Textos: Ex 3, 1-8a.13-15; 1 Co 10, 1-6.10-12:
Lc 13, 1-9
Evangelho
(Lc 13,1-9): Nesse momento, chegaram
algumas pessoas trazendo a Jesus notícias a respeito dos galileus que Pilatos
tinha matado, misturando o sangue deles com o dos sacrifícios que ofereciam.
Ele lhes respondeu: «Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer
outro Galileu, por terem sofrido tal coisa?”. Digo-vos que não. Mas se vós não
vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que
morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais
culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas,
se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo». E Jesus contou esta
parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi lá
procurar figos e não encontrou. Então disse ao agricultor: ‘Já faz três anos
que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Para que
está ocupando inutilmente a terra? ’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a
ainda este ano. Vou cavar em volta e pôr adubo. Pode ser que venha a dar fruto.
Se não der, então a cortarás».
«Se não vos
converterdes, perecereis todos do mesmo modo»
Cardeal Jorge MEJÍA Arquivista e Bibliotecário da S.R.I. (Città
del Vaticano)
Hoje,
terceiro domingo de Quaresma, a leitura evangélica contem uma chamada à penitência
e à conversão. Ou, mais bem, uma exigência de mudar de vida.
“Converter-se”
significa, na linguagem do Evangelho, mudar de atitude interior, e também de
estilo externo. É uma das palavras mais utilizada no Evangelho. Lembremos que,
antes da vinda do Senhor Jesus, São Batista resumia sua predicação com a mesma
expressão: «Pregando um batismo de conversão» (Mc 1,4). E, logo depois, a
predicação de Jesus se resume com estas palavras: «Convertei-vos e crede na Boa
Nova» (Mc 1,15).
Esta
leitura de hoje tem, contudo, características próprias, que pedem atenção fiel
e resposta consequente. Pode-se dizer que a primeira parte, com ambas as
referências históricas (o sangue derramado por Pilatos e a torre derribada),
contem uma ameaça. Impossível chamá-la de outro jeito! Lamentamos as duas
desgraças –então sentidas e choradas- mas Jesus Cristo, com muita seriedade,
nos diz a todos: «Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo» (Lc
13,5).
Isto
mostra-nos duas coisas. Primeiro, a absoluta seriedade do compromisso cristão.
E segundo: de não respeitá-lo como Deus quer, a possibilidade de uma morte, não
neste mundo, mas muito pior, no outro: a eterna perdição. As duas mortes do
nosso texto não são mais que figuras de outra morte, sem comparação com a primeira.
Cada
qual, saberá como esta exigência de mudança se lhe apresenta. Ninguém fica
excluído. Se isto causa-nos inquietação, a segunda parte nos consola. O
“vinhateiro”, que é Jesus, pede ao dono da vinha, seu Pai, que espere um ano
ainda. E, entretanto, Ele fará todo o possível (e o impossível, morrendo por
nós) para que a vinha dê fruto. Que dizer, mudemos de vida! Esta é a mensagem
da Quaresma. Levemo-lo, então a sério. Os santos –São Inácio, por exemplo,
embora tarde em sua vida- por graça de Deus mudam e nos animam a mudar.
A figueira da nossa vida
está dando frutos de penitência e conversão?
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Continuamos
no ano da Misericórdia. Sem dúvida alguma que todos os males que sofremos a
nível pessoal, familiar, social, eclesial, mundial… devem-se aos nossos
pecados. Não é que Deus está nos castigando. Mas os nossos pecados não ficam
impunes. Pagamos as consequências dos nossos extravios. Por isso, urge dar
frutos de conversão. Somente se nos arrependermos, obteremos a misericórdia de
Deus (Evangelho) e Ele nos encherá de frutos de santidade. Quaresma é o tempo
da experiência da misericórdia e da libertação de Deus (1ª leitura). Quem crer
que está firme, que tome cuidado para não cair (2ª leitura).
Em
primeiro lugar, Cristo nesta Quaresma, e durante toda a nossa vida, chama-nos à
conversão e a dar frutos de conversão. Só desse jeito chegaremos preparados
para a Páscoa. Somos figueiras que Ela plantou no jardim do mundo. Deus nos
dotou com a capacidade de fazer o bem, de cultivar a justiça e de manter umas
relações sãs com os demais e com Deus mesmo. Mas como dono e Senhor dessas
figueiras que somos nós, pode exigir de nós e pedir contas. A conversão leva
consigo a renúncia ao pecado e ao estado de vida incompatível com o ensinamento
de Cristo, e a volta sincera a Deus. Não bastaria o nosso simples propósito de
mudar de vida, se não existir dor pelas faltas cometidas. A conversão não é só
fazer penitência, no sentido de realizar umas obras de jejum e de esmola. A
palavra grega para penitência é “metanóia”, que significa mudança de
mentalidade. O que Deus nos pede nesta Quaresma é uma mudança num nível
bastante mais profundo do que no nível das meras obras externas. Uma conversão,
se for autêntica, “faz dano”, porque significa meter o “dedo na chaga” e corrigir
as raízes dos nossos males. Se tiver que “operar”, temos que estar dispostos a
pegar o bisturi e cortar o que for necessário, e não nos conformar com a
aplicação de uma pomada suave que não chega às raízes do nosso mal. E o que
temos que cortar sem contemplações são as causas dos nossos pecados que ofendem
a Deus e os nossos irmãos.
Em
segundo lugar, Cristo espera frutos concretos de conversão da nossa figueira
(evangelho). Paulo na segunda leitura aos cristãos de Corinto jogou na cara
deles que alguns dos israelitas que fizeram o caminho com Moisés pelo deserto
não agradaram a Deus, nem foram fiéis à Aliança, deixando-se levar pelas
tentações dos povos vizinhos. Procuraram outros deuses permissivos. Por isso
não entraram na terra prometida. Para Paulo isso deveria servir para nós de
escarmento. Não basta com pertencer ao povo de Deus, ou com dizer umas orações
ou levar umas medalhas ou ir de peregrinação a um Santuário. Algo tem que mudar
na nossa vida para que a nossa figueira pessoal dê os frutos que Deus espera. Temos
que ser sinceros e entrar na nossa horta interior e matar todo bicho ou praga
que estiver destruindo a nossa figueira: egoísmo, indiferenças, domínio,
rebeldias interiores, maltrato ao próximo, infidelidade matrimonial ou
sacerdotal, mentiras e trapaças. Se tiver que fumigar com adubo eficaz a horta,
o que estamos esperando? Se tiver que regar com a oração, por que vamos dando
mais tempo ao assunto? Se tiver que podar, peguemos as tesouras e cortemos sem
contemplações. A paciência de Deus pode ter um limite: “corte essa
figueira”.
Finalmente,
quantos séculos faz que Deus vem pedindo frutos! Pensemos naquela Europa cristã,
que recebeu a primeira semente da fé por boca dos mesmos apóstolos, regada com
o sangue de inumeráveis mártires, protegida pelos santos pastores, civilizada
pela multidão de monges, enriquecida com toda classe de dons. Beneficiária, ela
também, de um amor de grande predileção da parte do Senhor. E o que encontra
esse Dono? Alguns frutos bons, bendito seja Deus! Mas quanto fruto mau:
ateísmo, agnosticismo, indiferentismo, relativismo, descenso da fé e fechamento
de igrejas e mosteiros, avanço de outras religiões fanáticas e blasfemas, como
disse o Papa Francisco, que em nome de Deus perpetram atentados desumanos. Onde
estão as virtudes cristãs que fizeram possível a edificação das magníficas
catedrais, a criação das escolas e das universidades, a construção de uma
sociedade que tinha por lei o Evangelho, os tesouros da arte, as obras mestras
da literatura cristã, o governo de príncipes santos: São Fernando III de
Castela, Santa Margarida da Escócia, São Vladimiro de Kiev, São Luís IX da
França, Santa Matilde de Ringelheim, e tantos outros? Oremos pelos cristãos
fiéis que na velha Europa, mãe da nossa cultura e da nossa fé, continuam
combatendo o bom combate, e peçamos com eles ao dono do campo que conceda
àquela bendita terra “um ano mais”, e a graça de que os seus corações se abram
à penitência que dá frutos de vida eterna.
Para
refletir: Nosso
Senhor Jesus Cristo é um Rei misericordioso que perdoará a quem confessar
humildemente os seus pecados; não perdoará a quem se recusar a abandonar-se em
suas mãos bondosas. Abramos as nossas almas ao presente da sua misericórdia! Só
assim poderemos dar frutos de conversão, de santidade e de vida eterna. Olhemos
o nosso coração, quais frutos estamos dando a nível pessoal, a nível familiar,
a nível laboral, a nível paroquial?
Para
rezar: Senhor e Deus
nosso, tende paciência de mim, pois quero dar fruto abundante para maior glória
vossa. Não me maldigais, como maldissestes aquela figueira na que só
encontrastes folhas (cf. Mt 21,19). Não quero que me tireis o vosso Reino, para
entregá-lo a um povo que produza frutos que esperais (cf. Mt 21,43). Que seja
consciente, Senhor, que o vosso Pai Deus será glorificado quando eu der muito
fruto e mostre assim que sou o vosso discípulo (cf. Jo 15,8).
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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