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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

XXXI Sábado do Tempo Comum

Bta Francisca de Amboise, viúva
Religiosa de nossa Ordem
Evangelho (Lc 16,9-15): Naquele tempo, diz Jesus aos discípulos: «Eu vos digo: usai o Dinheiro, embora iníquo, para fazer amigos. Quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto também nas grandes. Por isso, se não sois fiéis no uso do Dinheiro iníquo, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro». Os fariseus, amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam de Jesus. Então, ele lhes disse: «Vós gostais de parecer justos diante dos outros, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que as pessoas exaltam é detestável para Deus».

«Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes»

Rev. D. Joaquim FORTUNY i Vizcarro (Cunit, Tarragona, Espanha)

Hoje Jesus fala outra vez com autoridade: usa «Eu vos digo», que tem força peculiar, de doutrina nova. «Ele quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (cf. Tm 2,4). Deus quer um povo santo e nos mostra as dicas necessárias para alcançar a santidade e possuir o verdadeiro: a fidelidade nas coisas pequenas, a autenticidade e lembrar que Deus conhece nossos corações.

A fidelidade está ao nosso alcance. Em geral nossos dias transcorrem no que chamamos de normalidade: o mesmo trabalho, as mesmas pessoas, algumas práticas de piedade, a mesma família. Nessas realidades ordinárias devemos crescer como pessoas e em santidade. «Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes» (Lc 16,10). É preciso fazer bem as coisas, com boa intenção, com desejo de agradar a Deus, nosso Pai; fazer as coisas com amor, tem muito valor e prepara-nos para receber o verdadeiro. São Josemaria expressava: «Viste como ergueram aquele edifício de grandeza imponente? - Um tijolo, e outro. Milhares. Mas um a um. - E sacos de cimento, um a um. E blocos de pedra, que pouco representam na mole do conjunto. - E pedaços de ferro. - E operários que trabalham, dia a dia, as mesmas horas. . . Viste como levantaram aquele edifício de grandeza imponente?... À força de pequenas coisas!»

Examinar nossa consciência cada noite, nos ajudará a viver com retidão de intenção e não esquecer que Deus vê tudo, até os pensamentos mais ocultos, como temos aprendido no catecismo, e que o importante é agradar em todo momento a Deus, nosso Pai, a quem servimos com amor, sabendo que «Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro» (Lc 16,13). Nunca o esqueçamos: «Só Deus é Deus» (Bento XVI).

«Eu vos digo: usai o dinheiro, embora iníquo, para fazer amigos»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, rodeados como estamos de um ambiente consumista, Jesus volta a acariciar a nossa consciência para nos persuadir das falsas felicidades. E, não o faz carregando-nos com proibições, porque o caminho da santidade é —primeiro que nada— um convite à felicidade: «Se queres entrar na vida…» (Mt 19,17). O Senhor nos anima a trabalhar, a gerir o "dinheiro" deste mundo com retidão de intenção e afã de serviço.

Somos chamados ao mais alto (à caridade) tratando das coisas da terra em um sentido construtivo. O Criador mandou “dominar a terra”, mas não de qualquer jeito nem a qualquer preço, pois, também, nos pediu, “nos multiplicar” e “encher” a terra (cf. Gn 1,28). Só o amor (o dar-se aos demais) é a verdadeira medida dessa plenitude que Deus nos pede já nesta vida.

Com a expressão «dinheiro injusto» (Lc 16,9) Jesus Cristo se refere às coisas da terra que em si mesmas, sem ser más, não nos fazem justos nem nos preparam para a felicidade eterna. O Mestre nos convida a amar aos demais («fazer amigos») não só através da oração, senão também no dia a dia, com um reto e serviçal manejo dos bens terrenos.

A eternidade é longa demais aos “entretenimentos”: quem se diverte neste mundo, sofrerá de tédio na eternidade. Porém, o amor — que sempre aspira a crescer — goza na eternidade. Por isso, devemos de evitar o “encolhimento do coração” ocasionado pelo divertimento com o dinheiro “injusto”.

Hoje como antanho, não faltam pessoas que ouvindo essas coisas seguem se burlando de Jesus (cf. Lc 16,14). Assim, ao Vicário de Cristo o tacham de intransigente, ao mesmo tempo em que se riem dos católicos vendo-nos como ingênuos manipulados por um “ditador”. O serviço do Sucessor de Pedro é uma caricia a nossa consciência para nos defender da ditadura do "führer" de plantão: Chame-se "relativismo”, ou “politicamente correto”... «De Newman aprendemos a compreender o primado do Papa: 'A defesa da lei moral e da consciência é sua ração de ser'» (Bento XVI).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz mais algumas palavras de Jesus em torno do usa dos bens. São palavras e frases soltas, das quais não conhecemos o contexto exato em que foram pronunciadas. Foram colocadas aqui por Lucas para formar uma pequena unidade em torno do uso correto dos bens desta vida e para ajudar a entender melhor o sentido da parábola do administrador desonesto (Lc 16,1-8).

* Lucas 16,9: Usar bem o dinheiro injusto
"E eu lhes declaro: Usem o dinheiro injusto para fazer amigos, e assim, quando o dinheiro faltar, os amigos receberão vocês nas moradas eternas”. Outros traduzem “riqueza iníqua”. Para Lucas, dinheiro não é neutro, é injusto, iníquo. No Antigo Testamento, a palavra mais antiga para indicar o pobre (ani) significa empobrecido. Vem do verbo "ana", oprimir, rebaixar. Esta afirmação evoca a parábola do administrador desonesto, cuja riqueza era iníqua, injusta. Aqui transparece o contexto das comunidades do tempo de Lucas, isto é, dos anos 80 depois de Cristo. Inicialmente, as comunidades cristãs surgiram entre os pobres (cf. 1Cor 1,26; Gal 2,10). Aos poucos, pessoas mais ricas foram entrando. A entrada dos ricos trouxe consigo problemas que estão registrados nos conselhos dados na carta de Tiago (Tg 2,1-6;5,1-6), na carta de Paulo aos Coríntios (1Cor 11,20-21) e no próprio evangelho de Lucas (Lc 6,24). Estes problemas foram se agravando no fim do primeiro século, como atesta o Apocalipse na sua carta à comunidade de Laodicéia (Ap 3,17-18). As frases de Jesus que Lucas conservou são uma ajuda para clarear e resolver este problema.

* Lucas 16,10-12: Ser fiel no pequeno e no grande
“Quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas pequenas, também é injusto nas grandes. Por isso, se vocês não são fiéis no uso do dinheiro injusto, quem lhes confiará o verdadeiro bem? E se não são fiéis no que é dos outros, quem lhes dará aquilo que é de vocês?” Esta frase clareia a parábola do administrador desonesto. Ele não foi fiel. Por isso, ele foi tirado da administração. Esta palavra de Jesus também traz uma sugestão de como realizar o conselho de fazer amigos com o dinheiro injusto. Hoje acontece algo semelhante. Há pessoas que falam bonito sobre a libertação, mas em casa oprimem a mulher e os filhos. São infiéis nas coisas pequenas. A libertação no macro começa é no micro do pequeno mundo da família, do relacionamento diário entre as pessoas.

* Lucas 16,13: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro
Jesus é muito claro na sua afirmação: “Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou odiará a um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro". Cada um, cada uma, terá que fazer uma escolha. Terá que se perguntar: “Quem eu coloco em primeiro lugar na minha vida: Deus ou o dinheiro?” No lugar da palavra dinheiro cada um pode colocar outra palavra: carro, emprego, prestígio, bens, casa, imagem, etc. Desta escolha dependerá a compreensão dos conselhos que seguem sobre a Providência Divina (Mt 6,25-34). Não se trata de uma escolha feita só com a cabeça, mas de uma escolha bem concreta de vida que envolve as atitudes.

* Lucas 16,14-15: Crítica aos fariseus que gostam de dinheiro
“Os fariseus, que são amigos do dinheiro, ouviam tudo isso, e caçoavam de Jesus. Então Jesus disse para eles: Vocês gostam de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. De fato, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”. Em outra ocasião Jesus mencionou o amor de alguns fariseus ao dinheiro: “Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações” (Mt 23,14: Lc 20,47; Mc 12,40). Eles se deixavam levar pela sabedoria do mundo, da qual Paulo diz: “Irmãos, vocês que receberam o chamado de Deus, vejam bem quem são vocês. Entre vocês não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade. Mas, Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante” (1Cor 1,26-28). Alguns fariseus gostavam de dinheiro, como hoje alguns sacerdotes gostam de dinheiro. Vale para eles a advertência de Jesus e de Paulo.

Para um confronto pessoal
1) Você e o dinheiro? Qual a escolha?
2) Fiel no pequeno? Como você fala sobre o evangelho e como vive o evangelho?

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