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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Quinta-feira da 1ª semana do Advento

Bto Charles de Foucauld, presbíteo
Evangelho (Mt 7,21.24-27): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e ela desabou, e grande foi a sua ruína!».

«Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor! ’, entrará no Reino dos Céus»

Abbé Jean-Charles TISSOT (Freiburg, Sua)

Hoje, o Senhor pronuncia estas palavras no final do Seu “Sermão da Montanha”, no qual dá um sentido novo e mais profundo aos Preceitos do Antigo Testamento, a “palavra” de Deus aos homens. Manifesta-se como Filho de Deus, e como tal pede-nos que recebamos o que nos diz como palavras de suma importância; palavras de vida eterna que devem ser postas em prática, e não são só para serem ouvidas, mas sem implicação pessoal – com o risco de serem esquecidas ou de nos contentarmos em admirá-las ou em admirar o seu autor.

«Construir uma casa sobre a areia» (cf. Mt 7,26) é uma imagem para descrever um comportamento insensato, que não leva a nenhum resultado e acaba no fracasso de uma vida, depois de um esforço longo e penoso para construir algo. “Bene curris, sed extra viam”, dizia Sto. Agostinho: corres bem, mas fora do trajeto aprovado, podemos traduzir assim. Que pena só chegar até aí: o momento da prova, das tempestades e das inundações que a nossa vida necessariamente contém!

O Senhor quer ensinar-nos a usar um fundamento sólido, cujo crescimento deriva do esforço para pôr em prática os seus ensinamentos, vivendo-os dia a dia no meio dos pequenos problemas que Ele tratará de resolver. A nossa resolução diária de viver os ensinamentos de Cristo deve terminar em propósitos concretos, se não definitivos, mas dos quais possamos tirar alegria e reconhecimento na hora do nosso exame de consciência, à noite. A alegria de ter conseguido uma pequena vitória sobre nós próprios é uma preparação para outras batalhas, e – com a graça de Deus – não nos faltará a força para perseverar até ao fim.

«Entrará no Reino dos Céus(...)aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus»

+ Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret (Vic, Barcelona, Espanha)

Hoje, a palavra do Evangelho convida-nos a meditar com seriedade sobre a infinita distância que há entre o mero “escutar-invocar” e o “fazer” quando se trata da mensagem e da pessoa de Jesus. E dizemos “mero” porque não podemos esquecer que há modos de escutar e de invocar que não comportam o fazer. De fato, todos os que —tendo escutado o anúncio evangélico— acreditam, não serão confundidos; e todos os que, tendo acreditado, invocam o nome do Senhor, se salvarão ensina-o São Paulo na Carta aos Romanos (ver 10,9-13). Trata-se, neste caso, dos que acreditam com fé autêntica, aquela que «atua mediante a caridade», como escreve também o Apóstolo.

Mas é um fato que muitos acreditam e não fazem. A carta do apóstolo Santiago denuncia-o de uma maneira impressionante: «Sede, pois executores da palavra e não vos conformeis com ouvi-la somente, enganando-vos a vós mesmos» (1,22); «a fé, se não tem obras, está verdadeiramente morta» (2,17); «como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta» (2,26). É o que rejeita, também inolvidavelmente, São Mateus quando afirma: «Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus» (7,21).

É necessário, portanto, escutar e cumprir; é assim que construímos sobre a rocha e não em cima da areia. Como cumprir? Perguntemo-nos: Deus e o próximo enchem-me a cabeça —sou crente por convicção? E quanto ao bolso, compartilho os meus bens com critério de solidariedade? No que se refere à cultura, contribuo para consolidar os valores humanos no meu país? No aumento do bem, fujo do pecado de omissão? Na conduta apostólica, procuro a salvação eterna dos que me rodeiam? Numa palavra: sou uma pessoa sensata que, com obras, edifico a casa da minha vida sobre a rocha de Cristo?

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

O evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha. O Sermão da Montanha é uma nova leitura da Lei de Deus. Começa com as bem-aventuranças (Mt 5,1-12) e termina aqui com a casa na rocha.

* Trata-se de adquirir a verdadeira sabedoria. A fonte da sabedoria é a Palavra de Deus expressa na Lei de Deus. A verdadeira sabedoria consiste em ouvir e praticar a Palavra de Deus (Lc 11,28). Não basta dizer “Senhor, Senhor!” O importante não é falar bonito sobre Deus, mas sim fazer a vontade do Pai e, desse modo, ser uma revelação do seu amor e da sua presença no mundo.

* Quem ouve e pratica a palavra constrói a casa sobre a rocha. A firmeza da casa não vem da casa em si, mas vem do terreno, da rocha. O que significa a rocha? É a experiência do amor de Deus que se revelou em Jesus (Rom 8,31-39). Tem gente que pratica a palavra para poder merecer o amor de Deus. Mas amor não se compra nem se merece (Ct 8,7). O amor de Deus se recebe de graça. Praticamos a Palavra não para merecer, mas para agradecer o amor recebido. Este é o terreno bom, a rocha, que dá segurança à casa. A segurança verdadeira vem da certeza do amor de Deus! É a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.

* O evangelista encerra o Sermão da Montanha (Mt 7,27-28) dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, pois "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Admirado e agradecido, o povo aprovava os ensinamentos tão bonitos e tão diferentes de Jesus.

Para um confronto pessoal
1. Sou dos que dizem “Senhor, Senhor”, ou dos que praticam a palavra?
2. Observo a lei para merecer o amor e a salvação ou para agradecer o amor e a salvação de Deus?

terça-feira, 29 de novembro de 2016

30 de novembro: Santo André, apóstolo.

Evangelho (Mt 4,18-22): Caminhando à beira do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam jogando as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens». Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Prosseguindo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam no barco, com seu pai Zebedeu, consertando as redes. Ele os chamou. Deixando imediatamente o barco e o pai, eles o seguiram.

«Eu farei de vós pescadores de homens»

Mons. Lluís CLAVELL (Roma, Itália).

Hoje, é a festa de Santo André, Apóstolo, uma festa celebrada de maneira solene entre os cristãos de Oriente. Ele foi um dos primeiros jovens a conhecer Jesus à beira do rio Jordão e a ter longas conversas com Ele. Em seguida procurou seu irmão Pedro, dizendo-lhe «Encontramos o Cristo!» e o levou onde estava Jesus (Jo 2,41). Logo depois, Jesus chamou a esses dois irmãos pescadores seus amigos como lemos no Evangelho de hoje: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens» (Mt 4,19). No mesmo povoado, havia outros dois irmãos, Tiago e João, colegas e amigos daqueles primeiros e pescadores como eles. Jesus também os chamou para que O seguissem. É maravilhoso ler que eles deixaram tudo e O seguiram “imediatamente”, palavras que se repetem em ambos os casos. Não podemos dizer a Jesus: “depois”, “logo”, “agora tenho muito trabalho...”

Também a cada um de nós — a todos os cristãos — Jesus nos pede cada dia que ponhamos todo o que temos e somos ao seu serviço — isso quer dizer, deixar tudo, não ter nada como próprio— para que, vivendo com Ele as tarefas de nosso trabalho profissional e de nossa família, sejamos “pescadores de homens”. O que quer dizer “pescadores de homens”? Uma bonita resposta pode ser um comentário de São João Crisóstomo. Este Padre e Doutor da Igreja, diz que André não sabia explicar bem a seu irmão Pedro quem era Jesus, e por isso, «o levou à fonte da própria luz», que é Jesus Cristo. “Pescar homens” quer dizer ajudar os que estão ao nosso redor na família e no trabalho para encontrarem a Cristo que é a única luz para nosso caminho.

Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* O Sermão da Montanha ocupou os capítulos 5 a 7 do evangelho de Mateus. A parte narrativa dos capítulos 8 e 9, tem como finalidade mostrar como Jesus praticava o que acabava de ensinar. No Sermão da Montanha, ele ensinou o acolhimento (Mt 5,23-25.38-42.43). Agora, ele mesmo o pratica acolhendo leprosos (Mt 8,1-4), estrangeiros (Mt 8,5-13), mulheres (Mt 8,14-15), doentes (Mt 8,16-17), endemoninhados (Mt 8,28-34), paralíticos (Mt 9,1-8), publicanos (Mt 9,9-13), pessoas impuras (Mt 9,20-22), etc. Jesus rompe com as normas e costumes que excluíam e dividiam as pessoas, isto é, o medo e a falta de fé (Mt 8,23-27) e as leis da pureza (9,14-17), e não faz segredo das exigências para os que querem segui-lo. Eles terão que ter a coragem de largar muita coisa (Mt 8,18-22). Assim, nas atitudes e na prática de Jesus, aparece em que consistem o Reino e a observância perfeita da Lei de Deus.

* Mateus 9,9: O chamado para seguir Jesus. As primeiras pessoas chamadas para seguir Jesus eram quatro pescadores, todos judeus (Mt 4,18-22). Agora, Jesus chama um publicano, considerado pecador e tratado como impuro pelas comunidades mais observantes dos fariseus. Nos outros evangelhos, este publicano se chama Levi. Aqui, o nome dele é Mateus que significa dom de Deus ou dado por Deus. As comunidades, em vez de excluir o publicano como impuro, devem considerá-lo como um Dom de Deus para a comunidade, pois a presença dele faz com que a comunidade se torne sinal de salvação para todos! Como os primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus larga tudo que tem e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus largou a coletoria, sua fonte de renda, e foi atrás de Jesus!

* Mateus 9,10: Jesus senta à mesa junto com pecadores e publicanos. Naquele tempo, os judeus viviam separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar comunhão de mesa com os pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha como sendo uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt 5,44-48). A missão das comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham lugar. Mas esta nova lei não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as pessoas vindas do paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma mesa (cf. At 10,28; 11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como Jesus comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.

* Mateus 9,11: A pergunta dos fariseus. Para os judeus era proibida a comunhão de mesa com publicanos e pagãos, mas Jesus nem liga. Ele até faz uma confraternização com eles. Os fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?" Esta pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber por que Jesus agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao comportamento de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até à época de Jesus, os judeus tinham observado as leis da pureza. Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal identidade. Ao mesmo tempo, era fator de sua separação no meio dos outros povos. Assim, por causa das leis da pureza, não podiam nem conseguiam sentar na mesma mesa para comer com pagãos. Comer com pagãos significava contaminar-se, tornar-se impuro. Os preceitos da pureza legal eram rigorosamente observados, tanto na Palestina como nas comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de quinhentos preceitos para preservar a pureza. Nos anos setenta, época em que Mateus escreve, este conflito era muito atual.

* Mateus 9,12-13: Eu quero misericórdia e não sacrifício. Jesus ouviu a pergunta dos fariseus aos discípulos e responde com dois esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Por meio destes dois esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a sua missão junto ao povo: “Eu não vim para chamar os justos, e sim os pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita os argumentos deles, pois nasciam de uma ideia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos os sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).

Para um confronto pessoal
1. Hoje, na nossa sociedade, quem é o marginalizado e o excluído? Por quê? Na nossa comunidade temos preconceitos? Quais? Qual o desafio que as palavras de Jesus colocam para a nossa comunidade hoje?
2. Jesus manda o povo ler e entender o Antigo Testamento que diz: "Quero misericórdia e não sacrifício". O que Jesus quer com isto para nós hoje?



segunda-feira, 28 de novembro de 2016

29 de novembro

Btos Dionísio da Natividade e Redento da Cruz
Mártires

Pierre Bertholo nasceu em Honfleur (Calvados, França) no ano 1600. Serviu os Reis de França e Portugal como cosmógrafo e almirante da armada. Fez-se carmelita em Goa, em 1635, onde professou no dia de Natal do ano seguinte, tomando o nome de Dionísio da Natividade, e onde foi ordenado sacerdote no dia 24 de agosto de 1638. Tomás Rodrigues da Cunha nasceu no lugar de Lisouros, freguesia de Cunha (Paredes de Coura, Portugal) em 1598. Entrou para o Carmelo Teresiano no convento de Goa, onde professou como irmão converso em 1615, tomando o nome de Redento da Cruz. O Padre Dionísio e o Irmão Redento foram enviados pelos superiores para Achém, na ilha de Sumatra, onde foram martirizados por muçulmanos no dia 29 de novembro de 1638 pela sua adesão a Cristo e pela sua firmeza na fé. Foram beatificados no dia 10 de junho de 1900 pelo Papa Leão XIII.

LAUDES
Hino
Ao raiar o sol de um novo dia,
que aparece a terra e a reanima,
penso no sol que amadureceu
dois cachos de uvas para a mesma vindima.

Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.

Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.

Esse sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.

E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
contínua prova do nosso amor.

Glória a ti, ó Pai Celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
Fonte de amor e Fonte de Luz!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Cântico evangélico
Ant. Benditos sois vós quando por minha causa sois perseguidos: alegrai-vos e saltai de contentamento, porque nos céus será grande a vossa recompensa.

Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...

VÉSPERAS
Hino
Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.

Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.

Este sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.

E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
continua prova de nosso amor.

Glória a ti, ó Pai Celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
fonte de amor e fonte de Luz!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Cântico evangélico
Ant. Amaram a Cristo na sua vida e o imitaram na sua morte, por isso com Ele reinarão para sempre.

Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...



Terça-feira I do Advento

Btos Dionísio e Redento, mártires da nossa Ordem
Evangelho (Lc 10,21-24): Naquela mesma hora, ele exultou no Espírito Santo e disse: «Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar». E voltando-se para os discípulos em particular, disse-lhes: «Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo! Pois eu vos digo: muitos profetas e reis quiseram ver o que vós estais vendo, e não viram; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».

«Eu te louvo, Pai»

Abbé Jean GOTTIGNY (Bruxelas, Bélgica)

Hoje lemos um extrato do capítulo dez do Evangelho segundo São Lucas. O Senhor enviou a setenta e dois discípulos aos lugares onde Ele mesmo iria. E voltaram exultantes. Ouvindo contar suas proezas «Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse, Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra» (Lc 10,21).

A gratidão é uma das facetas da humildade. O arrogante considera que não deve nada a ninguém. Mas para estar agradecido, primeiro, devemos ser capazes de descobrir nossa insignificância. “Obrigado” é uma das primeiras palavras que ensinamos às crianças. «Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: "Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado». (Lc 10,21)

Bento XVI, ao falar sobre a atitude de adoração, afirma que ela pressupõe um «reconhecimento da presença de Deus, Criador y Senhor do universo. É um reconhecimento pleno em gratidão, que brota desde o mais fundo do coração e abrange todo o ser, porque o homem só pode realizar-se plenamente a si mesmo adorando e amando a Deus acima de todas as coisas».

Uma alma sensível experimenta a necessidade de manifestar seu reconhecimento. É o mínimo que podemos fazer para responder aos favores divinos. «O que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido?» (1Cor 4,7). Lógico que, nos faz falta «agradecer a Deus Pai, através do seu filho, no Espírito Santo; com a grande misericórdia com que nos tem amado, tem sentido compaixão por nós, e quando estávamos mortos por nossos pecados, nos fez reviver com Cristo para que sejamos Nele uma nova criação» (São Leão Magno).

«Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo»

Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Sant Quirze del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje e sempre, os cristãos estão convidados a participar da alegria de Jesus. Ele, cheio do Espírito Santo, disse: «Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado» (Lc 10,21). Com muita razão, esse fragmento do Evangelho foi chamado por alguns autores como o “Magnificat de Jesus”, pois a ideia subjacente é a mesma que recorre o Canto de Maria (cf. Lc 1,46-55).

A alegria é uma atitude que acompanha a esperança. Dificilmente uma pessoa que nada espera poderá estar alegre. E, que é o que nós os cristãos esperamos? A chegada do Messias e do seu Reino, no qual florescerá a justiça e a paz; uma nova realidade na qual «Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá» (Is 11,6). O Reino de Deus que esperamos se abre caminho dia a dia, e vamos saber descobrir sua presença entre nós. Para o mundo em que vivemos, tão sem paz e de concórdia, de justiça e de amor, quão necessária é a esperança dos cristãos! Uma esperança que não nasce de um otimismo natural ou de uma falsa ilusão, e sim que vem do próprio Deus.

No entanto, a esperança cristã, que é luz e calor para o mundo, só poderá ter aquele que seja puro e humilde de coração, porque Deus escondeu aos sábios e inteligentes — isto é, a aqueles que sejam soberbos em sua ciência— o conhecimento e o gozo do mistério de amor do seu Reino.

Uma boa maneira de preparar os caminhos do Senhor neste Advento será exatamente cultivar a humildade e a simplicidade para abrir-nos ao dom de Deus, para viver com esperança e chegar a ser cada dia melhores testemunhas do Reino de Jesus Cristo.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

O texto de hoje revela o fundo do coração de Jesus, o motivo da sua alegria. Os discípulos tinham ido em missão e, na volta, partilham com Jesus a alegria da sua experiência missionária (Lc 10,17-21).

* O motivo da alegria de Jesus é a alegria dos amigos. Ao ouvir a experiência deles e ao perceber a sua alegria, Jesus também sente uma profunda alegria. A causa da alegria de Jesus é o bem-estar dos outros.

* Não é uma alegria superficial. Ela vem do Espírito Santo. O motivo da alegria é que os discípulos e as discípulas experimentaram algo de Deus durante a sua experiência missionária.

* Jesus os chama “pequenos”. Quem são os “pequenos”? São os setenta e dois discípulos (Lc 10,1) que voltaram da missão: pais e mães de família, rapazes e moças, casados e solteiros, velhos e jovens. Eles não são doutores. São pessoas simples, sem muito estudo, mas que entendem as coisas de Deus melhor do que os doutores.

* “Sim, Pai, assim é do teu agrado! ” Frase muito séria. É do agrado do Pai que os doutores e os sábios não entendam as coisas do Reino e que os pequenos as entendam. Portanto, se os grandes quiserem entender as coisas do Reino, devem fazer-se discípulos dos pequenos!

* Jesus olha para eles e diz: “Felizes vocês! ” E por que são felizes? Porque estão vendo coisas que os profetas quiseram ver, mas não conseguiram. O que eles viram? Eles perceberam a ação do Reino nas coisas comuns da vida: curar doentes, alegrar os aflitos, expulsar os males da vida.

Para um confronto pessoal
1. Coloco-me na posição do povo: eu me considero dos pequenos ou dos doutores? Por que?
2. Coloco-me na posição de Jesus: qual a raiz da minha alegria? Superficial ou profunda?

domingo, 27 de novembro de 2016

Segunda-feira da 1ª semana do Advento

Evangelho (Mt 8,5-11): Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um centurião aproximou-se dele, suplicando: «Senhor, o meu criado está de cama, lá em casa, paralisado e sofrendo demais». Ele respondeu: «Vou curá-lo». O centurião disse: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu criado ficará curado. Pois eu, mesmo sendo subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens; e se ordeno a um: ‘Vai, e ele vai, e a outro: ‘vem’ e, ele vem; e se digo ao meu escravo: ‘Faz isto’, ele faz».  Ao ouvir isso, Jesus ficou admirado e disse aos que o estavam seguindo: «Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé. Ora, eu vos digo: muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó.

«Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé»

Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Sant Quirze del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, Cafarnaum é a nossa cidade e a nossa aldeia, onde há pessoas doentes, umas conhecidas, outras anônimas, frequentemente esquecidas por causa do ritmo frenético que caracteriza a vida atual: carregados de trabalho, vamos correndo sem parar e sem pensar naqueles que, por causa da sua doença ou de outra circunstância, ficam à margem e não podem seguir esse ritmo. Porém, Jesus nos dirá um dia: «todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!» (Mt 25,40). O grande pensador Blaise Pascal recolhe esta ideia quando afirma que «Jesus Cristo, nos seus fiéis, encontra-se na agonia de Getsêmani até ao final dos tempos».

O centurião de Cafarnaum não se esquece do seu criado prostrado no leito, porque o ama. Apesar de ser mais poderoso e de ter mais autoridade que o seu servo, o centurião agradece todos os seus anos de serviço e tem por ele grande admiração. Por isso, movido pelo amor, dirige-se a Jesus e na presença do Salvador faz uma extraordinária confissão de fé, recolhida pela liturgia Eucarística: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu criado ficará curado» (Mt 8,8). Esta confissão fundamenta-se na esperança; brota da confiança posta em Jesus Cristo, e ao mesmo tempo, também do seu sentimento de indignidade pessoal que o ajuda a reconhecer a sua própria pobreza.

Só nos podemos aproximar de Jesus Cristo com uma atitude humilde, como a do centurião. Assim poderemos viver a esperança do Advento: esperança de salvação e de vida, de reconciliação e de paz. Apenas pode esperar aquele que reconhece a sua pobreza e é capaz de perceber que o sentido da sua vida não está nele próprio, mas em Deus, pondo-se nas mãos do Senhor. Aproximemo-nos com confiança de Cristo e, ao mesmo tempo, façamos nossa a oração do centurião.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

O Evangelho de hoje é um espelho. Ele evoca em nós as palavras que dizemos durante a Missa na hora da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo”. Olhando no espelho deste texto, ele sugere o seguinte:

* A pessoa que procura Jesus é um pagão soldado do exército romano que dominava e explorava o povo. Não é a religião nem o desejo de Deus, mas sim a necessidade e o sofrimento que o levam a procurar Jesus. Jesus não tem preconceito. Não faz exigência prévia, mas acolhe e atende ao pedido do oficial romano.

* A resposta de Jesus surpreende o centurião, pois ela ultrapassa a expectativa. O centurião não esperava que Jesus fosse até à casa dele. Ele se sente indigno: “Não sou digno!” Sinal de que considerava Jesus como uma pessoa muito superior.

* O centurião expressa sua fé em Jesus dizendo: “Diga só uma palavra e o meu empregado estará curado”. Ele crê que a palavra de Jesus possa fazer a cura. De onde ele tirou esta fé tão grande? Da sua experiência profissional como centurião! Pois quando um centurião dá suas ordens, o soldado obedece. Deve obedecer! Assim ele imagina Jesus: basta Jesus dizer uma palavra, e as coisas acontecem conforme a palavra. Ele crê que a palavra de Jesus tem força criadora.

* Jesus ficou admirado e elogiou a fé do centurião. A fé não consiste em aceitar, repetir e decorar uma doutrina, mas sim em crer e confiar na pessoa de Jesus.

Para um confronto pessoal
1. Colocando-me na posição de Jesus: como atendo e acolho as pessoas de outra religião?
2. Colocando-me na posição do centurião: qual a experiência pessoal que me leva a crer em Jesus?

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Domingo I do Advento

Evangelho (Mt 24, 37-44): Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos: «A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Nos dias antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, homens e mulheres casavam-se, até o dia em que Noé entrou na arca. E nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. «Ficai certos: se o dono de casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós, ficai preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem».

«Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor»

Mons. José Ignacio ALEMANY Grau, Bispo Emérito de Chachapoyas (Chachapoyas, Peru)

Hoje, «como no tempo de Noé», todos comiam e bebiam, homens e mulheres casavam-se, (cf. Mt 24,37-38). Mas há também, como naquela época do patriarca Noé, santos no mesmo escritório e na mesma secretária que os outros. Um deles será tomado e o outro deixado porque virá o Justo Juiz.

Devemos vigiar porque «só quem está acordado não será levado de surpresa» Devemos estar preparados com o amor aceso no coração, como a tocha das virgens prudentes. Trata-se precisamente disso: chegará o momento em que se ouvirá: «O noivo está chegando. Ide acolhê-lo!» (Mt 25,6), Jesus Cristo!

A sua chegada é sempre motivo de gozo para quem leva a tocha acesa no coração. A sua vinda é parecida à de um pai de família que mora num país distante e escreve aos seus: — Quando menos esperem, eu apareço por aí. A partir desse dia tudo é alegria no lar: Vem o Papai! Nossos modelos, os Santos, viveram assim, “na espera do Senhor”.

O Advento é para aprender a esperar, com paz e com amor, o Senhor que vem. Nada do desespero ou impaciência que caracteriza o homem deste tempo. Santo Agostinho dá uma boa receita para esperar: «Como for sua vida, assim será sua morte». Se nós esperamos com amor, Deus colmará nosso coração e a nossa esperança.

Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor (cf. Mt 24,42). Casa limpa, coração puro, pensamentos e afetos ao estilo de Jesus. Bento XVI explica: «Vigiar significa seguir o Senhor, escolher o que Cristo escolheu, amar o que Ele amou, conformar a própria vida com a sua». Então virá o Filho do homem... E o Pai nos acolherá nos seus braços por nos assemelharmos ao seu Filho.

«Nos dias antes do dilúvio, todos comiam e bebiam (...)Vigiai, portanto, (...)também vós, ficai preparados!»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench  (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Imaculada Conceição
da Medalha Milagrosa
Hoje, neste Domingo, ao começar o tempo do Advento, inauguramos também um novo ano litúrgico. Podemos tomar esta circunstância como um convite a renovar-nos em algum aspecto de nossa vida (espiritual, familiar, etc.).

De fato, necessitamos viver a vida, dia a dia, mês a mês, com um ritmo e uma ilusão renovados. Assim, afastamos o perigo da rotina e do tédio. Este sentido de renovação permanente é a melhor maneira de ficar alerta[s]. Sim, devemos estar alerta[s]! É uma das mensagens que o Senhor nos transmite através das palavras do Evangelho de hoje.

Há que ficar alerta, em primeiro lugar, porque o sentido da vida terrena é o de uma preparação para a vida eterna. Este tempo de preparação é um dom e uma graça de Deus: Ele não quer impor-nos o seu amor nem o céu; quer-nos livres (que é o único modo de amar). Preparação que não sabemos quando acabará: «Anunciamos o advento de Cristo e, não somente um, senão também outro, o segundo (...), porque este mundo de agora acabará» (São Cirilo de Jerusalém). Há que se esforçar por manter a atitude de renovação e de ilusão.

Em segundo lugar, convém estar alerta porque a rotina e a acomodação são incompatíveis com o amor. No Evangelho de hoje, o Senhor lembra como nos tempos de Noé «comiam e bebiam» e «nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou todos» (Mt 24,38-39). Estavam “entretidos” e, — já o dissemos— que a nossa passagem pela terra há de ser um tempo de “namoro” para o amadurecimento de nossa liberdade: o dom que nos foi outorgado não para libertar-nos dos outros, mas para nos entregarmos aos outros.

«A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé» (Mt 24,37). A vinda de Deus é o grande acontecimento. Disponhamo-nos a acolhê-lo com devoção: “Vinde Senhor Jesus!».

“Ficai preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem».

Pe. Franclim Pacheco

Com este domingo, 1º do Advento, começa um novo ano litúrgico, em que será o evangelho segundo S. Mateus a oferecer-nos a Palavra que guia o nosso caminho de fé. Uma das características deste evangelho são os cinco grandes discursos que recolhem ditos de Jesus à volta de temas fundamentais para a vida da Igreja. O texto de hoje é uma pequena parte do 5º discurso, que apresenta a vinda do Filho do Homem e a necessidade de estar atento e preparado para a sua vinda.
Jesus tinha anunciado a destruição da cidade de Jerusalém (23,38) e do Templo (24,2). Ao tempo dos leitores do evangelho de Mateus, que escreveu à volta do ano 80 d.C., tudo isto já se tinha tornado realidade. Efetivamente, dez anos antes, no ano 70 d.C., as legiões romanas comandadas pelo general Tito, que se tornaria depois imperador de Roma, tomaram a cidade e incendiaram e destruíram completamente o Templo. Estes factos são, para os cristãos de origem judaica da comunidade de Mateus, uma confirmação de todas as palavras de Jesus.
O texto deste Domingo insere-se no discurso que Jesus faz, respondendo à pergunta dos discípulos: «Quando vai ser isso, e qual o sinal da Tua Vinda e da consumação dos Tempos?».
Jesus fala da vinda do «Filho do Homem», uma expressão que, embora lida ou ouvida muitas vezes, não é de compreensão imediata. No Antigo Testamento a expressão «filho do homem» tem habitualmente o significado e sentido apenas de ser humano, homem. No livro de Daniel, a expressão aramaica bar ’en?sh («filho do homem») aparece em 7,13 pela primeira vez para indicar «uma figura semelhante a um filho de homem» (uma figura humana) a quem é dado poder eterno, glória e um reino indestrutível e a quem todos os povos servirão. Não se trata dum título, mas duma comparação para descrever um ser celeste com aspecto humano, que depois identifica com o povo dos «Santos do Altíssimo» aos quais foi conferido o reino e o império, apresentando-se assim com um significado coletivo.
A literatura apocalíptica judaica não bíblica retomou e reelaborou a figura humano-divina do livro de Daniel, apresentando-a com traços pessoais, ligando-a a outras imagens da tradição de Israel, tendo assim adquirido novas funções. Progressivamente, a figura do Messias foi sendo identificada com a figura do Filho do Homem, ser preexistente, celestial e dotado do Espírito, adquirindo assim um colorido que ultrapassa a simples descendência de David para restaurar o reino de Israel. É neste ambiente que Jesus (e também os evangelistas) se situa e vive.
Acerca da consumação dos tempos e da vinda do Filho do Homem, com quem Jesus se identifica, é indicada a certeza, mas não a data: «Daquele dia e daquela hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, só o Pai» (24,36). Em vez de satisfazer a curiosidade dos discípulos, Jesus prefere chamar a atenção para a necessidade de estar vigilantes e preparados, usando três exemplos.
O primeiro exemplo, tirado da Bíblia, aponta duas categorias diferentes de pessoas: as despreocupadas que apenas pensam nas futilidades da vida e as atentas aos sinais do dilúvio que, por isso, se salvaram.
O segundo exemplo é um apelo a cada um viver a sua vida quotidiana, com as ocupações normais do dia-a-dia, mas deixando-se guiar pela luz de Deus e pela sabedoria do Evangelho. Quem assim faz é «tomado», isto é, entra na totalidade do Reino de Deus que o Filho do Homem virá oferecer na sua Vinda final. Os outros são «deixados», ficam de fora da nova realidade do Reino de Deus. Daí o apelo de Jesus: «Vigiai porque não sabeis o dia em que o vosso Senhor vem!».
O terceiro exemplo reforça este apelo, com a imagem do ladrão que vem a qualquer hora, quando menos se espera. Parecendo um exemplo mais de ameaça do que de salvação, é um convite a estar sempre preparados, na atitude de quem está à espera duma pessoa querida, cuja chegada é fonte de alegria e de paz.

XXXIV Sábado do Tempo Comum

Evangelho (Lc 21,34-36): Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: «Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós, pois cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de conseguirdes escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem».

«Ficai atentos e orai a todo momento»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, último dia do Tempo Comum, Jesus adverte-nos com clareza meridiana sobre a sorte da nossa passagem por esta vida. Se nos empenhamos, obstinadamente, em viver absorvidos pelos afazeres imediatos da vida, chegará o último dia da nossa existência terrena tão de repente que a própria cegueira da nossa gula nos impedirá de reconhecer o mesmíssimo Deus que virá (porque aqui estamos de passagem, sabia?) Para levar-nos à intimidade do Seu Amor infinito. Será qualquer coisa como o que ocorre com um menino malcriado: está tão entretido com os seus brinquedos, que no final esquece o carinho dos seus pais e a companhia dos seus amigos. Quando se dá conta, chora desconsolado pela sua inesperada solidão.

O antídoto que Jesus nos oferece é igualmente claro: «ficai atentos e orai a todo momento» (Lc 21, 36). Vigiar e orar … O mesmo aviso que deu aos seus Apóstolos na noite em que foi traído. A oração tem uma componente admirável de profecia, muitas vezes esquecida na pregação, ou seja, de passar de mero “ver” a “observar” o quotidiano na sua mais profunda realidade. Como escreveu Evágrio Pôntico, «a vista é o melhor de todos os sentidos; a oração é a mais divina de todas as virtudes». Os clássicos da espiritualidade chamam-lhe “visão sobrenatural”, olhar com os olhos de Deus. Ou o que é o mesmo, conhecer a Verdade: de Deus, do mundo, de mim próprio. Os profetas foram, não só os que “pregaram o que haveria de vir”, mas também os que sabiam interpretar o presente na sua justa medida, alcance e densidade. Resultado: souberam reconduzir a história, com a ajuda de Deus.

Tantas vezes nos lamentamos da situação do mundo. – Onde iremos parar? Dizemos. Hoje, que é o último dia do Tempo Comum, é dia também de resoluções definitivas. Quem sabe, já está na hora de mais alguém estar disposto a levantar-se da sua embriaguez do presente e ponha mãos à obra de um futuro melhor. Quer ser você? Pois, ânimo! E que Deus o abençoe.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Estamos chegando ao fim do longo discurso apocalíptico e também ao fim do ano eclesiástico. Jesus dá um último conselho convocando-nos para a vigilância (Lc 21,34-35) e para a oração (Lc 21,36).

* Lucas 21,34-35: Cuidado para não perder a consciência crítica
“Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vocês. Pois esse dia cairá, como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a face de toda a terra”.  Um conselho semelhante Jesus já tinha dado quando perguntaram a ele sobre a chegada do Reino (Lc 17,20-21). Ele respondeu que a chegada do Reino acontece como o relâmpago. Vem de repente, sem aviso prévio. As pessoas devem estar atentas e preparadas, sempre (Lc 17,22-27). Quando a espera é longa, corremos o perigo de ficar desatentos e não dar mais atenção aos acontecimentos. “Os corações ficam insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida”. Hoje, as muitas distrações nos tornam insensíveis e a propaganda pode até perverter em nós o sentido da vida. Alheios ao sofrimento de tanta gente no mundo, já não percebemos as injustiças que se cometem.

* Lucas 21,36: Oração como fonte de consciência crítica e de esperança
 “Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a fim de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para ficarem de pé diante do Filho do Homem".  A oração constante é um meio muito importante para não perdermos a presença do espírito. Ela aprofunda em nosso coração a consciência da presença de Deus no meio de nós e, assim, traz força e luz para aguentarmos os dias maus e crescermos na esperança.

* Resumo do Discurso Apocalíptico (Lc 21,5-36)
Passamos cinco dias em seguida, de terça feira até hoje sábado, meditando e aprofundando o significado do Discurso Apocalíptico para as nossas vidas. Todos os três evangelhos sinóticos trazem este discurso de Jesus, cada um a seu modo. Procuramos ver de perto a versão que o evangelho de Lucas nos oferece. Damos aqui um breve resumo do que pudemos meditar nestes cinco dias.

Todo Discurso Apocalíptico é uma tentativa para ajudar as comunidades perseguidas a situar-se dentro do conjunto do plano de Deus e assim terem esperança e coragem para continuar firme na caminhada. No caso do Discurso Apocalíptico do evangelho de Lucas, as comunidades perseguidas viviam no ano 85. Jesus falava no ano 33. Seu discurso descreve as etapas ou sinais da realização do plano de Deus. Ao todo são 8 sinais ou períodos desde Jesus até o fim dos tempos. Lendo e interpretando sua vida à luz dos sinais dados por Jesus, as comunidades descobriam a que altura estava a execução do plano. Os sete primeiros sinais já tinham acontecido. Pertenciam todos ao passado. É sobretudo no 6° e no 7° sinal (perseguição e destruição de Jerusalém) que as comunidades encontram a imagem ou o espelho do que estava acontecendo no presente delas. Eis os sete sinais:
Introdução ao Discurso (Lc 21,5-7)
1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em todos os lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome e pestes e sinais no céu (Lc 21,11);
6º sinal: a perseguição dos cristãos e a missão que devem realizar (Lc 21,12-19) + Missão
7º sinal: a destruição de Jerusalém (Lc 21,20-24)
Chegando neste sétimo sinal, as comunidades concluem: “Estamos no 6° e no 7° sinal. E aqui vem a pergunta mais importante: “Quanto falta para que chegue o fim? ” Quem está sendo perseguido não quer saber sobre o futuro distante. Mas quer saber se vai estar vivo no dia seguinte ou se terá força para aguentar a perseguição até o dia seguinte. A resposta a esta pergunta inquietante vem no oitavo sinal:
8º sinal: mudanças no sol e na lua (Lc 21,25-26) anunciam a chegada do Filho do Homem. (Lc 21,27-28).
Conclusão: falta pouco, tudo está conforme o plano de Deus, tudo é dor de parto, Deus está conosco. Dá para aguentar. Vamos testemunhar nossa fé na Boa Nova de Deus trazida por Jesus. No fim, Jesus confirma tudo com a sua autoridade (Lc 21,29-33).

Para um confronto pessoal
1) Jesus pede vigilância para não sermos surpreendidos pelos fatos. Como vivo este conselho de Jesus?
2) O último pedido de Jesus no fim do ano eclesiástico é este: Fiquem atentos, e rezem todo o tempo. Como vivo este conselho de Jesus em minha vida?

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Sexta-feira da 34ª semana do Tempo Comum

Sta Catarina de Alexandria
Virgem e Mártir
Evangelho (Lc 21,29-33): E Jesus contou-lhes uma parábola: «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto. Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. Em verdade vos digo: esta geração não passará antes que tudo aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão».

«Quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto»

Diácono D. Evaldo PINA FILHO (Brasília, Brasil).

Hoje nós somos convidados por Jesus a ver os sinais que se descortinam no nosso tempo e época e a reconhecer nestes sinais a aproximação do Reino de Deus. O convite é para que repousemos o nosso olhar na figueira e nas outras árvores— «Olhai a figueira e todas as árvores» (Lc 21,29)— e para que fixemos nossa atenção naquilo que percebemos estar acontecendo nelas: «basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc 21,30). As figueiras começavam a brotar. Os botões começavam a surgir. Não era apenas a expectativa das flores ou dos frutos viriam a surgir, mas, sobretudo o prenúncio do verão, em que todas as árvores “começam a brotar”.

Segundo o Papa Bento XVI, «a Palavra de Deus impele-nos a mudar o nosso conceito de realismo». Efetivamente, «realista é quem conhece o fundamento de tudo no Verbo de Deus». Essa Palavra viva que nos indica o verão como sinal de proximidade e de exuberância da luminosidade é a própria Luz: «quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto» (Lc 21,31). Neste sentido, «a Palavra já não é apenas audível, não possui apenas uma voz, agora a Palavra tem um rosto (...) que podemos ver: Jesus de Nazaré” (Bento XVI).

A comunicação de Jesus com o Pai foi perfeita; e tudo o que Ele recebeu do Pai, Ele deu-nos a nós, comunicando-se da mesma forma perfeita conosco. Assim, a proximidade do Reino de Deus, que expressa a livre iniciativa de Deus que vem ao nosso encontro, deve mover-nos a reconhecer a proximidade do Reino, para que também nós nos comuniquemos de forma perfeita com o Pai por meio da Palavra do Senhor – Verbum Domini -, reconhecendo os sinais do Reino de Deus que está perto como realização das promessas do Pai em Cristo Jesus.

«O Reino de Deus está perto»

+ Rev. D. Albert TAULÉ i Viñas (Barcelona, Espanha).

Hoje, Jesus convida-nos a ver como brota a figueira, símbolo da Igreja que se renova periodicamente graças àquela força interior que Deus lhe comunica (recordemos a alegoria da videira e dos ramos, cf. Jo 15): «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc 21, 29-30).

O discurso escatológico que lemos nestes dias, segue um estilo profético que distorce deliberadamente a cronologia, de maneira que põe no mesmo plano acontecimentos que hão de acontecer em momentos diversos. O fato de que no fragmento escolhido para a leitura de hoje tenhamos um âmbito muito reduzido, dá-nos pé para pensar que teríamos que entender o que se nos diz como algo dirigido a nós, aqui e agora: «esta geração não passará antes que tudo aconteça» (Lc 21,32). De fato, Orígenes comenta: «Tudo isto pode suceder em cada um de nós; em nós pode ficar destruída a morte, definitiva inimiga nossa».

Eu queria falar hoje como os profetas: estamos a ponto de contemplar um grande broto na Igreja. Vede os sinais dos tempos (cf Mt 16,3). Rapidamente ocorrerão coisas muito importantes. Não tenhais medo. Permanecei no vosso lugar. Semeai com entusiasmo. Depois podereis recolher formosas colheitas (cf. Sal 126,6). É verdade que o homem inimigo continuará a semear a discórdia. O mal não ficará separado até ao fim dos tempos (cf. Mt 13,30). Mas o Reino de Deus já está aqui entre nós. E abre caminho, ainda que com muito esforço (cf. Mt 11,12).

São João Paulo II dizia-nos no início do terceiro milênio: «Duc in altum» (cf. Lc 5,4). Às vezes temos a sensação de não fazer nada proveitoso, ou inclusive de retroceder. Mas estas impressões pessimistas procedem de cálculos excessivamente humanos, ou da má imagem que malevolamente difundem de nós alguns meios de comunicação. A realidade escondida, que não faz ruído, é o trabalho constante realizado por todos com a força que nos dá o Espírito Santo.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz as recomendações finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos: (1) na atenção a ser dada aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31) e (2) na esperança, fundada na firmeza da palavra de Jesus, que expulsa o medo e o desespero (Lc 21,32-33).

* Lucas 21,29-31: Olhem a figueira e todas as árvores
Jesus manda olhar a natureza: "Olhem a figueira e todas as árvores. Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto”.  Jesus pede para a gente contemplar os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. O aparecimento de brotos na figueira é um sinal evidente de que o verão está chegando. Assim, o aparecimento daqueles sete sinais é uma prova de “que o Reino de Deus está perto!” Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado. É refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo que acontece um apelo para a gente nunca se fechar no momento presente, mas manter o horizonte aberto e perceber em tudo que acontece uma seta que aponta para além dela mesma em direção ao futuro. Mas a hora exata da chegada do Reino, porém, ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32).

* Lucas 21,32-33:
“Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. Esta palavra de Jesus evoca a profecia de Isaías que dizia: "Todo ser humano é erva e toda a sua beleza é como a flor do campo: a erva seca, a flor murcha, quando sobre elas sopra o vento de Javé; a erva seca, a flor murcha, mas a palavra do nosso Deus se realiza sempre” (Is 40,7-8). A palavra de Jesus é fonte da nossa esperança. O que ele disse vai acontecer!

* A vinda do Messias e o fim do mundo
Hoje, muita gente vive preocupado com o fim do mundo. Alguns, baseando-se numa leitura errada e fundamentalista do Apocalipse de João, chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos”, mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), se costumava repetir: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Tes 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas (2Tes 2,1-3; 3,11). Assim pensavam. Mas até hoje, a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes Jesus voltará!  Vem ou não vem? E como será a vinda? Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja!

No Novo Testamento a volta de Jesus sempre é motivo de alegria e de paz! Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia!  Quando vai acontecer esta vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!” Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender do nosso esforço na observância da lei!” Os essênios diziam: “O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” (2Tes 3,10). Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comida na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).

Hoje acontece o mesmo. Tem gente que diz: “Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade”. Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).

Para um confronto pessoal
1) Jesus pede para olhar a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Na minha vida já aprendi alguma coisa contemplando a natureza?
2) Jesus disse: “O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão”. Como encarno estas palavras de Jesus em minha vida?