Pe. Amaro Gonçalo
Assim mesmo
o professamos no Credo, no Símbolo da fé! Mas qual é afinal o significado deste
acontecimento? Quais as suas consequências, para a nossa vida? Deixemo-nos
guiar, neste dia, por uma catequese do Papa Francisco (17.04.2013). E fixemos a
nossa atenção em apenas dois pormenores da narrativa da ascensão, tal qual a
ouvíamos há pouco, na conclusão do Evangelho segundo S. Lucas:
1. Antes de tudo, durante a sua
Ascensão, Jesus realiza o gesto sacerdotal da bênção: “Erguendo as mãos
abençoou-os e enquanto os abençoava afastou-se deles e foi elevado ao céu”
(At.24,51). Este é o primeiro pormenor importante: Jesus é o único e eterno
Sacerdote que, com a sua paixão, atravessou a morte e o sepulcro, ressuscitou e
subiu ao Céu; isto é, entrou na intimidade celestial de Deus; está sentado à
direita do Pai, o mesmo é dizer, participa da sua realeza, e desde essa
poderosa grandeza de amor, intercede, para sempre, a nosso favor (cf. Hb 9,
24). Ele é o nosso advogado, o nosso defensor (cf. 1 Jo 2,1). Como é bom ouvir
isto! Quando alguém é convocado pelo juiz ou tem uma causa, a primeira coisa
que faz é procurar um advogado para que o defenda. Nós temos um, que nos
defende sempre, defende-nos das insídias do mal, defende-nos de nós mesmos e
dos nossos pecados! Temos este advogado: não tenhamos medo de O procurar, para
pedir perdão, para pedir a bênção, para pedir misericórdia! Ele perdoa-nos
sempre, defende-nos sempre! Não esqueçais isto! Assim, a Ascensão de Jesus ao
Céu leva-nos a conhecer esta realidade tão consoladora, para o nosso caminho:
em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a nossa humanidade foi levada e
elevada, para junto de Deus. Ele abriu-nos a passagem! Ele é como um chefe de
grupo, quando se escala uma montanha, que chega ao cimo, e nos puxa e atrai
para junto de si, conduzindo-nos para o alto, para Deus. Se lhe confiarmos a
nossa vida, se nos deixarmos guiar por Ele, temos a certeza de estar em mãos
seguras, nas mãos do nosso Salvador, do nosso advogado!
2. Um segundo pormenor: Depois de
terem visto Jesus subir ao Céu, os discípulos voltaram para Jerusalém «com
grande júbilo». Que estranho! Em geral, quando estamos separados dos nossos
familiares, dos nossos amigos, devido a uma partida definitiva, e sobretudo por
causa da morte, apodera-se de nós uma tristeza natural, porque já não veremos o
seu rosto, nem ouviremos a sua voz, já não poderemos beneficiar do seu carinho,
da sua presença. Ao contrário, o evangelista sublinha a profunda alegria dos
Apóstolos. Mas por quê? Precisamente porque, com o olhar da fé, eles
compreendem que, não obstante tenha sido subtraído aos seus olhos, Jesus
permanece, para sempre, com eles; não os abandona. E, na glória do Pai, a todos
sustém, orienta-os e intercede por eles. Quanto mais nas alturas de Deus, mais
perto está de nós. Quanto mais longe da vista, mais alcança o mundo, o coração
e a vida, de todos e de cada um de nós! Assim, a Ascensão não indica a ausência
de Jesus, mas diz-nos que Ele está vivo no meio de nós de modo novo; já não se
encontra num lugar específico do mundo, como acontecia antes da Ascensão; agora
entra na comunhão de vida e de poder com o Deus vivo, participa da sua
soberania, e por isso está presente em cada espaço e tempo; está ainda mais
próximo de cada um de nós.
3. Nas vésperas do 13 de Maio,
podíamos ainda acrescentar: Não estamos órfãos, nem de Pai, nem de Mãe. Cristo
oferece, continuamente à sua Igreja, o Espírito Santo, a promessa do Pai, e
podemos sempre contar com a guia e a intercessão de Maria, nossa companheira,
na peregrinação da fé. “Com delicadeza feminina, com a sua intuição penetrante,
com a sua palavra de apoio e de encorajamento" (João Paulo II, RM 46),
Maria sustentou a fé dos Apóstolos no Cenáculo, e hoje sustenta, tanto a minha,
como a vossa fé. Por isso “com Maria, a primeira entre os crentes, Senhor, nós
Te pedimos: aumenta a nossa fé!”
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