Textos: Is 22, 19-23; Rm 11, 33-36; Mt 16,
13-20-
Evangelho (Mt
16,13-20): Jesus foi à região de
Cesareia de Filipe e ali perguntou aos discípulos: «Quem é que as pessoas dizem
ser o Filho do Homem?». Eles responderam: «Alguns dizem que és João Batista;
outros, Elias; outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas». «E vós», retomou
Jesus, «quem dizeis que eu sou?». Simão Pedro respondeu: «Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo». Jesus então declarou: «Feliz és tu, Simão, filho de Jonas,
porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no
céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha
Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do
Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que
desligares na terra será desligado nos céus». Em seguida, recomendou aos
discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo.
«Quem é que as pessoas
dizem ser o Filho do Homem? (…) E vós, quem dizeis que eu sou?»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Sant Quirze del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Hoje, a
profissão de fé de Pedro em Cesareia de Filipe abre a última etapa do
ministério público de Jesus preparando-nos para o acontecimento supremo da sua
morte e ressurreição. Depois da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus
decide retirar-se por algum tempo com os seus apóstolos para intensificar a sua
formação. Neles começa a tornar-se visível a Igreja, semente do Reino de Deus
no mundo.
Há dois
Domingos atrás, ao contemplar como Pedro andava sobre as águas e se afundava
nelas, escutávamos a repreensão de Jesus: «Que pouca fé! Porque duvidaste?» (Mt
14,31). Hoje, a repreensão é trocada por um elogio: «Feliz és tu, Simão, filho
de Jonas» (Mt 16,17). Pedro é ditoso porque abriu o seu coração à revelação
divina e reconheceu em Jesus Cristo o Filho de Deus Salvador. Ao longo da
história colocam-se-nos as mesmas perguntas: «Quem é que as pessoas dizem ser o
Filho do Homem? (…) e vós, quem dizeis que eu sou?» (Mt 16,13.15). Também nós,
num momento ou outro, tivemos que responder quem é Jesus para mim e o que é que
reconheço Nele; de uma fé recebida e transmitida por testemunhos (pais,
catequistas, sacerdotes, professores, amigos…) passamos a uma fé personalizada
em Jesus Cristo, da qual também nos convertemos em testemunhas, já que nisso
consiste o núcleo essencial da fé cristã.
Somente desde
a fé e a comunhão com Jesus Cristo venceremos o poder do mal. O Reino da morte
manifesta-se entre nós, causa-nos sofrimento e apresenta-nos muitas
interrogações; no entanto, também o Reino de Deus se faz presente no meio de
nós e revela a esperança; e a Igreja, sacramento do Reino de Deus no mundo,
cimentada na rocha da fé confessada por Pedro, nos faz nascer à esperança e à
alegria da vida eterna. Enquanto houver humanidade no mundo, será preciso dar
esperança e enquanto for preciso dar esperança, será necessária a missão da
Igreja; por isso, o poder do inferno não a derrotará, já que Cristo, presente
no seu povo, assim nos garante.
A missão de Pedro na
Igreja por vontade de Cristo é presidir na caridade.
P. Antonio Rivero L.C.
Sta Mônica, Viúva |
O mesmo
Senhor foi quem colocou Pedro à frente da sua Igreja. Como resposta a um ato de
fé da parte de Pedro, Jesus o louva e lhe anuncia a missão que pensou para ele
na primeira comunidade: presidir na caridade. E faz isso com três imagens: a
pedra, as chaves, e o ato de atar e desatar.
Em primeiro
lugar, Pedro será a pedra sobre a qual Jesus quer edificar a sua Igreja. Para
isso, Cristo muda o seu nome: de Simão para Kefas, isto é, Pedra em aramaico,
que traduzimos Pedro em grego, e que no Novo Testamento ressoa 163 vezes. Só
Jesus e este apóstolo no Novo Testamento recebem tal apelativo: pedra. Pedro a
rocha sobre a que estamos fundados, quando sabemos que negou a Cristo? Não. A
Rocha é Cristo. Mas Pedro, precisamente pela sua profissão de fé que soube
formular com tanta decisão, é o sinal visível desse fundamento sólido que é
Cristo. O sentido está claro: Pedro tem na história a missão de fazer visível a
função de fundamento, de unidade, de estabilidade de Cristo com relação à sua
Igreja. Os crentes em Cristo não estarão dispersos ou isolados, mas se
encontrarão juntos ao redor da pedra de Pedro, que no nome de Cristo reúne a
Igreja de Deus. Não é uma autoridade de privilegio, mas de serviço no amor.
Durante vinte e um séculos esta Igreja foi açoitada pelos ventos, tempestades e
ondas imensas: perseguições, heresias, cismas, etc. Porém, continua firme,
porque esta Igreja é guiada pelo Espírito Santo e tem como pedra angular a
Cristo, o Filho do Deus Vivo.
Em segundo
lugar, ademais Cristo lhe dará as chaves dessa comunidade que Cristo quer
fundar. A chave de uma casa, de um cofre precioso ou da leitura de um texto, é
sinal de uma autoridade em sede jurídica, administrativa ou cultural. As chaves
são necessárias para manter fechadas ou abrir no momento oportuno as portas de
uma casa. Pedro de agora em adiante será aquele que dispensará os tesouros da
salvação; será o canal através do qual a palavra de Cristo será comunicada e
interpretada; será o caminho através do qual os dons do amor de Deus serão
continuamente e visivelmente infundidos na comunidade cristã. Vinte e um
séculos têm pretendido tirar uma cópia destas chaves que Cristo concedeu a
Pedro nos chaveiros ideológicos do mundo, mas na hora de querer introduzir a
chave, não entrava na fechadura desta Igreja una, santa, católica e apostólica.
Finalmente,
Jesus concede a Pedro a potestade de atar e desatar, que no judaísmo indicava o
ato legal da proibição e da permissão. É a definição de Pedro como guia na
moral e, sobretudo, no perdão dos pecados. É uma missão da que participam todos
os apóstolos. Missão também de consolar, de admoestar, de exortar, de guiar o
povo de Deus. Durante vinte e um séculos alguns quiseram arrogar esta
potestade, proclamando que têm linha direta com Deus; outros, de corte liberal
e libertino, acreditam que possuem a permissão de fazer o que quiserem, sem
necessidade de permissões nem proibições. E assim foi: passarão pelas páginas
da história da Igreja como hereges, cismáticos e renegados.
Para refletir:
Somos conscientes do que dizemos na oração eucarística de cada missa quando
pedimos a Deus que confirme na fé e na caridade o Papa e os bispos em comunhão
com ele? Para nós é custoso aceitar o ministério do Papa, sucessor de Pedro?
Temos olhos de fé para ver que o seu cargo é assegurar o serviço da fé, da
caridade, da unidade, da missão? Cremos firmemente que a Igreja é apostólica,
isto é, cimentada sobre Pedro e sobre os outros apóstolos?
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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