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sábado, 21 de abril de 2018

IV Domingo da Páscoa


1ª Leitura (At 4,8-12): Naqueles dias, Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: «Chefes do povo e anciãos, já que hoje somos interrogados sobre um benefício feito a um enfermo e o modo como ele foi curado, ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: É em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos, é por Ele que este homem se encontra perfeitamente curado na vossa presença. Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que veio a tornar-se pedra angular. E em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos».

Salmo Responsorial: 117
R. A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos homens. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos poderosos.

Eu Vos darei graças porque me ouvistes e fostes o meu Salvador. A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor: é admirável aos nossos olhos.

Bendito o que vem em nome do Senhor, da casa do Senhor nós vos bendizemos. Vós sois o meu Deus: eu vos darei graças. Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei. Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.

2ª Leitura (1Jo 3,1-2): Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamarmos filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos como Ele é.

Eu sou o bom pastor, diz o Senhor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me.

Evangelho (Jo 10,11-18): «Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor e a quem as ovelhas não pertencem, vê o lobo chegar e foge; e o lobo as ataca e as dispersa. Por ser apenas mercenário, ele não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas, que não são deste redil; também a essas devo conduzir, e elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida. E assim, eu a recebo de novo. Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade. Eu tenho poder de dá-la, como tenho poder de recebê-la de novo. Tal é o encargo que recebi do meu Pai».

«Eu sou o bom pastor»

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

Hoje, Jesus nos diz: «Eu sou o bom pastor» (Jo 10,11). Comentando Santo Tomás de Aquino esta afirmação, escreve que «é evidente que o título de “pastor” lhe convém a Cristo, já que da mesma maneira um pastor conduz o rebanho à pastagem, assim também Cristo restaura os fiéis com um alimento espiritual: seu próprio corpo e seu próprio sangue». Tudo começou na Encarnação, e Jesus o cumpriu ao longo de sua vida, levando-o ao fim com sua morte redentora e sua ressurreição. Depois de ter ressuscitado, confiou este pastoreio a Pedro, aos Apóstolos e à Igreja até o fim dos tempos.

Através dos pastores, Cristo dá sua Palavra, reparte sua graça nos sacramentos e conduz o rebanho para o Reino: Ele mesmo se entrega como alimento no sacramento da Eucaristia, e comunica a Palavra de Deus e o seu Magistério, e guia com solicitude o seu Povo. Jesus tem procurado para sua Igreja pastores segundo seu coração, quer dizer, homens que, impessoalizando-o pelo Sacramento da Ordem, doem sua vida pelas ovelhas, com caridade pastoral, –com humilde espírito de serviço, com clemência, paciência e fortaleza. Santo Agostinho falava frequentemente desta exigente responsabilidade do pastor: «Esta honra de ser pastor me tem preocupado (...), mas lá onde me aterra o fato de que sou para vocês, me consola o fato de que estou entre vocês (...). Sou bispo para vocês, sou cristão com vocês».

E cada um de nós, cristãos, trabalhamos apoiando os pastores, rezamos por eles, amamos-lhes e obedecemos-lhes. Também somos pastores para os irmãos, enriquecendo-os com a graça e a doutrina que temos recebido, compartindo preocupações e alegrias, ajudando todo o mundo com o coração. Interessamo-nos por todos aqueles que nos rodeiam no mundo familiar, social e profissional até dar a vida por todos com o mesmo espírito de Cristo, que veio ao mundo «Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos» (Mt, 20,28).

Jesus é o nosso Pastor.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Diante da iminente canonização do Monsenhor Óscar Romero, resumo a mensagem deste domingo com as suas palavras a uns meses de ser assassinado celebrando a santa missa: “Como pastor desta comunidade, estou obrigado a dar a vida pelos que amo, que são todos os salvadorenhos, inclusive por aqueles que vão me assassinar. Se chegarem a cumprir as ameaças de morte, desde agora ofereço a Deus o meu sangue pela redenção e pela ressurreição de El Salvador”.

Em primeiro lugar, quando Jesus se define como o Bom Pastor está dizendo o que Homero dizia de Agamenon e Xenofonte de Ciro: “Eu sou o condutor dos homens, o dirigente das nações, o salvador do mundo”. E quando Jesus acrescenta que todos os demais pastores são uns “assalariados” está dizendo que existem muitos por aí que se dizem pastores, guia de povos e nações, dirigentes de comunidades, tanto políticos como religiosos, e na verdade são uns carreiristas, interesseiros e buscadores de dinheiro, da vaidade e de poder. Agora entendemos melhor algumas duras expressões do Papa Francisco quando recorda com bastante frequência ao clero para não sermos mundanos, não buscar honras, nem prestígios. E quando termina Jesus com que, esses tais assalariados, só verem o lobo chegar, deixam as ovelhas e fogem, está dando uma bem dada contra os chefes políticos e religiosos da sua terra, do seu tempo, de todas as terras e tempos da história. Basta ver o panorama mundial: quem se enfrenta com o lobo do relativismo e do consumismo, à hiena da malversação de fundos e corrupção, a raposa da ideologia de gênero e da manipulação genética. Quem se enfrenta com esses governantes sem escrúpulos que prometem até mesmo o impossível, e depois saem com a deles e ficam bem sentadinhos na poltrona, e não cumprem nada do que prometeram!

Em segundo lugar, Cristo sim é o Bom Pastor, o único Pastor autêntico, o único dirigente honesto e de princípios, exemplo para todos os que têm uma missão de pastorear na Igreja, na sociedade e nas comunidades. A todos os dirigentes de ontem de hoje e de amanhã Cristo Pastor está dizendo várias coisas: que vivam para o seu rebanho e não do seu rebanho; que cuidem o seu rebanho e não só a sua parcela familiar e os seus fãs de amigos; que defendam o seu rebanho de todo tipo de lobos ideológicos; que estejam dispostos a dar a vida pelo seu rebanho; se fosse necessário, dando trabalho, saúde, educação para todos, e evitando nas suas vidas a opulência e o esbanjo, os lucros desorbitados, os salários escandalosos de funcionários e parlamentários centrais e autonômicos, os chalés de luxo, as vidas de sultão… Cristo, único Pastor grita para eles que têm que servir e não querer ser servidos.

Finalmente, Cristo Pastor também tem palavras sérias para quem temos uma missão na Igreja como bispos, sacerdotes e diáconos. Que não sejamos funcionários, tipo secretárias que dizem “melhor volte amanhã, hoje não é possível o atendimento”. Que não sejamos burocratas das contas e das montanhas de papéis, administrador mecânico da palavra de Deus e dos sacramentos rotineiros e sempre do “depois, depois, depois”, carreirista e ansioso de subir na vida com muitas regalias, como quem fez carreira eclesiástica e às vezes uma baita duma carreira bem longa e bem rápida. Que conheçamos, amemos, alimentemos, defendamos e demos a vida pelas nossas ovelhas, que não são nossas, que são de Cristo. Que sejamos autênticos sacerdotes pastores, e não sacerdotes secularizados que entendem mais de cinema e esportes do que de Deus, que encabeçam reuniões e greves, mas não se ajoelham nem estudam nem ensinam as suas ovelhas a rezar. Que sejamos pastores cuja autoridade vem até nós desde Cristo para fazer crescer as ovelhas e levá-las até Ele, e não fustigarmos assim as ovelhas com o chicote do autoritarismo. A nossa autoridade é de serviço e não de mando.    

Para refletir: Reflitamos neste poema-soneto de Lope de Vega:
Pastor que com teus assobios amorosos
Despertaste-me do profundo sono,
Tu que fizeste cajado desse lenho,
No qual tendes os braços poderosos,
Volve os olhos a minha fé piedosos,
Pois confesso por meu amor e dono,
E a palavra de te seguir empenho,
Os teus doces assobios e os teus pés formosos.
Ouve, Pastor, pois por amores morres,
Não te espante o rigor dos meus pecados,
Pois Tu tão amigo de rendidos és.
Espera, pois, e escuta os meus cuidados,
Mas, como te digo que me esperes,
Se Tu estás para esperar os pés pregados?

Para rezar: Senhor Jesus, Pastor, revesti o meu coração das virtudes que adornaram a vossa vida de pastor: mansidão, bondade, ternura, desprendimento, sacrifício, fortaleza, firmeza para poder levar o vosso rebanho até o céu.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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