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sábado, 12 de agosto de 2017

XIX Domingo do Tempo Comum

Textos: 1 Re 19, 9.11-13; Rm 9, 1-5; Mt 14, 22-33

Semana da Familia
Evangelho (Mt 14,22-33): Logo em seguida, Jesus mandou que os discípulos entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, subiu à montanha, a sós, para orar. Anoiteceu, e Jesus continuava lá, sozinho. O barco, entretanto, já longe da terra, era atormentado pelas ondas, pois o vento era contrário.  Nas últimas horas da noite, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: «É um fantasma». E gritaram de medo. Mas Jesus logo lhes falou: «Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!». Então Pedro lhe disse: «Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água». Ele respondeu: «Vem!». Pedro desceu do barco e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, sentindo o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: «Senhor, salva-me!». Jesus logo estendeu a mão, segurou-o e lhe disse: «Homem de pouca fé, por que duvidaste?»  Assim que subiram no barco, o vento cessou. Os que estavam no barco ajoelharam-se diante dele, dizendo: «Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!».

«Começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me!»

Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Sant Quirze del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, a experiência de Pedro reflexa situações que nós também experimentamos alguma vez. Quem não viu fazer águas os seus projetos e não experimentou a tentação do desânimo ou da desesperação? Em circunstâncias assim, devemos reavivar a fé e dizer como o salmista: «Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e dá-nos a tua salvação» (Sal 85,8).

Para a mentalidade antiga, o mar era o lugar onde habitavam as feras do mal, o reino da morte, ameaçador para o homem. Ao “caminhar sobre a água” (cf. Mt 14,25), Jesus indica-nos que com a sua morte e ressurreição triunfa sobre o poder do mal e da morte, que nos ameaça e procura destroçar-nos. Nossa existência, não é também como uma frágil embarcação, sacudida pelas ondas que atravessa o mar da vida e que espera chegar a uma meta que tenha sentido?

Pedro creia ter uma fé clara e uma força muito consistente, mas «começando a afundar» (Mt 14,30); Pedro havia assegurado a Jesus que estava disposto a segui-lo até à morrer, mas a sua debilidade o acobardou e negou o Mestre nos feitos da Paixão. Porque Pedro afunda-se justamente quando começa a caminhar sobre a água? Porque, em vez de olhar a Jesus Cristo, olha ao mar e isso lhe fez perder a força e a partir desse instante, a sua confiança no Senhor diminuiu e os pés não lhe responderam. Mas, Jesus «estendeu a mão [e] segurou-o» (Mt 14,31) e salvou-o.

Depois da sua ressurreição, o Senhor não permite que o seu apóstolo afunde no remorso e na desesperação e lhe devolve a confiança com o seu generoso perdão. A quem eu enxergo no combate da vida? Quando noto que o peso dos meus pecados e erros me arrastam e me afundam, deixo que o bom Jesus estenda a sua mão e me salve?

A barca sacudida pelas ondas porque o vento era contrário.

Pe. Antônio Rivero, L.C.

Beata Dulce Lopes Pontes, virgem
"Dulce dos Pobres"
Este é um dos episódios evangélicos que melhor ilustra, por uma parte, a situação da comunidade cristã (a de Mateus e a de todos os tempos) no seu caminho histórico em meio da dificuldade e da tribulação; e por outra, a presença permanente do Senhor ressuscitado na barca de Pedro.

Em primeiro lugar, de que barca se trata? A barca golpeada pelas ondas e pelo vento são bom símbolo de muitas situações pessoais e comunitárias que se repetem na história e na nossa vida. E se trata de ventos fortes. Não só alísios –ventos suaves, regulares, não violentos-, mas monções –quentes com chuvas-, e gélidos e mortais. Elias, depois de muito sucesso contra os profetas e os sacerdotes de Baal, fugiu para o deserto perseguido de morte pela rainha Jezabel. Perdeu a paciência. Já não queria ser profeta. Tudo eram decepções. Para que continuar? Do mesmo modo, vemos o caso de Pedro no Evangelho: sua barca, símbolo da Igreja, cujo primeiro piloto seria ele mesmo, encontra-se em situação comprometida. Parece que vai afundar. Não vai dar pé. Vinte e um séculos de tempestades e ondas encrespadas contra a barca de Pedro, começando com as perseguições romanas, passando pelas heresias e cismas, e hoje por tanta confusão doutrinal, que querem fazer naufragar esta barca em matéria, moral, matrimonial, litúrgica e exegética.

Em segundo lugar, que Pedro e seus companheiros fazem? O medo se apodera deles. Pedro não teme afundar, mas afunda porque teme. A dúvida faz com que perca a segurança e começa a afundar. Mateus quer mostrar o itinerário espiritual do primeiro apóstolo: quando Jesus se apresenta, então ele o reconhece; solicita seu chamado e o segue com confiante audácia. Titubeia, falha na hora do perigo, mas Jesus o salva. Figura exemplar para a Igreja. A comunidade em meio da tormenta se esquece do Jesus da solidariedade e o vê como um fantasma se aproximando na escuridão. Quer ir até Ele, mas se deixa amedrontar pelas forças adversas. O Evangelho nos convida a fazer uma experiência total de Jesus, rompendo nossos prejuízos e nossas seguranças. Devemos deixar que Jesus nos fale através do livro da Bíblia, da Tradição da Igreja e do Magistério, e do livro da vida. Cristo nos convida a não duvidar, pois Ele está na barca. Ele nos diz: “Coragem, sou eu, não tenhais medo”.

Finalmente, que devemos fazer quando parece que nos afogamos num copo d’água? Entre o temor e a esperança, devemos desejar a presença do Senhor. Resignar-se à ausência não é bom sinal para a fé. A fé gera confiança e esta se manifesta na ousadia que vence o medo. Afundamos quando nos apoiamos só em nossas forças ou razões. Não são nosso próprio poder e saber o que nos mantém de pé, mas é a força do Senhor. A autoestima é boa conquanto não degenere na autossuficiência. Não nos cansemos de confessar em nossa barca diariamente: “Realmente, tu és o Filho de Deus”. Este é o anúncio que deve se desprender de nossos lábios e de nossa vida.

Para refletir: quais ondas agitam a minha barca? Clamo a Jesus com a força da fé para que Ele me salve? Quantas vezes escutei de Cristo: “Homem de pouca fé”? Penso que minha vida cristã deve ser sempre um mar de rosas?

Você pode entrar em contato com o Pe. Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org


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