Páginas

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Terça-feira da 21ª semana do Tempo Comum

Sto Agostinho, Bispo e Doutor

1ª Leitura (2Tes 2,1-3a.14-17): Nós vos pedimos, irmãos, a propósito da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e do nosso encontro com Ele: Não vos deixeis abalar facilmente, nem alarmar por qualquer manifestação profética, por palavras ou por cartas que se digam vir de nós, pretendendo que o dia do Senhor está iminente. Ninguém vos engane de qualquer modo que seja. Deus chamou-vos, por meio do Evangelho, para possuirdes a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, irmãos, permanecei firmes e guardai firmemente as tradições que vos ensinamos, oralmente ou por carta. Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, a eterna consolação e a feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a espécie de boas obras e palavras.

Salmo Responsorial: 95
R. O Senhor vem julgar a terra.

Dizei entre as nações: «O Senhor é Rei». Sustenta o mundo e ele não vacila, governa os povos com equidade.

Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém, exultem os campos e quanto neles existe, alegrem-se as árvores das florestas.

Diante do Senhor que vem, que vem para julgar a terra. Julgará o mundo com justiça e os povos com equidade.

Aleluia. A palavra de Deus é viva e eficaz, conhece os pensamentos e intenções do coração. Aleluia.

Evangelho (Mt 23,23-26): Naquele tempo, disse Jesus: «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como o direito, a misericórdia e a fidelidade. Isto é que deveríeis praticar, sem, contudo deixar aquilo. Guias cegos, filtrais o mosquito, mas engolis o camelo! Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais o copo e o prato por fora, mas por dentro estais cheios de roubo e cobiça. Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por dentro, que também por fora ficará limpo».

«Limpa primeiro o copo por dentro, que também por fora ficará limpo»

Fr. Austin NORRIS (Mumbai, India)

Hoje, temos a impressão de “pilhagem” a Jesus em um arrebato de mau humor, realmente alguém o tem feito se sentir molestado e irritado. Jesus Cristo se sente incomodado com a falsa religiosidade, as petições pomposas e a piedade egoísta. Ele tem notado um vazio de amor, a saber, esta em falta “a justiça, a misericórdia e a fé” (Mt 23,23) com as ações superficiais, as quais tratam de cumprir a Lei. Jesus encarna essas qualidades em sua pessoa e ministério. Ele era a justiça e a misericórdia. Suas ações, milagres, curas e palavras escorriam estes verdadeiros fundamentos, que fluem de seu coração amoroso. Para Jesus Cristo não se tratava de uma questão de “Lei”, mais sim, de um assunto de coração...

Inclusive nas palavras de castigo, vemos em Deus um toque de amor, importante para quem quer voltar ao básico “Foi indicado, homem, que é bom e que exige de ti o Senhor: nada mais que praticar a justiça, amar a fidelidade e caminhar humildemente com teu Deus” (Mq 6,8). O Papa Francisco disse: “Um pouco de misericórdia faz o mundo menos frio e mais justo”. Necessitamos compreender bem esta misericórdia de Deus, este Padre misericordioso que tem tanta paciência... Recordemos ao profeta Isaias, quando afirma que, embora nossos pecados sejam escarlates, o amor de Deus os transformará em brancos como a neve. É harmonioso, isto da misericórdia”.

“Purifica primeiro por dentro da taça, para que também fique pura por fora” (Mt 23,26). Quanto é certo para cada um de nós! Sabemos como a limpeza pessoal nos faz sentir frescos e vibrantes por dentro e por fora. Mas mesmo no âmbito espiritual e moral de nosso interior, nosso espírito, se está limpo e são, brilhará em boas obras e ações que honrem a Deus e lhe rendam uma verdadeira homenagem (cf. Jn 5,23). Fixemo-nos no marco maior do amor, da justiça e da fé e nos perdemos em ninharias que consomem nosso tempo, nos apequenamos e que nos fazem exigente. Mergulhemos no vasto oceano do amor de Deus e não nos conformemos com riachos e mesquinharias!

«Limpa primeiro o copo por dentro, que também por fora ficará limpo»

Ir. Lluís SERRA i Llançana (Roma, Itália)

Hoje, Jesus faz claramente uma denúncia: «Ai de vós (...)! Ai de vós (...)!» (Mt 23,23.25). Seu alvo são os mestres da Lei e os fariseus, representantes das classes poderosas que exercem seu domínio espiritual e moral sobre o povo. Como podem orientar as pessoas sendo? Guias cegos? Sua cegueira consiste na incoerência de cumprir escrupulosamente pequenos detalhes, que tem lá sua importância, mas deixar de lado coisas fundamentais, como a justiça, o amor e a fidelidade. Cuidam de sua imagem, que não corresponde ao seu interior, cheios «de roubo e cobiça» (Mt 23,25). Curiosamente, Jesus emprega termos relativos a aspectos econômicos.

O Evangelho de hoje é um convite às pessoas e aos grupos que desempenham papéis relevantes nas comunidades cristãs, ou seja, seus líderes, para que façam um exame de consciência. Respeitamos os valores fundamentais? Valorizamos mais as normas do que as pessoas? Impomos aos demais aquilo que nós mesmos não somos capazes de fazer? Falamos a partir da presunção de nossas ideias ou da humildade de nosso coração? Como dizia Dom Hélder Câmara: «Quisera ser uma poça d'água para refletir o céu». As pessoas veem, nos seus pastores, homens de Deus que diferenciam o supérfluo do essencial? A fraqueza merece a compreensão, a hipocrisia provoca rejeição.

Ao escutar o Evangelho de hoje podemos cair numa cilada. Jesus disse aos mestres da Lei e aos fariseus que eram hipócritas. Também havia os que eram sinceros. Nós podemos pensar que este texto também se aplica atualmente aos bispos e sacerdotes. Certamente, como guias das comunidades cristãs, devem estar atentos para não cair nas atitudes que Jesus denuncia, mas há que se recordar que todo homem ou mulher-crente pode guardar em seu interior um "fariseu cego". Jesus nos convida: «Limpa primeiro o copo por dentro, que também por fora ficará limpo» (Mt 23,26). A espiritualidade tem suas raízes no interior do coração.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz outros dois Ais ou pragas que Jesus falou contra os líderes religiosos da sua época. Os dois Ais de hoje denunciam a falta de coerência entre palavra e atitude, entre o exterior e o interior. Repetimos hoje o que afirmamos ontem. Ao meditar estas palavras tão duras de Jesus, devo pensar não só nos doutores e fariseus da época de Jesus, mas também e, sobretudo no hipócrita que existe em mim, em nós, na nossa família, na comunidade, na nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que está errado em nós mesmos.

* Mateus 23,23-24: O quinto Ai contra os que insistem na observância e esquecem a misericórdia
“Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade”. Este quinto Ai de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetido contra muitos líderes religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes, em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos a misericórdia. Por exemplo, o jansenismo tornou árida a vivência da fé, insistindo em observâncias e penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã carmelita Teresa de Lisieux foi criada nesse ambiente jansenista que marcava a França no fim do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência pessoal, que ela soube recuperar a gratuidade do amor de Deus como a força que deve animar por dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do amor, as observâncias fazem de Deus um ídolo.

* Mateus 23,25-26: O sexto Ai contra os que limpam as coisas por fora e sujam por dentro
 “Vocês limpam o copo e o prato por fora, mas por dentro vocês estão cheios de desejos de roubo e cobiça”. No Sermão da Montanha, Jesus critica os que observam a letra da lei e transgridem o espírito da lei. Ele diz: "Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: 'Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal'. Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Vocês ouviram o que foi dito: 'Não cometa adultério'. Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração” (Mt 5,21-22.27-28). Não basta observar a letra da lei. Não basta não matar, não roubar, não cometer adultério, não jurar, para ser fiel ao que Deus pede de nós. Só observa plenamente a lei de Deus aquele que, para além da letra, vai até raiz e arranca de dentro de si “os desejos de roubo e de cobiça” que possam levar ao assassinato, ao roubo, ao adultério. É na prática do amor que se realiza a plenitude da lei.

Para um confronto pessoal
1. São mais dois Ais ou duas pragas, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das duas cabe em mim?
2. Observância e gratuidade: qual das duas prevalece em mim?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO