Ó Chave de Davi
ó cetro da casa de Israel
que abris e ninguém fecha;
fechais e ninguém abre:
Vinde e libertai da prisão o cativo
assentado nas trevas e à sombra da morte.
Textos: Mi 5, 1-4; Heb 10, 5-10; Lc 1, 39-45
Evangelho
(Lc 1,39-45): Naqueles dias, Maria
partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de
Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a
saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou
repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: «Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor
venha me visitar? Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino pulou
de alegria no meu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito
da parte do Senhor será cumprido!».
«Feliz aquela que
acreditou!»
+ Mons. Ramon MALLA i Call Bispo Emérito de Lleida (Lleida,
Espanha)
Hoje
é o último Domingo deste tempo de preparação da chegada — o Advento— de Deus a
Belém. Por ser em tudo igual a nós, quis ser concebido — como qualquer homem— no
seio de uma mulher, a Virgem Maria, mas pela obra e graça do Espírito Santo,
pois era Deus. Brevemente, no dia de Natal, celebraremos com alegria o seu
nascimento.
O
Evangelho de hoje apresenta-nos duas personagens, Maria e a sua prima Isabel,
as quais nos indicam a atitude que devemos ter no nosso espírito para
contemplar este acontecimento. Deve ser uma atitude de fé, de uma fé dinâmica.
Isabel
com sincera humildade, «ficou repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela
exclamou: “(…) Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (Lc
1,41-43). Ninguém lhe tinha contado; apenas a fé, o Espirito Santo, tinha-lhe
mostrado que a sua prima era mãe de seu Senhor, de Deus.
Conhecendo
agora a atitude de fé total por parte de Maria, quando o Anjo lhe anunciou que
Deus a tinha escolhido para ser a sua mãe terreal Isabel não se recatou de
proclamar a alegria que a fé dá. Põe-no em relevo dizendo: «Feliz aquela que
acreditou!» (Lc 1,45).
É,
pois, numa atitude de fé que devemos viver o Natal. Mas, à imitação de Maria e
Isabel, com fé dinâmica. Em conseqüência, como Isabel, se for necessário, não
nos devemos conter ao expressar o agradecimento e o gozo de ter fé. E, como
Maria, ainda a devemos manifestar com obras. «Maria partiu apressadamente para
a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá. Ela entrou na casa de
Zacarias e saudou Isabel» (Lc 1,39-40) para felicitá-la e ajudá-la, ficando
cerca de três meses com ela (cf. Lc 1,56).
Santo
Ambrósio aconselha-nos que, nestas festas, «tenha-mos todos a alma de Maria
para glorificar o Senhor». É certo que não nos faltarão ocasiões para partilhar
alegrias e ajudar os necessitados.
A visita de Maria a sua
prima Isabel é um gesto de caridade e de misericórdia.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Começamos
o ano da misericórdia, convocado pelo Papa Francisco. E justamente neste ano
meditaremos cada domingo no evangelho de São Lucas, o evangelho da
misericórdia. Hoje temos o exemplo de caridade misericordiosa de Maria. Ain
Karim é o lugar da misericórdia de Maria para com a sua prima Isabel.
Misericórdia feita detalhes de caridade, ternura, prontidão e serviço.
Em
primeiro lugar, a viagem de Maria a Ain Karim tem ressonância bíblica: o
translado entre danças e alegria da Arca da Aliança em tempos de Davi: presença
de Deus cheio de misericórdia com o seu povo eleito! A Arca da Aliança é agora
a Mãe do Messias: Deus continua derramando a sua misericórdia agora através de
Maria! O encontro das duas mulheres que creem está cheio de simbolismo
misericordioso: Maria leva no seu seio o Messias, o Deus da ternura e da
misericórdia, e também Isabel vai ser mãe do Precursor. As duas estão cheias de
alegria, as duas aceitaram o plano de Deus sobre as suas vidas e entoam para
Ele os louvores, cantando a misericórdia divina. O encontro entre estas duas
mulheres simples, representantes do Antigo e do Novo Testamento, é também o
encontro entre o Messias e o seu precursor. É mais, entre Deus e a humanidade.
Encontro carregado completamente de grande misericórdia. De Deus com a
humanidade, simbolizada nessas duas mulheres, Maria e Isabel.
Em
segundo lugar, vejamos os gestos de misericórdia de Maria neste evangelho da
Visitação a sua prima Isabel. Quem deve semear em nós esta misericórdia? O
Espírito Santo. O Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho; amor feito
ternura, detalhes, bondade, caridade, serviço. Maria sai apressadamente de
Nazaré movida pelo Espírito Santo para ajudar a sua prima, pois a caridade
misericordiosa madruga. Maria entra na casa da sua prima impulsionada pelo
Espírito Santo e a saúda e abraça desejando-lhe a paz, “Shalom”, pois a
caridade misericordiosa sempre deseja a paz para todos. Será o Espírito Santo
quem fará pular de gozo João que estava no seio da sua mãe Isabel ao saber do
fruto que Maria levava no seu ventre, Jesus cheio de misericórdia. Será o
Espírito Santo quem fará exclamar Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres”,
pois a caridade misericordiosa sempre
reconhece as bênçãos de Deus para com os seus filhos, sem permitir-se
levar arrastar pela inveja. Maria canta o Magnificat porque reconhece com
humildade a misericórdia de Deus para com Ela. E Maria fica com Isabel três
meses porque a misericórdia é generosa e se dá até o final sem medida alguma.
Finalmente,
este ano tem que ser um ano permeado de misericórdia. Estas são as palavras do
Papa Francisco: “Como desejo que os anos que estão por vir estejam impregnados
de misericórdia para poder ir ao encontro de cada pessoa levando a bondade e a
ternura de Deus! A todos, crentes e afastados, chegue o balsamo da misericórdia
como sinal do Reino de Deus que está já presente no meio de nós” (Misericordiae
Vultus, n.5). E mais adiante na mesmo bula de proclamação do ano santo diz
isto: “É determinante para a Igreja e para a credibilidade do seu anúncio que
ela viva e testemunhe em primeira pessoa a misericórdia. A sua linguagem e os
seus gestos devem transmitir misericórdia para penetrar no coração das pessoas
e motivá-las a reencontrar o caminho de volta ao Pai” (n.12). Como Maria
manifestou a sua misericórdia com Isabel com gestos, assim também nós no nosso
dia-a-dia, em casa, no trabalho, no colégio e universidade, na paróquia e na
rua, no comércio, entre os amigos e vizinhos, e também para com aqueles com os
que não simpatizamos naturalmente. Gestos de perdão, ternura, bondade,
compreensão, consolo, serviço, atenção, ajuda. Continua o Papa: “Abramos os
nossos olhos para olhar as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e
irmãs privados de dignidade, e sintamo-nos provocados a escutar o seu grito de
auxílio. As nossas mãos estreitem as suas mãos, e aproximemo-nos a nós para que
sintam o calor da nossa presença, da nossa amizade e da fraternidade. Que o seu
grito se torne o nosso e juntos possamos quebrar a barreira da indiferença que
reina por todos os lados para esconder a hipocrisia e o egoísmo” (n.15)
Para
refletir:
O meu coração está cheio
de misericórdia para com todos os meus irmãos? Como vivo as 14 obras de
misericórdia que a Igreja me ensinou no catecismo, n. 2447? Ali estão
resumidas: dar de comer ao que tem fome, dar de beber ao que tem sede, dar
hospedagem ao necessitado, vestir o nu, visitar o enfermo, socorrer os presos,
enterrar os mortos (materiais). Ensinar o que não sabe, dar bom conselho ao que
necessita, corrigir o que está no erro, perdoar as injurias, consolar o triste,
sofrer com paciência os defeitos dos outros e pedir a Deus pelos vivos e pelos
mortos (espirituais).
Para
rezar: Hoje com maior
fervor, se possível, rezemos a Salve Rainha que aprendemos desde crianças,
oração que transpira misericórdia: “Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida,
doçura, esperança nossa, salve! A Vós bradamos os degredados filhos de Eva. A
Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada
nossa, salve, volvei a nós os vossos olhos misericordiosos; e depois deste
desterro, mostrai-nos o fruto bendito do vosso ventre, Jesus. Ó clemente, Ó
piedosa, Ó doce sempre Virgem Maria!”.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre
Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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