S. João XXIII |
1ª Leitura (Gal 3,1-5):
Ó gálatas insensatos, quem vos fascinou,
depois de ter sido apresentada aos vossos olhos a imagem de Jesus Cristo
crucificado? Só quero que me respondais ao seguinte: Foi por cumprirdes as
obras da Lei de Moisés que recebestes o Espírito Santo, ou porque ouvistes a
mensagem da fé? Sois tão insensatos que, tendo começado com o Espírito, acabais
agora na carne? Foi em vão que recebestes tantos dons? Se é que foi em vão!
Aquele que vos dá o Espírito e realiza milagres entre vós procede assim por
cumprirdes as obras da Lei de Moisés, ou porque ouvistes a mensagem da fé?
Salmo Responsorial: Lc 1
R.
Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que visitou e redimiu o seu povo.
O Senhor nos deu um
Salvador poderoso, na casa de David, seu servo, como prometeu pela boca dos
seus santos, os profetas dos tempos antigos;
Para nos libertar dos
nossos inimigos e das mãos daqueles que nos odeiam; para mostrar a sua
misericórdia a favor dos nossos pais, recordando a sua sagrada aliança:
O juramento que fizera
a Abraão, nosso pai, que nos havia de conceder esta graça: de O servirmos um
dia, sem temor, livres das mãos dos nossos inimigos, em santidade e justiça na
sua presença, todos os dias da nossa vida.
Aleluia. Abri, Senhor, o nosso
coração, para recebermos a palavra do vosso Filho. Aleluia.
Evangelho (Lc 11,5-13):
Naquele tempo, disse Jesus a seus
discípulos: «Imaginai que um de vós tem um amigo e, à meia-noite, o procura,
dizendo: Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu chegou de viagem e
nada tenho para lhe oferecer. O outro responde lá de dentro: Não me incomodes.
A porta já está trancada. Meus filhos e eu já estamos deitados, não posso me
levantar para te dar os pães? Digo-vos: mesmo que não se levante para dá-los
por ser seu amigo, vai levantar-se por causa de sua impertinência e lhe dará
quanto for necessário. Portanto, eu vos digo: pedi e vos será dado; procurai e
encontrareis; batei e a porta vos será aberta. Pois todo aquele que pede
recebe; quem procura encontra; e a quem bate, a porta será aberta. Algum de vós
que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um
ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas
aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lhe
pedirem!».
«O Pai do céu dará o Espírito Santo
aos que lhe pedirem»
Frei
Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
Hoje, o Evangelho é
uma catequese de Jesus a respeito da oração. Afirma solenemente que o Pai
sempre a escuta: «Pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a
porta vos será aberta» (Lc 11,9).
Às vezes podemos
pensar que a prática nos mostra que isso não sempre acontece, que não sempre
age assim. É necessário rezar com as atitudes corretas!
A primeira é a
constância, a perseverança. Devemos rezar sem nos desanimar nunca, no obstante
nos pareça que nossa súplica bate com um rechaço, ou que não é escutada
imediatamente. É a atitude daquele homem inoportuno que a meia noite vai lhe
pedir um favor ao seu amigo. Com sua insistência recebe os pães que precisa.
Deus é o amigo que escuta desde dentro a quem é constante. Havemos de confiar
em que acabará por nos dar o que pedimos, porque além de ser amigo, é Pai.
A segunda atitude que
Jesus nos ensina é a confiança e o amor dos filhos. A paternidade de Deus
ultrapassa imensamente à humana, que é limitada e imperfeita: «Ora, se vós, que
sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu...
!» (Lc 11,13).
Terceira: Havemos de
pedir principalmente o Espírito Santo e não somente coisas materiais. Jesus nos
anima a pedi-lo, assegurando-nos que o receberemos: «... quanto mais o Pai do
céu dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!» (Lc 11,13). Esta petição sempre
é escutada. É como pedir a graça da oração, já que o Espírito Santo é sua fonte
e origem.
O beato frade Gil de
Assis, colega de São Francisco, resume a ideia de esse Evangelho quando diz:
«Reze com fidelidade e devoção, porque uma graça que Deus não lhe deu uma vez,
pode dá-la em outra ocasião. Por sua conta põe humildemente toda a mente em
Deus e, Deus porá em você sua graça, conforme lhe apraza».
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
* O evangelho de hoje dá continuidade
ao assunto da oração, iniciado ontem com o ensinamento do Pai Nosso (Lc
11,1-4). Hoje Jesus ensina que devemos rezar com fé e insistência, sem
esmorecer. Para isto ele usa uma parábola provocadora.
*
Lucas 11,5-7: A parábola que provoca
Como de costume,
quando ele tem uma coisa importante para ensinar, Jesus recorre a uma
comparação, uma parábola. Hoje ele nos conta uma história curiosa que termina
em pergunta, e ele dirige esta pergunta ao povo que o escutava e também a nós
que hoje lemos ou escutamos a história: "Se alguém de vocês tivesse um
amigo, e fosse procurá-lo à meia-noite, dizendo: 'Amigo, me empreste três pães,
porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para oferecer a ele'.
Será que lá de dentro o outro responderia: 'Não me amole! Já tranquei a porta,
meus filhos e eu já nos deitamos; não posso me levantar para lhe dar os pães?” Antes
de Jesus mesmo dar a resposta, ele quer que você dê a sua opinião. O que você
responderia: sim ou não?
*
Lucas 11,8: Jesus mesmo responde à provocação
Jesus dá a sua
resposta: “Eu declaro a vocês: mesmo que o outro não se levante para dar os
pães porque é um amigo seu, vai levantar-se ao menos por causa da amolação, e
dar tudo aquilo que o amigo necessita”. Se não fosse Jesus, será que você teria
a coragem de inventar uma história na qual se sugere que Deus atende às nossas
orações para ver-se livre da amolação? A resposta de Jesus reforça a mensagem
sobre a oração, a saber: Deus atende sempre à nossa oração. Esta parábola
lembra a outra, também em Lucas, da viúva que insiste em conseguir seus
direitos junto ao juiz ateu que não se importa com Deus nem com a justiça e que
atende à viúva não porque quer ser justo, mas porque quer ver-se livre da
amolação da mulher (Lc 18,3-5). Em seguida, Jesus tira duas conclusões para
aplicar a mensagem da parábola na vida.
*
Lucas 11,9-10: A primeira aplicação da Parábola
“Portanto, eu lhes
digo: peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a
porta para vocês! Pois, todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a
quem bate, a porta será aberta”. Pedir, procurar, bater! Jesus não coloca
condição. Se você pedir, vai receber. Se você procurar, vai encontrar. Se você
bater na porta, ela vai ser aberta. Jesus não diz quanto tempo vai durar o
pedir, o buscar, o bater, mas é certo que vai ter resultado.
*
Lucas 11,11-12: A segunda aplicação da parábola
“Será que alguém de
vocês que é pai, se o filho lhe pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma
cobra? Ou ainda: se pede um ovo, será que vai lhe dar um escorpião?” Esta
segunda aplicação deixa transparecer o público que escutava as palavras de
Jesus e também o jeito de ele ensinar em forma de diálogo. Ele pergunta: “Vocês
que são pais, quando o filho pede um peixe, vocês dão uma cobra?” O povo
responde: “Não!” – “E se pede um ovo, vocês dão um escorpião?” - “Não!” Por
meio do diálogo, Jesus envolve as pessoas na comparação e, pela resposta que
recebe delas, ele as compromete com a mensagem da parábola.
*
Lucas 11,13: A mensagem: receber o dom do Espírito Santo
“Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas
aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que o
pedirem." O dom máximo que Deus tem para nós é o dom do Espírito Santo.
Quando fomos criados, ele soprou o seu espírito nas nossas narinas e nós nos
tornamos um ser vivente (Gn 2,7). Na segunda criação através da fé em Jesus,
ele nos dá novamente o Espírito, o mesmo Espírito que fez com que a Palavra se
encarnasse em Maria (Lc 1,35). Com a ajuda do Espírito Santo, o processo da
encarnação da Palavra continuou até à hora da morte da Cruz. No fim, na hora da
morte, Jesus devolveu o Espírito ao Pai: “Em tuas mãos entrega o meu espírito”
(Lc 23,46). É este Espírito que Jesus nos prometeu como fonte de verdade e de
compreensão (Jo 14,14-17; 16,13), e como ajuda no meio das perseguições (Mt
10,20; At 4,31). Este Espírito não se compra a preço de dinheiro nos shoppingcenters.
A única maneira de consegui-lo é através da oração. Foram nove dias de oração
que conseguiu o dom abundante do Espírito no dia de Pentecostes (At 1,14;
2,1-4).
Para
um confronto pessoal
1) Como você responde à provocação da
parábola? Uma pessoa que vive num apartamento pequeno em cidade grande, como
ela responderia? Abriria a porta?
2) Quando você reza, reza com a
convicção de conseguir o que pede?
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