselho que Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o envio dos setenta e
dois discípulos para a missão de anunciar o Reino (Lc 10,1-9). Entre as várias
recomendações dadas naquela ocasião como sinais da presença do Reino, estão (1)
a comunhão de mesa e (2) a acolhida aos excluídos: “Quando entrarem numa
cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, curem os doentes
que nela houver. E digam ao povo: O Reino de Deus chegou!” (Lc 10,8-9) Aqui,
nestas recomendações, Jesus manda transgredir aquelas normas de pureza legal
que impediam a convivência fraterna.
Para
um confronto pessoal
1) Convite interesseiro e convite
desinteressado: qual dos dois acontece mais na minha vida?
2) Se você fizesse só convites
desinteressados, isto lhe traria dificuldades? Quais?
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