Sta Margarida Maria, religiosa |
I Leitura (Gl 5,1-6):
Irmãos, é para a liberdade que Cristo
nos libertou. Ficai, pois firmes e não vos deixeis amarrar de novo ao jugo da
escravidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que Cristo não será de nenhum proveito
para vós, se vos deixardes circuncidar. Mais uma vez, atesto a todo homem
circuncidado que ele está obrigado a observar toda a Lei. Vós que procurais a
vossa justificação na Lei rompestes com Cristo, decaístes da graça. Quanto a
nós, que nos deixamos conduzir pelo Espírito, é da fé que aguardamos a
justificação, objeto de nossa esperança. Com efeito, em Jesus Cristo, o que
vale é a fé agindo pela caridade; observar ou não a circuncisão não tem valor
algum.
Salmo Responsorial (Sl 118)
R:
Senhor, que desça sobre mim a vossa graça!
Senhor, que desça
sobre mim a vossa graça e a vossa salvação que prometestes!
Não retireis vossa
verdade de meus lábios, pois eu confio em vossos justos julgamentos!
Cumprirei
constantemente a vossa lei; para sempre, eternamente a cumprirei!
É amplo e agradável
meu caminho, porque busco e pesquiso as vossas ordens.
Muito me alegro com os
vossos mandamentos, que eu amo, amo tanto, mais que tudo!
Elevarei as minhas
mãos para louvar-vos e com prazer meditarei vossa vontade.
Aleluia. A Palavra do Senhor é viva
e eficaz: ela julga os pensamentos e as intenções do coração. Aleluia.
Evangelho (Lc
11,37-41): Naquele tempo, enquanto Jesus
estava falando, um fariseu o convidou para jantar em sua casa. Jesus foi e
pôs-se à mesa. O fariseu ficou admirado ao ver que ele não tinha feito a
lavação ritual antes da refeição. O Senhor disse-lhe: Vós, fariseus, limpais
por fora o copo e a travessa, mas o vosso interior está cheio de roubos e
maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior?
Antes, dai em esmola o que está dentro, e tudo ficará puro para vós.
«Antes, dai em esmola o que está
dentro, e tudo ficará puro para vós»
Rev.
D. Pedro IGLESIAS Martínez (Rubí, Barcelona, Espanha)
Hoje, o evangelista
situa a Jesus num banquete: Um fariseu rogou-lhe que fora a comer com ele (Lc
11,37). A boas horas teve tal ocorrência! Que cara deveu pôr o anfitrião quando
o convidado saltou a norma ritual de se lavar (que não era um preceito da Lei,
senão da tradição dos antigos rabinos) e, além disso, lhes censurou
categoricamente a ele e ao seu grupo social. O fariseu não acertou no dia e, o
comportamento de Jesus, como dizemos hoje, não foi politicamente correto.
Os evangelhos
mostram-nos que ao Senhor lhe importava pouco o que dirão e o politicamente
correto; por isso, pese a quem pese, ambas as coisas não devem ser norma de
atuação de quem se considere cristão. Jesus condena claramente a atuação
própria da dupla moral, a hipocrisia que procura conveniência ou o engano: Vós,
fariseus, limpais por fora o copo e a travessa, mas o vosso interior está cheio
de roubos e maldades (Lc 11,39). Como sempre, a Palavra de Deus nos interpela
sobre usos e costumes de nossa vida quotidiana, na que acabamos convertendo em
valores ciladas que tentam dissimular os pecados de soberbia, egoísmo e
orgulho, numa tentativa de globalizar a moral no politicamente correto, para
não destoar e não ficar marginados, sem que importe o preço a pagar, nem como
enegreçamos nossa alma, pois, afinal de contas, todo mundo o faz.
Dizia São Basílio que
de nada deve fugir o homem prudente tanto como de viver segundo a opinião dos
demais. Se somos testemunhas de Cristo, temos de saber que a verdade sempre é e
será verdade, ainda que chovam chuços. Esta é nossa missão no meio dos homens
com quem compartilhamos a vida, tentando nos manter limpos segundo o modelo de
homem que Deus nos revela em Cristo. A limpeza do espírito passa acima das
formas sociais e, se em algum momento surge-nos a dúvida, lembre-se que os
limpos de coração verão a Deus. Que cada um escolha o objetivo de sua mirada
para toda a eternidade.
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
Sta Edwiges, viúva e religiosa |
* No evangelho de hoje continua o
relacionamento tenso entre Jesus e as autoridades religiosas daquele tempo.
Apesar de tenso, havia algo de familiar entre Jesus e os fariseus. Convidado
para jantar na casa deles, Jesus aceita o convite. Jesus não perde a liberdade
diante deles, nem os fariseus diante de Jesus.
*
Lucas 11,37-38: Admiração do fariseu diante da liberdade de Jesus
“Enquanto Jesus
falava, um fariseu o convidou para jantar em casa. Jesus entrou, e se pôs à
mesa. O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tinha lavado as mãos antes
da refeição”. Jesus aceita o convite para jantar na casa do fariseu, mas não
muda o seu modo de agir, pois se senta à mesma sem lavar as mãos. Nem o fariseu
muda de atitude frente a Jesus, pois expressa a sua admiração pelo fato de
Jesus não lavar as mãos. Naquele tempo, lavar as mãos antes das refeições era
uma obrigação religiosa, imposta ao povo em nome da pureza, exigida pela lei de
Deus. O fariseu estranhou o fato de Jesus não observar esta norma religiosa.
Mesmo assim, apesar de totalmente diferentes, o fariseu e Jesus tinham algo em
comum: a seriedade de vida. O jeito de viver dos fariseus era assim: cada dia,
dedicavam oito horas ao estudo e à meditação da lei de Deus, outras oito horas
ao trabalho para poder sobreviver com a família e oito horas ao descanso. Este
testemunho sério da sua vida dava a eles uma grande liderança popular. Talvez
seja por isso, que, apesar de totalmente diferentes, os dois, Jesus e os fariseus,
se entendiam e se criticavam mutuamente, sem perder a possibilidade do diálogo.
*
Lucas 11,39-41: A resposta de Jesus
“Vocês, fariseus,
limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubo e
maldade. Gente sem juízo! Aquele que fez o exterior, não fez também o interior?
Antes, deem em esmola o que vocês possuem, e tudo ficará puro para vocês”. Os
fariseus observavam a lei ao pé da letra. Olhavam só a letra e, por isso, eram
incapazes de perceber o espírito da lei, o objetivo que a observância da lei
queria alcançar na vida das pessoas. Por exemplo, na lei está escrito: “Ame o
seu próximo como a si mesmo” (Lv 19,18). E eles comentavam: “Devemos amar o
próximo, sim, mas só o próximo, os outros não!” E daí nascia a discussão em torno
da questão: “Quem é meu próximo?” (Lc 10,29) O apóstolo Paulo escreve na sua
segunda carta aos Coríntios: “A letra mata, é o espírito que dá vida à letra”
(2Cor 3,6). No Sermão da Montanha, Jesus critica os que observam a letra da lei
mas transgridem o espírito da lei (Mt 5,20). Para ser fiel ao que Deus pede de
nós não basta observar só a letra da lei. Isto seria o mesmo que limpar o copo
e o prato por fora e deixar o interior cheio de sujeira: roubo e maldade. Não
basta não matar, não roubar, não cometer adultério, não jurar. Só observa
plenamente a lei de Deus aquele que, para além da letra, vai até à raiz e
arranca de dentro de si os desejos de “roubo e de maldade” que possam levar ao
assassinato, ao roubo, ao adultério. É na prática do amor que se realiza a
plenitude da lei (cf. Mt 5,21-48).
Para
um confronto pessoal
1) Nossa Igreja hoje merece esta
acusação de Jesus contra os escribas e fariseus? Eu mereço?
2) Respeitar a seriedade de vida dos
outros que pensam diferente de nós pode facilitar o diálogo tão necessário e
tão difícil hoje em dia. Como pratico o diálogo na família, no trabalho e na
comunidade?
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