Beata Dulce Lopes Pontes, virgem Mãe dos Pobres |
1ª
Leitura (Ez 1,2-5.24—2,1): No dia
cinco do mês, no quinto ano do exílio do rei Jeconias, foi dirigida a palavra
do Senhor ao sacerdote Ezequiel, filho de Buzi, no país dos caldeus, nas
margens do rio Quebar. Ali pairou sobre ele a mão do Senhor. Eu vi aproximar-se
um vento impetuoso que vinha do Norte e uma grande nuvem com um clarão à volta
e um fogo cintilante; do meio do fogo irradiava uma espécie de metal
refulgente. No centro distinguia-se a imagem de quatro seres vivos que tinham
aspecto humano. Quando caminhavam, eu ouvia o ruído das suas asas, semelhante
ao marulhar das torrentes caudalosas, semelhante à voz do Omnipotente, como o
fragor da tempestade, como o tumulto dum campo de batalha. Mas quando paravam,
recolhiam as asas. Ouvia-se uma voz por cima da abóbada que havia sobre as suas
cabeças. Sobre a abóbada que havia por cima das suas cabeças, estava uma
espécie de pedra de safira em forma de trono e, sobre essa forma de trono, uma
figura semelhante a um ser humano. Vi que irradiava como metal brilhante, tendo
à volta uma espécie de auréola de fogo, desde o que parecia a cintura para
cima. E desde o que parecia a cintura para baixo, vi uma espécie de fogo,
irradiando um clarão a toda a volta. Como o arco-íris, que aparece nas nuvens
em dias de chuva, assim era o esplendor que o cercava. Era a imagem da glória
do Senhor. Quando a vi, caí de rosto por terra.
Salmo
Responsorial: 148
R. O céu e a terra
proclamam a vossa glória.
Louvai
o Senhor do alto dos céus, louvai-O nas alturas, louvai-O, todos os seus Anjos.
Reis
e povos do mundo, príncipes e todos os juízes da terra, jovens e donzelas,
velhos e crianças;
Louvem
todos o nome do Senhor, porque o seu nome é sublime, a sua majestade está acima
do céu e da terra.
Exaltou
a força do seu povo: louvem-no todos os seus fiéis, os filhos de Israel, seu
povo eleito.
Aleluia.
Deus chamou-nos por meio do Evangelho, para tomar parte na glória de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Aleluia.
Evangelho
(Mt 17,22-27): Quando estava reunido
com os discípulos na Galileia, Jesus lhes disse: «O Filho do Homem vai ser
entregue às mãos dos homens, e eles o matarão, mas no terceiro dia
ressuscitará». E os discípulos ficaram extremamente tristes. Quando chegaram a
Cafarnaum, os que cobravam o imposto do templo aproximaram-se de Pedro e
perguntaram: «O vosso mestre não paga o imposto do templo?» Pedro respondeu:
«Paga, sim!» Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se e perguntou: «Simão, que te
parece: os reis da terra cobram impostos ou tributos de quem, do próprio povo
ou dos estranhos?» Ele respondeu: «Dos estranhos!» «Logo os filhos estão
isentos», retrucou Jesus, «mas, para não escandalizar essa gente, vai até o
lago, lança o anzol e abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali
encontrarás uma moeda valendo duas vezes o imposto; pega-a e entrega a eles por
mim e por ti».
«Quando
estava reunido com os discípulos na Galileia»
P. Joaquim PETIT Llimona, L.C. (Barcelona,
Espanha)
Hoje,
a liturgia oferece-nos diferentes possibilidades para nossa consideração. Entre
elas, podemos deter-nos em algo que está presente no texto todo: o trato
familiar de Jesus com os discípulos.
Diz
São Mateus que Jesus «estava reunido com os discípulos na Galileia» (Mt 17,22).
Pareceria evidente, mas o fato de mencionar que estavam juntos demonstra a
proximidade de Cristo. Depois, abre-lhes seu Coração para confiar-lhes o
caminho de sua Paixão, Morte e Ressurreição, ou seja, algo que Ele tem no seu
interior e, não quer que aqueles que ama tanto, ignorem-no. Posteriormente, o
texto comenta o episódio do pagamento dos impostos, e o evangelista também nos
amostra o trato de Jesus que, coloca-se ao mesmo nível do que Pedro,
contrapondo aos filhos (Jesus e Pedro) isentos de pagar os impostos e dos
estranhos obrigados a pagá-los. Cristo, afinal, mostra-lhe como conseguir o
dinheiro necessário para pagar não só por Ele, mas por os dois e, evitar ser
motivo de escândalo.
Em
todos estes fatos descobrimos uma visão fundamental da vida cristã: é o afã de
Jesus por estar conosco. Diz o Senhor no livro dos Provérbios: «alegrando-me em
estar com os filhos dos homens» (Prov 8,31). Como muda, a nossa realidade, o
nosso enfoque da vida espiritual na qual às vezes pomos apenas a atenção nas
coisas que fazemos como se fosse o mais importante! A vida interior deve
centrar-se em Cristo, em seu amor por nós, em sua entrega até a morte por mim,
na sua persistente busca do nosso coração. Muito bem o expressava João Paulo II
em um dos seus encontros com os jovens: o Papa exclamou com voz forte: «Olhe
Ele!».
Reflexões
de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Os cinco versículos
do evangelho de hoje falam de dois assuntos bem diferentes um do outro: 1)
Trazem o segundo anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus (Mt
17,22-23): 2) Informam sobre a conversa
de Jesus com Pedro sobre o pagamento das taxas e impostos ao templo (Mt
17,24-27).
* Mateus 17,22-23: O
anúncio da morte e ressurreição de Jesus
O
primeiro anúncio (Mt 16,21) havia provocado uma forte reação da parte de Pedro
que não quis saber de sofrimento nem de cruz. Jesus tinha respondido com a
mesma força: “Atrás der mim, satanás!” (Mt 16,23) aqui, no segundo anúncio, a
reação dos discípulos é mais branda, menos agressiva. O anúncio provoca
tristeza. Parece que eles começam a compreender que a cruz faz parte do
caminho. A proximidade da morte e do sofrimento pesa neles, gerando desânimo.
Por mais que Jesus procurasse ajudá-los, a resistência de séculos contra a ideia
de um messias crucificado era maior.
* Mateus 17,24-25a: A
pergunta dos fiscais do imposto a Pedro.
Quando
chegaram em Cafarnaum, os fiscais do imposto do Templo perguntaram a Pedro:
"O mestre de vocês não paga o imposto do Templo?" Pedro responde: “Paga sim!” Desde os tempos
de Neemias, (Séc V aC), os judeus que tinham voltado do cativeiro da Babilônia,
comprometeram-se solenemente em assembleia a pagar vários impostos e taxas para
poder manter funcionando o culto no Templo e para cuidar da manutenção tanto do
serviço sacerdotal como do prédio do Templo (Ne 10,33-40). Pelo que transparece
na resposta de Pedro, Jesus pagava este imposto como, aliás, todos os judeus
faziam.
* Mateus 17,25b-26: A
pergunta de Jesus a Pedro sobre o imposto
É
curiosa a conversa entre Jesus e Pedro. Quando eles chegam em casa, Jesus
pergunta: "O que é que você acha, Simão? De quem os reis da terra recebem
taxas ou impostos: dos filhos ou dos estrangeiros?" Pedro respondeu:
"Dos estrangeiros!" Então Jesus disse: "Isso quer dizer que os
filhos não precisam pagar!” Provavelmente, aqui se reflete uma discussão entre
os judeus cristãos anterior à destruição do Templo no ano 70. Eles se
perguntavam se deviam ou não continuar a pagar o imposto do Templo, como faziam
antes. Pela resposta de Jesus, eles descobrem que não há obrigação de pagar
esse imposto: “Os filhos não precisam pagar”. Os filhos são os cristãos. Mas
mesmo não havendo obrigação, a recomendação de Jesus é pagar para não provocar
escândalo.
* Mateus 17,27: A
conclusão da conversa sobre o pagamento do imposto
Mais
curiosa do que a conversa é a solução que Jesus dá à questão. Ele diz a Pedro:
“Para não provocar escândalo, vá ao mar, e jogue o anzol. Na boca do primeiro
peixe que você pegar, vai encontrar uma moeda de prata para pagar o imposto.
Pegue-a, e pague por mim e por você". Milagre curioso! Tão curioso como
aquele dos 2000 porcos que se precipitaram no mar (Mc 5,13). Qualquer que seja
a interpretação deste fato miraculoso, esta maneira de solucionar o problema
sugere que se trata de um assunto que não tem muita importância para Jesus.
Para um confronto
pessoal
1) O sofrimento e a
cruz abateram e entristeceram os discípulos. Isto já aconteceu na sua vida?
2) Como você entende o
episódio da moeda encontrada na boca do peixe?
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