Textos: Is 61, 1-2.10-11; 1 Tes 5, 16-24; Jo
1, 6-8.19-28
Evangelho
(Lc 3,10-18): As multidões lhe
perguntavam: «Que devemos fazer? » João respondia: «Quem tiver duas túnicas, dê
uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo! » Até alguns publicanos
foram para o batismo e perguntaram: «Mestre, que devemos fazer? » Ele
respondeu: «Não cobreis nada mais do que foi estabelecido». Alguns soldados
também lhe perguntaram: «E nós, que devemos fazer? » João respondeu: «Não maltrateis
a ninguém, nem tomeis dinheiro à força; não façais denúncias falsas e
contentai-vos com o vosso salário». Como o povo estivesse na expectativa, todos
se perguntavam interiormente se João era ou não o Cristo, e ele respondia a
todos: «Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu
não sou digno de desatar a correia de as suas sandálias. Ele vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em sua mão para limpar a eira, a fim
de guardar o trigo no celeiro; mas a palha, ele queimará num fogo que não se
apaga». Assim e com muitas outras exortações, João anunciava ao povo.
«Virá aquele que é mais
forte do que eu»
Cardeal Jorge MEJÍA Arquivista e Bibliotecário de la
S.R.I. (Città del Vaticano, Vaticano)
Hoje
a Palavra de Deus apresenta-nos, no Advento, o Santo Precursor de Jesus Cristo:
São João Batista. Deus Pai dispôs preparar a vinda, quer dizer, o Advento, de
seu Filho em nossa carne, nascido da Maria Virgem, «Muitas vezes e de muitos
modos», como diz o início da Carta aos Hebreus (1,1). Os patriarcas, os
profetas e os reis prepararam a vinda de Jesus.
Vejamos
suas duas genealogias, nos Evangelhos de Mateus e Lucas. Ele é filho de Abraão
e de Davi. Moisés, Isaías e Jeremias anunciaram seu Advento e descreveram os
traços de seu mistério. Mas, São João Batista, como diz a liturgia (Prefácio de
sua festa), o assinalou com o dedo e, lhe correspondeu a honra —
misteriosamente — de fazer o Batismo do Senhor. Foi o último testemunho antes
da vinda. O foi com sua vida, com sua morte e com sua palavra. Seu nascimento é
também anunciado como o de Jesus e, é preparado, segundo o Evangelho de Lucas
(caps.1 e 2). E, sua morte de mártir, vítima da debilidade de um rei e do ódio
de uma mulher perversa, prepara também a de Jesus. Por isso, ele recebeu a
extraordinária louvação do mesmo Jesus que lemos nos Evangelhos de Mateus e de
Lucas (cf. Mt 11,11; Lc 7,28): «Em verdade, eu vos digo, entre todos os
nascidos de mulher não surgiu quem fosse maior que João Batista. No entanto, o
menor no Reino dos Céus é maior do que ele». Ele, diante disso, que não pôde
ignorar, é um modelo de humildade: «Eu não sou digno de desatar a correia de as
suas sandálias» (Lc 3,16), nos disse hoje. E, segundo São João (3:30): «É
necessário que ele cresça, e eu diminua».
Escutemos
hoje sua palavra, que nos exorta a compartilhar o que temos e a respeitar a
justiça e a dignidade de todos. Preparemo-nos assim para receber Aquele que vem
agora para nos salvar e, virá de novo a «julgar os vivos e os mortos».
Alegrai-vos! A
verdadeira alegria na vida é Jesus que com o seu nascimento vem para dissipar
as trevas do pecado e nos envolver na sua luz maravilhosa.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Sta Luzia, Virgem e Mártir |
A
Igreja chama este domingo “Domingo gaudete”, isto é, domingo do “Alegrai-vos”.
Recebe este nome pela primeira palavra em latim da antífona de entrada, que
diz: Gaudéte in Domino semper: íterum dico, gaudéte (“Estai sempre alegres no
Senhor, repito, estai sempre alegres” Fl 4, 4.5). As trevas que cobriam o
Antigo Testamento começaram a dissipar-se com a luz- tênue ainda- dos profetas.
Depois brilhou a tocha precursora- João-. Até que finalmente amanheceu Cristo,
Sol nascido do alto para iluminar os que estavam sentados nas trevas da morte.
A primitiva Igreja nutriu a sua piedade nesta ideia de Cristo- Luz. E tal piedade
cristalizou numa fórmula do Concílio de Nicéia insertada no Credo: “Creio em um
só Senhor Jesus Cristo..., Deus de Deus, Luz da Luz”. E com a sua Luz veio a
alegria (segunda leitura, evangelho).
Em
primeiro lugar, alegremo-nos, porque se aproxima o nosso Salvador e Libertador.
Do que nos salva? (1 leitura). Das correntes e dos grilhões que, quem sabe,
atam a nossa alma e por isso não é livre para se relacionar na oração humilde
com esse Deus da Salvação. Dos medos que nos paralisam e não nos deixam
descobrir que esse Salvador é Pai e Amigo e Companheiro de caminho à
eternidade. Das tristezas que nos afogam que nos impedem de sorrir ao
experimentar a ternura deste Deus Libertador que vem com os despojos da sua
vitória na mão depois de uma luta terrível contra o inimigo da nossa alma. Das
falsas expectativas, utopias e piscares de olhos que nos faz este mundo e os
nossos sonhos fátuos, que nos apresentam o seguimento de Cristo como um caminho
de rosas, de êxitos e reconhecimentos, quando na realidade sabemos que devemos
segui-lo pelo caminho da cruz, do esforço, mas com Ele do nosso lado. Vem para
nos salvar de tudo isso: das falsas ideologias, de esperanças disfarçadas, dos
sistemas socioeconômicos escravizadores e desumanos, dos nossos ridículos e devoradores
egoísmos, vaidades e ambições. Salvação completa, de corpo e alma e espirito
(segunda leitura).
Em
segundo lugar, alegremo-nos porque volta a nascer o Sol de justiça que lança a
sua luz sobre o nosso mundo. Aonde quer chegar com a sua luz? Quer chegar até a
nossa Igreja nesta hora fatídica, mas ao mesmo tempo entusiasmante e
desafiadora, da sua história para que continue guardando com zelo e carinho o
depósito da fé sem permitir elixires doces ou misturas esquisitas. Chegar neste
mundo que se ufana das suas conquistas cientificas, à margem de Deus e
inclusive contra de Deus; e a única coisa que pretende é ser vagalume para si
mesmo. Chegar às nossas famílias hoje bombardeadas e cujos escombros não nos
permitem ver a beleza desta igreja doméstica. Chegar aos nossos jovens que se
preparam para um matrimônio fiel e feliz, para que tenham a luz e o
discernimento para dar esse nobre passo no projeto de vida matrimonial segundo
os desígnios de Deus. Chegar aos nossos seminaristas e sacerdotes para que descubram
ou redescubram a beleza da vocação de entrega alegre e gozosa ao Senhor no
celibato pelo Reino dos céus, e não busquem outras compensações mundanas e
álibis, que nunca os farão felizes por levar uma vida de duas caras e não
acorde com a sua consagração a Deus em santidade de vida. Chegar aos nossos
anciãos, para que a Luz de Cristo lhes encha de esperança e consolo nesta etapa
dourada da sua existência e possam vislumbrar a eternidade no ocaso da sua
vida. Chegar aos nossos irmãos mais pobres e desfavorecidos, para que essa Luz
de Cristo entre nos corações de todos os que podem socorrê-los material,
espiritual, moral e psicologicamente. E, enfim, a luz de Cristo quer chegar a
todos: crianças, artistas, comunicadores, literatos; da mesma maneira com que o
sol manda os seus raios a todos, assim Cristo. Só que quem não abrir a janela
ficará na escuridão.
Finalmente,
alegremo-nos porque a Palavra de Deus se encarna e acampará entre nós. O que
nos dirá essa Palavra? Deus é Amor e é Pai. Bem-aventurados os pobres, os
mansos, os sofridos, os que têm fome e sede da Vontade de Deus, os puros, os
misericordiosos, os pacificadores, os perseguidos. “Amai-vos uns aos outros
como eu vos tenho amado”, repartindo o pão com o necessitado, enxugando as
lágrimas daquele que chora, consolando o que está triste, animando o que está
desanimado e perdoando o inimigo.
Para
refletir:
Vivo alegre na minha vida
cristã? Quem é a fonte da minha alegria? Já abri de par em par as portas da
minha existência à luz de Cristo ou tenho algumas janelas fechadas onde não
entrou ainda esta Luz de Cristo? Quais: afetividade, vontade, sentimentos,
êxitos, fracassos...?
Para
rezar: Senhor,
enchei-me da vossa alegria e da vossa luz. Senhor, que eu seja portador da
vossa alegria e da vossa luz ao redor dos que convivem comigo. Que a minha
alegria seja funda e profunda, fundamentada em Vós.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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