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sábado, 10 de março de 2018

Domingo IV (B) de Quaresma


Textos: 2 Cro 36, 14-16.19-23; Ef 2, 4-10; Jo 3, 14-21

1ª Leitura (2Cro 36,14-16.19-23): Naqueles dias, todos os príncipes dos sacerdotes e o povo multiplicaram as suas infidelidades, imitando os costumes abomináveis das nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha consagrado para Si em Jerusalém. O Senhor, Deus de seus pais, desde o princípio e sem cessar, enviou-lhes mensageiros, pois queria poupar o povo e a sua própria morada. Mas eles escarneciam dos mensageiros de Deus, desprezavam as suas palavras e riam-se dos profetas, a tal ponto que deixou de haver remédio, perante a indignação do Senhor contra o seu povo. Os caldeus incendiaram o templo de Deus, demoliram as muralhas de Jerusalém, lançaram fogo aos seus palácios e destruíram todos os objetos preciosos. O rei dos caldeus deportou para Babilônia todos os que tinham escapado ao fio da espada; e foram escravos deles e de seus filhos, até que se estabeleceu o reino dos persas. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pela boca de Jeremias: «Enquanto o país não descontou os seus sábados, esteve num sábado contínuo, durante todo o tempo da sua desolação, até que se completaram setenta anos». No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor, pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar, em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação: «Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da terra e Ele próprio me confiou o encargo de Lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem de entre vós fizer parte do seu povo ponha-se a caminho e que Deus esteja com ele».

Salmo Responsorial: 136
R. Se eu me não lembrar de ti, Jerusalém, fique presa a minha língua.
Sobre os rios de Babilônia nos sentamos a chorar, com saudades de Sião. Nos salgueiros das suas margens, dependuramos nossas harpas.

Aqueles que nos levaram cativos queriam ouvir os nossos cânticos e os nossos opressores uma canção de alegria: «Cantai-nos um cântico de Sião».

Como poderíamos nós cantar um cântico do Senhor em terra estrangeira? Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, esquecida fique a minha mão direita.

Apegue-se-me a língua ao paladar, se não me lembrar de ti, se não fizer de Jerusalém a maior das minhas alegrias.

2ª Leitura (Ef 2,4-10): Irmãos: Deus, que é rico em misericórdia, pela grande caridade com que nos amou, a nós, que estávamos mortos por causa dos nossos pecados, restituiu-nos à vida com Cristo – é pela graça que fostes salvos – e com Ele nos ressuscitou e com Ele nos fez sentar nos Céus. Assim quis mostrar aos séculos futuros a abundante riqueza da sua graça e da sua bondade para conosco, em Jesus Cristo. De fato, é pela graça que fostes salvos, por meio da fé. A salvação não vem de vós: é dom de Deus. Não se deve às obras: ninguém se pode gloriar. Na verdade, nós somos obra de Deus, criados em Jesus Cristo, em vista das boas obras que Deus de antemão preparou, como caminho que devemos seguir.

Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho Unigênito: quem acredita n’Ele tem a vida eterna.

Evangelho (Jn 3,14-21): «Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna. De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem crê nele não será condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus. Ora, o julgamento consiste nisto: a luz veio ao mundo, mas as pessoas amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Pois todo o que pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que suas ações sejam manifestadas, já que são praticadas em Deus».

«Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único»

Rev. D. Joan Ant. MATEO i García (La Fuliola, Lleida, Espanha)

Hoje a liturgia oferece-nos um aroma antecipado da alegria pascal. Os ornamentos do celebrante são rosados. É o do “laetare” que nos convida a uma serena alegria. «Festejai a Jerusalém, alegrai-vos todos os que a amais...», canta a antífona da entrada.

Deus quer que estejamos contentes. A psicologia mais elementar diz-nos que uma pessoa que não vive contente acaba enferma de corpo e espírito. Mas, a nossa alegria deve estar bem fundamentada, deve ser a expressão da serenidade de viver uma vida com pleno sentido. De outra forma, a alegria degeneraria em superficialidade, em tolice. Santa Teresa distinguia acertadamente entre “santa alegria” e
“louca alegria”. Esta última é apenas exterior, dura pouco e deixa um sabor amargo.

Vivemos tempos difíceis para a vida da fé. Mas também são tempos apaixonantes. Experimentamos, de certa forma, o exílio babilônico que canta o salmo. Na verdade, também nós podemos viver uma experiência de exílio «chorando a nostalgia de Sion» (Sal 136,1). As dificuldades exteriores e, sobre tudo o pecado, pode levar-nos perto dos rios da Babilônia. Apesar de tudo, temos motivos de esperança e Deus continua dizendo: «Que se me cole a língua ao paladar se não me lembrar de ti» (Sal 136,6).

Podemos viver sempre contentes porque Deus nos ama loucamente, tanto que nos «deu o seu Filho único» (Jo 3,16). Brevemente acompanharemos este Filho único no seu caminho de morte e ressurreição. Contemplaremos o amor Daquele que tanto ama, que se entregou por nós, por ti e por mim. Ficaremos cheios de amor e olharemos Aquele que trespassaram (Jo 19,37), e crescerá em nós uma alegria que ninguém nos poderá tirar.

A verdadeira alegria que ilumina a nossa vida não provem do nosso esforço. São Paulo recorda-nos: não vem de vós, é um dom de Deus, somos obra sua (Col 1,11). Deixemo-nos amar por Deus e amemo-lo, e a alegria será grande na próxima Páscoa e na vida. E não nos esqueçamos de nos deixarmos acariciar e regenerar por Deus com uma boa confissão antes da Páscoa.

O pecado, o nosso pecado, ademais de quebrar a Aliança com Deus, é a causa de todas as desgraças pessoais, sociais, estruturais, eclesiais, familiares e mundiais. Mas a misericórdia de Deus é maior do que o nosso pecado.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Serva de Deus Me Maria José de Jesus
Restauradora do Carmelo Teresiano no Brasil
Estamos praticamente na metade da Quaresma. É bom que também nós, fracos e volúveis talvez como os israelitas, nos espelhemos na sua história para nos decidir a uma séria conversão e emenda dos nossos pecados para poder participar plenamente na Páscoa do Senhor.

Em primeiro lugar, somos pecadores. Ai está a primeira leitura de hoje onde Deus joga na nossa cara com o chicote da sua misericórdia –como o papa Francisco disse no domingo passado- as nossas infidelidades, a nossa vida mundana, os nossos maus jeitos, as nossas burlas, para nos corrigirmos e voltarmos ao bom caminho, com o auxílio de mensageiros e profetas que Ele nos manda continuamente através da sua Palavra, do Papa, do nosso confessor, familiares, amigos. Quaresma é tempo de uma revisão espiritual, de fazer um nós uma ressonância magnética da alma e dos nossos afetos mais íntimos para ver se temos algum indicio de câncer, diabete, mau colesterol. Ainda estamos a tempo de tomar os remédios e os antibióticos necessários para nos curar, de tomar as vacinas para prevenir as febres altas e perigosas. Quais pecados ameaçam mais a nossa vida? Soberba e os seus filhotes: egoísmo, vaidade, orgulho, amor próprio, dureza de juízo, impaciência, autossuficiência, rancor, desejo de vingança, impor as nossas ideias, desânimo, juízos temerários, indiferença diante das necessidades dos demais, inveja, racionalismo, espírito calculista, respeito humano, farisaísmo e mentira, rebeldia, caprichos e manias, individualismo? Ou tudo o contrário, me ameaçam a sensualidade e os seus filhotes: comodidade, frouxidão, sentimentalismo, busca do fácil e que traz prazer, abuso e descontrole dos sentidos, impureza e luxúria consentida e alimentada, gula, sonhos mundanos, pusilanimidade, ociosidade, inconstância, tibieza, apatia, abandono da oração, falta de pontualidade nos nossos trabalhos, pessimismo, insatisfação, fuga do sacrifício, gula, avareza? Façamos uma séria revisão e obremos em consequência, se quisermos chegar preparados à Páscoa do Senhor.

Em segundo lugar, pecadores, sim, mas também redimidos, pois a misericórdia, a generosidade e o amor de Deus são infinitos (2ª leitura). Esta redenção não é mérito nosso, mas pura graça divina. O amor que Deus tem por nós em Cristo Jesus é prévio a todos os nossos méritos e superior a todos os nossos desmerecimentos. Já no Antigo Testamento manifestou este amor, inclusive se teve que castigar e corrigir o seu povo, quando o tirou da escravidão do Egito e mais tarde o fez voltar do cativeiro. Na primeira leitura escutamos como Deus mexeu com o coração do rei Ciro, também mexerá com o coração dos nossos reis e presidentes e chefes de Estado?-, que permitiu os israelitas voltarem para Jerusalém e reconstruir a sua nação e o seu Templo- também os nossos chefes de Estado respeitarão a nossa religião e nos permitirão dar culto a Deus sempre e em todos os lugares e ensinar a lei de Deus e da Igreja nas escolas, sem imiscuir-se em questões que não lhes competem e apoiando sempre o que dignifica a pessoa humana?-. Porém é, sobretudo, no Novo Testamento, onde Deus fez que nós experimentássemos a sua ternura e misericórdia, pois “tanto amou Deus o mundo que lhe entregou o seu Filho Unigênito” e todos se salvem (evangelho).

Finalmente, redimidos, sim, mas em continua conversão, pois o tentador nos cerca dia e noite para voltarmos ao pecado. Temos que olhar para Cristo na cruz para nos curar das picaduras das serpentes venenosas que nos atacarão dia e noite (evangelho). Olhando a cabeça de Cristo na cruz coroada de espinhos, curarão e se purificarão os nossos maus pensamentos. Olhando o rosto desfigurado e batido de Cristo na cruz, curarão os nossos desejos de vaidade ridícula. Olhando os olhos inchados de Cristo na cruz, os nossos olhos se fecharão diante das indecências. Olhando a boca resseca de Cristo, saberemos dominar o nosso desenfreio de gula e a espada das fofocas. Olhando as mãos perfuradas de Cristo na cruz, desaparecerão as nossas ambições e desejos de ter e possuir. Olhando o lado perfurado de Cristo na cruz, os nossos ódios se converterão em perdão. Olhando os joelhos marcados de Cristo na cruz, crescerá o nosso desejo de nos ajoelhar e orar sem cessar. Olhando os pés de Cristo pregados na cruz, poderemos reparar os nossos pecados por ter caminhado por trilhas de morte. Olhando, enfim, todo o corpo de Cristo esmagado e açoitado, desaparecerá a vontade que temos de viver no conforto, na comodidade, nos prazeres e nos luxos.  

Para refletir: Quais pecados desfiguram a imagem de Deus na minha alma? Aproximar-me-ei à confissão antes de entrar na Semana Santa, para pedir perdão a Deus pelos meus pecados?

Para rezar: Senhor, piedade e misericórdia: pequei contra Vós. Senhor, dai-me a graça da conversão. Senhor, fazei-me partícipe da vossa Páscoa.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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