Textos: Jr 33, 7-9; Rm 13, 8-10; Mt 18, 15-20
Evangelho (Mt
18,15-20): «Se teu irmão pecar contra
ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós! Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão.
Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, de modo que toda
questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos
der ouvido, diz
e-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja
ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um publicano. Em verdade vos
digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes
na terra será desligado no céu. Eu vos
digo mais isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer
coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois
ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles».
«Se teu irmão pecar
contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós!»
Prof. Dr. Mons. Lluís CLAVELL (Roma, Itália)
Hoje, o
Evangelho propõe-nos que consideremos algumas recomendações de Jesus aos seus
discípulos de então e de sempre. Na comunidade dos primeiros cristãos também
havia faltas e comportamentos contrários à vontade de Deus.
O versículo
final oferece-nos a chave para resolver os problemas que se apresentam na Igreja
ao longo da história: «Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu
estou ali, no meio deles» (Mt, 18,20). Jesus está presente em todos os períodos
da vida da sua Igreja, seu “Corpo místico” animado pela ação incessante do
Espírito Santo. Somos sempre irmãos, quer a comunidade seja grande, quer seja
pequena.
«Se teu irmão
pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós! Se ele te ouvir, terás ganho o
teu irmão» (Mt, 18,15). Que bonita e leal é a relação de fraternidade que Jesus
nos ensina! Perante uma falta contra mim, ou contra outro, hei de pedir ao
Senhor a sua graça para perdoar, para compreender e, finalmente, para tratar de
corrigir o meu irmão.
Hoje não é
tão fácil como quando a Igreja era menos numerosa. Mas, se pensamos as coisas
em diálogo com o nosso Pai Deus, Ele nos iluminará para encontrar o tempo, o
lugar e as palavras oportunas para cumprir o nosso dever de ajudar. É
importante purificar o nosso coração. São Paulo anima-nos a corrigir o próximo
com retidão de intenção: «Irmãos, no caso de alguém ser surpreendido numa
falta, vós que sois espirituais, corrigi esse tal, em espírito de mansidão, mas
não descuides de ti mesmo, para não seres surpreendido, tu também, pela
tentação» (Gal 6,1).
O afeto
profundo e a humildade nos levarão a procurar a suavidade. «Fazei-o com mãos
maternais, com a infinita delicadeza das nossas mães, quando nos curavam as
feridas, grandes ou pequenas, provocadas pelas nossas brincadeiras e pelas
nossas quedas da infância» (São Josemaria). Assim nos corrige a Mãe de Jesus e
nossa Mãe com inspirações para amar mais a Deus e aos irmãos.
“Se o teu irmão peca,
não deixes de amá-lo: ajuda-o”
Pe Antonio Rivero, L.C.
S. Nicolau de Tolentino, presbítero |
Hoje Deus nos
convida à correção fraterna. Somos vigias e sentinelas (primeira leitura) que
devemos avisar se se aproxima algum perigo para a nossa salvação e para a
salvação dos nossos irmãos, pois Deus nos pedirá contas do nosso irmão. Cristo
no discurso comunitário apresentado por Mateus nos dá as pautas para esta
correção: primeiro em particular; depois com a ajuda de outro irmão como
testemunha para o corrigido se dê conta de que a coisa é séria e importante; e
se o corrigido não faz nenhum caso, deve-se dizer à comunidade eclesial para
dizer-lhe que esse irmão não quer pertencer à comunidade. Esta correção
fraterna tem que estar motivada pelo amor (segunda leitura), síntese de toda a
lei, e com humildade.
Em primeiro
lugar, a correção fraterna parece uma das constantes da pedagogia de Deus já no
Antigo Testamento. Quantas vezes Moises teve que corrigir, em nome de Deus,
esse povo de cabeça dura, e os mesmos profetas! Deus “bate” para aprendermos
(cf. Jr 2, 30; 5,3; Ez 6, 9), ou para purificar-nos (cf. Is 1, 24), ou para
expiar as nossas culpas (cf. Mi 7, 9). Feliz o homem que Deus corrige! (cf. Jó
5, 17). Deus a quem ama, repreende (cf. Dt 8, 5; Prov 3, 11). O mesmo Deus pede
para corrigir o próximo (cf. Lev 19, 17).
Em segundo
lugar, Jesus exercitou a correção fraterna com os seus apóstolos, com os chefes
religiosos e políticos do seu tempo, e com a turba. Jesus corrige os seus
discípulos, os seus horizontes raquíticos, humanos, ambiciosos. Jesus corrige a
hipocrisia dos chefes religiosos, e por querer manipular a Deus. Jesus corrige
os excessos, as injustiças e os abusos e a corrupção dos chefes políticos e
lhes diz que a autoridade é serviço e não domínio. Jesus corrige a inconstância
da turba, os seus caprichos, os seus interesses egoístas; muitos seguem Jesus
para arrancar Dele curas e pão, sem as devidas disposições de fé e confiança
Nele. Jesus corrige porque ama e porque quer a salvação de todos.
Finalmente,
também nós deveríamos colocar em prática esta correção fraterna. Amar o próximo
não é sempre sinônimo de calar ou deixar que siga pelos maus caminhos, se em
consciência estamos convencidos de que é este o caso. Amar o irmão não somente
é acolhê-lo ou ajudá-lo na sua necessidade ou aguentar as suas faltas; também,
às vezes, é saber dizer para ele uma palavra de admoestação e correção não para
que fique pior em nenhum dos seus caminhos. O que corre o perigo de se
extraviar, ou já se extraviou, não se pode deixar sozinho. Se o teu irmão peca,
não deixes de amá-lo: ajuda-o. Correção fraterna, primeiro na nossa família,
corrigindo o esposo ou a esposa, os filhos, os pontos objetivos que têm que
superar. Depois, entre os nossos amigos, se nos consta que caminham por maus
caminhos. Mais tarde, nos nossos trabalhos, se virmos que existe corrupção, malversação
de fundos ou enganos. O bispo ou o pároco devem exercer a sua guia pastoral na
diocese ou na paróquia, respectivamente. E logicamente também nos nossos grupos
e comunidades eclesiais e paroquiais, para que não nos corroam a inveja, a
murmuração e as ambições. “Quando alguém incorra em alguma falta, vós, os
espirituais, corrigi-o com espírito de mansidão e cuida-te, porque tu também
podes ser tentado” (Gal 6, 1).
Para refletir: Abramos hoje as sete cartas do anjo às
sete igrejas do Apocalipse, nas que com os louvores e ânimos, misturam-se
também palavras bem expressivas de correção e acusação da parte de Deus. Na
regra de São Bento se diz: “O abade se preocupará com toda solicitude dos
irmãos culpados, porque não necessitam de médico os sãos, mas os enfermos.
Portanto, como um médico perspicaz, recorrerá a todos os meios; como quem
aplica cataplasmas, isto é, enviando-lhe monges anciãos e prudentes, que como
às escondidas consolem o irmão vacilante e o movam a uma humilde satisfação,
animando-o para que a excessiva tristeza não seja motivo de naufrágio para ele,
mas como diz também o apóstolo, que a caridade se intensifique e rezem todos
por ele” (n. 27).
Para rezar: Senhor, corrige-me com carinho e
ternura. Senhor, que saiba corrigir a meus irmãos com reta intenção e por amor.
Senhor, dou permissão a meus irmãos para que me corrijam quanto em mim vejam
distorcido e não acorde a teu Evangelho.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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