Textos: Ex 20, 1-17; 1 Co 1, 22-25; Jo 2,
13-25
Salmo
Responsorial: 18
R. Senhor, Vós tendes
palavras de vida eterna.
A
lei do Senhor é perfeita, ela reconforta a alma; as ordens do Senhor são
firmes, dão sabedoria aos simples.
Os
preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; os mandamentos do Senhor são
claros e iluminam os olhos.
O
temor do Senhor é puro e permanece para sempre; os juízos do Senhor são
verdadeiros, todos eles são retos.
São
mais preciosos que o ouro, o ouro mais fino; são mais doces que o mel, o puro
mel dos favos.
2ª Leitura
(1Cor 1,22-25): Irmãos: Os judeus pedem milagres e os
gregos procuram a sabedoria. Quanto a nós, pregamos Cristo crucificado,
escândalo para os judeus e loucura para os gentios; mas para aqueles que são
chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder e sabedoria de Deus. Pois o
que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens e o que é fraqueza de Deus
é mais forte do que os homens.
Deus amou tanto o mundo
que lhe deu o seu Filho Unigénito; quem acredita n’Ele tem a vida eterna.
Evangelho (Jo 2,13-25):
Estava próxima a Páscoa dos judeus;
Jesus, então, subiu a Jerusalém. No templo, encontrou os que vendiam bois,
ovelhas e pombas, e os cambistas nas suas bancas. Então fez um chicote com
cordas e a todos expulsou do templo, juntamente com os bois e as ovelhas; jogou
no chão o dinheiro dos cambistas e derrubou suas bancas, e aos vendedores de
pombas disse: «Tirai daqui essas coisas. Não façais da casa de meu Pai um
mercado!» Os discípulos se recordaram do que está na Escritura: «O zelo por tua
casa me há de devorar». Então os judeus perguntaram a Jesus: «Que sinal nos
mostras para agires assim?» Jesus respondeu: «Destruí este templo, e em três
dias eu o reerguerei». Os judeus, então, disseram: «Trabalharam durante
quarenta e seis anos erguer este templo, e tu serias capaz de erguê-lo em três
dias?» Ora, ele falava isso a respeito do templo que é seu corpo. Depois que
Jesus fora reerguido dos mortos, os discípulos se recordaram de que ele tinha
dito isso, e creram na Escritura e na palavra que Jesus falou. Estando em
Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos creram no seu nome, vendo os sinais que
realizava. Jesus, no entanto, não lhes dava crédito, porque conhecia a todos e
não precisava de ser informado a respeito do ser humano. Ele bem sabia o que
havia dentro do homem.
«Não façais da casa de
meu Pai um mercado!»
Rev. D. Lluís RAVENTÓS i Artés (Tarragona, Espanha)
Sto Avertano Religioso de nossa Ordem |
Hoje,
perto da Páscoa, sucedeu um fato insólito no templo. Jesus retirou do templo o
rebanho dos vendedores, derrubou as bancas dos cambistas e disse aos vendedores
de pombas: «Tirai daqui essas coisas. Não façais da casa de meu Pai um mercado!»
(Jo 2,16). E enquanto as ovelhas e os carneiros corriam pela explanada, os
discípulos descobriram uma nova face da alma de Jesus: O zelo pela casa de seu
Pai, o zelo pelo templo de Deus.
O
templo de Deus convertido num mercado! Que barbaridade! Deve ter começado com
pouca coisa. Algum pastor que subia para vender um cordeiro, uma anciã que
queria ganhar algum trocado vendendo pombas..., e a bola foi crescendo. Tanto é
assim que o autor do Cântico dos Cânticos clamava: «pegai as raposas, as
pequenas raposas que devastam as vinhas» (Ct 2,15). Mas, quem ligava para
aquilo? A explanada do templo era como um mercado em dia de feira.
—Eu
também sou templo de Deus. Se não cuido as pequenas raposas, o orgulho, a
preguiça, a gula, a inveja, a avareza, tantos trajes do egoísmo, se infiltram
dentro nós e estragam tudo. Por isso, o Senhor nos coloca em alerta: «O que vos
digo, digo a todos, vigiai!» (Mc 13,37).
Vigiemos!
Para que a preguiça não invada a consciência: «negar-se a ver a culpa é uma
doença da alma mais perigosa que a culpa, pois está muito mais distante da
verdade e da conversão» (Bento XVI).
Vigiar?
— Tento fazê-lo cada noite. Ofendi alguém? São retas as minhas intenções? Estou
disposto a cumprir sempre e em tudo a vontade de Deus? Mas, nessas horas estou
cansado e me vence o sono.
—Jesus,
você me conhece a fundo, você que conhece muito bem o que existe no interior de
cada homem, faz-me conhecer as faltas, dá-me fortaleza e um pouco deste zelo
seu, para que jogue fora do templo, aquilo que me separa de ti.
Quais “mercadores” eu
tenho que expulsar nesta quaresma que querem traficar com a minha alma, e meu
corpo, templo de Deus?
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Bto Romeu Religioso de nossa Ordem |
Deus
nesta quaresma quer purificar o templo da minha alma e do meu coração, para
poder celebrar comigo a sua Páscoa, isto é, o triunfo do pecado e a injeção da
graça divina, fazendo-me homem novo.
Em
primeiro lugar, Cristo tem que entrar hoje com o açoite na mão no templo da
nossa Igreja e expulsar dela todos esses mercadores que só buscam fazer
carreira, ambições, desejo de protagonismo e vaidade, cheios de mundanismo na
sua mente e no seu coração, como tantas vezes nos lembra o Papa Francisco. E
assim purificada, a nossa Igreja seja una, santa, católica e apostólica, e,
sobretudo, segundo o evangelho na mente, no coração e nos ritos. E assim a
nossa Igreja só busque a glória de Deus e o bem de todas as pessoas, visitando
as periferias existenciais, consolando os tristes, ajudando e promovendo os
pobres com obras de caridade, perdoando os pecadores. Só assim a nossa Igreja
será facilitadora da graça, como diz o Papa Francisco, e não burocrática, que
controla e que obstaculiza o encontro do homem com Deus. E assim na nossa
Igreja terá a comunhão fraterna, deixando de um lado as invejas que carcomem;
os ciúmes que desgastam e as murmurações que nos matam. Só assim a nossa Igreja
católica enfrentará o desafio da proliferação dos novos movimentos religiosos,
aonde muitos vão encontrando o que nós, talvez, não lhes damos: acolhida,
proximidade, carinho, respeito, ternura e solução para os seus problemas
espirituais, humanos e materiais; e realizando tudo sem buscar benefícios
econômicos ou querer exercer algum poder sobre essas pobres gentes (Evangelii
Gaudium 70).
Em
segundo lugar, Cristo tem que entrar hoje com o açoite na mão no templo dos
nossos Organismos Internacionais e nos nossos Estados e expulsar deles todos
esses mercadores que só buscam o próprio proveito e o interesse financeiro ou
de prestigio, querendo condescender com todas as ideologias de moda; e não só
condescender, mas também apoiá-las e promove-las com o dinheiro, nos meios de
comunicação e desde os assentos dos Parlamentos. Só assim, purificados pelo
sangue de Cristo, os nossos Estados serão construtores do bem comum e buscarão
medidas para ajudar os pobres, garantir a paz e a justiça. Só assim, os nossos
Estados saberão que o dinheiro deve servir e não governar (Evangelii Gaudium
58). Só assim, desaparecerão os males cristalizados nas estruturas sociais
injustas e poderemos esperar um futuro melhor (Evangelii Gaudium 59). Só assim
os nossos Estados criarão o clima para a tolerância verdadeira, o respeito e o
diálogo, além de toda diferença no campo político, econômico, filosófico ou
religioso, evitando todo tipo de discriminação, receios e enfrentamentos com os
que não compartilham os nossos mesmos valores e a nossa mesma visão da vida.
Finalmente,
Cristo tem que entrar hoje com o açoite na mão no templo das nossas famílias,
dos nossos corações e expulsar de nós todo egoísmo, soberba, luxúria,
grosserias, divisões, ídolos (1 leitura), e purificada a nossa alma, possamos
render o culto devido a Deus e cumprir alegremente e por amor os mandamentos (1ª
leitura). Não nos envergonharemos da cruz de Cristo que é força e sabedoria de
Deus (2ª leitura).
Para
refletir:
Deixei a porta aberta do
templo da minha alma para Jesus entrar e tirar para fora todos esses mercadores
que tratam de traficar com a minha fé, a minha esperança e a minha caridade? Já
os localizei: seitas e propostas mundanas, egoísmo e vaidade, orgulho e
ambição, vida cheia de prazeres e de luxo, comodidade e preguiça,
insensibilidade e indiferença, tristeza e desilusão, depressão e ceticismo?
Tenho bem trancada a minha porta com o cadeado da vigilância e da coerência na
minha vida cristã?
Para
rezar: Senhor, entrai com o vosso açoite de
amor e tirai para fora todos esses inquilinos que querem roubar de mim o
patrimônio que Vós presenteastes à minha alma desde o dia do meu batismo. Quero
viver a santa Quaresma com essa consciência e necessidade de purificação para
poder entrar e desfrutar da vossa Páscoa.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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