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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

26º Sábado do Tempo Comum


1ª Leitura (Jó 42,1-3.5-6.12-16): Job respondeu ao Senhor, dizendo: «Eu sei que tudo podeis e que todos os vossos projetos se realizam. Quem ousa denegrir a providência com palavras sem sentido? Na verdade, falei indiscretamente das maravilhas que ultrapassam a minha compreensão. Só Vos conhecia por ouvir falar de Vós, mas agora já Vos viram os meus olhos. Por isso retiro as minhas palavras e faço penitência sobre o pó e a cinza». O Senhor abençoou os últimos anos de Job, mais ainda do que os primeiros. Possuiu catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Teve ainda sete filhos e três filhas. À primeira deu o nome de Pomba, à segunda o de Cássia e à terceira Azeviche. Não havia em toda a região mulheres mais belas do que as filhas de Job; e o pai deu-lhes uma parte da herança entre os irmãos. Depois disto, Job viveu cento e quarenta anos e viu os filhos dos seus filhos até à quarta geração. Finalmente, Job morreu velho, depois de uma longa vida.

Salmo Responsorial: 118
R. Fazei brilhar sobre mim, Senhor, a luz do vosso rosto.

Ensinai-me o bem, o discernimento e a ciência, porque tenho fé nos vossos mandamentos. Foi bom para mim ter sido humilhado, para aprender os vossos decretos.

Eu sei que os vossos juízos são justos e que a vossa fidelidade me põe à prova. Pela vossa vontade perduram as coisas até este dia, porque todas elas Vos estão sujeitas.

Eu sou vosso servo, Senhor: dai-me inteligência, para conhecer as vossas ordens. A manifestação das vossas palavras ilumina e dá inteligência aos simples.

Aleluia. Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Aleluia.

Evangelho (Lc 10,17-24): Naquele tempo, os setenta e dois voltaram alegres, dizendo: «Senhor, até os demônios nos obedecem por causa do teu nome». Jesus respondeu: «Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cobras e escorpiões, e sobre toda a força do inimigo. Nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus». Naquele mesma hora, Ele exultou no Espírito Santo e disse: «Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar». E voltando—se para os discípulos em particular, disse-lhes: «Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo! Pois eu vos digo: muitos profetas e reis quiseram ver o que vós estais vendo, e não viram; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».

«Ele exultou no Espírito Santo e disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra»

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

S. Bruno, presbítero
Hoje, o evangelista Lucas nos narra o fato que dá lugar ao agradecimento de Jesus para com seu Pai pelos benefícios que tem outorgado à Humanidade. Agradece a revelação concedida aos humildes de coração, aos pequenos no Reino. Jesus mostra sua alegria ao ver que estes admitem, entendem e praticam o que Deus dá a conhecer por meio Dele. Em outras ocasiões, no seu diálogo íntimo com o Pai, também lhe agradecerá porque sempre o escuta. Elogia ao samaritano leproso que, uma vez curado de sua doença -junto com outros nove- retorna ele só, onde está Jesus para lhe agradecer o benefício recebido.

Escreve Santo Agostinho: «Podemos levar algo melhor no coração, pronunciá-lo com a boca, escrevê-lo com uma pena, que estas palavras: Graças a Deus. Não há nada que se possa dizer com maior brevidade, nem escutar com maior alegria, nem sentir-se com maior elevação, nem fazer com maior utilidade». Assim devemos agir sempre com Deus e com o próximo, inclusive pelos dons que desconhecemos, como escreveu São Josemaria Escrivá. Gratidão para com os pais, os amigos, os professores, os companheiros. Para com todos os que nos ajudem, nos estimulem, nos sirvam. Gratidão também, como é lógico, com nossa Mãe, a Igreja.

A gratidão não é uma virtude muito usada ou frequente, no entanto, é uma das que se experimentam com maior beneplácito. Devemos reconhecer que, às vezes, não é fácil vive-la. Santa Teresa afirmava: «Tenho uma condição tão agradecida que me subornariam com uma sardinha». Os santos têm agido sempre assim. E o têm feito de três maneiras diferentes, como indicava Santo Tomás de Aquino: primeiro, com o reconhecimento interior dos benefícios recebidos; segundo, louvando externamente a Deus com a palavra; e, terceiro, procurando recompensar ao bem feitor com obras, segundo as próprias possibilidades.

Reflexão

Contexto. Anteriormente Jesus tinha enviado os 72 discípulos, agora eles voltam e contam como foi a experiência. Pode-se observar que o sucesso da missão é devido à superioridade ou supremacia do nome de Jesus, em vez de os poderes do mal. A derrota de Satanás coincide com a chegada do Reino: os discípulos tinham visto isso em sua missão. As forças demoníacas tinham sido enfraquecidas: os demônios tinham se submetidos ao poder do nome de Jesus.

Essa convicção não pode basear a alegria e o entusiasmo do seu testemunho missionário; a alegria tem a sua raiz última em ser conhecidos e amados por Deus. Isto não significa dizer que o ser protegidos por Deus e o relacionamento com Ele sempre nos coloca em uma posição de vantagem diante das forças demoníacas. Aqui entra a mediação de Jesus entre Deus e nós: "Eis que eu vos dei o poder" (v. 19). O poder de Jesus é um poder que nos permite experimentar o sucesso contra o poder demoníaco e nos protege. Um poder que só pode ser transmitido quando Satanás é derrotado. Jesus assistiu a queda de Satanás, mesmo se ainda não está definitivamente derrotado; para frustrar esse poder de Satanás na terra são chamados os cristãos. Esses estão confiantes da vitória, apesar do fato de que eles vivem em uma situação crítica: participam da vitória na comunhão de amor com Cristo mesmo sendo provados pelo sofrimento e morte. No entanto, o motivo da alegria, não está na certeza de escapar ilesos, mas ser amados por Deus. A expressão de Jesus "seus nomes estão escritos nos céus" testemunha que o estar presente no coração de Deus (a memória) garante a continuidade de nossas vidas na dimensão da eternidade. O sucesso da missão dos discípulos é uma consequência da derrota de Satanás, agora, mostra a benevolência do Pai (vv. 21-22): o sucesso da Palavra de Graça na missão dos setenta e dois, vivida como plano do Pai e na comunhão da ressurreição do Filho, a partir de agora, é a demonstração da benevolência do Pai; a missão torna-se um espaço para a revelação da vontade de Deus no tempo humano. Esta experiência é transmitida por Lucas num contexto de oração: mostra de uma parte a reação no céu ("Eu vou dar graças", v. 21) e de outra aquela sobre a terra (vv. 23-24).

A oração de alegria. Na oração que Jesus dirigiu ao Pai, sob a ação do Espírito, diz-se, que "exulta," exprime a abertura da alegria messiânica e proclama a benevolência do Pai. Torna-se evidente nos pequenos, nos pobres e naqueles que não contam para nada, porque acolheram a palavra transmitida pelos enviados e por isso entram na relação entre as pessoas divinas da Trindade. Em vez disso, os sábios e os doutos, por causa da sua segurança se alegram devido à sua competência intelectual e teológica. Mas esta atitude impede-os de entrar na dinâmica da salvação dada por Jesus. O ensinando que Lucas pretende transmitir aos crentes individualmente, mas também às comunidades eclesiais, podem ser da seguinte forma sintetizada: a humildade abre para a fé; a suficiência das próprias seguranças fecha ao perdão, à luz, à benevolência de Deus. A oração de Jesus tem seus efeitos sobre todos aqueles que se deixam ser envolvidos pela benevolência do Pai.

Para um confronto pessoal
1. A missão de levar a vida de Deus para o outro envolve um estilo de vida pobre e humilde. A sua vida é perpassada pela vida de Deus, pela Palavra da graça que vem de Jesus?
2. Tenho confiança no chamado de Deus e no seu poder, que precisa ser expressa através da simplicidade, da pobreza e da humildade?

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