Sto Alberto, Patriarca de Jerusalém Legislador da nossa Ordem |
Evangelho
(Lc 8,4-15): Naquele tempo, ajuntou-se
uma grande multidão, e de todas as cidades iam até Jesus. Ele, então, contou
uma parábola: «O semeador saiu a semear. Ao semear, uma parte da semente caiu à
beira do caminho e foi pisada; e os pássaros do céu a comeram. Outra parte caiu
sobre as pedras; brotou, mas secou, por falta de umidade. Outra parte caiu
entre os espinhos e, crescendo ao mesmo tempo, os espinhos a sufocaram. Ainda
outra parte caiu em terra boa; brotou e deu frutos, até cem por um». Depois de
dizer isso, ele exclamou: «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!». Seus discípulos
faziam perguntas sobre o sentido da parábola. Jesus, então, lhes disse: «A vós
foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Aos outros, porém, só por meio
de parábolas, de modo que, olhando, não enxergam e ouvindo, não entendem. A
parábola quer dizer o seguinte: a semente é a Palavra de Deus. Os que caem à
beira do caminho são os que escutam, mas logo vem o Diabo e arranca a palavra
do seu coração, para que não acreditem e não se salvem. Os que ficam sobre as
pedras são os que ouvem e acolhem a palavra com alegria, mas não têm raízes.
Por um momento, acreditam, mas quando chega a tentação, desistem. Aquilo que
caiu entre os espinhos são os que escutam, mas vivendo em meio às preocupações,
as riquezas e os prazeres da vida, são sufocados e não chegam a amadurecer. O
que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso,
conservam a Palavra e dão fruto pela perseverança».
«O que caiu em terra
boa são aqueles que, (...) dão fruto pela perseverança»
Rev. D. Lluís RAVENTÓS i Artés (Tarragona, Espanha)
Hoje, Jesus
nos fala de um semeador que «saiu a semear» (Lc 8,5) e aquela semente era
precisamente «a Palavra de Deus». Mas «crescendo ao mesmo tempo, os espinhos a
sufocaram» (Lc 8,7).
Há uma
grande variedade de espinhos. «Aquilo que caiu entre os espinhos são os que
escutam, mas vivendo em meio as preocupações, as riquezas e os prazeres da
vida, são sufocados e não chegam a amadurecer» (Lc 8,14).
-Senhor,
por acaso sou culpável de ter preocupações? Já quisera não tê-las, mas vêm por todas
as partes! Não entendo por que hão de privar-me da sua Palavra, se não são
pecado, nem vicio, nem defeito.
-Por que
esquece que Eu sou o seu Pai e deixa-se escravizar por uma manhã que não sabe
se chegará!
«Se
vivêssemos com mais confiança na Providência divina, seguros -com uma fé
firmíssima- dessa proteção diária que nunca nos falta, quantas preocupações ou
aflições nos pouparíamos! Desapareceria uma quantidade de quimeras que, na boca
de Jesus, são próprias dos pagãos, dos homens mundanos (cf. Lc 12,30), das
pessoas que são carentes de sentido sobrenatural (...). Eu quisera gravar a
fogo na vossa mente -nos diz São Josemaria- que temos todos os motivos para
andar com otimismo nesta terra, com a alma carente de tudo de tantas coisas que
parecem imprescindíveis, já que vosso Pai sabe muito bem o que necessitais!
(cf. Lc 12,30), e Ele vos provê de tudo». Disse Davi: «Depõe no Senhor os teus
cuidados e, ele te susterá» (Sal 54,23). Assim fez São José quando o Senhor o
provou: reflexionou, consultou, orou, tomou uma resolução e deixou tudo nas
mãos de Deus. Quando veio o Anjo - comenta Mn. Ballarín -, não quis despertá-lo
e falou em sonhos. Em fim, «Eu não devo ter mais preocupações que a tua
Glória..., numa palavra, teu Amor» (São Josemaria).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* No evangelho de hoje, vamos meditar sobre a parábola
da semente. Jesus tinha um jeito bem popular de ensinar por meio de parábolas.
Uma parábola é uma comparação que usa as coisas conhecidas e visíveis da vida
para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. Jesus
tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar
as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e experimentava na
sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar por dentro
das coisas da vida, e estar por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus.
Por exemplo, o povo da Galileia entendia de semente, de terreno, chuva, sol,
sal, flores, colheita, pescaria, etc. Ora, são exatamente estas coisas
conhecidas do povo que Jesus usa nas parábolas para explicar o mistério do
Reino. O agricultor que escutou, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é!
Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode
imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a
escutar a natureza e a pensar na vida.
* Quando terminava de contar uma parábola, Jesus não a
explicava, mas costumava dizer: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça!” O que
significava: “É isso! Vocês ouviram. Agora, tratem de entender!” De vez em
quando, ele explicava para os discípulos. O povo gostava desse jeito de
ensinar, porque Jesus acreditava na capacidade do pessoal de descobrir o
sentido das parábolas. A experiência que o povo tinha da vida era para ele um
meio para descobrir a presença do mistério de Deus em suas vidas e criar
coragem para não desanimar na caminhada.
* Lucas 8,4: A multidão atrás de
Jesus
Lucas diz:
Ajuntou-se uma grande multidão, e de todas as cidades as pessoas iam até Jesus.
Então ele contou esta parábola. Marcos descreve como Jesus contou a parábola.
Havia tanta gente que ele, para não ser atropelado, entrou num barco e sentado
no barco ensinava o povo que estava na praia (Mc 4,1).
* Lucas 8,5-8a: A parábola da
semente retrata a vida do camponês.
Naquele
tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muita pedra. Muito
mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava
estrada e, passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mc 2,23). Mesmo
assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava,
confiando na força da semente, na generosidade da natureza.
* Lucas 8,8b: Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça!
No fim,
Jesus termina dizendo: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” O caminho para
chegar ao entendimento da parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola
não entrega tudo pronto, mas leva a pessoa a pensar. Faz com que ela descubra a
mensagem a partir da experiência que ela mesma tem da semente. Provoca a
criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem pronta para ser
ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas entrega a fonte.
* Lucas 8,9-10: Jesus explica a
parábola aos discípulos
Em casa, a
sós com Jesus, os discípulos querem saber o significado da parábola. Jesus
respondeu por meio de uma frase difícil e misteriosa. Ele diz aos discípulos:
"A vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas, aos outros
ele vem por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não
compreendam". Esta frase faz a gente se perguntar: Afinal, a parábola
serve para que? Para esclarecer ou para esconder? Será que Jesus usava
parábolas, para que o povo continuasse na ignorância e não chegasse a se
converter? Certamente que não! Pois em outro lugar se diz que Jesus usava
parábolas “conforme a capacidade dos ouvintes” (Mc 4,33). Parábola revela e
esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como
Messias Servidor. Esconde para os que insistem em ver nele o Messias como Rei
grandioso. Estes entendem as imagens da parábola, mas não chegam a entender o
seu significado.
* Lucas 8,11-15: A explicação da
parábola, parte por parte
Uma por
uma, Jesus explica as partes da parábola, desde a semente e o terreno até à
colheita. Alguns estudiosos acham que esta explicação foi acrescentada depois.
Não seria de Jesus, mas de alguma comunidade. É bem possível. Tanto faz! Pois
dentro do botão da parábola está a flor da explicação. Botão e flor, ambos têm
a mesma origem que é Jesus. Por isso, nós também podemos continuar a reflexão e
descobrir outras coisas bonitas dentro da parábola. Certa vez, alguém perguntou
numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?” As
pessoas foram dando sua opinião a partir da experiência que cada um tinha do
sal. Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para
o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser
sal é difícil e exigente. A parábola funcionou! O mesmo vale para a semente.
Todo mundo tem alguma experiência de semente.
Para um confronto pessoal
1. A semente cai em quatro lugares diferentes: caminho, pedra,
espinhos e terra boa. O que significa cada um destes quatro terrenos? Que
terreno sou eu? Às vezes, a gente é pedra. Outras vezes, é espinho. Outras
vezes, é caminho. Outras vezes, é terra boa. Na nossa comunidade, o que somos
normalmente?
2. Quais os frutos que a Palavra de Deus está produzindo
na nossa vida e na nossa comunidade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO