São Leão I, o Magno - Papa |
Salmo Responsorial: 111
R.
Felizes os que esperam no Senhor.
Feliz o homem que teme
o Senhor e ama ardentemente os seus preceitos. A sua descendência será poderosa
sobre a terra, será abençoada a geração dos justos.
Ditoso o homem que se
compadece e empresta e dispõe das suas coisas com justiça. Este jamais será
abalado, o justo deixará memória eterna.
O seu coração é
inabalável e nada teme, reparte com largueza pelos pobres; a sua generosidade
permanece para sempre e pode levantar a sua fronte com dignidade.
Aleluia. Jesus Cristo, sendo rico,
fez-Se pobre, para nos enriquecer na sua pobreza. Aleluia.
Evangelho (Lc 16,9-15):
Naquele tempo, diz Jesus aos discípulos:
«Eu vos digo: usai o Dinheiro, embora iníquo, para fazer amigos. Quando acabar,
eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas será
fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto também nas
grandes. Por isso, se não sois fiéis no uso do Dinheiro iníquo, quem vos
confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos
dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a
um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a
Deus e ao Dinheiro». Os fariseus, amigos
do dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam de Jesus. Então, ele lhes disse: «Vós
gostais de parecer justos diante dos outros, mas Deus conhece vossos corações.
Com efeito, o que as pessoas exaltam é detestável para Deus».
«Quem é fiel nas pequenas coisas
será fiel também nas grandes»
Rev.
D. Joaquim FORTUNY i Vizcarro (Cunit, Tarragona, Espanha)
Hoje Jesus fala outra
vez com autoridade: usa «Eu vos digo», que tem força peculiar, de doutrina
nova. «Ele quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade»
(cf. Tm 2,4). Deus quer um povo santo e nos mostra as dicas necessárias para
alcançar a santidade e possuir o verdadeiro: a fidelidade nas coisas pequenas,
a autenticidade e lembrar que Deus conhece nossos corações.
A fidelidade está ao
nosso alcance. Em geral nossos dias transcorrem no que chamamos de normalidade:
o mesmo trabalho, as mesmas pessoas, algumas práticas de piedade, a mesma
família. Nessas realidades ordinárias devemos crescer como pessoas e em
santidade. «Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes» (Lc
16,10). É preciso fazer bem as coisas, com boa intenção, com desejo de agradar
a Deus, nosso Pai; fazer as coisas com amor, tem muito valor e prepara-nos para
receber o verdadeiro. São Josemaria expressava: «Viste como ergueram aquele
edifício de grandeza imponente? - Um tijolo, e outro. Milhares. Mas um a um. -
E sacos de cimento, um a um. E blocos de pedra, que pouco representam na mole
do conjunto. - E pedaços de ferro. - E operários que trabalham, dia a dia, as
mesmas horas. . . Viste como levantaram aquele edifício de grandeza
imponente?... À força de pequenas coisas!»
Examinar nossa
consciência cada noite, nos ajudará a viver com retitude de intenção e não
esquecer que Deus vê tudo, até os pensamentos mais ocultos, como temos
aprendido no catecismo, e que o importante é agradar em todo momento a Deus,
nosso Pai, a quem servimos com amor, sabendo que «Ninguém pode servir a dois
senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o
outro» (Lc 16,13). Nunca o esqueçamos: «Só Deus é Deus» (Bento XVI).
«Eu vos digo: usai o Dinheiro,
embora iníquo, para fazer amigos»
Rev.
D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje, rodeados como
estamos de um ambiente consumista, Jesus volta a acariciar a nossa consciência
para nos persuadir das falsas felicidades. E, não o faz carregando-nos com
proibições, porque o caminho da santidade é —primeiro que nada— um convite à
felicidade: «Se queres entrar na vida…» (Mt 19,17). O Senhor nos anima a
trabalhar, a gerir o "dinheiro" deste mundo com retidão de intenção e
afã de serviço.
Somos chamados ao mais
alto (à caridade) tratando das coisas da terra em um sentido construtivo. O
Criador mandou “dominar a terra”, mas não de qualquer jeito nem a qualquer
preço, pois, também, nos pediu, “nos multiplicar” e “encher” a terra (cf. Gn
1,28). Só o amor (o dar-se aos demais) é a verdadeira medida dessa plenitude
que Deus nos pede já nesta vida.
Com a expressão
«dinheiro injusto» (Lc 16,9) Jesus Cristo se refere as coisas da terra que em
si mesmas, sem ser más, não nos fazem justos nem nos preparam para a felicidade
eterna. O Mestre nos convida a amar aos demais («fazer amigos») não só através
da oração, senão também no dia a dia, com um reto e serviçal manejo dos bens terrenos.
A eternidade é longa
demais aos “entretenimentos”: quem se diverte neste mundo, sofrerá de tédio na
eternidade. Porém, o amor — que sempre aspira a crescer — goza na eternidade.
Por isso, devemos de evitar o “encolhimento do coração” ocasionado pelo
divertimento com o dinheiro “injusto”.
Hoje como antanho, não
faltam pessoas que ouvindo essas coisas seguem se burlando de Jesus (cf. Lc
16,14). Assim, ao Vicário de Cristo o tacham de intransigente, ao mesmo tempo
em que se riem dos católicos vendo-nos como ingênuos manipulados por um
“ditador”. O serviço do Sucessor de Pedro é uma caricia a nossa consciência
para nos defender da ditadura do "führer" de plantão: Chame-se
"relativismo”, ou “politicamente correto”... «De Newman aprendemos a
compreender o primado do Papa: 'A defesa da lei moral e da consciência é sua
ração de ser'» (Bento XVI).
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
* O evangelho de hoje traz mais
algumas palavras de Jesus em torno do usa dos bens. São palavras e frases
soltas, das quais não conhecemos o contexto exato em que foram pronunciadas.
Foram colocadas aqui por Lucas para formar uma pequena unidade em torno do uso
correto dos bens desta vida e para ajudar a entender melhor o sentido da
parábola do administrador desonesto (Lc 16,1-8).
*
Lucas 16,9: Usar bem o dinheiro injusto
"E eu lhes
declaro: Usem o dinheiro injusto para fazer amigos, e assim, quando o dinheiro
faltar, os amigos receberão vocês nas moradas eternas”. Outros traduzem
“riqueza iníqua”. Para Lucas, dinheiro não é neutro, é injusto, iníquo. No
Antigo Testamento, a palavra mais antiga para indicar o pobre (ani) significa
empobrecido. Vem do verbo ana, oprimir, rebaixar. Esta afirmação evoca a
parábola do administrador desonesto, cuja riqueza era iníqua, injusta. Aqui
transparece o contexto das comunidades do tempo de Lucas, isto é, dos anos 80
depois de Cristo. Inicialmente, as comunidades cristãs surgiram entre os pobres
(cf. 1Cor 1,26; Gal 2,10). Aos poucos, pessoas mais ricas foram entrando. A
entrada dos ricos trouxe consigo problemas que estão registrados nos conselhos
dados na carta de Tiago (Tg 2,1-6;5,1-6), na carta de Paulo aos Coríntios (1Cor
11,20-21) e no próprio evangelho de Lucas (Lc 6,24). Estes problemas foram se
agravando no fim do primeiro século, como atesta o Apocalipse na sua carta à
comunidade de Laodicéia (Ap 3,17-18). As frases de Jesus que Lucas conservou
são uma ajuda para clarear e resolver este problema.
*
Lucas 16,10-12: Ser fiel no pequeno e no grande
“Quem é fiel nas
pequenas coisas, também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas pequenas,
também é injusto nas grandes. Por isso, se vocês não são fiéis no uso do
dinheiro injusto, quem lhes confiará o verdadeiro bem? E se não são fiéis no
que é dos outros, quem lhes dará aquilo que é de vocês?” Esta frase clareia a
parábola do administrador desonesto. Ele não foi fiel. Por isso, ele foi tirado
da administração. Esta palavra de Jesus também traz uma sugestão de como
realizar o conselho de fazer amigos com o dinheiro injusto. Hoje acontece algo
semelhante. Há pessoas que falam bonito sobre a libertação, mas em casa oprimem
a mulher e os filhos. São infiéis nas coisas pequenas. A libertação no macro
começa é no micro do pequeno mundo da família, do relacionamento diário entre
as pessoas.
*
Lucas 16,13: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro
Jesus é muito claro na
sua afirmação: “Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou odiará a um e
amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a
Deus e ao dinheiro". Cada um, cada uma, terá que fazer uma escolha. Terá
que se perguntar: “Quem eu coloco em primeiro lugar na minha vida: Deus ou o
dinheiro?” No lugar da palavra dinheiro cada um pode colocar outra palavra:
carro, emprego, prestígio, bens, casa, imagem, etc. Desta escolha dependerá a
compreensão dos conselhos que seguem sobre a Providência Divina (Mt 6,25-34).
Não se trata de uma escolha feita só com a cabeça, mas de uma escolha bem
concreta de vida que envolve as atitudes.
*
Lucas 16,14-15: Crítica aos fariseus que gostam de dinheiro
“Os fariseus, que são
amigos do dinheiro, ouviam tudo isso, e caçoavam de Jesus. Então Jesus disse
para eles: Vocês gostam de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece
os corações de vocês. De fato, o que é importante para os homens, é detestável
para Deus”. Em outra ocasião Jesus mencionou o amor de alguns fariseus ao
dinheiro: “Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e, para disfarçar,
fazem longas orações” (Mt 23,14: Lc 20,47; Mc 12,40). Eles se deixavam levar
pela sabedoria do mundo, da qual Paulo diz: “Irmãos, vocês que receberam o
chamado de Deus, vejam bem quem são vocês. Entre vocês não há muitos
intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade. Mas, Deus
escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o
que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo
despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o
que o mundo pensa que é importante” (1Cor 1,26-28). Alguns fariseus gostavam de
dinheiro, como hoje alguns sacerdotes gostam de dinheiro. Vale para eles a
advertência de Jesus e de Paulo.
Para
um confronto pessoal
1) Você e o dinheiro? Qual a escolha?
2) Fiel no pequeno? Como você fala
sobre o evangelho e como vive o evangelho?
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