Textos: 1 Re 19, 9.11-13; Rm 9, 1-5; Mt 14,
22-33
Semana da Familia |
Evangelho (Mt
14,22-33): Logo em seguida, Jesus mandou
que os discípulos entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado do
mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, subiu à
montanha, a sós, para orar. Anoiteceu, e Jesus continuava lá, sozinho. O barco,
entretanto, já longe da terra, era atormentado pelas ondas, pois o vento era
contrário. Nas últimas horas da noite,
Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o viram
andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: «É um fantasma». E gritaram
de medo. Mas Jesus logo lhes falou: «Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!». Então
Pedro lhe disse: «Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando
sobre a água». Ele respondeu: «Vem!». Pedro desceu do barco e começou a andar
sobre a água, em direção a Jesus. Mas, sentindo o vento, ficou com medo e,
começando a afundar, gritou: «Senhor, salva-me!». Jesus logo estendeu a mão,
segurou-o e lhe disse: «Homem de pouca fé, por que duvidaste?» Assim que subiram no barco, o vento cessou. Os
que estavam no barco ajoelharam-se diante dele, dizendo: «Verdadeiramente, tu
és o Filho de Deus!».
«Começando a afundar,
gritou: Senhor, salva-me!»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Sant Quirze del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Hoje, a
experiência de Pedro reflexa situações que nós também experimentamos alguma
vez. Quem não viu fazer águas os seus projetos e não experimentou a tentação do
desânimo ou da desesperação? Em circunstâncias assim, devemos reavivar a fé e
dizer como o salmista: «Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e dá-nos a tua
salvação» (Sal 85,8).
Para a
mentalidade antiga, o mar era o lugar onde habitavam as feras do mal, o reino
da morte, ameaçador para o homem. Ao “caminhar sobre a água” (cf. Mt 14,25),
Jesus indica-nos que com a sua morte e ressurreição triunfa sobre o poder do
mal e da morte, que nos ameaça e procura destroçar-nos. Nossa existência, não é
também como uma frágil embarcação, sacudida pelas ondas que atravessa o mar da
vida e que espera chegar a uma meta que tenha sentido?
Pedro creia
ter uma fé clara e uma força muito consistente, mas «começando a afundar» (Mt
14,30); Pedro havia assegurado a Jesus que estava disposto a segui-lo até à
morrer, mas a sua debilidade o acobardou e negou o Mestre nos feitos da Paixão.
Porque Pedro afunda-se justamente quando começa a caminhar sobre a água?
Porque, em vez de olhar a Jesus Cristo, olha ao mar e isso lhe fez perder a
força e a partir desse instante, a sua confiança no Senhor diminuiu e os pés
não lhe responderam. Mas, Jesus «estendeu a mão [e] segurou-o» (Mt 14,31) e
salvou-o.
Depois da sua
ressurreição, o Senhor não permite que o seu apóstolo afunde no remorso e na
desesperação e lhe devolve a confiança com o seu generoso perdão. A quem eu
enxergo no combate da vida? Quando noto que o peso dos meus pecados e erros me
arrastam e me afundam, deixo que o bom Jesus estenda a sua mão e me salve?
A barca sacudida pelas
ondas porque o vento era contrário.
Pe. Antônio Rivero, L.C.
Beata Dulce Lopes Pontes, virgem "Dulce dos Pobres" |
Este é um dos episódios evangélicos que melhor ilustra, por uma
parte, a situação da comunidade cristã (a de Mateus e a de todos os tempos) no
seu caminho histórico em meio da dificuldade e da tribulação; e por outra, a
presença permanente do Senhor ressuscitado na barca de Pedro.
Em primeiro
lugar, de que barca se trata? A barca golpeada pelas ondas e pelo vento são bom
símbolo de muitas situações pessoais e comunitárias que se repetem na história
e na nossa vida. E se trata de ventos fortes. Não só alísios –ventos suaves,
regulares, não violentos-, mas monções –quentes com chuvas-, e gélidos e
mortais. Elias, depois de muito sucesso contra os profetas e os sacerdotes de
Baal, fugiu para o deserto perseguido de morte pela rainha Jezabel. Perdeu a
paciência. Já não queria ser profeta. Tudo eram decepções. Para que continuar?
Do mesmo modo, vemos o caso de Pedro no Evangelho: sua barca, símbolo da Igreja,
cujo primeiro piloto seria ele mesmo, encontra-se em situação comprometida.
Parece que vai afundar. Não vai dar pé. Vinte e um séculos de tempestades e
ondas encrespadas contra a barca de Pedro, começando com as perseguições
romanas, passando pelas heresias e cismas, e hoje por tanta confusão doutrinal,
que querem fazer naufragar esta barca em matéria, moral, matrimonial, litúrgica
e exegética.
Em segundo
lugar, que Pedro e seus companheiros fazem? O medo se apodera deles. Pedro não
teme afundar, mas afunda porque teme. A dúvida faz com que perca a segurança e
começa a afundar. Mateus quer mostrar o itinerário espiritual do primeiro
apóstolo: quando Jesus se apresenta, então ele o reconhece; solicita seu
chamado e o segue com confiante audácia. Titubeia, falha na hora do perigo, mas
Jesus o salva. Figura exemplar para a Igreja. A comunidade em meio da tormenta
se esquece do Jesus da solidariedade e o vê como um fantasma se aproximando na
escuridão. Quer ir até Ele, mas se deixa amedrontar pelas forças adversas. O
Evangelho nos convida a fazer uma experiência total de Jesus, rompendo nossos
prejuízos e nossas seguranças. Devemos deixar que Jesus nos fale através do
livro da Bíblia, da Tradição da Igreja e do Magistério, e do livro da vida.
Cristo nos convida a não duvidar, pois Ele está na barca. Ele nos diz:
“Coragem, sou eu, não tenhais medo”.
Finalmente,
que devemos fazer quando parece que nos afogamos num copo d’água? Entre o temor
e a esperança, devemos desejar a presença do Senhor. Resignar-se à ausência não
é bom sinal para a fé. A fé gera confiança e esta se manifesta na ousadia que
vence o medo. Afundamos quando nos apoiamos só em nossas forças ou razões. Não
são nosso próprio poder e saber o que nos mantém de pé, mas é a força do
Senhor. A autoestima é boa conquanto não degenere na autossuficiência. Não nos
cansemos de confessar em nossa barca diariamente: “Realmente, tu és o Filho de
Deus”. Este é o anúncio que deve se desprender de nossos lábios e de nossa
vida.
Para refletir: quais ondas agitam a minha barca?
Clamo a Jesus com a força da fé para que Ele me salve? Quantas vezes escutei de
Cristo: “Homem de pouca fé”? Penso que minha vida cristã deve ser sempre um mar
de rosas?
Você pode entrar em contato com o Pe. Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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