S. Gonçalo de Amarante, Presbítero da Ordem dos Pregadores |
«De madrugada, quando
ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. Lá,
ele orava. »
Fray Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
Hoje
vemos claramente como Jesus dividia a jornada. Por um lado, dedicava-se à
oração e, por outro, à missão de predicar com palavras e com obras.
Contemplação e ação. Oração e trabalho. Estar com Deus e estar com os homens.
De
fato, vemos Jesus entregado em Corpo e alma em sua tarefa de Messias e
Salvador: cura aos doentes, como à sogra de São Pedro e muitos outros, consola
os que estão tristes, expulsa demônios, predica. Todos levam-lhe seus doentes e
endemoniados. Todos querem escutá-lo: «Todos te procuram» (Mc 1,37), dizem os
discípulos. Seguro que tinha uma atividade frequentemente cansativa, que quase
não lhe deixava nem respirar.
Mas,
Jesus procurava também tempo de solidão para se dedicar à oração: «De
madrugada, quando ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um
lugar deserto. Lá, ele orava» (Mc 1,35). Em outras partes dos Evangelhos vemos
Jesus dedicado à oração em outras horas e, inclusive a altas horas da noite.
Sabia distribuir o tempo sabiamente, para que sua jornada tivesse um equilíbrio
razoável de trabalho e oração
Nós
dizemos frequentemente: Não tenho tempo! Estamos ocupados com o trabalho do
lar, com o trabalho profissional e, com as inumeráveis tarefas que enchem nossa
agenda. Com frequência cremo-nos dispensados da oração diária. Fazemos muitas
coisas importantes, isso sim, mas corremos o risco de esquecer a mais necessária:
a oração. Devemos criar um equilíbrio para fazer umas sem desatender as outras.
São
Francisco o propõe assim: «Há que trabalhar fielmente e com dedicação, sem
apagar o espírito da santa oração e devoção, para o que hão de servir as outras
coisas temporais».
Deveríamos
nos organizar um pouco mais. Disciplinar-nos, “domesticando” o tempo. O que é
importante há de caber. Ainda mais o que é necessário.
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Jesus restaura a vida para o serviço.
Depois de participar da celebração do sábado na sinagoga, Jesus entrou na casa
de Pedro e curou a sogra dele. A cura fez com ela se colocasse de pé e, com a
saúde e a dignidade recuperadas, começasse a servir as pessoas. Jesus não só
cura a pessoa, mas cura para que a pessoa se coloque a serviço da vida.
* Jesus acolhe os marginalizados. Ao
cair da tarde, terminado o sábado na hora do aparecimento da primeira estrela
no céu, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido.
Os doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas
não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a
religião as considerava impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era
como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em
que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente:
acolher os marginalizados e os excluídos, e reintegrá-los na convivência da
comunidade.
* Permanecer unido ao Pai pela oração.
Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o tempo e o
ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um
lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos
falam da oração de Jesus no silêncio (Mt 14,22-23; Mc 1,35; Lc 5,15-16;
3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a consciência da sua
missão.
* Manter viva a consciência da missão e
não se fechar no resultado já obtido. Jesus se tornou conhecido. Todos iam
atrás dele. Esta publicidade agradou aos discípulos. Eles vão em busca de Jesus
para levá-lo de volta junto do povo que o procurava, e lhe dizem: Todos te
procuram. Pensavam que Jesus fosse atender ao convite. Engano deles! Jesus não
atendeu e disse: Vamos para outros lugares. Foi para isto que eu vim! Eles devem ter estranhado! Jesus não era como
eles o imaginavam. Jesus tem uma consciência muito clara da sua missão e quer
transmiti-la aos discípulos. Não quer que eles se fechem no resultado já
obtido. Não devem olhar para trás. Como Jesus, devem manter bem viva a
consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que deve orientá-los na
tomada das decisões.
* Foi para isto que eu vim! Este foi o
primeiro mal-entendido entre Jesus e os discípulos. Por ora, é apenas uma
pequena divergência. Mais adiante no evangelho de Marcos, este mal-entendido,
apesar das muitas advertências de Jesus, vai crescer e chegar a uma quase
ruptura entre Jesus e os discípulos (cf. Mc 8,14-21.32-33; 9,32;14,27). Hoje
também existem mal-entendidos sobre o rumo do anúncio da Boa Nova. Marcos ajuda
a prestar atenção nas divergências, para não permitir que elas cresçam até à
ruptura
Para um confronto
pessoal
1) Jesus não veio para ser servido mas para servir. A sogra de Pedro
começou a servir. E eu, faço da minha vida um serviço a Deus e aos irmãos e às
irmãs?
2) Jesus mantinha a consciência da sua missão através da oração. E a minha
oração?
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