Textos: Deut 18, 15-20; 1 Cor 7, 32-35; Mc 1,
21-28
Evangelho
(Mc 1,21-28): Entraram em Cafarnaum. No
sábado, Jesus foi à sinagoga e pôs-se a ensinar. Todos ficaram admirados com
seu ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade, não como os
escribas. Entre eles na sinagoga estava um homem com um espírito impuro; ele
gritava: «Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei
quem tu és: o Santo de Deus!». Jesus o repreendeu: «Cala-te, sai dele!».O
espírito impuro sacudiu o homem com violência, deu um forte grito e saiu. Todos
ficaram admirados e perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Um ensinamento
novo, e com autoridade: ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe
obedecem!». E sua fama se espalhou rapidamente por toda a região da Galileia.
«Um ensinamento novo, e
com autoridade»
Rev. D. Jordi CASTELLET i Sala (Sant Hipòlit de Voltregà,
Barcelona, Espanha)
Hoje,
Cristo dirige-nos o seu grito enérgico, sem dúvidas e com autoridade: «Cala-te,
sai dele!» (Mc 1,25). Disse-o aos espíritos malignos que vivem em nós e que não
nos deixam ser livres, tal como Deus nos criou e desejou.
Se
repararmos, os fundadores das ordens religiosas, a primeira norma que põem
quando estabelecem a vida comunitária, é a do silêncio: numa casa onde se tenha
que rezar, há-de reinar o silêncio e a contemplação. Como diz o ditado: «O bem
não faz ruído; o ruído não faz bem». Por isto, Cristo ordena àquele espírito
maligno que se cale, porque a sua obrigação é render-se diante de quem é a
palavra, que «se fez carne, e habitou entre nós» (Jo 1,14).
Mas
é certo que com a admiração que sentimos diante do Senhor, se pode misturar
também um sentimento de suficiência, de tal maneira que cheguemos a pensar tal
como Santo Agostinho dizia nas próprias confissões: «Senhor, faz-me casto, mas
ainda não». A tentação é a de deixar para mais tarde a própria conversão,
porque agora não encaixa com os nossos próprios planos pessoais.
O
chamamento ao seguimento radical de Jesus Cristo é para o aqui e agora, para
tornar possível o seu reino, que irrompe com dificuldade entre nós. Ele conhece
a nossa tibieza, sabe que não nos gastamos fortemente na opção do Evangelho,
mas que queremos contemporizar, ir tirando, ir vivendo, sem alarido e sem
pressa.
O
mal não pode conviver com o bem. A vida santa não permite o pecado. «Ninguém
pode servir a dois senhores; porque odiará um e amará o outro» (Mt 6,24), disse
Jesus Cristo. Refugiemo-nos na árvore sagrada da Cruz e que a sua sombra se
projete sobre a nossa vida, e deixemos que seja Ele quem nos conforte, nos faça
entender o porquê da nossa existência e nos conceda uma vida digna de Filhos de
Deus.
O profeta só tem que
dizer as palavras de quem o manda, embora sejam duras de ouvir e difíceis de
colocar em prática.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Sto Tomás de Aquino |
Desde
o batismo, todo cristão é profeta. Da parte de Deus, o profeta anuncia a Boa
Nova e denuncia o mal, em ordem à salvação dos homens. Quem escutar e prestar
atenção se salvará. E, ai do profeta que não anunciar o que Deus lhe mandou!
(primeira leitura).
Em
primeiro lugar, ser profeta não significa preanunciar fatos futuros. Profeta
não é só o que prediz de antemão o que vai acontecer, mas antes de tudo o que
fala em lugar de outro. Não o que fala “antes”, mas “no lugar de”. O profeta
judeu era propriamente o que falava em nome de Javé ou na sua honra, o que
proclamava os seus louvores, o que pregava a sua doutrina e anunciava os seus
decretos. Era o arauto, o interprete do Senhor. É certo que normalmente o
Senhor governava o povo de Israel através dos seus legisladores. Mas às vezes
queria manifestar vontades expressas, e para isso recorria ao profeta, não
pedindo para ele um serviço, mas intimidando-o a cumprir uma ordem. Com
frequência, como hoje com Moises (primeira leitura), enviava-o para falar diante
de uma assembleia, sem que tivesse sido previamente convidado, e o profeta se
via obrigado a ir das praças ao templo, e do templo aos palácios dos grandes,
como um inoportuno, às vezes, como um estraga prazeres. Também o Senhor se
valeu deles para anunciar o futuro. Assim predisseram muitos detalhes sobre o
Messias que tinha que vir, e anunciaram que os grandes fatos do Antigo
Testamento eram uma imagem do que aconteceria depois em Cristo e na Igreja.
Fatos e palavras. Os profetas, com as suas palavras explicavam o sentido dos
fatos, e anunciavam que no futuro esses fatos se repetiriam, mas num nível
infinitamente superior. E chegou Cristo, o Grande Profeta definitivo.
Em
segundo lugar, sim, Jesus é o Profeta definitivo que fala e age com autoridade.
Não somente falaria em nome de Deus, mas que Ele mesmo seria a Fala de Deus, a
Palavra de Deus, o Verbo de Deus. O Verbo feito carne. E veio para falar com
todo o poder da majestade divina. Não só o que ensina a verdade, mas o que é a
Verdade mesma. Não só o que marca o caminho da vida, mas que Ele mesmo é o
Caminho e a Vida. Jesus falava com autoridade. Falar com autoridade é convencer
e impulsionar. Para isso, se necessita uma coisa que todos têm; outra que
poucos têm e outra que quase ninguém têm, e são: palavras prometedoras, que já
saem sobrando; vida consequente com as palavras, que escasseia, e fatos que
falem a vida e as palavras, que já faltam. Jesus com a sua palavra, a sua vida
e os seus milagres assustava até os demônios e terminou com as suas interferências
nas vidas dos homens; eis aqui o caso do possuído do evangelho de hoje. Só o
poder de Jesus é capaz de exorcizar os homens, isto é, de tirar do corpo deles
os demônios pós-modernos; o conforto materialista da vida, o hedonismo do
prazer pelo prazer, o culto ao dinheiro, o culto ao êxito pessoal, o laicismo
sem espírito, sem alma e sem Deus, a filosofia do descarto e da indiferença
diante da pobreza humana. Estes são os únicos demônios que até agora eu
conheço, a única autoridade em que creio e o único exorcismo que pratico, em
nome de Jesus.
Finalmente,
todo batizado também participa do profetismo de Jesus. Não só os sacerdotes são
profetas. Também todo leigo batizado. Devemos oferecer a Deus os nossos lábios
de modo que o Senhor possa continuar pregando através de nós durante todo o
transcurso da história, expulsando esses demônios que continuam estragando os
corpos e as almas de tantos que se deixam levar pelos feitiços prometendo a
eterna juventude, como narra o escritor irlandês Oscar Wilde na sua obra “O
retrato de Dorian Gray”, em troca de vender a sua alma ao Mefistófeles de bate
a porta de nossa casa, parafraseando o Fausto do escritor e poeta alemão
Goethe. E temos que pregar a boa nova em cima dos telhados: casa, fábrica,
local de trabalho, escola, hospital, casa de anciãos… Até chegar a todas as
periferias existenciais, físicas, morais e espirituais. Profetas que também
saibamos denunciar com respeito todos os desvarios e injustiças de tantos -o
pecado-, como fazia Cristo. E isto desde todos os meios lícitos e bons: meios
de comunicação, púlpito, cátedras, mesa familiar. E não só com a palavra, mas,
sobretudo com o exemplo de vida. Tomemos cuidado com os falsos profetas!
Rapidamente se manifestam prometendo a teologia da prosperidade ou uma vida sem
normas morais. Cristo já nos alertou.
Para
refletir:
Sou consciente de ser
profeta desde o batismo? Anuncio com alegria e convencimento a Boa Nova do
Evangelho, sem medo e sem temor? Denuncio o mal, sem colocar tempero no que diz
Deus sobre os critérios mundanos? A quem não quis anunciar a mensagem de Cristo
e denunciar com caridade o mal?
Para
rezar: Medite estas palavras da primeira
leitura: “Colocarei as minhas palavras na sua boca, e ele dirá tudo o que lhe
ordenar”.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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