Evangelho
(Mc 1,40-45): Naquele tempo um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos
pediu: "Se queres tens o poder de curar-me". Jesus, cheio
de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: "Eu quero: fica
curado!" No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado.
Então Jesus o mandou logo embora, falando com firmeza: "Não
contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua
purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!" Ele
foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais
entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda
parte vinham procurá-lo.
O “impulso do coração”
no encontro com Deus
REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de
Bento XVI) (Città del Vaticano, Vaticano)
Hoje, a
audaz petição do leproso e a contundente reação de Jesus são a resposta à
pergunta: Por que Deus não criou um mundo no qual sua presença fosse mais
evidente, que impressionara a qualquer de maneira irresistível? Estamos diante esta
grande interrogante de como se pode conhecer a Deus e como se pode
desconhecê-lo.
Vivemos
neste mundo no qual Deus não tem evidência do palpável. Não se pode procurá-lo
com arrogância, convertendo-o num “objeto experimentável” no "meu
laboratório". Somente o podemos achar com o impulso do coração, através do
"êxodo" de "Egito". Neste mundo podemos nos opor às ilusões
de falsas filosofias e reconhecer que não somente vivemos do “pão”, senão ante
tudo da obediência à Palavra de Deus.
—Como o
leproso de hoje, te procuro Jesus com o amor e a escuta interior. E somente
onde se vive esta obediência nascem os sentimentos que permitem proporcionar
“pão” para todos.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Acolhendo e curando
o leproso Jesus revela um novo rosto de Deus. Um leproso chegou perto de Jesus.
Era um excluído, impuro. Devia viver afastado. Quem tocasse nele ficava impuro
também! Mas aquele leproso teve muita coragem. Transgrediu as normas da
religião para poder chegar perto de Jesus. Ele grita: Se queres, podes curar-me! Ou
seja: “Não precisa tocar-me! Basta você querer para eu ficar curado!”
A frase
revela duas doenças:
1) a doença da
lepra que o tornava impuro;
2) a doença
da solidão a que
era condenado pela sociedade e pela religião.
Revela
também a grande fé do homem no poder de Jesus. Profundamente compadecido, Jesus
cura as duas doenças. Primeiro, para curar a solidão, toca no leproso. É como
se dissesse: “Para mim, você não é um excluído. Eu te acolho como irmão!” Em
seguida, cura a lepra dizendo: Quero! Seja curado! O
leproso, para poder entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas
da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim,
revelar um rosto novo de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no
leproso. Naquele tempo, quem tocasse num leproso tornava-se um impuro perante
as autoridades religiosas e perante a lei da época.
* Reintegrar os
excluídos na convivência fraterna. Jesus
não só cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver novamente.
Reintegra a pessoa na convivência. Naquele tempo, para um leproso ser novamente
acolhido na comunidade, ele precisava ter um atestado de cura assinado por um
sacerdote. É como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado
pelo médico. Jesus obrigou o leproso a buscar o documento, para que ele pudesse
conviver normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha
sido curado.
* O leproso anuncia o
bem que Jesus fez a ele, e Jesus se torna um excluído. Jesus tinha proibido o leproso de
falar sobre a cura. Mas não adiantou. O leproso, assim que partiu,
começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar
publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos. Por quê? É
que Jesus tinha tocado no leproso. Por isso, na opinião pública daquele tempo,
Jesus, ele mesmo, era agora um impuro e devia viver afastado de todos. Já não
podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com
estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a ele! Subversão
total!
* Resumindo. Tanto nos anos 70, época em que
Marcos escreve, como hoje, época em que nós vivemos, era e continua sendo
importante ter diante de nós modelos de como viver e anunciar a Boa Nova de
Deus e de como avaliar a nossa missão. Nos versículos 16 a 45 do primeiro
capítulo do seu evangelho, Marcos descreve a missão da comunidade e apresenta
oito critérios para as comunidades do seu tempo poderem avaliar a sua missão.
Eis o esquema:
TEXTO
|
ATIVIDADE DE JESUS
|
OBJETIVO DA MISSÃO
|
1. Marcos 1,16-20
|
Jesus chama os
primeiros discípulos
|
formar comunidade
|
2. Marcos 1,21-22
|
o povo fica
admirado com o ensino
|
criar consciência
crítica
|
3. Marcos 1,23-28
|
Jesus expulsa um
demônio
|
combater o poder
do mal
|
4. Marcos 1,29-31
|
a cura da sogra
de Pedro
|
restaurar a vida
para o serviço
|
5. Marcos 1,32-34
|
a cura de doentes
e endemoninhados
|
acolher os
marginalizados
|
6. Marcos 1,35
|
Jesus levanta
cedo para rezar
|
ficar unido ao
Pai
|
7. Marcos 1,36-39
|
Jesus segue em
frente no anúncio
|
não se fechar nos
resultados
|
8. Marcos 1,40-45
|
a cura um leproso
|
reintegrar os
excluídos
|
Para um
confronto pessoal
1) Anunciar a Boa Nova é dar testemunho
da experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o que ele anuncia? Ele
conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo isso! E é este
testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos
trouxe. Qual o testemunho que você dá?
2) Para levar a Boa Nova de Deus ao
povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias
ao projeto de Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e a vivência do
amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus.
Já tive esta coragem?
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