«Convertei-vos e crede
na Boa Nova»
Rev. D. Joan COSTA i Bou (Barcelona, Espanha)
Hoje,
o Evangelho nos convida à conversão. «Completou-se o tempo e o Reino de Deus
está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho» (Mc 1,15). Converter-se, a
que?; Melhor seria dizer, a quem? A Cristo! Assim o expressou: «Quem ama seu
pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que
a mim, não é digno de mim» (Mt 10,37).
Converter-se
significa acolher agradecidos o dom da fé e fazê-lo operativo pela caridade.
Converter-se quer dizer reconhecer a Cristo como único senhor e rei de nossos
corações, dos que pode dispor. Converter-se implica descobrir Cristo em todos
os acontecimentos da história humana, também da nossa, pessoal, consciente de
que Ele é a origem, o centro e o fim de toda história, e que por Ele tudo foi
redimido e Nele alcança sua plenitude. Converter-se supõe viver de esperança,
porque Ele venceu o pecado, o maligno e a morte, e a Eucaristia é a garantia.
Converter-se
comporta amar a Nosso Senhor por acima de tudo aqui na terra, com todo nosso
coração, com toda nossa alma e com todas nossas forças. Converter-se pressupõe
entregar-lhe nosso entendimento e nossa vontade, de tal maneira que nosso
comportamento faça realidade o lema episcopal do Santo Papa, João Paulo II,
Totus tuus, quer dizer, Todo teu, Deus meu; e todo é: tempo, qualidades, bens,
ilusões, projetos, saúde, família, trabalho, descanso, tudo. Converter-se
requer, então, amar a vontade de Deus em Cristo acima de tudo e gozar,
agradecidos, de tudo o que acontece de parte de Deus, inclusive contradições,
humilhações, doenças, e descobri-las como tesouros que nos permitem manifestar
mais plenamente nosso amor a Deus: si Você o quer assim, eu também o quero!
Converter-se
pede, assim, como os apóstolos Simão, André, Jaime e João, deixar «imediatamente
as redes» e ir-se com Ele (cf. Mc 1,18), uma vez ouvida a sua voz. Converter-se
é que Cristo seja tudo em nós.
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Depois que João foi preso, Jesus
voltou para a Galileia proclamando a Boa Nova de Deus. João foi preso pelo rei
Herodes por ter denunciado o comportamento imoral do rei (Lc 3,18-20). A prisão
de João Batista não assustou a Jesus! Pelo contrário! Ele viu nela um sinal da
chegada do Reino. E hoje, será que sabemos ler os fatos da política e da
violência urbana para anunciar a Boa Nova de Deus?
* Jesus proclamava a Boa Nova de Deus.
A Boa Nova é de Deus não só porque ela vem de Deus, mas também e sobretudo
porque Deus é o seu conteúdo. Deus, Ele mesmo, é a maior Boa Notícia para a
vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda do nosso coração. Em Jesus
aparece o que acontece quando um ser humano deixar Deus entrar e reinar. Esta
Boa Notícia do Reino de Deus anunciada por Jesus tem quatro aspectos:
1. Esgotou-se o prazo! Para os outros judeus o prazo ainda não tinha
se esgotado. Faltava muito para o Reino poder chegar. Para os fariseus, por
exemplo, o Reino só poderia chegar quando a observância da Lei fosse perfeita.
Jesus tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou.
2. O Reino de Deus chegou! Para os fariseus a chegada do Reino dependia
do esforço deles. Só chegaria, depois que eles tivessem observado toda a lei.
Jesus diz o contrário: “O Reino chegou! ” Já estava aí! Independente do esforço
feito! Quando Jesus diz “O Reino chegou!”, ele não quer dizer que o Reino
estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí. Aquilo que todos
esperavam, já estava presente na vida deles, e eles não o sabiam, nem o
percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um
olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que
Jesus vai revelar aos pobres da sua terra. É esta a semente do Reino que vai
receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.
3. Convertei-vos! O sentido exato é mudar o modo de pensar e de
viver. Para poder perceber a presença do Reino na vida, a pessoa terá que
começar a pensar e viver de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar
outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do ensino dos
fariseus e permitir que a nova experiência de Deus invada sua vida e lhe dê
olhos novos para ler e entender os fatos.
4. Acreditem nesta Boa Notícia! Não era fácil aceitar esta mensagem. Não é
fácil você começar a pensar diferentemente de tudo que aprendeu, desde pequeno.
Isto só é possível através de um ato de fé. Quando alguém vem trazer uma
notícia diferente, difícil de ser aceita, você só a aceitará se a pessoa que
traz a notícia for de confiança. Aí, você dirá aos outros: “Pode aceitar! Eu
conheço a pessoa! Ela não engana. É de confiança! ”. Jesus é de confiança!
* O primeiro objetivo do anúncio da Boa
Nova é formar comunidade. Jesus passa, olha e chama. Os primeiros quatro
chamados, Simão, André, João e Tiago, escutam, largam tudo e seguem a Jesus
para formar comunidade com ele. Parece amor à primeira vista! Conforme a
narração de Marcos, tudo aconteceu logo no primeiro encontro com Jesus.
Comparando com os outros evangelhos, a gente percebe que os quatro já conheciam
a Jesus (Jo 1,39; Lc 5,1-11). Já tiveram a oportunidade de conviver com ele, de
vê-lo ajudar o povo e de escutá-lo na sinagoga. Sabiam como ele vivia e o que
pensava. O chamado não foi coisa de um só momento, mas sim de repetidos
chamados e convites, de avanços e recuos. O chamado começa e recomeça sempre de
novo! Na prática, coincide com a convivência dos três anos com Jesus, desde o
batismo até o momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22). Então, por
que Marcos o apresenta como um fato repentino de amor à primeira vista? Marcos
pensa no ideal: o encontro com Jesus deve provocar uma mudança radical na nossa
vida!
Para um confronto
pessoal
1)
Um fato político, a prisão de João, levou Jesus a iniciar o anúncio da
Boa Nova de Deus. Hoje, os fatos da política e da polícia influem no anúncio
que fazemos da Boa Nova ao povo?
2)
“Convertei-vos! Acreditem nesta Boa Notícia! ” Como isto está
acontecendo na minha vida?
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