Textos: Ap 11, 19ª; 12, 1.3-6a. 10ab; 1Co
15, 20-27; Lc 1,39-57
Evangelho
(Lc 1,39-56): Naqueles dias, Maria
partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de
Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a
saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou
repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: «Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor
venha me visitar? Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino
pulou de alegria no meu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi
dito da parte do Senhor será cumprido!». Maria então disse: «A minha alma
engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele
olhou para a humildade de sua serva. Todas as gerações, de agora em diante, me
chamarão feliz, porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas. O seu nome é
santo, e sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o
temem. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os que têm planos orgulhosos
no coração. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu
de bens os famintos, e mandou embora os ricos de mãos vazias. Acolheu Israel,
seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais,
em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre». Maria ficou três meses
com Isabel. Depois, voltou para sua casa.
«A minha alma
engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador»
Dom Josep ALEGRE Abade de Santa Mª Poblet (Tarragona,
Espanha)
Hoje
celebramos a solenidade da Assunção de Santa Maria em corpo e alma aos Céus.
«Hoje diz São Bernardo sobe ao Céu a Virgem cheia de glória e enche de gozo os
cidadãos celestes». E acrescentará essas preciosas palavras: «Que presente mais
maravilhoso nossa terra envia hoje ao Céu! Com esse gesto sublime de amizade
que é dar e receber se fundem o humano e o divino, o terreno e o celeste, o
humilde e o nobre. O fruto mais escolhido da terra está aí, de onde procedem as
melhores dádivas, e as oferendas, de maior valor. Elevadas às alturas, a Virgem
Santa esbanjará suas graças aos homens».
A primeira
graça é a Palavra, que Ela soube guardar com tanta fidelidade no coração e
fazê-la frutificar desde seu profundo silêncio acolhedor. Com esta Palavra em
seu espaço interior, gerando a Vida em seu ventre para os homens, «Maria partiu
apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá. Ela
entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel» (Lc 1,39-40). A presença de Maria
fez a alegria transbordar: «Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o
menino pulou de alegria no meu ventre» (Lc 1,44), exclama Isabel.
Principalmente,
nos faz o dom de seu louvor, sua mesma alegria feita canto, seu Magnificat: «A
minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu
Salvador...» (Lc 1,46-47). Que presente mais formoso nos devolve hoje o céu com
o canto de Maria, feito Palavra de Deus! Neste canto achamos os indícios para
aprender como se fundem o humano e o divino, o terreno e o celeste, e chegar a
responder como Ela ao presente que nos faz Deus em seu Filho, através de sua
Santa Mãe: para ser um presente de Deus para o mundo e, amanhã, um presente de
nossa humanidade a Deus, seguindo o exemplo de Maria, que nos precede nesta
glorificação à qual estamos destinados.
O mistério glorioso da
Assunção de Maria ao Céu é como a contrapartida do mistério gozoso da
Anunciação.
Pe. Antonio Rivero, L.C.,
São Pio X, Papa Padroeiro da Arquidiocese de Aracaju |
Se Maria
está no céu em corpo e alma, não pode haver o pessimismo absoluto: a humanidade
não está condenada à corrupção. Se Maria foi assunta ao céu, também não pode
haver o orgulho prometeico: o homem não é um ser autossuficiente, pois para
chegar a sua realização final depende das mãos de Deus.
Em primeiro
lugar, vamos resumir um pouco a história e o conteúdo do dogma da Assunção de
Maria ao céu. Desde o século VI até hoje, 15 de agosto, esta festa foi chamada
Dormição da Virgem, agora é o título com que hoje é designada a solenidade em
Oriente, junto com o Trânsito de Maria. No século VII foi adotada pela liturgia
romana, por cuja influência mais tarde se espalhou no Ocidente, e foi chamada a
Assunção de Maria. A Liturgia romana atual considera esta festa como a “festa
do seu destino de plenitude e bem-aventurança, da glorificação de sua alma
imaculada e de seu corpo virginal, de sua perfeita glorificação em Cristo
ressuscitado; uma festa que propõe a Igreja e toda a humanidade a imagem da
promessa consoladora do cumprimento da esperança final; porque este plena
glorificação é o destino daqueles a quem Cristo fez irmãos e tem em comum com
eles carne e sangue” (Paulo VI, Marialis Cultus, 6). A Assunção de Maria é um
dogma definido por Pio XII solenemente em 01 de novembro de 1950, na
Constituição Apostólica Munificentissimus Deus. Ela participa da ressurreição
de Cristo por quanto esteve perfeitamente unida com ele, ouvindo a sua palavra
e colocando-a em prática. A Assunção é a epifania da profunda transformação que
a semente da palavra divina produziu em Maria, na integridade de sua pessoa.
Em segundo
lugar, este glorioso mistério é a contrapartida do mistério gozoso da
Anunciação. No mistério da Anunciação, o abismo de humildade de Maria causou a
vertigem de Deus até o ponto de Ele descer ao seio de Maria. No mistério da
Assunção, Nossa Senhora se rende à nostalgia vertical, pois Deus namorou sua
juventude e agora lhe atrai às alturas. E assim como na Anunciação Maria abriu
a Deus a entrada neste mundo tornando-se porta para entrar na terra, na
Assunção é realizada a glória como nossa Mãe, tornando-se para nós assim a
porta do céu, por isso é “ianua coeli” como cantamos nas ladainhas do Santo
Rosário. Ela é, portanto, a nova escada de Jacob pela que Deus vem aos homens
(Anunciação), e os homens ascendemos a Deus (Assunção).
Finalmente,
a glorificação de Maria assume um valor de sinal escatológico para o povo de
Deus que ainda caminha para o dia do Senhor; sinal consolador para suportar com
segurança escatológica a esperança de autorrealização, como Maria, e para dar
incentivo para aqueles que ainda estão no meio de perigos e ansiedades lutando
contra o pecado e a morte. Portanto, a assunção de Maria não é uma realidade
alienante para o povo de Deus a caminho, mas um estímulo e um ponto de
referência que nos compromete na realização de nosso próprio caminho histórico
para a perfeição escatológica final. Celebrando a Assunção de Maria, o nosso
pedido deve ser dirigido a implorar que quanto aconteceu a Maria, após a
Ascensão de seu Filho, também aconteça para nós, seus filhos. Nem pessimismo:
tudo termina com a nossa morte. Nem orgulho prometeico: eu alcanço minha
realização e realização aqui na terra, roubando secretamente o fogo a Deus, sem
necessidade dele, nem de seu céu. Como Maria foi elevada em corpo e alma ao céu
imediatamente depois de terminar o curso de sua vida aqui na terra, nós também
ressuscitaremos em nossos corpos, no final dos tempos, quando Jesus Cristo vier
por última vez.
Para refletir: São João Damasceno, o transmissor
mais ilustre desta tradição, comparando a Assunção da Santa Mãe de Deus com
seus outros presentes e privilégios, diz ele, com eloquência veemente:
“Convinha que aquela que no parto foi preservada intacta na sua virgindade, conservara
o seu corpo também após a morte, livre da corruptibilidade. Convinha que aquela
que tinha levado o Criador como uma criança em seu ventre, tivesse depois sua
mansão no céu. Era justo que a mulher com quem Deus se desposara, habitasse no
tálamo celestial. Convinha que aquela que tinha visto seu filho na cruz e cuja
alma foi trespassada pela espada da dor, da que foi poupada no momento do
parto, o contemplasse sentado à direita de Deus. Convinha que a Mãe de Deus
possuísse o mesmo que seu Filho e fosse reverenciada por todas as criaturas
como Mãe e serva de Deus”.
Para rezar: Hoje, vosso Filho vem te buscar,
Virgem e Mãe e Vos diz: “Vinde, amada minha, Vos colocarei sobre meu trono,
prendado está o Rei de vossa beleza. Quero-Vos junto a Mim, para consumar minha
obra salvadora. Já tendes a vossa “casa” onde vou celebrar as núpcias do
Cordeiro”. Bem-aventurada Vós que acreditaste, pois se cumpriu o que da parte
do Senhor Vos foi dito. Mãe Santíssima, preparai-me um lugar no céu junto de
Vós.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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