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sexta-feira, 28 de julho de 2017

XVII Domingo do Tempo Comum,

Textos: 1 Re: 3, 5.7-12; Rm: 8, 28-30; Mt: 13, 44-52

Evangelho (Mt 13,44-52): «O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Alguém o encontra, deixa-o lá bem escondido e, cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e compra aquele campo».  O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola.  O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo tipo. Quando ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia, sentaram-se, recolheram os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não prestavam. Assim acontecerá no fim do mundo: os anjos virão para separar os maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. Entendestes tudo isso?». —«Sim», responderam eles. Então ele acrescentou: «Assim, pois, todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas».

«Um tesouro escondido num campo um negociante que procura pérolas preciosas»

Rev. D. Enric PRAT i Jordana (Sort, Lleida, Espanha)

Hoje, o Evangelho quer ajudar-nos a olhar para dentro, a encontrar algo escondido: «O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo» (Mt 13,44). Quando falamos de tesouro referimo-nos a algo de valor excepcional, de apreciação máxima, não a coisas ou situações que, ainda que amadas, não deixam de ser fugazes e bijuteria barata, como as satisfações e prazeres temporais: aquilo com que tanta gente se extenua procurando no exterior, e com o que se desencanta uma vez encontrado e experimentado.

O tesouro que Jesus propõe está enterrado no mais profundo da nossa alma, no próprio núcleo da nossa alma. É o Reino de Deus. Consiste em encontrar-nos amorosamente, de maneira misteriosa, com a Fonte da vida, da beleza, da verdade e do bem, e em permanecer unidos à mesma Fonte até que, cumprido o tempo da nossa peregrinação, e livres de toda a bijuteria inútil, o Reino do céu que procuramos no nosso coração e que cultivamos na fé e no amor, se abra como uma flor e apareça o brilho do tesouro escondido.

Alguns, como São Paulo ou o próprio bom ladrão, encontraram-se subitamente com o Reino de Deus ou de maneira inesperada, porque os caminhos do senhor são infinitos, mas normalmente, para chegar a descobrir o tesouro, há que procurá-lo intencionalmente: «O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas» (Mt 13,45). Talvez este tesouro só seja encontrado por aqueles que não se dão por satisfeitos facilmente, pelos que não se contentam com pouca coisa, pelos idealistas, pelos aventureiros.

Na ordem temporal, dos inquietos e inconformados dizemos que são pessoas ambiciosas, e no mundo do espírito, são os santos. Eles estão dispostos a vender tudo para comprar o campo, como diz São João da Cruz: «Para chegar a possuir tudo, não queiras possuir algo em nada»

O homem necessita da sabedoria, como Salomão, para discernir onde estão os verdadeiros valores e trabalhar para consegui-los e neles investir.

P. Antonio Rivero L.C.

Hoje Cristo nos convida a aspirar e desejar a verdadeira sabedoria e ser bons negociantes não só nas coisas materiais, mas também e, sobretudo, nas espirituais (Evangelho). Para isso necessitamos do dom da sabedoria (primeira leitura). O melhor negócio que podemos levar a término na nossa vida é reproduzir em nós a imagem de Cristo (segunda leitura).

Em primeiro lugar, o importante é que nós, os seguidores de Jesus, estejamos  suficientemente preparados para descobrir que os valores do espírito (a virtude, a honradez, a verdade, o trabalho, o amor, a justiça, a fidelidade, a piedade, a fé, a esperança…) são mais importantes que todos os outros e também fazer uma clara opção por eles. Outros valores são externos e caducos: saúde, dinheiro, amor, como se cantava em outros tempos na Espanha. O mundo nos transforma com coisas chamativas, com coisas baratas que não salvam e não nos dão felicidade autêntica. Eis a falsa sabedoria!

Em segundo lugar, necessitamos para isso que peçamos a Deus que nos dê sabedoria, como pediu Salomão: “Peço-te que me concedas sabedoria de coração, para que saiba governar o teu povo e distinguir entre o bem e o mal”. E nós suplicamos: “Senhor, concede-nos um coração sábio que saiba distinguir entre os verdadeiros valores que Tu nos entregaste e as aparências deste mundo enganador”. Deus não pode fechar os seus ouvidos diante de semelhante pedido. Optar pelos valores espirituais significa investir bem. É promessa de êxito e de alegria plena. O que se aposta pelos valores seguros não fracassa. Eis a verdadeira sabedoria!

Finalmente, não devemos esquecer que estes valores espirituais são caros. São tesouros escondidos no campo do mundo e da Igreja, que nos exigem vender tudo ou muito e comprar este campo. São pérolas finas (não estanho) que não podemos rebaixar no mercado da vida mundana, sem vender as outras mil tranqueiras, que escondemos de modo bobo no cofre do nosso interior, para poder adquirir estas joias. Não se trata de renunciar a coisas por ascética ou por masoquismo, mas porque isso que compramos são tesouros e pérolas que darão sentido pleno à nossa vida. Muitas vezes temos que sacrificar algo para conseguir o que vale mais. E o valor dos valores é Jesus Cristo, por Quem temos que deixar todo o resto, se Ele nos pede para nos dedicar a Ele a ao Seu Reino de corpo e alma. São Agostinho diria: “Este tesouro é o Verbo-Deus que está escondido na carne de Cristo”. Quando São Paulo encontrou este tesouro, disse que todo o resto é perda em comparação com Jesus Cristo. Procuremos e encontraremos a verdadeira sabedoria!

Para refletir: Posso dizer hoje com o salmista: “Mais estimo eu os preceitos da tua boca do que milhares de moedas de ouro e de prata”? Eu já vendi tudo para comprar estes tesouros de Cristo que a Igreja me oferece: a doutrina santa saída dos lábios do mesmo Jesus Cristo, a graça divina infundida nos sacramentos e que faz da nossa alma outra pérola preciosa, riquíssima em virtudes, dons e sacrário do Deus três vezes santo? Gostaria de recuperar o que já vendi para comprar o tesouro e a pérola? Seria uma espécie de loucura preferir as bagatelas ao tesouro e à pérola de Cristo e da sua Igreja?

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org  

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