Pe. Antonio Rivero, L.C.
Este dia foi
chamado por São João Paulo II, o Domingo da Misericórdia, porque do coração de Jesus, cheio de ternura brotaram
estes dons como raios e reflexos da sua Ressurreição: a paz, os sacramentos e a
última bem-aventurança, com a qual Cristo confirma a fé em nós, que cremos nele
(segunda leitura) e naqueles que sofrem as dúvidas do apóstolo são Tomé.
Com a
celebração do presente domingo da Misericórdia concluímos a Oitava de Pascoa,
ou seja, esta semana que a Igreja nos convidou a considerar como um dia só: “O
dia que o Senhor fez”. O Evangelho de hoje nos relata a aparição de Jesus
Misericordioso aos seus discípulos no mesmo dia da sua ressurreição, no qual
derramou sobre eles e lhes confiou o tesouro da sua Paz e dos seus Sacramentos,
e confirmou a nossa fé e a fé de todos os “Tomés” do mundo, que estão cheios de
dúvidas e com ânsias de ter certezas (evangelho). Esta paz nos levará depois a
viver melhor a Eucaristia, a rezar com mais fervor e a praticar a caridade com
os nossos irmãos (primeira leitura).
Em primeiro
lugar, Cristo Misericordioso e Ressuscitado nos dá a sua paz, em hebraico
Shalom (שלום), que significa um desejo de saúde,
harmonia, paz interior, calma e tranquilidade para aquele ou aqueles a quem
está dirigido. Paz como bem-estar entre as pessoas, as nações e entre deus e o
homem. Os apóstolos perderam esta paz depois da morte de Cristo no Calvário.
Estavam realmente com a paz, a fé e a esperança despedaçadas. Esta perturbação
sombria dos discípulos é dissipada pela luz da vitória do Senhor, que enche os
seus corações de serenidade e de alegria. Santo Agostinho definia a paz como “a
tranquilidade da ordem”. E posto que existem duas “ordens”, a imperfeita da
terra e a acabada do céu, existem também duas “pazes”: a da peregrinação e a da
pátria. A insistência dessa palavra “paz” no Canon Romano da missa é clara: a
Igreja recebeu a missão de estender até os confins do mundo a paz de Cristo
Ressuscitado e Misericordioso.
Em segundo
lugar, Cristo já nos dera na Quinta-Feira Santa o sacramento da Eucaristia.
Agora, do seu coração misericordioso retira este outro tesouro: o sacramento da
Reconciliação. Cristo envia os seus apóstolos com a missão de prolongar a sua
própria missão: perdoar os pecados. A paz com Deus e com os nossos irmãos,
primeiro dom que comentamos, se perdeu por culpa do pecado. Com o sacramento da
Reconciliação recuperamos esta paz que rompemos com o pecado. A Igreja, depois
da Ressurreição de Cristo é o instrumento mediante o qual o Senhor vai
reduzindo tudo sob a soberania do seu reinado, o instrumento pelo qual a graça
divina é comunicada, cujo curso ordinário são os sacramentos, ordenados à
reconciliação dos homens com Deus, mediante a conversão.
Finalmente,
outro dos dons da Ressurreição de Jesus foi a confirmação da nossa fé. A fé na
ressurreição de Cristo é a verdade fundamental da nossa salvação. “Se Cristo
não ressuscitou é vã a nossa pregação e é vã também, a vossa fé… Ainda estais
nos vossos pecados”, dirá São Paulo. À luz da ressurreição todos os mistérios
que Deus nos revelou e nos confiou ganham luminosidade.
Para refletir: Experimentamos com frequência a paz de
Deus através da Reconciliação sacramental? Por que duvidamos com frequência de
Deus e do seu amor misericordioso? Está firme a nossa féem Cristo Ressuscitado?
Para
qualquer sugestão ou dúvida, podem se comunicar com o padre Antônio neste
e-mail: arivero@legionaries.org
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