S. João XXIII, Papa |
«Senhor, ensina-nos a
orar, como também João ensinou a seus discípulos»
Fr. Austin
Chukwuemeka IHEKWEME (Ikenanzizi, Nigria)
Hoje vemos
como um dos discípulos lhe diz a Jesus: «Senhor, ensina-nos a orar, como também
João ensinou a seus discípulos» (Lc 11,1). A resposta de Jesus: «Quando
orardes, dizei: Pai santificado seja teu nome; venha o teu Reino; dá-nos a cada
dia o pão cotidiano, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos
a todo aquele que nos deve; e não nos introduzas em tentação» (Lc 11,2-4), pode
ser resumida com uma frase: a correta disposição para a oração cristã é a
disposição de uma criança diante do seu pai.
Vemos em
seguida que a oração, segundo Jesus, é um trato do tipo pai-filho. Isto é, um
assunto familiar baseado em uma relação de familiaridade e amor. A imagem de
Deus como pai nos fala de uma relação baseada no afeto e na intimidade, e não
no de poder e autoridade.
Rezar como
cristãos supõe em uma situação onde vemos a Deus como pai e lhe falamos, como
seus filhos: «Orar é falar com Deus. Mas, de que? -De que? Dele, de você:
alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações
diárias..., fraquezas!: e ações de graças e petições: e Amor e desagravo. Em
duas palavras: conhecer-lhe e conhecer você: tratar-se!» (São Josemaria).
Quando os
filhos falam com seus pais prestam atenção em uma coisa: transmitir em palavras
e linguagem corporal o que sentem no coração. Chegamos a ser melhores mulheres
e homens de oração quando nosso trato com Deus se faz mais íntimo, como o de um
pai com seu filho. Disso nos deixou como exemplo o próprio Jesus. Ele é o
caminho.
E, se acode
à Virgem, mestra de oração, que fácil lhe será! De fato, «a contemplação de
Cristo tem em Maria seu modelo insuperável. O rosto do Filho lhe pertence de um
modo especial (...). Ninguém se dedicou com a assiduidade de Maria à
contemplação do rosto de Cristo» (João Paulo II).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* No evangelho de ontem, vimos Maria sentada aos pés de
Jesus, escutando a sua palavra. Quem escutou a palavra de Deus deverá dar uma
resposta na oração. Assim, o evangelho de hoje dá continuidade ao evangelho de
ontem trazendo a passagem na qual Jesus, pela sua maneira de rezar, provoca nos
discípulos a vontade de rezar, de aprender dele como rezar.
* Lucas
11,1: Jesus, exemplo de oração
“Um dia,
Jesus estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu:
"Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou os discípulos
dele." É
estranha a pergunta do discípulo, pois naquele tempo, o povo aprendia a rezar
desde pequeno. Todos e todas rezavam três vezes ao dia, de manhã, meio dia e à
noite. Rezavam muito os salmos. Tinham as suas práticas devocionais, tinham os
salmos, tinham as reuniões semanais na sinagoga e os encontros diários em casa.
Mas parece que não bastava. O discípulo queria mais:“Ensina-nos a rezar!” Na
atitude de Jesus ele descobriu que poderia dar mais um passo e que, para isso
necessitaria uma iniciação. O desejo de rezar está em todos, mas a maneira de
rezar pede uma ajuda. A maneira de rezar vai mudando ao longo dos anos da vida
e mudou ao longo dos séculos. Jesus foi um bom mestre. Ensinou a rezar por
palavras e pelo testemunho.
* Lucas 11,2-4: A
oração do Pai Nosso
“Jesus
respondeu: "Quando vocês rezarem, digam: Pai, santificado seja o teu nome.
Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, e perdoa-nos os nossos
pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem; e não nos
deixes cair em tentação”.
No evangelho de Mateus, de maneira muito didática, Jesus resumiu todo o seu
ensinamento em sete pedidos dirigidos ao Pai. Aqui no evangelho de Lucas são
cinco pedidos. Nestes sete ou cinco pedidos, Jesus retoma as grandes promessas
do Antigo Testamento e pede que o Pai nos ajude a realizá-las. Os primeiros
três (ou dois) dizem respeito ao relacionamento nosso com Deus. Os outros
quatro (ou três) dizem respeito ao relacionamento entre nós..
EM MATEUS
Introdução: Pai Nosso que estás no céu!
1º pedido: Santificação do Nome
2º pedido: Vinda doReino
3º pedido: Realização daVontade
4º pedido: Pão de cada dia
5º pedido: Perdão das dívidas
6º pedido: Não cair nasTentações
7º pedido: Libertação doMaligno
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EM LUCAS
Introdução: Pai
1º pedido: Santificação doNome
2º pedido: Vinda do Reino
3º pedido: Pão de cada dia
4º pedido: Perdão dos pecados
5º pedido: Não cair nas Tentações
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* Pai (Nosso): O título exprime o
novo relacionamento com Deus (Pai). É o fundamento da fraternidade
1. Santificar o Nome: O nome é JAVÉ.
Significa Estou com você! Deus conosco. Neste NOME Deus
se deu a conhecer (Ex 3,11-15). O Nome de Deus é santificado quando é usado com
fé e não com magia; quando é usado conforme o seu verdadeiro objetivo, isto é,
não para a opressão, mas sim para a libertação do povo e para a construção do Reino.
2. Vinda do Reino: O único Dono e Rei da
vida humana é Deus (Is 45,21; 46,9). A vinda do Reino é a realização de todas
as esperanças e promessas. É a vida plena, a superação das frustrações sofridas
com os reis e os governos humanos. Este Reino acontecerá, quando a vontade de
Deus for plenamente realizada.
3. Pão de cada dia: No êxodo, cada
dia, o povo recebia o maná no deserto (Ex 16,35). A Providência Divina
passava pela organização fraterna, pela partilha. Jesus nos convida para
realizar um novo êxodo, uma nova maneira de convivência fraterna que garante o
pão para todos (Mt 6,34-44; Jo 6,48-51).
4. Perdão das dívidas: Cada 50 anos, o Ano
Jubilar obrigava todos a perdoar as dívidas. Era um novo começo (Lv 25,8-55).
Jesus anuncia um novo Ano Jubilar, "um ano da graça da parte do
Senhor" (Lc 4,19). O Evangelho quer recomeçar tudo de novo! Hoje, a dívida
externa não é perdoada! Lucas mudou “dívidas” para “pecados”
5. Não cair na Tentação: No êxodo, o povo
foi tentado e caiu (Dt 9,6-12). Murmurou e quis voltar atrás (Ex 16,3; 17,3).
No novo êxodo, a tentação será superada pela força que o povo recebe de Deus
(1Cor 10,12-13).
* O testemunho de oração de Jesus no Evangelho
de Lucas:
* Aos doze
anos de idade, ele vai no Templo, na Casa do Pai (Lc 2,46-50).
* Na hora
de ser batizado e de assumir a missão, ele reza (Lc 3,21).
* Na hora
de iniciar a missão, passa quarenta dias no deserto (Lc 4,1-2).
* Na hora
da tentação, ele enfrenta o diabo com textos da Escritura (Lc 4,3-12).
* Jesus tem
o costume de participar das celebrações nas sinagogas aos sábados (Lc 4,16)
* Procura a
solidão do deserto para rezar ( Lc 5,16; 9,18).
* Na
véspera de escolher os doze Apóstolos, passa a noite em oração (Lc 6,12).
* Reza
antes das refeições (Lc 9,16; 24,30).
* Na hora
de fazer levantamento da realidade e de falar da sua paixão, ele reza (Lc
9,18).
* Na crise,
sobe o Monte para rezar e é transfigurado enquanto reza (Lc 9,28).
* Diante da
revelação do Evangelho aos pequenos, ele diz: “Pai eu te agradeço!” (Lc 10,21)
* Rezando,
desperta nos apóstolos vontade de rezar (Lc 11,1).
* Rezou por
Pedro para ele não desfalecer na fé (Lc 22,32).
* Celebra a
Ceia Pascal com seus discípulos (Lc 22,7-14).
* No Horto
das Oliveiras, ele reza, mesmo suando sangue (Lc 22,41-42).
* Na
angústia da agonia pede aos amigos para rezar com ele (Lc 22,40.46).
* Na hora
de ser pregado na cruz, pede perdão pelos carrascos (Lc 23,34).
* Na hora
da morte, ele diz: "Em tuas mãos entrego meu espírito!" (Lc 23,46; Sl
31,6)
* Jesus
morre soltando o grito do pobre (Lc 23,46).
Para um
confronto pessoal
1) Rezo? Como rezo? O que significa a oração para mim?
2) Pai Nosso: passe em revista os cinco pedidos e
verifique como estão sendo vividos em sua vida?
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