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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Quinta-feira da 1ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mc 1,40-45): Naquele tempo um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: "Se queres tens o poder de curar-me". Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: "Eu quero: fica curado!" No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado. Então Jesus o mandou logo embora, falando com firmeza: "Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!"  Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.

O “impulso do coração” no encontro com Deus

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI) (Città del Vaticano, Vaticano)

Hoje, a audaz petição do leproso e a contundente reação de Jesus são a resposta à pergunta: Por que Deus não criou um mundo no qual sua presença fosse mais evidente, que impressionara a qualquer de maneira irresistível? Estamos diante esta grande interrogante de como se pode conhecer a Deus e como se pode desconhecê-lo.

Vivemos neste mundo no qual Deus não tem evidência do palpável. Não se pode procurá-lo com arrogância, convertendo-o num “objeto experimentável” no "meu laboratório". Somente o podemos achar com o impulso do coração, através do "êxodo" de "Egito". Neste mundo podemos nos opor às ilusões de falsas filosofias e reconhecer que não somente vivemos do “pão”, senão ante tudo da obediência à Palavra de Deus.

—Como o leproso de hoje, te procuro Jesus com o amor e a escuta interior. E somente onde se vive esta obediência nascem os sentimentos que permitem proporcionar “pão” para todos.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

*  Acolhendo e curando o leproso Jesus revela um novo rosto de Deus. Um leproso chegou perto de Jesus. Era um excluído, impuro. Devia viver afastado. Quem tocasse nele ficava impuro também! Mas aquele leproso teve muita coragem. Transgrediu as normas da religião para poder chegar perto de Jesus. Ele grita: Se queres, podes curar-me! Ou seja: “Não precisa tocar-me! Basta você querer para eu ficar curado!”
A frase revela duas doenças:
1) a doença da lepra que o tornava impuro;
2) a doença da solidão a que era condenado pela sociedade e pela religião.
Revela também a grande fé do homem no poder de Jesus. Profundamente compadecido, Jesus cura as duas doenças. Primeiro, para curar a solidão, toca no leproso. É como se dissesse: “Para mim, você não é um excluído. Eu te acolho como irmão!” Em seguida, cura a lepra dizendo: Quero! Seja curado!  O leproso, para poder entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim, revelar um rosto novo de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no leproso. Naquele tempo, quem tocasse num leproso tornava-se um impuro perante as autoridades religiosas e perante a lei da época.

*  Reintegrar os excluídos na convivência fraterna. Jesus não só cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver novamente. Reintegra a pessoa na convivência. Naquele tempo, para um leproso ser novamente acolhido na comunidade, ele precisava ter um atestado de cura assinado por um sacerdote. É como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico. Jesus obrigou o leproso a buscar o documento, para que ele pudesse conviver normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado.

*  O leproso anuncia o bem que Jesus fez a ele, e Jesus se torna um excluído. Jesus tinha proibido o leproso de falar sobre a cura. Mas não adiantou. O leproso, assim que partiu, começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos. Por quê? É que Jesus tinha tocado no leproso. Por isso, na opinião pública daquele tempo, Jesus, ele mesmo, era agora um impuro e devia viver afastado de todos. Já não podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a ele! Subversão total!

*  Resumindo. Tanto nos anos 70, época em que Marcos escreve, como hoje, época em que nós vivemos, era e continua sendo importante ter diante de nós modelos de como viver e anunciar a Boa Nova de Deus e de como avaliar a nossa missão. Nos versículos 16 a 45 do primeiro capítulo do seu evangelho, Marcos descreve a missão da comunidade e apresenta oito critérios para as comunidades do seu tempo poderem avaliar a sua missão. Eis o esquema:

TEXTO
ATIVIDADE  DE JESUS
OBJETIVO  DA MISSÃO
1. Marcos 1,16-20
Jesus chama os primeiros discípulos
formar comunidade
2. Marcos 1,21-22
o povo fica admirado com o ensino
criar consciência crítica
3. Marcos 1,23-28
Jesus expulsa um demônio
combater o poder do mal
4. Marcos 1,29-31
a cura da sogra de Pedro
restaurar a vida para o serviço
5. Marcos 1,32-34
a cura de doentes e endemoninhados
acolher os marginalizados
6. Marcos 1,35
Jesus levanta cedo para rezar
ficar unido ao Pai
7. Marcos 1,36-39
Jesus segue em frente no anúncio
não se fechar nos resultados
8. Marcos 1,40-45
a cura um leproso
reintegrar os excluídos

Para um confronto pessoal
1)   Anunciar a Boa Nova é dar testemunho da experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o que ele anuncia? Ele conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo isso! E é este testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe. Qual o testemunho que você dá?   
2)   Para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias ao projeto de Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e a vivência do amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus. Já tive esta coragem?

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