Bto Ângelo Paoli Presbítero de nossa Ordem |
«Jesus subiu a
montanha e chamou os que ele quis»
Rev. D. Llucià POU i Sabater (Granada, Espanha)
Hoje o
Evangelho condensa a teologia da vocação cristã: O Senhor elege os que quer
para estarem com Ele ou para os enviar como apóstolos (cf. Mc 3,13-14). Em
primeiro lugar, escolheu-os: antes da criação do mundo, destinou-nos a sermos
santos (cf. Ef 1,4). Ama-nos em Cristo, e é nele que nos modela, dando-nos
qualidades para sermos seus filhos. Apenas face à vocação se entendem as nossas
qualidades; a vocação é o “papel” que nos deu na redenção. É no descobrimento
do íntimo “porquê” da minha existência, quando me sinto plenamente ”eu”, quando
vivo a minha vocação.
E para que
somos chamados? Para estarmos com Ele. Esta chamada implica correspondência:
«Um dia — não quero generalizar, abre o seu coração ao Senhor e conta-lhe a sua
história —, provávelmente um amigo, um cristão igual a você, descobriu-lhe um
panorama profundo e novo, sendo ao mesmo tempo velho como o Evangelho. E lhe
sugira a possibilidade de se empenhar seriamente em seguir a Cristo, em ser
apóstolo de apóstolos. Talvez tenha então perdido a tranquilidade e não a
recupere, convertida em paz, até que, livremente, porque quis — que é a razão
mais sobrenatural —, responda que sim a Deus. E chega a alegria, magnífica,
constante, que apenas desaparece quando se afaste dele» (São Josémaria).
É dom, mas
também tarefa: Santidade mediante a oração e os sacramentos e, além disso, luta
pessoal. «Todos os fieis, de qualquer estado e condição de vida, estão chamados
à plenitude da vida cristã e à perfeição na caridade, santidade que, mesmo na
sociedade terrena, promove um modo mais humano de viver» (Concílio Vaticano
II).
Assim,
podemos sentir a missão apostólica: levar Cristo aos outros; tê-lo e levá-lo.
Hoje podemos considerar mais atentamente a chamada e afinar algum detalhe da
nossa resposta de amor.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
S. Fabiano, Papa e S. Sebastião, Leigo Mártires |
* Marcos 3,13-15: O chamado para uma
dupla missão
Jesus chama
os que ele quer e eles foram até ele. Em seguida, “Jesus constituiu o grupo dos
Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, com autoridade para
expulsar os demônios”. Jesus os chama para uma dupla finalidade, para uma dupla
missão: 1) Estar com ele, isto é, formar comunidade na qual ele, Jesus, é o
eixo. 2) Pregar e ter poder para expulsar os demônios, isto é, anunciar a Boa
Nova e combater o poder do mal que estraga a vida do povo e aliena as pessoas.
Marcos diz que Jesus subiu a uma montanha e, estando lá, chamou os discípulos.
A chamada é uma subida! Na Bíblia, subir a montanha evoca a montanha onde
Moisés subiu e teve um encontro com Deus (Ex 24,12). Lucas diz que Jesus tinha
subido a montanha, rezou a noite toda e, no dia seguinte, chamou os discípulos.
Rezou a Deus para saber a quem escolher (Lc 6,12-13). Depois de haver chamado,
Jesus oficializa a escolha feita e cria um núcleo mais estável de doze pessoas
para dar maior consistência à missão. É também para significar a continuidade
do projeto de Deus. Os doze apóstolos do NT são os sucessores das doze tribos
de Israel.
* Nasce assim a primeira comunidade do Novo Testamento,
comunidade modelo, que vai crescendo ao redor de Jesus ao longo dos três anos
da sua atividade pública. No início, são apenas quatro (Mc 1,16-20), Aos
poucos, a comunidade cresce de acordo com o aumento da missão nas aldeias e
povoados da Galiléia. Chegou ao ponto de eles não terem nem tempo para comer e
descansar (Mc 3,2). Por isso, Jesus se preocupava em proporcionar um descanso
para os discípulos (Mc 6,31) e em aumentar o número dos missionários e
missionárias (Lc 10,1). Deste modo Jesus procura manter o duplo objetivo do
chamado: estar com ele e ir em missão. A comunidade que assim se forma ao redor
de Jesus tem três características básicas que pertencem à sua natureza: ela é
formadora, missionária e inserida no meio dos pobres da Galiléia.
2. Marcos 3,16-19: A lista dos nomes
dos doze apóstolos.
Em seguida,
Marcos traz os nomes dos doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; Tiago e João,
filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer
"filhos do trovão"; André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago,
filho de Alfeu, Tadeu, Simão o cananeu, Judas Iscariotes, aquele que depois o
traiu. Grande parte destes nomes vem do Antigo Testamento. Por exemplo, Simeão
é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que
Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus
também tinha o nome de Levi (Mc 2,14), que é outro filho de Jacó (Gn 35,23).
Dos doze apóstolos sete têm nome que vem do tempo dos patriarcas. Dois se
chamam Simão; dois, Tiago; dois, Judas; um, Levi! Só tem um com nome grego: Filipe.
Seria como hoje numa família todos os filhos terem nomes do tempo dos índios
Raoni, Ubiratan, Jussara, etc, e um só ter um nome americano Washington. Isto
revela o desejo do povo de refazer a história desde o começo! Vale a pena
pensar nos nomes que hoje damos para os filhos. Como eles, cada um de nós é
chamado por Deus pelo nome.
Para um confronto pessoal
1) Estar
com Jesus e ir em missão é a dupla finalidade da comunidade cristã. Como você
assume este seu compromisso na comunidade a que pertence?
2) Jesus
chamou os discípulos pelo nome. Você, eu, todos nós existimos, porque Deus me
chama pelo nome. Pensa nisso!
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